Fui alertado para a morte do mais antigo “continuo” que conheci. Na velhinho “alemão”. Depois no edifício que actualmente é do sindicato dos pescadores e por fim na imponente nova “Escola Comercial e Industrial.
Falar do Sr. Ferreira é falar da Rolanda. E do Edgar Sardinha. E dos tempos conturbados do 25 de Abril e pós “golpe de estado” ou “revolução” ou seja lá o que for que lhe queiram chamar.
Falar do Sr. Ferreira é falar de alguém que atravessou gerações de alunos sem alguma vez se tornar odiado por quem quer que seja. Ele foi uma figura respeitada sem ser popular. Um funcionário digno sem ser bajulador.
Desaparece com ele mais um período de tempo e de memórias a que a Escola Industrial fica associada. Nunca o sr. Ferreira virou a cara a nenhum trabalho. Nem a nenhum esforço.
Com ele partem parte substantiva das minhas recordações como aluno e professor da Escola Industrial. Penso que a minha antiga escola (que tive o privilégio de inaugurar) tem uma grande divida de gratidão para com alguns dos seus mentores nos quais incluo o sr. Ferreira que foi um exemplo vivo de maturidade e de responsabilidade. Do estado português não espero nada pelos que mais de si lhe deram. Mas a minha escola tem uma responsabilidade moral, ética e de proximidade perante pessoas como o sr. Ferreira. Que espero sinceramente venha a pagar um dia.