terça-feira, janeiro 30, 2018


O BAÚ DA MINHA AVÓ

O baú da minha avó Guilhermina é um pouco como o baú do Fernando Pessoa. Sempre que o abro encontro coisas novas. Ela nasceu e viveu até casar com o meu avô na Rua Vasco da Gama, perto da loja de peixe que o pai tinha na Ribeira.

Depois já na casa que mandou construir com o meu avô foi acumulando livros, recordações e elementos importantes para a sua vida de doméstica e rendilheira.

Um dos elementos que compunham o seu viver era a religião católica com as missas, novenas e orações ao santíssimo sacramento. Tudo lhe servia para compensar um marido agnóstico e republicano.

Entre o que encontrei está um livro que ela levou com ela quando casou, de orações para as “VEZITAS”  ao santíssimo sacramento e a Maria santíssima com data de impressão de 1850, vão lá pois mais de 160 anos.

Trago aqui hoje algumas imagens desse livro de orações que me surpreendeu pela filosofia hermética em que amarrava os crentes.






 

segunda-feira, janeiro 29, 2018


MAFALDA A CONTESTATÁRIA
(É proibido proibir)

Todos fomos invadidos por uma controvérsia com um programa recente que punha em causa crianças e pais, Uns por serem levados “de 30 raios” e outros por serem incapazes de lidar com isso. O que acontece é que as televisões generalistas que temos já não satisfeitas em expor o que de pior existe entre nós adultos em programas que 234 horas por dia exibem publicamente as nossas atitudes numa casa fechada em que o mérito é ganhar dinheiro se cairmos no goto dos predadores que deleitam o seu olhar nessas gentes, agora exibem-se crianças e pais num conflito de incapacidade dos últimos em serem pais capazes de lidarem com os seus filhos.

O mais grave de tudo isto é que as TVs generalistas o fazem sem qualquer pudor, em nome de uma hipotética liberdade de imprensa e do direito à livre expressão, mas em que o objectivo é conseguir o maior número de benefícios monetários possível com  a publicidade que angariam, e com a maior das hipocrisias de vez em quando surjam a anunciar-se como os paladinos do serviço público.

Num destes últimos dias a Drª. Maria Lurdes Rodrigues escreve um artigo notável sobre este tema em que no fim faz uma breve referência à Mafalda, mais conhecida por Mafalda a Contestatária onde a minha geração se deliciava com as suas histórias e a dos seus amigos. No tempo do Antigo Regime de Salazar & Compª Ldª, estes livrinhos de banda desenhada do Quino editados pela D. Quixote, eram um exercício de liberdade para os nossos espíritos. Quantos de nós não aprendemos nesses livrinhos a sermos mais tolerantes e mais amigos da Liberdade?

Porque a maioria dos que têm menos de 35 anos já não se recordam quem era a Mafalda e as suas idiossincrasias, fui à minha biblioteca onde tenho praticamente todos os seus livrinhos e respinguei algumas tiras para vos dar uma ideia do que líamos quando não existiam telemóveis.       

 




domingo, janeiro 28, 2018

COISAS DA TECNOLOGIA





quarta-feira, janeiro 24, 2018


COISAS QUE TEREI PUDOR DE CONTAR SEJA A QUEM FOR

Nos últimos tempos ler jornais, ouvir televisões ou rádios, tornou-se uma empresa difícil. É que os estrangeirismos utilizados são tantos e tais que mais parece um criptograma para transmissão de uma qualquer mensagem de guerreira.

Só como exemplo atiro para aqui alguns deles que nos últimos 2/3 dias me apareceram pela frente:

post-dubstep-fact-check-web summit-startup-cyberbulling-network-reality-shows-offshore-brunch-sextorsion-gourmet-tablet-maple syrup-cimeira tech-avatares-app-team coaching-research-publishing-EBTIDAS-Empowerment-Break even-Fake news-Special drawing rights (sdr)-Guesthouse”

Este conjunto de palavras (ou de palavrões) ditos (escritos ) assim parecem hieróglifos. E poupei-vos ao bué, must, lol, e por aí fora. De facto, os nossos filhos e netos entraram num mundo a que nos é difícil adaptar. A sua linguagem parece já não ser a nossa. E o domínio deste vernáculo torna-os aptos para correrem as sete partidas do mundo sem parecerem os indigentes imigrantes que o estado novo e as crises económicas espalharam no mundo.

