segunda-feira, junho 10, 2019


BILHETES POSTAIS (1)

Um amigo meu (e digo isto só de meia dúzia de pessoas) fez-me olhar com atenção para postais de Peniche e do Concelho. Fiquei perplexo com o que vi. Quando comparamos Peniche do inicio do séc. XX com os dias de hoje ficamos surpreendidos com tanto que mudou e em algumas circunstâncias para bem pior.

Ver aqueles postais fez-me parar para reflectir. E em alguns casos pensei que merece a pena partilhar convosco o que vi.

LARGO 5 DE OUTUBRO (Largo da Misericórdia)

foto do inicio do sec. XX
A Imponência dos prédios no topo do Largo é deslumbrante. Entre a Igreja da Misericórdia e o prédio do topo vê-se o inicio da Rua Tenente Valadim com prédios que ainda hoje são os mesmos. O rés-do-chão é ocupado dum lado por uma casa de vinho tinto onde depois se veio a instalar o café/taberna do Ápio. 2 Curiosidades no anúncio: a 1ª é de que era a única casa que vendia vinho tinto genuíno, sinal de que noutros locais não seria. A 2ª é de que era vendido em medidas legais, e nós podemos imaginar que em tantos locais de Peniche se vendia medidas de ½ litro com falcatrua na medida. Ao lado um outro estabelecimento: a “CASA PENINSULAR” que vendia café, Mercearia e Padaria.

Em 2º plano à direita veem-se 2 prédios e entre eles um imponente passo de uma via sacra que existia em Peniche e da qual não resta hoje qualquer vestígio. Neste espaço veio a construir-se um vetusto edifício nos anos 30/40 do século passado que constituiria o depósito de vinhos do Silvano com residência de família no 1º andar. Terá sido uma obra considerável a que substitui aqueles 2 prédios, mas lamentamos o Passo não ter sido integrado na construção.

foto de 7 de Junho de 2019
No topo do Largo onde existia um prédio que se harmonizava com a praça existe agora um enorme e pavoroso buraco. Onde existiam pessoas em amena cavaqueira e beneficiando da paz do largo, é hoje uma amálgama de carros e ferros.

O branco dos prédios tornou-se um amarelo sujo que esmorece quem por lá passa.

Só posso dizer que para nós habitantes da terra que é Peniche o tempo não ajudou a melhorarmos pelo menos no nosso centro histórico. 100 anos depois e muitos milhares de contos (ou dezenas de milhares de euros), o que resta do Largo da Misericórdia é um pandemónio sem eira nem beira que mais valia ter ficado como estava. O PCP dono do prédio que resta bem poderia ao menos dar uma de mão no seu imóvel. Mas aqui também se aplica a máxima conhecida do “bem prega Frei Tomaz…”

Haja Misericórdia

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