O VELHO
FEZ-SE NOVO
Como por
magia decidimos universalmente que às 24 horas do dia 31 de Dezembro de cada
ano caiem coisas “velhas” e num grito de esperança entram nos países, e na alma
de cada um de nós um grito de renovada esperança para os dias que se seguirão,
até que ciclicamente o novo se fará velho e o despejaremos mais uma vez.
À falta de
mulher vão louças velhas para as ruas, foguetes e fogos-de-artifício nos ares
acordarão os menos atentos.
Resumem-se
os dias bons e maus que ficaram para trás, recordam-se aqueles que partiram do
mundo dos vivos e que deixaram marcas mais ou menos profundas nas famílias, nos
países ou mesmo a nível global.
Rapidamente
deitaremos tudo para o caixote de lixo da história pessoal ou colectiva e
preparamo-nos para recriar aquilo que acreditamos nos irá alimentar o ego.
Os jovens
estudantes, os trabalhadores e as centrais sindicais ou quejandos olham para o
novo calendário, localizando feriados e eventuais pontes que serão uma alegria
para o nosso bem-estar.
Procuram-se
as novas tendências na moda, o que vai surgir no âmbito das novas tecnologias,
os progressos da medicina para quem está doente e procura melhorar, e as
notícias sobre métodos de vida saudáveis para manter um físico e postura
invejáveis.
O
envelhecimento provocará em alguns a vontade de rever os seus modos de vida e
abraçarão os incentivos do além para que mesmo depois de tudo, valha a pena o
que se viveu e os sacrifícios que se fizeram.
Recuso-me a
banalizar o momento e não é por se designar de forma eufemística como 20/20 que
deixará de ser o que sempre foi. Uma data simbólica que rapidamente passará ao
esquecimento. E lá começaremos de novo este tipo de crónicas como se isto
merecesse a pena e não fosse mais do mesmo.
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