O que me perturba não a utilização de um léxico que de todo já não domino. È que eles com estes conhecimentos não se aventurem por aí fora tão vencedores como o foram os nossos antepassados da época de 500. Com a criatividade da alma lusa e as capacidades de inteligência e saber cognitivo e psicomotor que possuímos, somos de facto vencedores. Conmo pois sermos inaptos para traçar o nosso destino entre-portas.   

 

segunda-feira, janeiro 22, 2018


CONTRIBUTOS PARA A DEFESA, PROMOÇÃO E RELANÇAMENTO DAS

RENDAS DE BILROS

Começarei por dizer que não acredito nem me revejo em grandes manifestações de apresentação das RENDAS DE BILROS, num momento em que começam a desaparecer pessoas interessadas na sua produção.

Desde logo por 2 ordens de razão:

- Não é motivador em termos económicos para os jovens

- Não é uma actividade que permita visibilidade e respostas no imediato

Poderíamos escalpelizar as razões que conduziram ao definhar das rendas de bilros mas todas elas acabam sempre por ir parar às razões enunciadas anteriormente.

Por outro lado as rendas de bilros exigem mais algumas bases para o seu desenvolvimento que têm andado arredios quando se trata desta matéria.

Refiro-me:

- ao estudo e execução do desenho nas suas 2 vertentes, a renda erudita e a renda popular;

- a execução do suporte para a execução na almofada (o pique tradicional), e a consequente picagem;

- a cerzidura elemento fundamental para a apresentação final da renda em termos comerciais:

 

Todos estes elementos só podem ser trabalhados e expandidos desde que uma escola (A ESCOLA) esteja disponível para ser parceiro nesta actividade. Não em modos “políticos” ou para dar visibilidade estereotipada a meia dúzia de “instrumentadores”, mas em termos didácticos e tecnológicos de forma a criar o sustentáculo de uma actividade que não seja só artesanal, mas contenha a génese de uma actividade em que a dignidade de quem produz seja tão visível como o próprio trabalho desenvolvido e comercializado.

Não me cumpre aqui desenvolver mais que uma ideia. Jovens de Peniche com experiência em gestão e marketing deverão ser envolvidos neste projecto. A minha proposta avança só umas quantas ideias que poderão servir de suporte ao desenvolvimento de uma actividade que requer outra forma de ser encarada, do que uma mera frente de exposição e de lugares comuns que a pouco e pouco deixarão de funcionar, com o envelhecimento natural de meia dúzia de senhoras que ainda tornam vivas as actuais iniciativas.

Assim proponho:

- O termo das grandes ditas “exposições internacionais” de rendas nos moldes em que se têm desenvolvido;

- O termo do flop “as rendas vão às escolas” que mais não são que uma montra de algumas das pessoas que conquistam o seu lugar na montra das rendas de bilros;

- Concurso de 2 em 2 anos de rendas de bilros, eruditas e populares, com destaque para para novos desenhos nas 2 modalidades, prémios especiais para crianças até aos 12 anos.;

- Realização anual em lugar a definir de uma mostra de actividades tradicionais de Peniche, nomeadamente com rendas de bilros, exposição de trabalhos e execução ao vivo, mostra de doçaria regional, produção de conservas e outras actividades relevantes para um conhecimento melhor da nossa terra para quem nos visita. A saber se esta actividade se deverá realizar anualmente ou de 2 em 2 anos;

- Formação de uma comissão de trabalho envolvendo a Câmara Municipal, a Escola Secundária de Peniche, os responsáveis dos agrupamentos, o responsável pelo museu de Rendas, a técnica responsável pela escola de Rendas, a Rendilbilros, outras pessoas de reconhecido mérito na área das rendas de bilros, comissão essa que assegurará a apresentação de um projecto de formação na área das rendas de bilros e que contemple as suas diversas vertentes.

O Projecto aprovado será apresentado ao Ministério da Educação de forma a constituir parte integrante dos currículos a desenvolver no Concelho de Peniche.

Este projecto de formação será executado nas escolas de acordo com a prévia inscrição de alunos considerando as várias faixas etárias a que se dirige e com  apoio desuporte financeiro a atribuir pela Câmara Municipal.

Anualmente haverá um relatório de despesas a entregar na Câmara Municipal bem como a apresentação dos trabalhos desenvolvidos. As escolas poderão vender as rendas produzidas ou entrega-las na Câmara Municipal para esse efeito, revertendo o produto da venda pars a escola onde foram produzidas. 

