BILHETES POSTAIS (1)
Um amigo
meu (e digo isto só de meia dúzia de pessoas) fez-me olhar com atenção para
postais de Peniche e do Concelho. Fiquei perplexo com o que vi. Quando
comparamos Peniche do inicio do séc. XX com os dias de hoje ficamos
surpreendidos com tanto que mudou e em algumas circunstâncias para bem pior.
Ver aqueles
postais fez-me parar para reflectir. E em alguns casos pensei que merece a pena
partilhar convosco o que vi.
LARGO 5 DE
OUTUBRO (Largo da Misericórdia)
foto do
inicio do sec. XX
A
Imponência dos prédios no topo do Largo é deslumbrante. Entre a Igreja da
Misericórdia e o prédio do topo vê-se o inicio da Rua Tenente Valadim com
prédios que ainda hoje são os mesmos. O rés-do-chão é ocupado dum lado por uma
casa de vinho tinto onde depois se veio a instalar o café/taberna do Ápio. 2 Curiosidades
no anúncio: a 1ª é de que era a única casa que vendia vinho tinto genuíno,
sinal de que noutros locais não seria. A 2ª é de que era vendido em medidas
legais, e nós podemos imaginar que em tantos locais de Peniche se vendia
medidas de ½ litro com falcatrua na medida. Ao lado um outro estabelecimento: a
“CASA PENINSULAR” que vendia café, Mercearia e Padaria.
Em 2º plano
à direita veem-se 2 prédios e entre eles um imponente passo de uma via sacra
que existia em Peniche e da qual não resta hoje qualquer vestígio. Neste espaço
veio a construir-se um vetusto edifício nos anos 30/40 do século passado que
constituiria o depósito de vinhos do Silvano com residência de família no 1º
andar. Terá sido uma obra considerável a que substitui aqueles 2 prédios, mas
lamentamos o Passo não ter sido integrado na construção.
foto de 7
de Junho de 2019
No topo do
Largo onde existia um prédio que se harmonizava com a praça existe agora um
enorme e pavoroso buraco. Onde existiam pessoas em amena cavaqueira e
beneficiando da paz do largo, é hoje uma amálgama de carros e ferros.
O branco
dos prédios tornou-se um amarelo sujo que esmorece quem por lá passa.
Só posso
dizer que para nós habitantes da terra que é Peniche o tempo não ajudou a
melhorarmos pelo menos no nosso centro histórico. 100 anos depois e muitos
milhares de contos (ou dezenas de milhares de euros), o que resta do Largo da Misericórdia
é um pandemónio sem eira nem beira que mais valia ter ficado como estava. O PCP
dono do prédio que resta bem poderia ao menos dar uma de mão no seu imóvel. Mas
aqui também se aplica a máxima conhecida do “bem prega Frei Tomaz…”
Haja
Misericórdia
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