sexta-feira, janeiro 03, 2020


O VELHO FEZ-SE NOVO

Como por magia decidimos universalmente que às 24 horas do dia 31 de Dezembro de cada ano caiem coisas “velhas” e num grito de esperança entram nos países, e na alma de cada um de nós um grito de renovada esperança para os dias que se seguirão, até que ciclicamente o novo se fará velho e o despejaremos mais uma vez.

À falta de mulher vão louças velhas para as ruas, foguetes e fogos-de-artifício nos ares acordarão os menos atentos.

Resumem-se os dias bons e maus que ficaram para trás, recordam-se aqueles que partiram do mundo dos vivos e que deixaram marcas mais ou menos profundas nas famílias, nos países ou mesmo a nível global.

Rapidamente deitaremos tudo para o caixote de lixo da história pessoal ou colectiva e preparamo-nos para recriar aquilo que acreditamos nos irá alimentar o ego.

Os jovens estudantes, os trabalhadores e as centrais sindicais ou quejandos olham para o novo calendário, localizando feriados e eventuais pontes que serão uma alegria para o nosso bem-estar.

Procuram-se as novas tendências na moda, o que vai surgir no âmbito das novas tecnologias, os progressos da medicina para quem está doente e procura melhorar, e as notícias sobre métodos de vida saudáveis para manter um físico e postura invejáveis.

O envelhecimento provocará em alguns a vontade de rever os seus modos de vida e abraçarão os incentivos do além para que mesmo depois de tudo, valha a pena o que se viveu e os sacrifícios que se fizeram.

Recuso-me a banalizar o momento e não é por se designar de forma eufemística como 20/20 que deixará de ser o que sempre foi. Uma data simbólica que rapidamente passará ao esquecimento. E lá começaremos de novo este tipo de crónicas como se isto merecesse a pena e não fosse mais do mesmo.

    

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