O Museu de Rendas reservará espaço que possibilite a actividade de execução das rendas de bilros, produção de piques e cerzidura, mediante a orientação de um técnico devidamente habilitado.

À Câmara Municipal cumprirá nomear uma comissão que:

- estudará as associações existentes que se dediquem à promoção das rendas de bilros e com estas envidará esforços no sentido da criação de um “espaço de produção e venda das rendas de bilros”, tendo sempre em conta as rendilheiras já existentes, as escolas com formação e outras iniciativas a nível concelhio.

- as pessoas que representem instituições existentes no âmbito das actividades promovidas pela Câmara Municipal não poderão ser remuneradas. As remunerações serão exclusivamente atribuídas aos executores de desenhos, piques, rendas e cerziduras. (este último parágrafo carece de ser mais trabalhado).

domingo, janeiro 21, 2018

CURSO DE FORMAÇÃO PARA LOIRA NA POLÍCIA


Um instrutor da Policia interrogava 3 loiras, que treinavam para um concurso para ingressar na Corporação.
Para ver se elas reconheceriam um suspeito, mostrou à primeira loira uma fotografia durante 5 segundos:
- Este é o seu suspeito, como é que você o reconheceria?
A primeira loira responde: - Eu  reconhecê-lo-ia facilmente porque ele só tem um olho!
O instrutor diz: - Bem... é que... a fotografia mostra-o de perfil.
Atrapalhado pela resposta ridícula que recebeu, mostra a foto à segunda loira por 5 segundos e pergunta:
- Este é o seu suspeito, como é que o reconheceria?
A segunda loira dá um sorrisinho maroto, sacode os cabelos para o lado e diz: - Ah! Isso é fácil!!! Ele só tem uma orelha!!!
O instrutor, furioso, responde:
- O que é que se passa com vocês as duas? Claro que a fotografia só mostra um olho e uma orelha, porque ele está de perfil! Essa é a melhor resposta que vocês me podem dar?
Já sem paciência, mostra a fotografia à terceira loira e pergunta, grosseiramente:
- Este é o seu suspeito, como é que você o reconheceria? E, rapidamente, acrescenta - Pense bem, antes de me dar uma resposta imbecil…
A loira olha atentamente para a foto por um momento, e diz: - Hummmmm... O suspeito usa lentes de contacto.
O instrutor fica surpreendido e sem palavras, porque nem mesmo ele sabia se o suspeito usava lentes de contacto.
- Bem, é uma resposta no mínimo interessante . Aguardem um momento que eu vou verificar o perfil do suspeito e já volto.
Deixa a sala e vai ao escritório verificar a ficha do suspeito no computador, e volta com um sorriso satisfeito no rosto:
- Fantástico, nem dá para acreditar! É a absoluta VERDADE! O suspeito usa, de facto, lentes de contacto. Belo trabalho!

Como é que conseguiu chegar a essa conclusão?
- Foi fácil - responde a loira. Ele não pode usar óculos, porque só tem um olho e uma orelha!!!
HISTÓRIA DO COELHINHO E DO LOBO MAU
Um certo dia, vai o coelhinho a casa do lobo mau!
Bate à porta, e quem abre? o filho do lobo mau!
Vira-se o coelho: - olha, tu diz ao teu pai, que eu quando cá vier, eu vou-lhe ao cú!
O filho do lobo mau, todo assustado, vai contar ao pai, o qual lhe responde: - Tu chama-me quando ele cá vier!!!
No dia seguinte, lá vai o coelhinho todo pimpão, bater à porta do lobo mau, e quem abre a porta? o outro filho do lobo mau! A mesma conversa se passa, e o filho vai contar ao pai - Tu chama-me quando ele cá vier!- Responde o lobo.
No dia seguinte, vai o coelhinho, todo armado em bom! Bate à porta, e quem a abre?! O lobo mau!!!
Começam uma corrida pelo bosque, e o coelhinho enfia-se num daqueles troncos ocos, e sai. O lobo mau vai atrás dele, mas não passa... fica lá com o rabinho entalado...
O coelho dá a volta, ri-se e diz:
- Eu não queria, mas eu prometi às crianças!

PERGUNTAS DE CRIANÇAS...
Durante o jantar, Joãozinho conversa com a mãe:
- "Mamãe, por que é que o papai é careca?"
- "Ora, filhinho... Porque ele tem muitas coisas para pensar e é muito inteligente!"
- "Então, por que é que tu tens tanto cabelo?"
- "Cala a boca e come a sopa, menino!"





