segunda-feira, abril 18, 2016


TIC TAC

É o som do relógio assinalando o correr do tempo. Assim é também o bater do coração. Vai batendo. Até começarem as avarias. Estreita-se. Calcifica as bombas. Interrompe o ritmo certinho por força daquilo a que foi sendo submetido ao longo dos anos. Maus tratos. Paixões de todo o tipo. Os 7 pecados mortais.

Restam agora ao triste os químicos, o repouso, e as limpezas sucessivas.

A quem me elogia o aspecto digo para não me olharem para o armazém. Que é onde se situam todos os maus feitios.

Cá estou eu a tratar dele. Do meu aparelho de TIC TAC ouço os ruídos seus característicos e anima-me saber que cá dentro ainda faço barulho. Não é um tic tac nem um tac tic. É mais um som cavo. Um sopro. Um barulho que me faz duvidar se vem de mim ou se é algo mais profundo e mais etéreo.

Aguardo que os intérpretes me digam o que significa aquele soprar. Sei que regressei a casa contente. Anima-me pensar que de acordo com a ciência médica tenho mais uns meses para escrever posts.

Sopra sopra coração…  

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