quarta-feira, novembro 29, 2006

SER (FAZER DE) PASPALHO

Há mais de um ano noutra publicação, tive oportunidade de me insurgir contra o que vai surgindo ou sendo aprovado em Peniche, sem que os paspalhões dos municípes sejam tidos nem achados.
Se é verdade que quanto às obras particulares não será fácil implementar o hábito de em painel apropriado expôr o que se pretende fazer (ou já foi aprovado), já no que respeita às obras municipais é verdadeiramente insólito que os municípes só sejam confrontados com a execução final de projectos, sem que na grande maioria das vezes tenha havido uma discussão pública do que se pretende realizar.


Aos cidadãos dos concelhos é pedido que votem (desde que o façam na força política no exercício do poder autárquico) e que calem discussões e opiniões. E não se diga que neste momento a CDU está isenta de culpas, por só estar a desenvolver projectos já aprovados no executivo anterior. O mínimo que lhes é pedido é que, já que não tiveram responsabilidades (?) no que está em execução, pelo menos demonstram algum respeito por todos nós, informando-nos de forma clara sobre o que vai aparecer concluída a obra.
Um bom exemplo do que pode e deve ser feito, é o que podemos ver nos painéis que protejem as obras de execução da Biblioteca Municipal.
Já o que está em execução na Avenida Monsenhor Bastos é uma incógnita.


Outra incógtnita é o que vai acontecendo há meses no Campo da Torre. Quando no inicío do ano
o Presidente da Câmara convocou os municípes para lhes dar conta do que ía acontecer com a envolvente da Igreja de S. Pedro, fiquei com a esperança de que uma outra prática política estava a iniciar-se na Câmara Municipal. Passados todos estes meses (nesta matéria) parece que os velhos vicíos de não passar "pêva" a ninguém estão a regressar.
Que custava pedir a alguém que fizesse um cróqui do que vai ser aquele espaço? Que custava pôr em discussão pública , a sua utilização futura. Sim ou não à Festa da Boa Viagem... Sim ou não à feira mensal... O que vai ser naquele espaço o estacionamento...


Este espaço em que escrevo e me debato com as minhas dúvidas, pode ser um sinal de alerta. Cá por mim gostava que a CDU fizesse boa figura, pois com isso o concelho de Peniche só teria a ganhar. Se os que os antecederam não souberam aproveitar as suas oportunidades que ao menos estes não falhassem.

segunda-feira, novembro 27, 2006




Mário Cesariny de Vasconcelos
9 de Agosto de 1923 - 26 de Novembro de 2006
Desenho à pena de João Rodrigues
Poemas do "DISCURSO SOBRE A REABILITAÇÃO DO REAL QUOTIDIANO"
I
Quando aqueles que chegavam
olhavam os que partiam
os que partiam choravam
os que ficavam sorriam
XI
Hoje, dia de todos os demónios
irei ao cemitério onde repousa Sá-Carneiro
a gente às vezes esquece a dor dos outros
o trabalho dos outros o coval
dos outros
Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
de forma que embarcou clandestino
Não tinha política tinha físicamas nem assim o passaram
E quando a coisa estava a ir a mais
tzzt... uma porção de estricnina
deu-lhe a molesa... foi dormir
Preferiu umas dores parece que do lado esquerdo
da alma
Uns disparates com as pernas na hora apaziguadora.
Herói à sua maneira recusou-se
a beber o pátrio mijo
Deu a mão ao Antero, foi-se e pronto.
Desembarcou como tinha embarcado :
Sem Jeito Para o Negócio

domingo, novembro 26, 2006

EFEMÉRIDES

Hoje fui ao cemitério. Aminha mãe se fosse viva teria feito 91 anos. Nas últimas décadas associo ao aniversário da minha mãe o 25 de Novembro de 1976. Esta coisa das datas é como os clubes de futebol. Todos sabem melhor ou pior o que foi o 25 de Abril. Ontem fez 30 anos que se deu o 25 de Novembro, mas quem desfolhar os jornais de ontem quase que não dá por essa efeméride.
O Porto e o Sporting podem ter grandes vitórias... O Benfica pode estar na mó de baixo. Mas o Benfica continuas a vender jornais e a ser notícia, enquanto que Porto e Sporting não passam de "fait divers".
A importâmcia das datas prende-se sobretudo com a importância dos factos. Ou pelo menos com o carisma que lhes está associado. A minha mãe hoje já só tem importância para o meu núcleo familiar. Nem para a minha cunhada e os meus sobrinhos ela tem qualquer significado.
Assim é o 25 de Novembro. Por mais que o "gajo" que apontou uma arma ao barbas (o Durand Clemente) para o mandar calar, se ponha em bicos de pés, nunca conseguirá entrar na história contemporânea de Portugal.
O Jaime Neves não passará nunca dum comandante arruaceiro dos comandos e o
Salgueiro Maia continuará a representar um ideal a ser perseguido pelos amantes da Liberdade.
A História se calhar não é justa. O Eanes fez mais esforços para poder ser recordado que o Mário Soares. Para este último estar nas coisas (ao lado e à frente delas) é um acto natural. Para o outro representa um esforço de ser útil. Um país, um povo, não premeia a utilidade. Enaltece a eficácia. A utilidade é momentânes. A eficácia é perene.

