quarta-feira, novembro 28, 2018


LER OU NÃO JORNAIS

OUVIR/VER OU NÃO TELEJORNAIS

Caiu o carmo e a trindade com as palavras de Graça Fonseca Ministra da Cultura no México quando afirmou: “Uma coisa ótima de estar em Guadalajara há quatro dias é que não vejo jornais portugueses” 25 de novembro

Eu sou do tempo em que ler jornais era mesmo uma aventura. A dificuldade era escolher entre os vários os vários jornais de referência. Em desfilada passam por mim os títulos de “República”, “Diário de Lisboa”, “Diário Popular”, “Capital”, “Diário de Notícias”, “Século”, “Jornal do Comércio”, “Jornal de Notícias”. Depois existiam outros títulos que caracterizavam as pessoas que os liam. “Comércio do Funchal”, “Jornal do Fundão”, “O Dia”. Diz-me o jornal que lês, dir-te-ei quem és. Alguns serviam mesmo como primeira referência para um informador da PIDE/DGS iniciar a sua pesquisa.

Recordo o meu avô Benjamim em casa a ler “O Século” ou o Diário de Noticias” e ele já morreu vão lá 65 anos. E recordo ainda alguns jornalistas que me marcaram. O Urbano Carrasco, o Ruella Ramos, mais recentemente o Adelino Gomes, o Ferreira Fernandes, o Raúl Rego. São alguns nomes dos muitos que já esqueci mas que ao tempo me faziam comprar jornais. Recordo Mário Castrim. Alguns nomes maiores da nossa literatura passaram por trabalhar em jornais como comentadores, repórteres ou enviados especiais a eventos mundiais.

E hoje? O “Diário de Notícias passou a online e eu tive dificuldade em encontrar um jornal que o substituísse porque preciso de sentir o papel nas minhas mãos. Restavam-me o “Jornal de Notícias” e o “Público”. Completamente fora de causa está o o Jornal do porno/crime “Correio da Manhã”. Acabei por me fixar no “Público”. Vespertinos desapareceram todos.

Depois do que vos relato, correndo o risco de ser mais uma vez politicamente incorrecto, quero dizer-vos que compreendo em absoluto a Ministra da Cultura. Online restam-me o “Diário de Notícias e o “El Pais”. Mas como já vos disse sinto que o meu dia falhou se não sentir o papel de jornal a perpassar pelos meus dedos.

Outra diferença absoluta é no que diz respeito aos Telejornais. Antigamente ouvir um Telejornal era um ritual sagrado que não podia ser interrompido. Hoje são os filmes e as imagens da natureza que servem de pano de fundo para a hora dos jornais televisivos. E até os desenhos animados. Tudo menos os massacres a que me submetem às horas das refeições. Tudo menos ouvir o Portugal dos pequeninos pela voz “grunhial” dos portas, dos mendes ou das moura guedes.

E ainda estranham o comportamento dos seres humanos nos tempos que correm.

segunda-feira, novembro 26, 2018


TAO TE KING (LIVRO DA VIA E DA VENTURA)

Um livro de poemas/pensamentos que me acompanha desde 1973. Escrito por lao tse (velho mestre), erudito chinês que se pensa terá vivido na primeira metade do século VI a.c.



Deixo-vos com um dos seus pensamentos/poemas. Num tempo em que nada parece importar, retomar as palavras sábias desta cultura milenar cada vez mais me parece a saída para os que pretendem construir a sua felicidade na Paz e na Harmonia.

XXIII

Quem conhece os outros é inteligente,

Quem se conhece é iluminado,

Quem vence os outros é forte

Quem se vence a si próprio tem força de ânimo.

 

Quem se contenta é rico.

Quem se esforça por agir tem vontade.

 

Quem fica no seu lugar tem longa vida

Quem morre sem desaparecer atinge a imortalidade.

sexta-feira, novembro 23, 2018


QUE PENA…

Se queres saber como o Concelho de Peniche está a caminhar, lê a “Gazeta das Caldas”. Isso aconteceu-me esta semana ao ler a entrevista que este jornal fez ao actual Presidente da Câmara de Peniche  e que foi publicada na passada 6ª Feira 16 de Novembro de 2018 nas Pags. 20 a 22 e com chamada de 1ª Página.

