O LEGADO DO
MEU PAI
O primeiro
é o amor que sinto hoje por ele, tão imenso quanto o que sentia há 33 anos
quando ele morreu.
Sinto a sua
falta. Quantas vezes estou em casa e dou por mim como que a conversar com ele.
Gostava que ele visse esta casa, que foi aquela em que nasceu, como a tenho
estimado e melhorado. Gostava que ele visse o que tenho feito com as coisas que
lhe pertenciam, bem como com as que eram da sua mãe e da sua avó.
Gostava que
ele estivesse aqui e se chateasse comigo por eu manter este perfume de
esquerda, ele que abominava que eu fosse assim. Quantas discussões tivemos nós
por isso. E muitas das coisas que ele dizia (e eu não concordava com ele) vieram
a verificar-se.
Gostava que
ele visse o espaço da Cerca Andrade onde ele tinha a oficina, hoje desaparecida
pela voragem do imobiliário. Gostava que ele visse hoje a garagem da Travessa
Garrett e a sua utilização.
Gostava com
todas as minhas forças que ele conhecesse a minha filha e sua neta. O meu pai
morreu 2 meses antes da minha filha nascer. Cá para mim o seu espirito quando
se volatilizou entrou na barriga da minha mulher e passou a fazer parte
integrante do ser da sua neta. Tal como ele, é dedicada às mecânicas.
Perseverante. Aluna trabalhadora e dedicada. É mestre pelo Técnico. Condutora
exímia. Condutora experimentada. Teimosa q.b. è uma autêntica “Baterremos”. E hoje fala do seu avô
Horácio como se ele tivesse feito parte integrante da sua vida desde sempre.
Como
adorava que o meu pai conhecesse o seu bisneto. Com uma habilidade e gosto pelo
futebol que entusiasma quem o vê. O pé direito é o seu forte tal como o seu avô
Horácio. Estar com a minha filha e com o meu neto é renovar sempre o amor que
sinto sempre pelo meu pai.
Ele
ensinou-me um ror de coisas. A ser responsável pelos meus defeitos e virtudes.
Ensinou-me a ser critico de mim mesmo e do que me rodeia. Recordo as lições
recolhidas na Universidade da oficina da Cerca Andrade com ele, o Sr. Adelino
(o Ministro), O Sr. Acelino que me deu as melhores lições sobre o republicanismo
em Peniche (Estão na minha biblioteca os discursos de António José de Almeida
que ele me ofereceu). Eram também lá professores e mestres o Sr. Henrique
Coutinho, o cirurgião Dr. João de Sousa Carvalho. O Joaquim Pinto, o Lio e
tantos e tantos outros responsáveis pela minha formação como Homem, futuro
professor e autarca.
O legado do
meu pai foi tão grande que hoje o sinto entranhado em mim próprio. Faz parte de
mim. Falar dele assim não é pagar uma divida. É exteriorizar o que todos os
dias sinto.
Estou aqui
no dia em que se comemora em minha casa a data do seu nascimento (5 de Outubro
de 1914) dizendo o que sinto pelo meu pai.
Sem comentários:
Enviar um comentário