A MÁQUINA,
O HOMEM, UM TEMPO DE EXISTIR
Comecei a
trabalhar como professor na Escola Industrial e Comercial de Peniche (hoje
Escola Secundária), na década de 70 do século passado.
Entre
outras disciplinas que trabalhei com os meus alunos uma delas tinha a
designação de “Tecnologia Mecânica” que se desenrolava nos 3 anos do
Secundário.
O livro que
que acompanhava esta disciplina era da autoria de Acácio Teixeira da Rocha e o
III Voluma tinha uma introdução que sempre reputei de extraordinária para a
época, Não esqueçam que estamos a falar de um período anterior ao 25 de Abril.
Essa introdução sobre o título genérico “JUSTIFICAÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO DOTRABALHO
MANUAL PELO TRABALHO MECÂNICO”. Em alguns testes que elaborei para os
meus alunos esta questão era ponto assente que nem sempre tinha a adesão que eu
esperava. Para perceberem melhor onde quero chegar, transcrevo um parágrafo do
texto que sustentava esse saber:
«A máquina é produto do
génio humano, portanto necessita da presença do Homem para a realização do seu
trabalho. É, assim,que a máquina substitui o Homem em grande parte do seu
trabalho, mas a Humanidade precisa de se preparar para conhecer a máquina e
poder conduzi-la e aperfeiçoá-la em benefício da sociedade»
É importante
não esquecer que isto foi escrito no final dos anos 60 e inicio dos anos 70,
quando os computadores e a robótica não passavam de uma miragem para o comum
dos mortais. Mais ainda num país como Portugal na época com um atraso de
dezenas de anos em relação às Novas Tecnologias.
45 anos
depois de uma alteração profunda na sociedade portuguesa, é corrente irmos a um
restaurante e vermos uma família cada um vidrado no seu telemóvel e o diálogo
entre as pessoas tornou-se algo só pensável nas Histórias fantásticas. O Homem
tornou-se presa da máquina e no dia em que os servidores colapsarem o mundo
deixa de existir tal como o conhecemos.
Vou comprar
pão a uma padaria em que as bolas custam 30 cêntimos cada uma. A funcionária
para saber quanto custam 4 bolas, tem de ir a uma lista de preços para ver. No
entanto a mesma funcionária pega no seu smartphone e mexe nele de forma que me
faz sentir que sou uma grande besta.
Que futuro
estamos a traçar?
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