 
 


quinta-feira, janeiro 18, 2018


FOGO E FÚRIA

Definitivamente não estou a falar do livro que denuncia a hipocrisia do presidente da nação mais poderosa do mundo. Estou a referir-me ao que incendeia a minha alma. E à fúria que sinto quando o fogo me assalta.

O Papa Francisco na sua viagem para o Chile casou 2 assistentes de bordo do avião em que seguia viagem. Foi testemunha um passageiro que também os acompanhava. O Papa no final passou uma declaração sobre o que tinha acontecido.

Aquilo que este Papa faz.

Permite-me acreditar que existem pessoas que acreditam mesmo no Cristo que pregam. Faz bem encontrar pessoas que acreditam no que fazem. Em contrapartida parece que aqui na minha terra existem terrenos inapropriados para a mensagem de Cristo. Provavelmente são terras do Demos. Refiro-me a todas as situações em que cristãos deixam a sua Fé em casa e atribuem férias às suas crenças e atitudes. Como se fosse possível ser cristão nuns momentos e ser outra coisa noutras situações.

Existem cristãos que não encontram a Fé fora das paredes de uma Igreja. Falamos da interdição para o pároco local da morgue municipal. Dificilmente este “cavalheiro” abençoaria alguém ou encomendaria a sua alma num avião.

Se existir de facto um juízo final, não deixaria de cumprimentar aquele senhor no Inferno que é o local para onde já tenho bilhete de ida marcado. 

 

segunda-feira, janeiro 15, 2018


AQUI HÁ ATRASADO…

Vou utilizar esta expressão comum para me referir a uma crónica que em tempos que já lá vão publiquei no jornal da terrinha que indignou alguém que se sentiu atingido por eu ter escrito que não concordava de todo que advogados pudessem fazer parte (tomando decisões) sobre assuntos em que sejam intervenientes (como litigantes) o Município e munícipes. Era então (e continua a ser) minha opinião que não havendo quebra do sigilo profissional, é de todo pouco ético por não sabermos quando alguém está a defender o Concelho ou quando está a defender os interesses de quem lhe paga para obter resultados numa contenda.

Passaram-se os anos e aquilo que pareceu uma “torpeza” da minha parte por pensar o que não deveria, agora tornou-se parte integrante da luta nacional, envolvendo a Assembleia da República, contra a corrupção. E assim é que em breve será aprovado um código de conduta para os deputados/advogados que restringe em muito a sua acção.

Afinal não sou só eu quem tem cuidados com o que poderá acontecer em situações limite. Só que eu pensei antes de tempo. Era então o período em que ilustres advogados (como Duarte Lima) chegariam a líderes de grupos parlamentares.

Mas enfim. Parece que alguém começou a pensar. E agiu. Mas ficou pela foz do rio. A montante fica tudo na mesma. Porque é que só se coloca as situações de litigância contra o estado? E as que envolvem municípios? Pode ou não existir o mesmo conflito de interesses numa e noutra situação? Porque não estender às Câmaras Municipais e ao exercício do cargo de Presidente da Assembleia Municipal as mesmas restrições? È claro que só me refiro aos advogados instalados em nome individual ou participantes em Sociedades. Não aos que sendo licenciados em direito não exercem em processos de litigância seja em tribunais ou noutros locais jurídicos de litigância.

 

sábado, janeiro 13, 2018


 UM BOM FIM-DE-SEMANA

Ia um homem com a braguilha aberta e uma senhora muito tímida disse-lhe que ele tinha a porta da garagem aberta.
Então, o senhor, em tom malandreco pergunta:
- Então viu lá o Ferrari?!
- Não. Vi um Fiat Uno com os pneus em baixo!!!

 

Dizia um chefe da pior espécie para um subordinado:
- Aposto em como gostarias de me ver morto, só para teres o prazer de cuspires na minha sepultura!
- Isso não. Nunca gostei de me meter em filas.

 

Acabadinho de casar, o machão disse á mulher:
- Querida, nesta casa há algumas regras que devem ser respeitadas. Em primeiro lugar, eu venho para casa se quiser e as horas que quiser.
E não quero discussões quando chegar. Quero também uma refeição pronta em meia hora quando estiver com vontade de comer. Não quero discussões quando for pescar, beber ou assistir um jogo com os amigos. Entendeste?
A jovem esposa respondeu:
- Por mim está bem. Só vou impor uma regra: sexo será todas as noites às 10, estejas tu em casa ou não.

