NOVOS
HORIZONTES
Por razões
de ordem pessoal tive de me deslocar ao Cartório Paroquial. Na 2ª vez que lá
fui coincidiu com a passagem da redacção de “A Voz do Mar” para o gabinete que
anteriormente era o local onde funcionava todo o pulmão da paróquia. Lá estava
a funcionária administrativa do jornal e a jornalista Luísa Inês que se
desdobrava em novas ligações para o PC.
Passou
então por mim num flash a figura do Luiz Costa, do Sá, do Seara e da figura
tutelar do Monsenhor Bastos. Comecei a escrever no jornal de forma dispersa com
os meus 15 anos. Não era fácil na década de 50, de 60 e nos primórdios de 70 do
século passado alimentar um jornal que se pretendia então eclético e global.
Mas foi um marco para os nossos emigrantes e para os nossos soldados em África.
Para os que estavam fora em trabalho ou a lutar na guerra, as páginas dos
casamentos e dos baptizados, bem como a necrologia, permitia perceber as
alterações sociais do nosso concelho.
Eu fui crescendo,
fui estudar para fora e entrei numa busca de conhecimento e de descoberta
interior que a breve trecho me tornaram num “agitador social”.
Então, às
3ªs Feiras o pessoal estudante de Peniche juntava-se à noite no café do Império
e ali trocava as últimas e preparava o que considerávamos importante para
despertar politica e socialmente a nossa terra. Foi ali que nasceu a ideia de
procurarmos ter uma página nossa onde expúnhamos os nossos pontos de vista.
Ficaram como estrategas e “escribas” dessa página eu próprio, o Adelino Leitão,
o Rui Lino e o Carlos Vital. Teríamos que convencer o Sá e o Prof. Seara a
aceitarem-nos e aos nossos propósitos mais naif.
A página
foi aceite com muitas recomendações de cautela não fosse a “Censura Prévia”
tecê-las.
O nome já
vocês adivinharam, pretensiosa como nós: “Novos Horizontes”. E assim se manteve
durante um ano. Até que a tropa, o final dos cursos para alguns de nós e as
pressões da PIDE junto do Prof. Seara, levaram ao seu termo.
Tenho
saudades desse tempo pelos meus anseios jornalísticos. E tudo isto me veio à
memória no Cartório Paroquial de Peniche. E agora repare. De todos os
envolvidos nesta história cujo nome citei, só resto eu vivo. O que fiz para
merecer esta longevidade?
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