Alguns dirão que é lamentável que para sabermos os caminhos que Peniche trilha tenhamos que ler um jornal de uma outra terra. Eu diria que também é bom que assim seja independentemente de o jornal local se deleitar em outras praias.

Fui daqueles que sempre considerou que “A Voz do Mar” sendo propriedade da Igreja católica deveria reflectir isso mesmo. Sou por uma verdade transparente e total dos órgãos de informação para não termos dúvidas sobre a sua orientação.

A “GC” está em melhores condições para informar a “VM” sempre dependente de apoios financeiros. Para mim é mais independente o jornal local quando faz o resumo (ainda que condicionado) das reuniões da Assembleia Municipal ou dos acontecimentos ocorridos. A “VM” para os Penicheiros é um “já foi” que desejamos o mais abundante possível. Não será nunca um jornal de pensamento livre, perturbante e perturbador. Mas cumpre bem para as suas muitas limitações o papel que desempenha.

Voltando à entrevista de Henrique Bertino penso que deveria ser de leitura obrigatória para todos aqueles que se interessam pela causa pública em Peniche. É o balanço de um ano sobre a saúde política do concelho de Peniche. Um retrato cru da verdadeira face de Peniche para além dos holofotes mediáticos e das ambições de protagonismo. É um programa de intenções para os próximos tempos nas condições encontradas. E de alguma forma o que pensa o actual edil fazer para poder reverter a situação encontrada. É um Raio X  cru sobre os eleitos locais. Se bem repararem eu não faço avaliação de valore. Propositadamente para não vos induzir na minha própria leitura.

O que posso desejar é que todos os que se importam sobre estas coisas leiam esta entrevista. Para percebermos melhor o que se passou e o que se passa. Inteligentes, idiotas e mais ou menos indiferentes todos temos a lucrar com essa leitura.

 

 

 

terça-feira, novembro 20, 2018


O REGRESSO DO ZÉ ROSA

Ontem (2ª Feira) numa das minhas curtas saídas de casa, alarguei o meu percurso para cumprimentar alguns familiares. Nesse percurso encontrei quem me tentou motivar para a escrita para além do que já faço. Dizia-me esse confrade de há muitos anos que existem memórias que não tenho o direito de guardar para mim. Devem ser perpectuadas para o futuro. Os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos têm que conhecer o que foi o tempo que vivemos em Peniche. Eu garanti-lhe que ninguém está interessado nisso. Isto é, poderão haver meia dúzia de pessoas que se interessam, para além desse restrito número os interesses são outros e mais simples. Como viver o hoje, sendo que o importante é sacar aqui e agora o mais possível para o bem estar pessoal imediato.

Foi aqui que recordei o Zé Rosa. Quem conhece hoje os seus livros? Que escolas no nosso concelho os tên no seu acervo? Existem livros do Zé Rosa no acervo da Biblioteca Municipal? E no entanto os livros desse Homem de Peniche dispõem de toda uma informação (ainda que romanceada) do que foi o tempo anterior à revolução de Abril de 1974. O Zé Rosa contém em si mesmo todo um período de luta pela Liberdade, Fraternidade e Igualdade.

O Zé Rosa era o CICARP e a HÚMUS. Era o ideal republicano. Era o penicheiro filho de pescadores que por eles se bateu e deu o melhor de si próprio. Escreveu-se escrevendo Peniche. Não há nome de rua. Não há memoriais. O Zé Rosa fez parte da 1ª Comissão Administrativa logo a seguir ao 25 de Abril e deu-se todo à sua função. Mas quem o recorda?

Dele guardo o amigo. O escriva. O ser solidário. Fica aqui escrito embora o que aqui fica seja muito pouco relevante.

segunda-feira, novembro 19, 2018


DRAMÁTICO

Ao ouvir o Telejornal de hoje (domingo) fiquei profundamente chocado. Segundo as notícias, desde que houve a invenção do automóvel e até hoje em acidentes de viação já morreram entre 50 a 60 milhões de pessoas. Segundo as notícias mais do que as mortes que se verificaram na soma das I e II Guerras Mundiais.

