segunda-feira, abril 28, 2014

POR QUEM DOBRAM OS SINOS?
Não é por certo pelo poetastro que já cobrou por todos os favores a que se amarrou.
Não é pela presidenta hostil que não reconhece quem lhe deu de comer e de estar.
Não é pelo presidente das comemorações do 28 de Maio.
Nem pelo chefe de governo que considerou que toscos e pobrezinhos é que os portugueses seriam felizes.

Numa celebração do golpe do estado novo, discursando na vetusta bracara augusta dizia o governador civil de então: “todas as manhãs, quando me lebanto bejo, a estátua de salazar. e nela encontro o incentibo para a minha luta do dia-a-dia”.

Mas há sempre um acordar.

domingo, abril 27, 2014

Mudança da hora no Porto dá isto !!! ...

Tinha acabado de entrar o "horário de Verão".
Na paragem do autocarro, estavam uma velhinha, a sua neta de dezoito anos e dois fulanos a conversar.

Um deles pergunta ao outro:
- João, que horas são? 

Responde o outro:
- Três na nova e duas na velha!

E a velha, que não tinha ouvido tudo, dispara:
- E cinco na tua mãe, meu grande filho da puta!!!

quinta-feira, abril 24, 2014

FACTOS E FIGURAS DO PÓS 25 DE ABRIL QUE MARCARAM PENICHE
Mais do que palavras existe todo um registo fotográfico do período imediatamente pós 25 de Abril de 1974 que justifica muito do que Peniche hoje é, e acima de tudo traçaram de facto o seu percurso nestes últimos 40 anos. Dispenso-me de quaisquer comentários. Quem tiver memória e goste de aprofundar os porquês, encontrará aqui muitas das razões de ser do que somos.
Nota relevante: As fotos que se seguem foram gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Peniche, de entre as muitas que constam do seu acervo fotográfico. Foram importantes para esta recolha o apoio do Sr. Vice-Presidente da CMP e o Assistente Técnico do museu municipal de Peniche. O meu reconhecimento e muito obrigado.


























quarta-feira, abril 23, 2014


A TEORIA DO BIG BANG

O AXN e a RTP2 transmitem uma série americana que recomendo a todos. É espantoso como identificamos algumas daquelas personagens com figuras conhecidas por todos nós.

Sheldon – O cientista precoce que com 16 anos já tinha terminado a licenciatura na faculdade. Falo de uma faculdade a sério e não da faculdade de Castelo de Vide. Egoísta. Petulante. Convencido. Tem a certeza de que o mundo gira à sua volta. Só os seus trabalhos, estudos e conclusões são dignas de mérito e não são questionáveis. Os prémios Nobel só se sentem felizes porque o não conhecem. A Ciência começa e termina nele. Tudo para ele é integrável em regras. Que ele próprio elabora, define e determina e todas criadas para impedir que o seu bem-estar pessoal possa ser posto em causa. Tudo existe em função dele e para o fazer feliz. O que o aborrecer deve ser destruído, incinerado e as cinzas dessas perturbações lançadas em fossas abissais para não mais o incomodarem.

Leonard – O seu colega de casa. Cientista menor em tamanho e em qualidade porque nada é comparável ao que Sheldon faz. O seu grau de liberdade só existe em matérias de sexo. São-lhe permitidas liberdades nesse domínio para que enquanto se ocupa do sexo oposto não incomode com a sua presença o inevitável Sheldon. Leonard serve ainda para tratar de tudo aquilo com que Sheldon não quer perder o seu precioso tempo. E serve para ser intérprete dos desejos de Sheldon. É sempre Leonard quem tem de recuar e pedir desculpas por a sua presença ser um incómodo para quem é tão excepcionalmente bom.

