TIC TAC
É o som do
relógio assinalando o correr do tempo. Assim é também o bater do coração. Vai
batendo. Até começarem as avarias. Estreita-se. Calcifica as bombas. Interrompe
o ritmo certinho por força daquilo a que foi sendo submetido ao longo dos anos.
Maus tratos. Paixões de todo o tipo. Os 7 pecados mortais.
Restam
agora ao triste os químicos, o repouso, e as limpezas sucessivas.
A quem me
elogia o aspecto digo para não me olharem para o armazém. Que é onde se situam
todos os maus feitios.
Cá estou eu
a tratar dele. Do meu aparelho de TIC TAC ouço os ruídos seus característicos e
anima-me saber que cá dentro ainda faço barulho. Não é um tic tac nem um tac
tic. É mais um som cavo. Um sopro. Um barulho que me faz duvidar se vem de mim
ou se é algo mais profundo e mais etéreo.
Aguardo que
os intérpretes me digam o que significa aquele soprar. Sei que regressei a casa
contente. Anima-me pensar que de acordo com a ciência médica tenho mais uns
meses para escrever posts.
Sopra sopra
coração…
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