Isto deixa-nos completamente assustados.

Todos nós já perdemos em acidentes de viação familiares ou amigos e, quando isso acontece ficamos em choque. Pelo dramatismo da situação. Pelo inesperado. Pelo absurdo.

E no entanto todos nós já facilitámos na condução (e nada nos garante que isso não volte a acontecer), criando riscos desnecessários para nós próprios, para os que transportamos e para os que circulam na estrada como nós. O pensamento que temos é o habitual nestes casos, os acidentes só acontecem aos outros. Mas sabemos que isso não é verdade.

Escrevo sobre isto porque me impressiona. Porque penso que todos nós devemos parar para pensar. E reduzir a velocidade. E chegar ao nosso destino em Paz e com alegria.   

sábado, novembro 17, 2018


LÂMPADA DE ALADINO DO "SÉCULO XXI"

 Uma mulher encontra uma Lâmpada de Aladino...

Imediatamente a esfrega e, como num passe de mágica, sai um Génio.

A mulher olha o Génio e pede-lhe um desejo:

- Quero que meu marido só tenha olhos para mim,

- Que eu seja a única,

- Que tome seu café da manhã, almoce e jante sempre ao meu lado,

- Que me toque logo que se levante ,

- Que não me deixe nem para ir à casa de banho,

- Que viaje sempre comigo,

- Que cuide de mim, me contemple,

- Que caso se afaste um segundo de mim, se desespere, e me diga a falta que lhe faço,

- Que nunca me deixe só e me leve, a toda a parte, com ele...

e zás... foi transformada num Telemóvel !!!

 A TIA LÍDIA

O Joãozinho achou tão excitante o que tinha visto que não se conteve e  correu para casa contar à mãe, o que tinha visto:
- Mãe! Mãe! Eu estava no pátio da escola, quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia. Fui atrás para ver. O pai estava a dar um grande beijo na tia Lídia. Depois ele ajudou-a a  tirar a blusa, depois a tia Lídia ajudou o pai a tirar as calças e depois a tia Lídia...

Nesse ponto, a Mãe interrompeu-o e disse:
- Joãozinho, essa é uma história tão interessante, que vais guardá-la para contar à hora do jantar!... Quero ver a cara do pai, quando lhe contares tudo isso, à noite.  

Ao jantar, a mãe pediu ao Joãozinho para contar a história.
- Eu  estava a brincar no pátio da escola quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia. Corri para ver. Ele estava a dar um grande beijo à  tia Lídia. Ajudou-a a tirar a blusa e a tia Lídia ajudou o pai a tirar as calças e depois a tia Lídia e o pai começaram a fazer as mesmas coisas que a mãe e o tio Jacinto faziam, quando o Pai estava na tropa!
A MÃE DESMAIOU

Moral da História: NUNCA INTERROMPAM UMA CRIANÇA


Houve um naufrágio, mas salvaram-se três pessoas que após uma semana a boiar agarrados a um barril foram parar a uma pequena ilha: Eram um Inglês um Francês e um Português.
Só que afinal a ilha era habitada e logo por canibais Apareceram os canibais, munidos de lanças e aos berros e levaram-nos para a aldeia.
O chefe da aldeia, antigo náufrago, falava linguas e disse:
" -Ainda ontem vieram aí uns náufragos e estamos satisfeitos.
Vamos fazer três provas. Quem ultrapassar as três provas leva uma jangada e vai embora. Os restantes vão para o caldeirão.
1ª prova => beber sem pausas um balde do nosso bagaço
2ª prova => ir à jaula do Leão e arrancar-lhe um dente
3ª prova => violar uma nativa virgem, com 50 anos de idade, coisa que nenhum de nós conseguiu"
Vai o Francês, bebe o bagaço e fica meio tonto. Entra na jaula do Leão e demorou 10 segundos a morrer. Seguiu para o caldeirão. Vai o Inglês, bebe o balde de bagaço, arrota e defronta o Leão durante 15 segundos. Mas também morreu.
Segue-se o Português:
Bebe o bagaço, arrota e respira fundo. Vai para a jaula do Leão e foge para um recanto. Durante uns minutos ouviu-se algum reboliço após os quais lá vem o Português todo arranhado e ensanguentado e diz com ar abatido e cansado:
- Bem, onde é que pára essa nativa virgem para lhe arrancar o dente ?


quinta-feira, novembro 15, 2018


FOGO!!!