quinta-feira, novembro 23, 2006

HORROR

Ultimamente temos sido assaltados por notícias sobre a situação de jovens-crianças que desejosas de uma aparência de beleza, se tornam dependentes de dietas que no seu extremo conduzem à morte. Vou publicar um conjunto de fotos de modelos que espero que pela repulsa que causam, possam servir de lição para os pais de jovens que enveredam por este caminho. E mais não digo...


terça-feira, novembro 21, 2006


OS SUB-HUMANOS
Ao arrumar papelada que fui acumulando ao longo do tempo fui dar com uma página recortada de uma revista de índole cristã e de apoio às teses de expansão ultramarina que tinha uma distribuição porta-a-porta e que creio felizmente já desaparecida. Refiro-me à revista "ALÉM-MAR".
O recorte que conservei é de Janeiro de 1998. O que me me fez não desfazer dele tem a ver com a uma das suas páginas em que aparentemente se pretendia difundir as tradições oraís dos povos africanos. A história desta vez relatada intitula-se "O FILHO PATETA" e a história é a que segue:
"Era uma vez uma mulher que tinha um filho a quem Deus parece que se esqueceu de dar inteligência.Um dia, mandou-o a uma aldeia vizinha comprar uma agulha. No regresso a casa, encontrou um companheiro com uma cesta de canas de milho miúdo à cabeça e perguntou-lhe aonde é que havia de guardar a agulha para a não perder. "Mete-a aqui na cesta", respondeu-lhe a brincar. Evidentemente que, quando chegaram a casa, de agulha nem sombra: foi como encontrar agulha num palheiro!
"És mesmo burro! Porque não a espetaste na manga da camisa para não a perderes?", perguntou-lhe a mãe, irada.
Noutro dia, mandou-o comprar um pouco de banha, de que precisava para fazer o comer. Ele, lembrado da recomendação da mãe, enfiou-a na manga da camisa. Com o calor, derreteu-se toda pelo caminho. "Porque não a meteste numa vasilha? Mesmo que se derretesse, aproveitava-se", replicou-lhe a mãe.
Quando o mandou buscar um cachorrinho a casa de uns parentes que viviam longe, ele meteu-o num cântaro, como a mãe lhe tinha dito, e tapou-o bem para o bicho não sair. Resultado: o cachorro chegou a casa morto por asfixia. "És mesmo desastrado! porque não puseste uma trela ao pescoço do animal e o trazias, nem que fosse de rastos?", retorquiu-lhe a pobre mãe.
Dias depois, a mãe mandou-o ao talho comprer uma perna de gazela. Lembrado da recomendação da mãeatou-lhe um cordel ao jarrete e arrastou-a pelo caminho. Só que os cães, atraídos pelo cheiro da carne, atiraram-se a ela e, quando o rapaz chegou a casa, só levava o osso. A mãe saiu-se dos carretos: "Onde está a carne?" "Está ali...", respondeu o rapaz apontando para o osso preso pelo cordel.
Moral da história: "Ensinar um maluco é arranjar lenha para se queimar"

Esta história é exemplar daquilo que um certo espírito "bacoco" e doentio pode pensar sobre e ácerca daquilo que consideram ser os sub-extratos da população. E se para melhor ilustrar certas coisas se juntar "um atrasado" com um "preto", ainda melhor se pode compreender como foi possível durante tanto tempo sermos uma "raça superior", senhora e dona de territórios de uma riqueza extraordinária. Se batisarmos tudo isto com uma certa caridade judaico-cristã, estão conseguidos os ingredientes necessários para nos tornarmos exemplares únicos perante nós e os outros.

Há coisas que se leiem e que nos causam arrepios.

segunda-feira, novembro 20, 2006

foto H. Blayer



PARABÉNS ANDRÉ
Fazem hoje 8 anos nascia nas Caldas da Rainha (mas foi registado em Peniche) o meu afilhado André Blayer. O André foi uma alegria que veio dar luz à minha casa e família. Por força das circunstâncias ele agora está nos Açores, mais propriamente em Ponta Delgada. Isso permitiu-me rumar por duas vezes àquele arquipélago e perceber melhor as razões que me levaram a escolher Antero de Quental, Natália Correia e Vitorino Nemésio como meus ícones nas minhas incursões literárias.
Adoro aquelas ilhas e percebi-me melhor percebendo o meu sentido ilhéu de ser. Adoro o André e ele só poderia ser e estar nos Açores. Um abraço grande para ele hoje a pessoa mais importante do mundo e para os pais, o meu querido amigo Hélder e a minha Ivone.
Até já.


