"Conversar em Peniche" não é necessariamente conversar sobre Peniche. Também mas não só. Algumas vezes assumirá um papel de raiva. Ou de guerra. Será provocador qb. Comprometido. Não será isento nem de erros nem de verdades (os meus, e as minhas). O resto se verá...
sexta-feira, novembro 20, 2020
sexta-feira, novembro 13, 2020
TUDO PARA DIZER, TUDO POR FAZER
Hoje é a missa de 7º dia por alma da minha amada. A minha mulher. A vida em torno de mim suspendeu-se com a sua morte Deixei de funcionar. Tudo em mim dependia dela. Dizem-me que tenho de reagir. Que este não pareço eu. Casado há 35 anos com a Anita, é no seu sorriso que eu vivo. So eu e ela. Sou eu ela e a Maria. Sou eu, ela a Maria e o meu neto. Os 4 somos um.
Durante a noite acordo e olho para o lado e não a vejo. Durante o dia estou no escritório e ouço barulhos e movimentos e penso que é a Anita no seu deambular fazendo ruídos que me permitam saber que está ali. A minha Anita, a filha da Mariazinha preza acima de tudo o amor que toda a vida me dedicou.
Recordo a minha mulher que colocou sempre os outros primeiro que ela. Dedicada à avó Ção. Aos tios e primos. Ao tio Raúl, ao tio Ramiro, à sua madrinha e tia. Dedicada ao seu Bairro do Calvário, a Peniche de Cima, aos viveiros, aos irmãos, confiante neles e eles nela. Lutadora implacável pela felicidade de seu pai. Dedicada ao trabalho e amiga das suas amigas. A Lourdes acompanhou-a desde sempre, o seu afilhado, as suas amigas de brincadeiras de menina. E a inveja que ela sentia daquele cão que estava na ladeira quando se sobe apara a escola do “Filtro” e ela tinhe de ir para a escola e o cão continuava ali a apanhar sol.
Nunca escrevi tão atabalhoadamente como hoje. Esei que muitas das coisas que aqui escrevo não farão sentido para ninguém, a não ser paramim e para ela.
Eu sou o Marido dela. Eu sou o Amr da vida dela. Eu sou ela. A minha filha, cuida de mim se forma absoluta. Quer que eu me sinta bem. Quer que eu recupere das minhas mazelas. Cuida de mim pensando nela, em mim e em ti. E eu faço o que posso para me tornar dócil e obediente o que não é nada fácil para mim. Quem me conhece percebe o que eu digo.
Falta-me a Anita para me deitar o tempero necessário para que eu me torne mais real. Mais igual a mim próprio. Ouço música que nos embalou. A canção da nossa vida :”NIKITA” Mas faltas tu. Os ruidos são só isso, ruídos. Não és tu.
Uma casa feita e desenhada para ti. Uma paixão que foi crescendo e se tornando sempre maior. E agora faltas-lhe tu.
Os meus livros são só isso: livros. Os dias aqui são erráticos. Embora eu acredito que eles irão ser preenchidos e eu me moverei ainda, sinto que a mulher que tu és não mais estará neles.
Isto é o principio de um livro de amor que te quero escrever. Peço que o teu espirito me acalente, que o teu fulgor me preencha. Que as tuas mãos pousem sobre as minhas e me acarinhem.
Estou aqui Nita. Espero por ti.