Estas 2 figuras fazem-me lembrar qualquer coisa. O que será?

segunda-feira, abril 21, 2014

2ª FEIRA: - DIA DOS SAPATEIROS
Um destes dias numa conversa informal sobre o 25 de Abril e os seus antecedentes, veio à memória a luta dos trabalhadores do comércio e dos pescadores entre outros para conseguirem que os horários não se estendem-se para além do razoável, para que pelo menos não se trabalhasse ao sábado à tarde e ao domingo. Ter a sorte de ter um dia para descansar era mais do que aquilo a que o comum dos mortais podia aspirar.

Mais de 40 anos depois destas lutas que conduziram sindicalistas à prisão ou a dificuldades tremendas com a polícia política, um pouco por toda a parte assiste-se a um retomar dos horários de trabalho dos tempos do corporativismo, e já é um luxo não ter mais de um emprego.
A tecnologia tomou conta dos nossos destinos, sabem tudo sobre nós, vigiam-nos sem que o saibamos. Estes PIDES de agora e os seus bufos são mais difíceis de distinguir e combater.
Perante isto tudo recordámos os dias que as corporações escolheram para satisfazer necessidades primárias dos seus mestres. Assim foi com a 2ª Feira dia de descanso dos sapateiros. O porquê da 2ª Feira é a parte interessante desta ideia. Muita gente andava há mais de 40/50 anos descalça. Não se justificavam sapatos para trabalhar no campo, ou na ribeira. Na maior parte das fábricas umas alpercatas eram suficientes. Ou em casos mais extremos, umas botas de materiais rígidos que teriam de durar toda uma vida. E que acabavam por ficar para filhos e netos.

Nesses tempos uns sapatos mesmo que muito usados eram um bem precioso. Ou umas sandálias. Compravam-se para o casamento e teriam de durar para toda uma vida, porque ao sábado ou ao domingo eram usados para a missa, onde “parecia mal” entrar descalço. É claro que o tempo gastava as solas por mais duradouras que fossem. E muitas vezes se sobejavam (?) alguns cruzados pedia-se ao sapateiro que as arranjasse. Meias solas, uns saltos, uns protectores para lhes conferir mais durabilidade. Nesse tempo os sapateiros eram uma profissão de muito trabalho e proliferavam nas ruas da vila. Os dias da semana eram curtos para arranjar sapatos, botas, botinas, sandálias e alpercatas que tinham de estar prontas para sábado ou domingo. Ou as botas de trabalho que teriam de estar prontas para 2ª feira. E que só o dinheiro da semana dava para mandar arranjar. Sábado e domingo eram pois dias de muito labor. O descanso dos sapateiros teria de ser à segunda feira quando as tarefas acalmavam um pouco.

Assim nasceram as 2ªs feiras como dias de descanso dos sapateiros. Com este liberalismo selvagem, lá regressaremos. Que se cuidem os que agora deitam fora os sapatos um pouco usados.     

sábado, abril 19, 2014

FESTAS FELIZES


quarta-feira, abril 16, 2014

ESTE PAÍS É DE QUE COR?

Reparem no facies do primeiro-ministro, ou do ministro da defesa, ou do ministro da presidência, do da educação ou da ministra das finanças, quando anunciam novos cortes para os mais desfavorecidos ou para a classe média.
Reparem também no “frontispício” do portas, ou do lima, ou do mota soares, quando isso acontece.

Os primeiros têm um sorriso alarve no rosto, dando a perceber quanto lhes agrada ver a desgraça dos outros. Os segundos mantêm-se imperturbáveis. O rosto é esfíngico. Cose estando ali, nada daquilo lhes dissesse respeito.

O que se diz num dia, desdiz-se no dia seguinte. Hoje ofendem-se as pessoas, no dia a seguir pede-se desculpa, para logo no outro dizer que elas precisam é de sofrer.

Um padeiro vai para a cadeia porque roubou 70 cêntimos. Uma jurista da Segurança Social é absolvida da pena de expulsão da função pública, porque não viu respeitados (“tadinha”) os seus direitos de defesa e vai receber largos milhares de euros de indeminização. Enquanto isso eu desconto todos os meses uma CES para ajudar o Governo dos tais rapazes, a pagar os milhões e milhões da banca, sendo que os autores das patifarias viram prescrever os seus pagamentos e olham para mim com cara de quem me “lixou”.