domingo, novembro 19, 2006




A Oeste Nada de Novo
foto H. Blayer
A 11 de Maio pp, José Pacheco Pereira publicou no seu artigo de opinião do Jornal "Público" com o título "Memória, história e recusa" uma proposta para a criação na Fortaleza de Peniche de um espaço pedagógico sobre o período do Estado Novo. Esse Centro de memórias que poderia derivar para o estudo da nossa contemporaneidade do século XX, teria o mérito de possibilitar um repensar do nosso sentido colectivo de ser e ter sido País.
Passados dois dias (13 de Maio), o Professor Universitário António Costa Pinto na sua coluna de opinião do Jornal "Diário de Notícias" com o título "Um forte em Peniche", retomava este assunto dizendo: "talvez valesse a pena debater a proposta de José Pacheco Pereira, Feita no Público de anteontem, de criar finalmente um núcleo museológico que fixe para a posteridade a memória de alguns aspectos mais sinistrosdo nosso longo passado autoritário".
O que despertou o interesse de meios políticos e intelectuais a nível nacional não colheu em Peniche qualquer sinal de motivação ou de critica. Condenados a sermos o "ladrão" dos enchimentos culturais que vão sobejando dos outros lados, não somos capazes de reflectir sobre o que nos aconteceu "portas dentro".
Não foi por acaso que fomos escolhidos para albergar o que de mais ignomioso existia no anterior regime. Sempre "comemos e calámos".
Até que um dia haja um estoiro que rebente com o oiro desta merda toda.

sábado, novembro 18, 2006


O Diabo parece estar atrás da porta

A publicação do meu primeiro "conversejar" pareceu estar embruxado. Logo a seguir o PC "empancou", e hoje finalmente ao fim da tarde pude retomar o bicho em toda a sua plenitude.
Retomo pois aqui o meu exercício de escrita ao sabor dos acontecimentos que me marcaram mais estes últimos dias:

1. Quem muito assobia...

Na passada sexta-feira a ministra da Educação deslocou-se a Vila Real. À porta do local onde se dirigiu encontravam-se em manifestações comuns professores e alunos daquele concelho. Ouviam-se na TV os apupos e assobios dirigidos à ministra. Os professores provavelmente não assobiavam. Mas assistiam ao coro de assobios dos alunos com olhos e arregalados de satisfação e gestos de feliz contentamento.
Os alunos protestavam contra as aulas de substituição que os professores não querem dar. Tudo no melhor dos mundos. Aquilo sobre o que me interrogo é o que poderão os professores fazer quando os alunos na sala de aula os apuparem a eles. Estas coisas têm sempre um reverso. E se os professores não souberem ensinar os seus alunos como de forma civilizada se protesta numa Democracia civilizada contra uma Lei que se considera errada, abre-se uma caixa de "pandora" da qual sairá um mar de chamas que a todos no mínimo chamuscará... Digo eu.

2. Coisas da minha terra

Parece que um pedido de autorização para a instalação dos supermercados Modelo em Peniche, tem gerado uma onda de contestação política com origem no ex-presidente da câmara municipal de Peniche. Ao que parece também sem razão nenhuma. A pior coisa que pode acontecer é uma pessoa ter dificuldade em perder. Lá que custa, custa... Mas são coisas da Democracia. A gente umas vezes estamos na mó de cima e andamos todos inchados e outras vezes, esquecidos que estamos que temos pés de barro, vimos por aí abaixo e se somos gordinhos começamos a rolar, a rolar e só paremos no fundo do poço. Há que perceber que o tempo corre e que a mesma água não torna a correr por baixo da mesma ponte.
Era bom que aquilo que sempre foi exigido por quem no passado detinha o poder, se dê agora também aos outros: tempo para agir.
Eu compreendo que são sapos duros de engulir ver o Jorge Amador e o Tózé Correia sentados nas cadeiras que outrora nos pertenciam... Mas são coisas da Democracia e deste povo. Só há que aguardar com calma para daqui a 8 anos ter alguma esperança de novo.

domingo, novembro 12, 2006

A Abrir

Por razões de incompatibilidade com a redacção e Administração de "A Voz do Mar", decidi deixar de dar o meu contributo àquele Jornal Regional.
Depois disso tenho vindo a alimentar a ideia de reiniciar os meus escreveres por este meio.
Mais decidi, de inicío não publicitar esta escrevinhares. Vou trabalhando esta ideia e que vá ficando por aqui... Se alguém os vier a encontrar e que os queira ler... pois que leia. Se decidir vir cá mais vezes, ficaremos amigos a conversar. Se eu gostar do que vou fazendo, darei conhecimento a uns quantos amigos. Será este um caminho turtuoso para as minhas opiniões? Provalvemente. Prefiro assim.
Na maioria das vezes escreverei sobre Peniche. Outras vezes sobre questões mais laterais. Será uma troca de impressões com amigos e desconhecidos. Ou com ninguém. Sei lá o destino que tudo isto irá ter... Outra ideia que me ocorre é a de dar a conhecer coisas que me vão chegando e que penso merece a pena conhecê-las.
Logo se verá como tudo isto irá evoluindo.
Por aqui me fico por hoje. Não devo nem quero pesar na vossa atenção neste 1º dia. Até à próxima.