GREVES,
GREVES E MAIS GREVES…
Não me
recordo de uma tão grande tempestade de greves no nosso país como aquela a que
neste momento assistimos. E não sou propriamente parco em memória. Greves de
tudo e de toda a gente a propósito das coisas mais e menos relevantes.
Não sou
ingénuo. A este fenómeno não são alheias duas situações. A cobertura mediática
que incendeia os ânimos e permite os 5 min de fama de uma vida e as eleições
que se avizinham e da necessidade que o PCP/CGTP tem de se demarcar do actual
governo, visando a obtenção de resultados interessantes nos pleitos eleitorais.
Quanto à
primeira situação não tenho dúvidas que se as TVs não cobrissem as
manifestações grevistas, mais de metade das greves morreriam à nascença. Isto é
particularmente evidente nas greves dos professores, dos enfermeiros, dos
estivadores, dos guardas prisionais e vejam só a que agora surgiu de uns tais
optometristas. A mim sugere-me de que esta onda grevista vai acabar por matar a
“galinha dos ovos de ouro”. A troika, o PSD/CDS e os banqueiros conduziram os
trabalhadores e funcionários a uma tal indigência que era para todos
inimaginável e não existiam nem uma pequena parte das greves a que agora
assistimos.
3 situações
são particularmente exemplares do ridículo em que caímos. A greve dos Juízes.
Nunca a Justiça colheu tão pior impressão como a que agora se verifica. Então é
neste momento que querem melhores salários? Quando uma parte substantiva da
população duvida do valor da justiça exercida nos nossos tribunais? Então e
quando o pedido de desculpas dos Juizes portugueses pela sua participação nos
Tribunais Plenários?
Outra greve
que não colhe é a dos enfermeiros. Milhares de pessoas são colocadas em causa na
dignidade de uma vida melhor vivida porque esta gente decidiu não participar na
assistência às cirurgias. Será dimensionável quantas destas pessoas ficarão com
sequelas definitivas para a sua vida pelo atraso das intervenções cirúrgicas de
que necessitavam? E se um familiar desesperado por esta situação agarrar numa
arma e matar uns quantos enfermeiros que surgem sorrindo nos noticiários
televisivos?
Por último
a greve dos estivadores. Que tem razões laborais com largos anos e que só agora
surge. Onde esteve este sindicato durante dezenas de anos que permitiu
precariedade para tantos dos trabalhadores que laboravam naquela área? Ou isto
mesmo foi alimentado pelo próprio sindicato para melhor salvaguardar os interesses
de uns quantos? E se a Autoeuropa desaparecer de Portugal o que resta aos
estivadores?
Estas
situações prendem-se directamente com a necessidade de demarcação do PCP e do
seu braço armado a CGTP do actual governo a que deu cobertura. Procuram o espaço
já perdido há muito. Esquecem-se de que a população está farta de vós. E que a abstenção
é disso o melhor sinal.
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