RECORDAR
JOSÉ MÁRIO BRANCO
Na década
de 80 do século passado, fui por 2 vezes presidente da direcção da Associação
Recreativa Penichense. Da 2ª vez procurou-me a certa altura um rapaz oriundo da
Marinha Grande, sobrinho de um comerciante profundamente reacionário estabelecido
em Peniche, que me propunha a realização na nossa colectividade de um
espectáculo com o José Mário Branco.
Eu que já
tinha sido responsável pela actuação aqui do José Afonso, José Carlos
Vasconcelos e Adriano Correia de Oliveira considerei que passado o período
negro do Estado Novo e dos seus acólitos, era altura de recuperar para esta
casa algum ou alguns daqueles que nos tinham ajudado a fazer a diferença em
Peniche.
Apresentada
a proposta em reunião de Direcção, foi aprovada, e começaram a preparar-se as
condições para a vinda do cantor que tanto nos tinha marcado a todos.
A sala
encheu apesar dos resistentes anti 25 de Abril que aqui se acolitavam e foi uma
sessão memorável. No fim fomos cear para o 1º Andar do Restaurante Popular e
ali desenvolvemos uma cavaqueira descontraída sobre Peniche, o que fomos e o
que queríamos ser pós 25 de Abril.
Acabámos a
tertúlia às tantas da madrugada e essa foi a única vez que estive com alguém
que fazia parte das minhas memórias e da luta que tinha vivido (e vivia).
Guardei de
José Mário Branco uma fraterna memória e a maneira que tinha de o recompensar
pelo que ele tinha feito por mim e por Peniche, foi ir comprando os seus discos
e ouvindo-os.
Obrigado Zé
Mário.
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