segunda-feira, abril 30, 2018


AINDA O 25 DE ABRIL

Ao longo dos anos, excepto no consulado de Cavaco Silva e sobretudo quando este acumulou com o pró-consul Passos Coelho, sempre procurei ouvir as comunicações dos políticos no dia 25 de Abril.

Embora não com tanta regularidade vou ouvindo e lendo o que os candidatos do nosso burgo vão construindo nos meandros dos seus cerebrozinhos para gáudio dos seus pares e iguais.

Este ano, ouvi com muita atenção o que a presidente da JSD, Margarida Balseiro Lopes, em representação do PSD comunicou à nação. Como um reputado socialista afirmou, aquela dirigente partidária mostrou à saciedade ser uma “mulher de valores, de liberdade e de tolerância”. É uma jovem de 28 anos que captou o essencial dos ideais de Abril. Licenciada, com Mestrado na U. Católica, natural da Marinha Grande convive com os adversários políticos sem rancores nem ódios viscerais. É uma jovem que me conquistou pelo seu talento e pelo brilho que lhe saem dos olhos. E é melhor parar por aqui não vão agora acusar-me de me ter rendido aos encantos do PSD (vade retro, satana).

Fui ler a comunicação da representante do PSD local aos que estiveram presentes neste acto da Assembleia Municipal de Peniche, comemorativo do 25 de Abril de 1974. De tão abrangente fica pouco para o Concelho de Peniche. Da História de Peniche para chegarmos aqui, antes e depois do 25 de Abril, nada. O que se comemorava não será futuro se o passado e o presente não estiverem lá. Mas quanto a isso não se ouviu uma palavra. Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Falar de  conhecimento, eficiência, empreendedorismo, emprego, inovação, sustentabilidade, competitividade, esquecendo que são as pessoas sempre que estão a montante de tudo, é uma forma sofisticada de fazer um discurso, mas não de ser parte integrante da mudança.

Lamento profundamente que nas comemorações do 25 de Abril 44 anos depois, os responsáveis do PSD local se limitem a hostilizar o que não aceitam, esquecendo-se de que a história vive-se honrando-a. Compreendo a hostilidade local, para alguns homens e mulheres do 25 de Abril de Peniche e a nível nacional que ajudaram a construir o Portugal do sonho. Marcelo, Pacheco Pereira, Francisco Sá Carneiro, Francisco Balsemão, Magalhães Mota, Renato Fortes, Luis de Almeida e tantos, tantos outros que não mereceram qualquer referência para quem se diz percorrer a História de Portugal.

Resta-me terminar tornando a referir que não merece viver o futuro, quem não honrar o passado. Comemorar o 25 de Abril de 1974 é fazer com que as gerações futuras não permitam que nos orgulhemos daquilo que lhe deu origem.

Eu que muitas vezes tive dúvidas sobre o destino da Fortaleza, ao ver a esponja com que se apaga o período anterior a essa data, percebo hoje melhor do que nunca que fazer daquele monumento um Museu da Resistência será sempre o seu melhor destino.

Tal com o a Polónia tem o seu Auschwitz assim nós em Portugal e particularmente em Peniche teremos um Monumento o que não poderemos aceitar NUNCA MAIS. Quanto aos custos de sustentabilidade não se preocupe o PSD local. É incomensuravelmente mais barato que o preço financeiro, cultural e mental de uma nova ditadura.

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