 


















quinta-feira, janeiro 11, 2018


BOM SENSO E BOM GOSTO

É bom reconhecer onde e o que fomos para podermos perceber o que somos. Filho do Horácio Costa e neto da Guilhermina Baterremos, irmão do Necas, nado e criado na Rua Joaquim António de Aguiar e na Praça Jacob, aluno da Escola nº1 e da escola Industrial desde os tempos do Alemão até ao novo edifício, com uma passagem breve pelo edifício do actual Sindicato dos pescadores. Aluno (6994) do velho e do novo IIL (agora ISE), oficial miliciano no continente e professor pelas 4 partidas do Mundo. Conheci na carne os principais regimes políticos do século XX. Trabalhei e convivi com alguns dos mais prestigiados intelectuais portugueses e brasileiros. Estou reformado e apesar de alguns contratempos ao longo de todo este percurso, sinto-me bem comigo.

Reparem. Em menos de 10 linhas conto-vos o que de significativo existe na minha vida. O resto são momentos fugazes (ou não) tão importantes (ou mais) do que aquilo que vos descrevo. Da minha meninice recordo a minha rua. A rua onde nasci e onde regressei há cerca de 32 anos. Recordo os meus vizinhos e vizinhas. De todos restam a Laura e a D. Lélé. Tudo e todos desapareceram na voragem do tempo.

Perguntem-me porque me estou agora a recordar de tudo isto. E eu digo-vos, pelo que se vai passando nos últimos meses em Peniche. As reviravoltas a que esta terra vai assistindo e para as quais muitos não estão preparados (e talvez nunca venham a estar). Dos meus tempos de menino retenho o Sr. Manuel Salvador, a D. Cristina senhora sua esposa, a D. Beatriz irmã da D. Cristina. A D. Ivone, D. Gisela, D. Helena, e o Sr. Francisco que muito mais tarde viria a ser Presidente da Câmara de Peniche e um particular amigo de meu pai., todos filhos do sr. Manuel e da D. Cristina. Esta família era de um bom gosto inexcedível. Todos nos sentíamos pequenos perante eles. Pessoas de um trato que se impunha a todos nós.

Hoje contam-me coisas que se passam na Assembleia de Freguesia de Peniche e sinto que esta família se iria sentir menos bem com o comportamento de um dos seus. Que por ter perdido uma eleição se tornou uma pessoa que perdeu as estribeiras e o decoro. Que insulta quem se limita a fazer o seu trabalho. Que põe em causa a honestidade de pessoas que nunca o questionaram a ele próprio, só porque sim. Ameaça que irá sempre às Assembleias de Freguesia só para “chatear”, palavras suas. Peniche e o seu desenvolvimento interessam-lhe pouco. Deixar contributos para melhorar as coisas não é o seu papel. Chatear tornou-se o seu verbo de uso para mostrar a sua raiva e impotência perante o inevitável.

Temos pena.         

 

terça-feira, janeiro 09, 2018


CHUVA (2 POEMAS E UMA HISTÓRIA)

... Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

            Fernando Pessoa

 

MISTÉRIO
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

        Florbela Espanca

 

E A HISTÓRIA…

Na segunda metade do século XIX, um irmão do pai da minha avó Guilhermina “Baterremos” tornou-se uma figura pública pelas piores razões. De facto muito jovem ainda (18/19 anos) tornou-se um alcoólatra assumido por um desgosto de amor. A mesma bebedeira com que viria a morrer de cirrose 15 ou 16 anos depois. Sobre ele contam-se inúmeras histórias mas esta vem-me sempre à memória em dias como o de hoje.

Há uns quantos meses        que não chovia em Peniche. A escassez de água estava a ser um drama não só para quem trabalhava no campo mas também para animais e pessoas. Faziam-se preces na Igreja para que chovesse. Faziam-se promessas. O pároco local a certa altura convocou os cristãos para fazerem uma procissão ao santuário dos Remédios suplicando pela chuva. E lá partiram os fiéis da Igreja Matriz (Ajuda) em direcção ao Sr. dos Remédios, cantando e rezando pelo cair da chuva:

Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol
e fazes cair a chuva,
tem compaixão de todos os que sofrem duramente
pela seca que nos ameaça nestes dias…

…Faz cair do céu sobre a terra árida
a chuva desejada
a fim de que renasçam os frutos
e sejam salvos homens e animais

Chagada a procissão ao Adro do Santuário continuam as ladainhas com o padre cura dirigindo os cristãos do coreto que então se erguia no centro do terrado, Eis senão quando se começam a ouvir vozes lançando impropérios contra uma figura que se dirigia para o coreto. Era o bêbado da terra, o Francisco Leitão que passava vestido com casaco de oleado, botas de borracha até às ancas e sueste que quase lhe tapava por completo a cabeça.

