É TEMPO DE
AFECTOS
“Quando os miúdos são acarinhados,
quando em pequenos têm alguém por trás deles que os apoia, que lhes faz as
vontades, que os ensina, tornam-se autoconfiantes.”
Mário Soares
Foi um
tempo de muito falar de Mário Soares. Das suas virtudes e dos seus defeitos.
Das suas vitórias e das suas derrotas. De tudo o que li entre outras retenho a
frase que dá mote à crónica de hoje.
Por razões
pessoais confesso. Porque sou professor, alguns dizem-me que estou aposentado.
Eu só sei que isso é verdade porque não tenho de ir à escola cumprir um
horário. Mas sou e sinto-me professor. A minha profissão foi aquilo que de
melhor a vida me deu. Fiz da minha profissão um roteiro de andanças em que aprendi
o que é ser tolerante e português. Claro que tive “chatices” com alunos. Claro
que existiram alunos de quem não gostei. Claro que fui injusto com alguns. Mas
por isso e apesar disso sinto-me em paz comigo mesmo. Porque também existiu o
reverso da medalha. E gostei do que fiz porque sim. Espalhei amizade e afectos
pela generalidade dos meus alunos. E se hoje me é difícil reconhecer muitos
deles, também é verdade que alguns dos meus melhores amigos foram alunos meus.
Sempre
defendi os afectos como a melhor forma de contribuir para a educação. Tempos
houve em que se entendia que só uma educação tipo espartana poderia conduzir a
resultados de sucesso. Eu fui desde sempre contra esta corrente pedagógica. Tal
como combati energicamente os que entendiam que todos os alunos são iguais e
devem ser tratados da mesma forma. Isso é mentira. Todas as crianças são
diferentes desde o acto de nascer até ao seu desenvolvimento. E mesmo depois
disso.
Entende que
uma educação de afectos e de responsabilização é o único caminho para uma
pedagogia de sucesso. Só assim será possível ser livre e criar os caninhos de
liberdade do Outro.
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