A CAMINHO
DE…
45 anos do
25 de Abril. Com celebrações que para muitos portugueses parecem estranhas.
Nomeadamente aqueles com menos de 25/30 anos.
É difícil
imaginar um país sem Internet. Sem telemóveis. Um país em que para se ter
isqueiro é necessário pagar uma licença. Um país com colónias onde se vai para
matar e ser morto. Defender na Índia a integridade territorial de Portugal.
Como é que se imagina isto? Como se imagina que dizer que o António Costa é
“aldrabão” pode ser suficiente para se ser preso? Que era impossível escrever
as nossas opiniões quando discordávamos do Governo? Que um jornal como o “O
Correio da Manhã” nunca veria a luz do dia por interdição da Censura. Que 75%
dos programas das TVs seriam de todo impraticáveis.
Como
imaginar um funcionário sindical chegar a Presidente da Câmara? E por aí fora…
Hoje como
se explica aos jovens como se vivia antes do 26 de Abril. Alguns pais e avós fizeram
os possíveis por esquecer o que era a sua vida nesse tempo. Outros não se
lembram mesmo porque a memória é a primeira coisa que desaparece quando
associada a coisas desagradáveis.
Eu desafiaria
professores de Língua Portuguesa da Escolas do 2º, 3º ciclos e Secundário a
pedirem fotocópias do jornal local nos anos 50 e 60 para perceberem melhor o
que era esse tempo. Não existia então 25 de Abril, nem 1º de Maio. Existiam
feriados religiosos e pouco mais. O 5 de Outubro não era festejado e nem sei se
muitos jovens saberão hoje o seu significado.
Os
apoiantes do Salazarismo e do Caetanismo, faziam parte das listas da Acção
Nacional Popular, o único partido permitido, e logo a correr vieram a
matricular-se no PSD, no PS e no CDS. O pudor impede-me de publicar a última
Comissão Concelhia da ANP por dela fazerem parte alguns que ainda hoje estão
vivos.
Felizmente
que em Peniche/Cidade estes 45 anos serão marcados pela criação de um museu do
que foi uma prisão do Estado Novo para que os vindouros consigam saber que
merece a pena acarinhar e alimentar a doce semente da Liberdade.
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