Temos sido invadidos pelas imagens dos fogos na Califórnia (EUA). 50 e tal mortos já contabilizados e mais de 100 desaparecidos que tudo leva a concluir que terão desaparecido na voragem do fogo incontrolável que por ali devasta tudo por onde passa. Muitas dezenas de casas queimadas em zonas habitadas por conhecidos actores de Hollywood como Paradise e Malibu.

Isto passa-se na nação mais poderosa do Mundo e provavelmente a mais rica e com meios mais avançados tecnologicamente em todas as áreas da vida das pessoas. Centenas de bombeiros e aviões podem ser postos em acção nas áreas de combate aos incêndios. E no entanto o fogo florestal que devasta a Califórnia parece ser incontrolável. É declarada aquela zona como região de calamidade. Até o idiota do presidente dos EU acabou por se render ao fogo, desistiu de acusar quem quer que seja de culpas e declara a sua solidariedade pessoal para com as suas vítimas.

Não nos chegam ecos de libelos acusatórios. Ouvem-se as vitimas do fogo e não se exaltam perante a irremediabilidade do que lhes aconteceu. Não se fala de incúria no tratamento das áreas ardidas. As casas ardem por completo e não se ouve falar de correntes de caridade que acabam por se esvair no tempo. Vêem-se carros todos queimados com pessoas lá dentro e não se ouvem acusações e desculpas de mau pagador.

Aqui até as galinhas servem para pedir subsídios. E os “pilantras” aproveitam-se de algumas facilidades para tentarem sacar o que puderem.

Quem nasce miserável, morre miserável. E não estou a falar de bens materiais.      

terça-feira, novembro 13, 2018


A DOR DE ESCREVER

Há 57 anos o dia de S. Martinho calhou a um sábado. Esse ano de 1961 foi o ano em que fui estudar para Lisboa. Morava na Rua S. Felipe de Nery ali ao Rato e estudava na Escola Industrial Machado Castro.

Nesse fim-de-semana foi combinado eu ir passa-lo a casa dos meus tios na “Porcalhota”. Os tios a que me refiro eram a minha tia-avó Gertrudes (irmã da minha avó Guilhermina) e o marido o Sr. Cepêda. A “Porcalhota era uma zona periférica da Amadora. Eu apanhava o Autocarro da Carris junto ao Hotel Ritz e lá ía numa grande aventura até às portas de Benfica, fazendo o resto percurso a pé.

Nesse fim-de-semana lá fui. E tudo correu bem até… que na madrugada do dia 12 bateram à porta de casa dos meus tios. Era uma vizinha deles que tinha telefone e que fazia o favor de permitir aos meus tios que o utilizassem, dizendo que havia uma chamada de Peniche lá para casa. Eram os meus pais telefonando informando da morte da minha avó Guilhermina.
A minha avó era a figura central da minha família mais próxima. Hoje percebo que era uma família um pouco matriarcal. O meu pai era filho único. O meu avô era um ideólogo. A minha mãe era uma pessoa dependente das vontades de meu pai e da minha avó. Esta é que determinava o que era importante para nós todos.

Eu então não me apercebia mas a morte da minha avó estava a determinar o fim de uma era na minha família. E a passagem do poder executivo dela para o meu pai. Foi a sua morte que determinou que o meu irmão voltasse para casa. Ele que desde os 3 anos de idade tinha ficado em casa da minha avó e aos cuidados dela. O meu irmão era na altura um estranho para mim. E bem vistas as coisas ao longo de muitos anos nunca reparámos totalmente essa ferida. Foi com a morte da minha avó que eu aprendi a conhecer verdadeiramente o meu pai. Ela nunca permitiu que ele se aproximasse muito de mim e de minha mãe. Esta, a troco de um lar submeteu-se a todas as vicissitudes de um casamento frustrante. Não que ela não gostasse de meu pai, mas acima de tudo temia-o e pior que tudo temia a mãe dele. Temia-a tanto que durante muitos anos após a morte dela continuava incapaz de usar ou utilizar qualquer coisa que lhe tivesse pertencido.
Toda esta memória me assaltou este fim-de-semana na celebração da morte da minha avó. Que terminou com uma missa legado que recebi da minha mãe.