VIVA A MERDA. VIVA. PIM!   

terça-feira, abril 15, 2014

LAMENTO PROFUNDAMENTE

Da actual legislatura guardava com esperança e fé na Democracia, exclusivamente, a eleição da actual Presidente da Assembleia da República, a Dr.ª Assunção Esteves.
Infelizmente a sua atitude arrogante, mal educada e mal agradecida com os militares de Abril a quem deve o cargo que ocupa, fizeram-me lamentar o facto de eu ter ainda alguma esperança em “gente” daquela. São de facto todos farinha do mesmo saco.
Eu sei que a Sr.ª Presidente da AR não precisa de mim para nada. Que o que eu digo ou penso não a preocupa minimamente. E no entanto deveria preocupar. Porque eu sou um cidadão português.
À sr.ª não basta fazer a citação de poetas ou pensadores. É fundamental que assuma valores. Ou que se cale para sempre.

A srª já a propósito de um clamor que se ergueu para levar um desportista famoso ao Panteão, me fez desconfiar da bondade do seu discurso. Agora esta atitude recente veio expor de forma clara e transparente a enfática sr.ª. Ele convenceu-se que tem o poder de determinar o que está certo ou errado. Não tem. Ela tem poderes delegados pelo Povo Português que os recebeu de volta por força da acção heroica dos Capitães de Abril.

Quando terminar a actual legislatura, desta ilustre senhora não restará nada. Os capitães de Abril ficarão para sempre na memória do nosso Povo e o seu legado já pertence ao Futuro.
Deles a História de Portugal honrará o nome. Esta petulante senhora nunca passará de uma nota de rodapé.

segunda-feira, abril 14, 2014

PS E PSD: TUDO FARINHA DO MESMO SACO

Ouvem-se agora uns quantos beneficiários dos grupos políticos ditos, do “arco da governação”, fazerem um apelo desmesurado ao voto nas eleições europeias. Pudera! Receiam ver o “tacho” passar-lhe fora do alcance.
O que movimenta esta “gentalha” do PSD/CDS/PS? Movimenta-os o terem poder sobre a vida dos outros, usufruírem das escassas regalias que existem para ser distribuídas, beneficiarem da sua entrega aos aparelhos partidários.

Eles querem que a gente vote? Nã… Eles querem que a gente vote neles.
Mas mais uma vez eles estão-se “cagando” para o Povo Português. Senão vejam o que eles estão a cozinhar:

- O baixinho Paulo Rangel, mais o truculento Francisco Assis, nem dormem a pensar que os portugueses não vão votar, ou não vão votar neles. Daí que nos encham de ameaças, sobre os terríveis males que nos podem acontecer. Mas, mais uma vez, e no que é realmente importante não nos deixam sermos nós a tomar decisões.

Porque é que o TRATADO SOBRE ESTABILIDADE, COORDENAÇÃO E GOVERNAÇÃO da União Europeia, não pode ser referendado pelos portugueses? No que diz respeito à Europa, eles decidem e nós “amochamos”. Ainda por cima trata-se de um documento que é de suspeitosa inconstitucionalidade.
Nós servimos para votar nestes papagaios, servimos para permitir que nos imponham regras que nos levam à ruina individual e colectiva, mas não servimos para dizer o que aceitamos que nos imponham. Mas que linda democracia esta. Inda por cima 40 anos após o 25 de Abril.
Agora decidiram que as nossas pensões e reformas ficam indexadas ao crescimento (ou não) da economia. Isto independentemente de termos descontado valores absurdos. Mas se os mercados descidirem baixar os valores dos índices de crescimento económico, teremos que suportar reformas de miséria.
São assim estes crápulas que nos governam aqui e em Bruxelas. E nós não podemos dizer se estamos ou não fartos deles. Referendos NUNCA. É que a “mama” poderia acabar. E onde iriam xupar “rangelito” e “chiquinho”?

