terça-feira, setembro 02, 2014


PEIXE FRESCO
Apeteceu-me comer peixe fresco. Mas não me apeteceu ir ao supermercado (será que é mesmo fresco?). Também não me apeteceu ir à praça (será que é mesmo fresco?). Eu disse praça. Desculpem-me não consigo atinar com a palavra mercado.
E de repente apeteceu-me recuar no tempo. E esperar por passarem algumas mulheres de pescadores que todas as manhãs passavam por casa da minha avó e da minha mãe oferecendo à venda directa parte da teca que os maridos traziam para casa. Ou que comprvam aos miúdos na Ribeira e depois vinham vender de casa em casa como forma de ajudar ao rendimento familiar. O tempo em que os carros do guano passavam à minha porta carregados de chaputa e de chicharro para converter em farinha de peixe. Eu falei de chaputa e de chicharro a 5 tostões o par.
Onde está agora o peixe fresco? Dizem-me para me levantar as 6 da manhã e ir à ribeira comprar porque é garantidamente fresco e sai mais em conta. Mas eu não quero. E não é por me levantar cedo. É porque não tenho jeito nenhum para ir comprar peixe à Ribeira. E depois se for preciso amanhar?
Isto de pertencer à classe média tem os seus inconvenientes. Classe economicamente falida mas com outras aptidões que não é conhecer se o peixe é fresco ou ter de o saber amanhar.

Que se lixe. Vou fazer uma omolete.

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