Se me perguntarem se tudo isto me fez sofrer. Sim é verdade. Sobretudo por pensar que a minha avó determinou uma série de factos que condicionaram a vida de toda uma família. Deu para pensar que a felicidade é algo que se conquista todos os dias. Não cabe em herança a ninguém. Curiosamente eu conquistei a minha felicidade num espaço-casa que lhe pertenceu e que ela nunca desejou para mim. Eu fui sempre o neto que não existia para a minha avó. Mas acabei por ser aquele que conseguiu preservar a memória dela apesar de isso não representar qualquer recordação de amor da mim por ela. Eu fui um embaraço para ela. Ela ajudou-me a conquistar a vontade de ser feliz. Isso lhe devo.

quarta-feira, novembro 07, 2018


MULHERES DA MINHA VIDA

A 1ª mulher que eu amei com um amor juvenil exacerbado foi a Manuela Marques. Era uma star. Sexy até dizer chega. Quando passava o trânsito parava. Era o sonho de todos os machos da minha terra. Ela sabendo disso valorizava-se atá ao limite. Umas pernas longas e torneadas por Miguel Ângelo.  

Admirei com carinho e respeito incomensuráveis, foi a D. Luísa Piaça. Faleceu quando eu estava na recruta em Mafra e nunca mais dela me esqueci.

Outra mulher da minha vida foi a minha professora de português na Escola Industrial e Comercial de Peniche, a Dr.ª Maria Fernanda Amador. Foi ela que me incentivou a escrever e a ler. A grande responsável por eu estar hoje aqui convosco. Morava na Rua da Bica do Marquês em Lisboa e sei isso porque durante muito tempo me correspondi com ela mesmo depois de ter deixado Peniche.

Não esqueço a Maria Madalena Nogueira que muitos anos depois veio a casar com um amigo meu, o Dionísio Amador. Amiga de muitos anos desde quando eu frequentava a Machado de Castro e ela a Josefa de Óbidos. Depois viemos a ser colegas de turma no curso de Química Laboratorial e Industrial do IIL. A minha tropa afastou-nos de um convívio mais próximo o qual nunca mais reatámos.

Recordo com muito carinho a minha colega no estágio em Coimbra, a Gina que procurei sempre respeitar, independentemente dos meus conflitos sentimentais por ela. Guardo-a no meu coração num lugar à parte.

A minha tia Idália Canão. Uma mulher carinhosa mas de uma força inquebrantável. Sabia a palavra que tinha de dizer no momento certo. Esteve sempre ao meu lado. Nos bons e nos maus momentos. Guardo dela uma recordação insubstituível.

Recordo a minha colega de trabalho em Torres Vedras a Celeste Guia. Uma senhora que faz com que sempre nos sintamos pequeninos quando estamos na sua presença. Faltam-me palavras para a adjectivar sobre tanto que lhe devo. Ensinou-me acima de tudo a ser um melhor professor. Uma Senhora.

Recordo com muita alegria a D. Assunção Braula Reis Coutinho. Uma Mulher de uma Alegria e senhora de uma Vida extraordinária. Foi a primeira pessoa que me fez sentir que usufruir o tempo seria importante. Ela quando falava dava a impressão de que tinha medo de morrer no segundo a seguir, tal a rapidez e a emoção que punho no seu falar. E tinha nos olhos todo o Amor do Mundo. Quando penso nela, penso em todas as Mulheres libertadas do Mundo pela força das suas emoções.

Marcam presença nas minhas memórias entre outras, duas mulheres da minha terra. Uma infelizmente já desaparecida. Refiro-me à Rosa Mamede e à Idalina Bandeira. 2 exemplos de força e coragem com características diferentes. Uma e outra duas forças da natureza. Contra ventos e marés. Mães coragem.