Por mim podem esperar sentados pelo meu voto.

QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA?

sábado, abril 12, 2014

O PEDIDO DA AMANTE

Júlio está no Hotel com a amante, curtindo o pós-coito, quando ela resolve interromper o silêncio:
- Júlio, por que não cortas essa barba?
- Ah... se dependesse só de mim... Sabes que minha mulher seria capaz de me matar se eu aparecesse sem barba... ela gosta de mim assim !
- Ora, querido - insiste a amante - Faz isso por mim, por favor...
- Não sei não, querida.... sabes, a minha mulher ama-me muito, não tenho coragem de a decepcionar...
- Mas sabes que eu também te amo muito... pensa no caso, por favor...

O tipo continua dizendo que não dá, até que não resiste às súplicas da amante e resolve atender ao pedido.
Depois do trabalho ele passa no barbeiro, em seguida vai a um jantar de negócios e quando chega a casa a esposa já está dormindo.
Assim que ele se deita, sente a mão da esposa afagando o seu rosto lisinho e com a sua voz sonolenta diz:

- Duarte!!! Seu sacana, ainda estás aqui? Vai-te embora... O barbudo está quase a chegar !!!

sexta-feira, abril 11, 2014

NÚMEROS QUE IMPORTA RECORDAR

Polícia Política (PIDE/DGS) em 1974:
  • 2162 Funcionários
  • 20 000 Informadores
  • 8000 Legionários
  • 600 informadores da Legião portuguesa
  • 200 elementos da Força Automóvel de Choque
Importa recordar que na sua maioria estes torcionários e bufos nunca foram julgados, nem acusados formalmente pelos atentados cometidos contra os Direitos Humanos.

quarta-feira, abril 09, 2014

20 ANOS DA MORTE DE KURT COBAIN

n. 20/02/1967 (Aberdeen)
f. 05/04/1994 (Seattle)
Músico, poeta, vocalista e guitarrista da banda de culto Nirvana.
Ele próprio transformou-se numa figura mítica e figura inspiradora de inúmeros músicos por todo o mundo.
Algumas das suas músicas e letras tornaram-se clássicos da cultura rock. Hoje é impossível aos pais compreenderem os seus filhos se não prestarem atenção aos fenómenos musicais e influências literárias em que eles se envolvem.
A heroína, os excessos, a pressa de chegar a algum lado, e quando se chega lá é sempre mais além, conduziu-o a um fim trágico, até porque pouco tempo antes tinha sido pai de uma menina (Frances) que adorava.
Algumas frases suas, extraídas dos seus versos ou da sua carta de suicídio, tornaram-se frases marcantes e definidoras dos anseios e raiva de toda uma geração mais jovem que não encontra respostas para a sua vida nos circuitos sociais convencionais.
Um vídeo


Algumas frases singulares e a carta de suicídio que escreveu.

- '' ... Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo ... ''
- Sou o pior no que faço de melhor
E por este presente eu me sinto abençoado.
- E acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal.
- " As maiores loucuras são as mais sensatas alegrias , pois tudo que fizermos hoje ficará na memória daqueles que um dia sonharão em ser como nós : Loucos , porém, FELIZES ! "
- “As coisas tem um brilho que com o tempo se vai. Morra jovem e permaneça belo.”

- Ninguém morre virgem, a vida f*de todo mundo antes disso.

- Querer ser outra pessoa é uma completa perda de tempo da pessoa que você é.

- Melhor queimar do que apagar aos poucos
CARTA DE SUICÍDIO DE KURT COBAIN
"Para Boddah,*

Falo na língua de um simplório experiente que obviamente gostaria muito mais de ser um covarde resmungão. Esta nota deveria ser bem mais fácil de ser compreendida. Todos os avisos do "Punk Rock 101 Courses" durante todos esses anos (é a minha iniciação do que poderíamos chamar da ética envolvida com a independência e com o engajamento de sua comunidade) foram provadas como verdadeiras. Eu não sentia a excitação de escutar, assim como de ler e criar música, e de compor algo por tantos anos. Me sinto culpado de dizer estas coisas através dessas palavras. Por exemplo, quando estamos no ‘backstage’ e as luzes se apagam e o rugido enlouquecido da multidão começa. Isto não me afeta da maneira que afetava o Freddie Mercury, que parecia adorar e gostar do amor e da admiração da platéia, o que é algo que eu admiro e invejo totalmente.


