CONTRIBUTOS
PARA A DEFESA, PROMOÇÃO E RELANÇAMENTO DAS
RENDAS DE
BILROS
Começarei
por dizer que não acredito nem me revejo em grandes manifestações de
apresentação das RENDAS DE BILROS, num momento em que começam a desaparecer
pessoas interessadas na sua produção.
Desde logo
por 2 ordens de razão:
- Não é
motivador em termos económicos para os jovens
- Não é uma
actividade que permita visibilidade e respostas no imediato
Poderíamos
escalpelizar as razões que conduziram ao definhar das rendas de bilros mas
todas elas acabam sempre por ir parar às razões enunciadas anteriormente.
Por outro
lado as rendas de bilros exigem mais algumas bases para o seu desenvolvimento
que têm andado arredios quando se trata desta matéria.
Refiro-me:
- ao estudo
e execução do desenho nas suas 2 vertentes, a renda erudita e a renda popular;
- a
execução do suporte para a execução na almofada (o pique tradicional), e a
consequente picagem;
- a
cerzidura elemento fundamental para a apresentação final da renda em termos
comerciais:
Todos estes
elementos só podem ser trabalhados e expandidos desde que uma escola (A ESCOLA)
esteja disponível para ser parceiro nesta actividade. Não em modos “políticos”
ou para dar visibilidade estereotipada a meia dúzia de “instrumentadores”, mas
em termos didácticos e tecnológicos de forma a criar o sustentáculo de uma
actividade que não seja só artesanal, mas contenha a génese de uma actividade
em que a dignidade de quem produz seja tão visível como o próprio trabalho
desenvolvido e comercializado.
Não me
cumpre aqui desenvolver mais que uma ideia. Jovens de Peniche com experiência
em gestão e marketing deverão ser envolvidos neste projecto. A minha proposta
avança só umas quantas ideias que poderão servir de suporte ao desenvolvimento
de uma actividade que requer outra forma de ser encarada, do que uma mera
frente de exposição e de lugares comuns que a pouco e pouco deixarão de
funcionar, com o envelhecimento natural de meia dúzia de senhoras que ainda
tornam vivas as actuais iniciativas.
Assim
proponho:
- O termo
das grandes ditas “exposições internacionais” de rendas nos moldes em que se
têm desenvolvido;
- O termo
do flop “as rendas vão às escolas” que mais não são que uma montra de algumas
das pessoas que conquistam o seu lugar na montra das rendas de bilros;
- Concurso
de 2 em 2 anos de rendas de bilros, eruditas e populares, com destaque para
para novos desenhos nas 2 modalidades, prémios especiais para crianças até aos
12 anos.;
-
Realização anual em lugar a definir de uma mostra de actividades tradicionais
de Peniche, nomeadamente com rendas de bilros, exposição de trabalhos e
execução ao vivo, mostra de doçaria regional, produção de conservas e outras
actividades relevantes para um conhecimento melhor da nossa terra para quem nos
visita. A saber se esta actividade se deverá realizar anualmente ou de 2 em 2
anos;
- Formação
de uma comissão de trabalho envolvendo a Câmara Municipal, a Escola Secundária
de Peniche, os responsáveis dos agrupamentos, o responsável pelo museu de
Rendas, a técnica responsável pela escola de Rendas, a Rendilbilros, outras
pessoas de reconhecido mérito na área das rendas de bilros, comissão essa que
assegurará a apresentação de um projecto de formação na área das rendas de
bilros e que contemple as suas diversas vertentes.
O Projecto
aprovado será apresentado ao Ministério da Educação de forma a constituir parte
integrante dos currículos a desenvolver no Concelho de Peniche.
Este
projecto de formação será executado nas escolas de acordo com a prévia
inscrição de alunos considerando as várias faixas etárias a que se dirige e
com apoio desuporte financeiro a
atribuir pela Câmara Municipal.
Anualmente
haverá um relatório de despesas a entregar na Câmara Municipal bem como a
apresentação dos trabalhos desenvolvidos. As escolas poderão vender as rendas
produzidas ou entrega-las na Câmara Municipal para esse efeito, revertendo o
produto da venda pars a escola onde foram produzidas.
O Museu de Rendas
reservará espaço que possibilite a actividade de execução das rendas de bilros,
produção de piques e cerzidura, mediante a orientação de um técnico devidamente
habilitado.
À Câmara
Municipal cumprirá nomear uma comissão que:
- estudará
as associações existentes que se dediquem à promoção das rendas de bilros e com
estas envidará esforços no sentido da criação de um “espaço de produção e venda
das rendas de bilros”, tendo sempre em conta as rendilheiras já existentes, as
escolas com formação e outras iniciativas a nível concelhio.
- as
pessoas que representem instituições existentes no âmbito das actividades
promovidas pela Câmara Municipal não poderão ser remuneradas. As remunerações
serão exclusivamente atribuídas aos executores de desenhos, piques, rendas e
cerziduras. (este último parágrafo carece de ser mais trabalhado).