Ao que os crentes reclamavam o tio Francisco só dizia que não com a cabeça. Até que a certa altura começam a cair uns pingos e logo desabou um autêntico dilúvio. Fugiram apar o santuário uns quantos, outros para as casas vizinhas e, às tantas, só ficou o bêbado que finalmente falou:

“- Beatas de pouca fé! Afinal fui eu o único que acreditou que as rezas faziam chover…”

 

 

sábado, janeiro 06, 2018

O ESPANTO E O HUMOR A ABRIR 2018
http://epanews.fr/video/video/show?id=2485226%3AVideo%3A1606610&xgs=1&xg_source=msg_share_video#.UqQ8-tpkVgg.gmail
bravo!!!!!!!!!
esta só dá mesmo em francês. mas basta ler à portuguesa o que está escrito para se tirarem as ilações devidas...

La vie en rose,
c'’est à partir de la cinquantaine...
cir’Rose, ostéopo’Rose, arth’Rose, név’Rose, artériosclé’Rose, fib’Rose,
etc.
hehehehehehe
PARA ACABAR COM A ABSTENÇÃO NAS ELEIÇÕES...

quinta-feira, janeiro 04, 2018


A ÁRVORE
Os primeiros indícios são promissores. A árvore parece ter conseguido estender as raízes para a terra promissora e ter encontrado o húmus que a alimenta. As pessoas saíram à rua como há muito não se via e a felicidade nos olhos das crianças não engana. Sente-se mais trabalho e menos fogo-de-vista. Mais empenho e menos publicidade. Mais cordialidade e menos distância.

Ainda não é tempo de vê-la frutificar. È tempo de arrumar a casa e dar merecido reconhecimento aos que trabalham. É tempo de ajustes. Quem se instalou comodamente no sofá vai ter que merecê-lo.

Quem do mar fez terreno fértil. Quem do trabalho visível fez a seiva. Quem de ser solidário construiu os ramos que se estendem. Quem da Utopia fez o caminho. Esse quem merece estar onde está e tentar fazer aquilo a que aspiramos. Uma terra, um concelho merecem ter esperança. Sem que sirvam objectivos individuais, mas antes o bem-estar comum.

Deixem-me eu também regar um pouco a árvore que me orgulho de ter ajudado a fixar à terra.

terça-feira, janeiro 02, 2018

RETOMAR
Este é o post do inicio de 2018. Em que despojado de quaisquer ambições me limito a desfolhar princípios, valores e ideais que foram ao longo dos anos contribuído para eu ser a pessoa que sou. Claro que sou mais do que isto. Todos nós temos uma parte nossa que reservamos cá dentro. De uma maneira ou outra, alguns com quem convivemos ou que se cruzam connosco vão sabendo aqui e ali vislumbres da nossa personalidade, mas que por serem relâmpagos nunca ninguém terá um todo da minha personalidade.
Venho para aqui conversar convosco sobre coisas em relação às quais eu próprio me interrogo.
De todo a saúde e a minha provecta idade, acumulando numa vida muito vivida não me permitem grandes veleidades em termos de capacidades motoras. Vou-me ficando por aqui e por ali e observando os novos modelos de funcionamento das terras e das gentes. Por cá e por lá.
Gosto e não gosto do que se vai passando por Peniche. Gosto que as pessoas ainda se sintam capazes de mudar e sentir-se bem com isso. Não gosto daqueles que não aceitam o não e fazem disso um ódio de estimação. Não gosto de invejosos. Não gosto de hipócritas. Gosto de gente simples. Intelectualmente de nível superior ou gente iliterata. Mas numa condição ou noutra sempre gente sem tiques ou maneirismos.
Gosto de gente com respeito pelos outros. Gente sem vontade de se imiscuir no que à vida pessoal dos outros diz respeito. gente que combina em si a vontade de ser interessada e perspicaz com a capacidade de medir os limites até onde pode ir. 
Conversar é bom. Saber é importante. Crescer mentalmente é saudável. Em tudo as mais recentes inovações tecnológicas são um meio fantástico.
Sempre ao serviço do Homem. Nunca contra ele.