O fato é que eu não posso enganar você, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo com você nem comigo. O pior crime que eu poderia pensar seria o de afastar as pessoas, enganando-as, fingindo que eu estava curtindo, me divertindo 100%. Às vezes sinto que eu deveria levar uma porrada cada vez que subisse nos palcos. Eu já busquei forças para gostar disso, e eu gosto, Deus acredite em mim, eu gosto, mas não é o suficiente. Eu aprecio o fato de que nós comovemos e entretivemos muita gente. Devo ser um daqueles narcisistas que só gostam das coisas quando elas acabam. Sou muito sensível, preciso estar ligeiramente entorpecido para recobrar o entusiasmo que eu tinha quando era criança. Nas nossas últimas três turnês, comecei a gostar mais de todas as pessoas que conheci, pelo lado pessoal e pelo lado de fãs da nossa música. Mas ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que eu tenho por todos.

Há bondade em todos nós e eu simplesmente amo muito as pessoas. Amo tanto, que isto faz me sentir tão “fodidamente”  triste. Sou um cara do signo de Peixes, triste, que ninguém dá atenção, um devoto cristão. Por que você simplesmente não relaxa e curte? Não sei! Tenho uma esposa que é uma deusa e que transpira ambição e empatia, e uma filha que me lembra bastante o jeito que eu costuma ser, cheia de amor e alegria, beijando cada pessoa que ela encontra porque todo mundo é legal e não vai machucá-la. Não suporto pensar na Frances tornando-se uma pessoa infeliz, autodestrutiva uma roqueira da morte, coisas que eu me tornei. Eu tô legal, tô numa boa, e sou muito agradecido por isso, mas desde os 7 anos me tornei odiável perante as pessoas em geral. Isso porque parece tão fácil para os outros se darem bem e ter empatia entre si. Só porque eu amo e sinto muita dó das pessoas, eu acho. Obrigado a todos, do fundo da minha úlcera, pelas cartas e demonstrações de preocupação durante os últimos anos. Eu sou muito de lua! Não tenho mais aquela paixão, então, lembre-se: é melhor apagar de uma vez do que ir sumindo aos poucos. Paz, Amor, Empatia. Kurt Cobain.

Frances e Courtney, eu estarei em seu altar.
Por favor, continue, Courtney, pela Frances.
Para que a vida dela seja muito mais feliz sem mim. EU AMO VOCÊS. EU AMO VOCÊ
·         Amigo imaginário da sua infância

 

terça-feira, abril 08, 2014

COMME D’ HABITUDE

“Como é hábito” no meu país e na minha terra passamos todos, todo o tempo, a reclamar de tudo.
Reclamos, reclamamos e quando obtemos o que desejamos, raramente valorizamos o trabalho, esforço e interesse daqueles que tudo fizeram para satisfazer os nossos legítimos interesses.

É claro que a satisfação de promessas eleitorais ou dos interesses colectivos das populações, não se tratam propriamente de coisas em relação às quais tenhamos que estar profundamente gratos. Mas como já se tornou um hábito dos políticos a todos os níveis esquecerem as primeiras e “borrifarem-se” para as outras, quando acontece serem responsáveis, é caso para nos sentirmos gratos e afirmar isso publicamente com a mesma veemência com que por vezes os criticamos.
Por isso daqui saúdo o actual executivo camarário por ter levado a cabo a tarefa de construção de uma casa mortuária com condições dignas para Peniche do século XXI. Podendo ser utilizada por todas as religiões ou até para aqueles que não professam nenhuma, tem a possibilidade de dar condições de dignidade mínimas a várias famílias ao mesmo tempo, ao contrário do que vinha acontecendo até agora.
Pena que com esta obra não tenha sido possível a construção de um forno crematório, evitando deslocações enormes quando se trata de utilizar esse meio.
Para já que fique o registo desta obra que é merecedora da gratidão dos penichenses.

segunda-feira, abril 07, 2014

ONDE É QUE EU ESTAVA NO 25 DE ABRIL?

A 25 de Abril de 1974 eu estava a dormir em casa de meus pais. Em casa estava também o meu irmão capitão de Artilharia do Exército que tinha sido evacuado da Guiné onde comandava uma companhia, com problemas de saúde. Os meus pais tinham ido para Lisboa para a minha mãe ser operada à vista no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa nesse mesmo dia. Pelas 08:00 horas da manhã a minha Tia Idália foi a nossa casa e a toques insistentes de campainha lá nos conseguiu acordar para nos avisar de que a “Armada” se tinha revoltado em Lisboa.
Ligamos o rádio para o RCP e ouvimos a música e o comunicado do MFA. Eu vislumbrei um golpe contra o regime do estado Novo, pela música que se ouvia e pelo teor do comunicado.
O meu irmão estava siderado com a situação, não compreendendo como podia ser possível haver um golpe de Estado promovido pelas Forças Armadas e ele desconhecer em absoluto o que se passava. Nem sequer conseguia raciocinar.
Tomei um banho rápido, tentei ligar para a CVP para saber dos meus pais e vesti-me rapidamente e fui para a Escola Comercial e Industrial onde já encontrei o seu director, Pintor Edgar Sardinha, a tentar colocar ordem na agitação que começava a fervilhar.
Pelas 11:00 horas, suspendeu as aulas quando os militares começaram a entrar na vila para se dirigirem à Fortaleza e pediu a todos de nós que tivessem carro que fossemos distribuir os alunos do concelho pelas suas localidades de origem.
A partir daí a agitação apoderou-se de todos os que nos tínhamos empenhado numa alteração do regime vigente. Junto à Fortaleza até sair o último dos presos políticos. Preparando as coisas para as manifestações que estalaram de apoio ao “Golpe de Estado”.
Depois foi o primeiro 1º de Maio. A exoneração do Presidente da Câmara. A caça aos Pides. A nomeação para presidir aos destinos do Concelho da Comissão Administrativa. O eclodir dos Partidos Políticos, a divisão de quem sempre tinha colaborado em consonância em esquerda e direita. Em revolucionários e reacionários. A descolonização. O 28 de Setembro. O 11 de Março. As primeiras eleições livres. Os que ajudaram a consolidar o regime democrático e os que dele fizeram um filão para atingirem os seus objectivos.
Até ao estado a que isto tudo chegou.  

sábado, abril 05, 2014

DE VELHO PARA VELHO

Eu nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, a minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.  Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu tornei -me o meu próprio amigo...  Eu não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou uns biscoitos extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo supérfluo que não precisava. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante? e livre.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem me vai censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até às quatro horas e dormir até meio-dia? Eu Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 & 70, e se eu, ao mesmo tempo, desejo chorar por um amor perdido... Eu vou.

Vou andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet sky. Eles também vão envelhecer. 

Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado.  Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro?  Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo.  Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. Assim, para responder s ua pergunta, eu gosto de ser idoso. 

A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei.  Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. 

E vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).
(Autor desconhecido) 

 

quinta-feira, abril 03, 2014

PENICHE: TERRA PRISIONEIRA E ACULTURADA


Uns quantos dias após o 25 de Abril de 1974 encontrei o Zé Rosa e conversámos sobre os dias que estávamos a viver. Num ponto ambos concordámos. Passada a euforia e grandiloquência daqueles momentos únicos, quando a poeira assentasse, haveria que pensar bem nas nossas atitudes e contribuir com os nossos actos, para que aqueles que tivessem dúvidas percebessem que o  que lhes era ofertado pelos militares de Abril, era um mundo de liberdade, sonho e esperança que merecia ser partilhado por todos. Nessa tarde solarenga no jardim público de Peniche, foi esse o nosso brinde pelo novo Portugal que recomeçava naqueles dias. Companheiros de muitas lutas e esperanças traçamos assim o que era o nosso desejo para o futuro de Peniche e de Portugal.

Recordo este momento como corolário de um tempo que se viveu em Peniche (cidade) desde os meus 16/17 anos que é quando começo a ter alguma consciência social. Na década de 60 do século XX, Peniche para a generalidade dos seus habitantes era muito pouco. Recordemos o que arrastava um número de pessoas relevantes nessa altura.
Em primeiro lugar a Igreja católica e as suas diversas manifestações como procissões, missas, peregrinações.
Depois o Grupo Desportivo com as disputas mais ou menos acesas quando se tratavam de jogos com o Caldas, o Torriense e mais em tom de festa com o Académico de Viseu.
Tínhamos periodicamente o Carnaval que se animava quando em ano de crise, sendo os bailes nas diversas colectividades momentos de grande agitação de massas.
Deixem-me pensar o que tínhamos mais. Uns jogos de cartas aos domingos em tabernas. Que no período do defeso se estendiam por meses. E tínhamos as actividades cénicas na Associação e no Centro Paroquial. Pretexto usado por uns e umas quantas para saírem à noite e terem encontros fugazes para além do que era habitual. Os dias repetiam-se iguais e monótonos, cinzentos e de poucas perspectivas para quem olhasse um pouco mais para lá do istmo que nos afogava.

Do ponto de vista cultural eram poucos os que tinham algo mais do que a 4ª classe. A Escola Comercial e Industrial eram para uns quantos e ultrapassar esse estádio era só para os filhos dos “ricos” que na época eram muito poucos.
As mulheres dividiam-se entre os afazeres de casa, o tratamento do peixe nas lojas da Ribeira, as fábricas de conserva e algumas em estabelecimentos comerciais pouco significativos.
Não é de admirar que a vida em Peniche na década de 60 fosse isto. Se recuássemos para a década de 50 seria ainda mais monótono.
Este viver (?) não era fruto do acaso. Recordo que em Peniche na época existiam todo o tipo de forças policiais do regime do Estado Novo: Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana, Guarda Fiscal, Polícia Internacional e de Defesa do Estado, Acção Nacional Popular, Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa. A Legião extinta no início dos anos 60 por falta de motivação dos seus participantes, veio a dar lugar ou a mais uns quantos desocupados ou em outros casos vieram a engrossar as fileiras dos informadores da polícia política.
Tudo isto veio a condicionar toda e qualquer actividade associativa ou social que tentasse ultrapassar os limites do puramente recreativo.

Claro que existiam casos de pessoas que por razões pessoais ou de afinidades profissionais com colegas de trabalho mais politizados ultrapassavam o marasmo daquilo que se vivia em Peniche. Alguns conseguiam motivar mais alguns trabalhadores da pesca ou conserveiros para algumas atitudes um pouco mais ousadas.
Nessa época o que de mais relevante se conseguiu atingir em termos de motivações cívicas terá eventualmente sido aquilo que se culturalmente se veio a desenvolver quer através do CICARP, quer da HÚMUS, num caso um cineclube e no outro uma Cooperativa Livreira. O 1º foi encerrado por força de uma dinâmica concertada entre a PIDE/DGS e alguns elementos da ANP que faziam parte da direcção da Associação Recreativa Penichense. A 2ª veio a ver coarctada uma parte das suas valências por força de uma acção desenvolvida pelo Governo de Marcelo Caetano.
Da década de 60 e do início dos anos 70 até ao 25 de Abril, posso falar descrevendo Peniche como uma terra amordaçada e sem quaisquer motivações políticas de oposição ao regime relevantes e que movimentassem um número significativo de elementos da população.

Tentar agora pintar um quadro diferente deste é uma “história” bonita para emoldurar um período perturbador para as gentes de Peniche, sendo que as limitações a vivências mais empenhadas politicamente vinham de todos os lados para as gentes que se ocupavam fundamentalmente na luta pela sua sobrevivência diária.

Claro que houve sempre pessoas que conseguiram ultrapassar o medo e alojar familiares de presos políticos que aqui vinham visitar os seus entes queridos  detidos na Fortaleza/Prisão. Nuns casos por consciência política e noutros porque o aluguer de quartos representava em si mesmo mais alguns tostões a acrescentar ao seu reduzido pecúlio.
Peniche e a sua população não necessitam que tracem um quadro dourado sobre o que aqui aconteceu no período do Estado Novo. Todos precisamos de ser respeitados e que se desenvolvam as linhas mestras do seu desenvolvimento para que os nossos filhos tenham um futuro promissor que parece tardar.      

 

quarta-feira, abril 02, 2014

QUEM É QUEM?

- Foi 1º Ministro e quando viu o rabo a arder, entregando o seu país ao 1º que viu entrar no seu gabinete quando ia a sair.

- Serviu o Iraque numa bandeja aos grandes deste mundo, para se servirem do seu petróleo e de um país destruído por uma guerra. Para ser reconstruído pelas empresas mais cotadas do mercado.

- Serviu de pau-de-cabeleira numa auto designada “união europeia” ao serviço da senhora chanceler e dos seus lugares tenentes.

- No seu “lugarzinho dourado” e pago regiamente, decidiu intervir no seu país de origem, tentando denegrir a imagem dos que cá ficaram a limpar a “merda” que ele semeou.   

terça-feira, abril 01, 2014

UMA IDA À CAPITAL DO IMPÉRIO (?)

Um exame clínico pouco habitual, levou-me ontem a Lisboa a um hospital privado, a fim de queimar tempos de espera que poderão ser dificilmente recuperáveis caso os resultados exijam qualquer tipo de intervenção mais rápida. Quero dizer desde já que não me estou a queixar. É assim mesmo e pronto.

Desloquei-me como vem sendo habitual na Rápida das 6:45 horas e cheguei cerca das 08:30 horas. Apanhei um táxi para o Hospital onde se realizaria o exame. Quando cheguei fiquei deslumbrado. Qualquer pessoa que se sinta doente ao entrar ali o próprio ambiente o ajuda a acalmar. Depois o atendimento desde a recepção aos serviços onde realizaria o exame foi de uma inexcedível simpatia e carinho. Concluído o exame fui efectuar o pagamento e solicitar que os resultados me fossem enviados para o local de residência.

Uma falha na factura onde não constava o meu número do subsistema de saúde a que pertenço, tornou impraticável o acto de pagamento. Pois, sem quaisquer dificuldades foi-me sugerido que o pagamento se efectuasse com o envio de uma nova factura para casa. Isto é, num local onde ninguém me conhece, frequentado por milhares de pessoas, confiam em mim sem quaisquer dificuldades.

Apanhei o autocarro de regresso a Peniche pelas 11:00h, não sem antes eu e a minha mulher termos tomado um pequeno-almoço frugal na cafetaria do Hospital e às 12:30 horas estava em Peniche para almoçar.

Este relato das coisas simples da vida, que ajudam um “velhote” a passar os seus dias independentemente de serem razões agradáveis ou menos agradáveis, faço-o aqui porque pese embora o desastre emocional em que está envolvida a maioria dos portugueses, parece haverem ainda algumas razões para termos esperança.
Existem boas práticas na saúde, seja através do SNS seja através de alguns serviços mais ou menos privados. Os velhos ainda podem respirar um pouco. E os novos também. Existem pessoas que fazem da sua profissão um exercício de boas práticas. Independentemente dos maus exemplos de quem nos governa.
Peniche já não é um lugar afastado do resto do mundo. Uma manhã e só utilizando transportes públicos é possível tratarmos de coisas importantes mais de uma centena de quilómetros afastadas de nós e, regressar a casa.

Por tudo isto merece a pena falar de algumas coisas simples.