Deixo para o fim as três mulheres que hoje me continuam a ajudar na minha vida. Uma, um exemplo de tenacidade e de vontade de suportar a dor tornando-o alimento e garra. Refiro-me à minha sogra, a Mariazinha. Que soube sempre com um sorriso nos lábios defender a sua prole. Que fez dos desafios que a vida lhe deu uma tempestade de amor para distribuir por todos os seus. E as minhas duas Mulheres. A minha Anita e a minha Maria. Faltam-me aqui as palavras para dizer tudo quanto lhes devo e o que sinto. São tudo aquilo que alguém pode sonhar para se sentir seguro neste deambular em que nos vamos diluindo. Quem pode querer mais? A Anita e a Maria são tudo quanto de bom e seguro se pode querer. São o meu mar e o meu porto de abrigo. São a minha seara e o meu alimento. São as estrelas do meu Universo.

Por todas estas mulheres e por todas as outras que se sintam nelas representadas, mereceu a pena viver. Bem-hajam.

  

segunda-feira, novembro 05, 2018


BULLYING E MALDADE, A NOVA ORDEM DAS COISAS?

É corrente hoje falar-se de bullying sobretudo em Esscolas. Normalmente as vítimas de bullying são crianças que se apresentam com um comportamento pouco aceito pelos restantes colegas, e essa diferença tanto pode ser física, como comportamental ou de vivência fora dos padrões da comunidade onde estão inseridas.

De facto não é só na escola que existem esses comportamentos que consistem em humilhar os que aparentemente são diferentes. Isso ocorre também na rua, no Bairro ou mesmo na aldeia ou lugar.

Também se trata de um fenómeno a que só hoje se confere alguma visibilidade. Isso acontece porque as câmaras das TVS generalistas se alimentam desses factos e porque a liberdade de imprensa e as redes sociais favorecem a publicitação desses fenómenos tidos como notícias ou “cachas”. E no entanto são comportamentos que já existem há dezenas de anos, sem que noutros tempos alguém ousasse pronunciar-se sobre eles. Conto-vos 2 histórias de Bullying passadas na escola velha de Peniche, que agora completa 100 anos de existência nas décadas de 50 e 60 do século passado.

A 1ª história foi passada com a minha cunhada Natália e com uma colega dela, a Edine, filha mais nova de um célebre opositor ao regime anterior, o conhecido Zé da Costa.

Quando a minha cunhada e essa menina foram para a Escola tiveram a infelicidade de terem como professora uma tal de D. Violinda. Cedo ela soube que os pais dessas meninas estavam presos por serem opositores do Estado Novo. Não sei se era pelo nome que tinha o que é certo é que a partir daí tratava-as como as filhas dos comunistas e descarregava todo o seu ódio nas meninas quer em reguadas, quer em insultos. As meninas quando tinham de ir para a Escola sentiam o peso e a dor de terem de estar num local onde eram violentadas todos os dias por uma mulher odienta e de coração malvado. E o mais grave é que não podiam pedir ajuda a ninguém porque ninguém as defenderia. O director da Escola era colocado naquele cargo pelo Regime. E ser filha de um comunista naquele tempo era pior que ser hoje muçulmano. Sofreram e o peso desse sofrimento deixou sequelas até hoje.

A 2ª história é também passada na mesma escola. Eu frequentava-a e a minha sala de aula na 4ª classe era a sala exterior da torre do lado esquerdo.  Eu era aluno do professor Pires. Contigua a essa sala era a sala de uma professora daquela escola de nome Ema. Irmã de uma outra chamada Laura. Uma e outra eram conhecidas entre nós miúdos e mesmo pelos nossos pais, como as pretas. Por serem de raça africana. Nós temíamos aquela dupla como se do diabo se tratasse. Eu na minha sala ouvia as reguadas e os in sultos com que elas tratavam os seus alunos. Nesse tempo os meninos filhos de pessoas com graves dificuldades económicas eram aqueles que obviamente mais dificuldades tinham e eram os que mais sofriam às suas mão e com as tiranias a que os sujeitavam. Não sei se era uma qustão de ódio rácico. Mas sei que foram muitos os que sofreram na pele as suas atitudes de violência. Mas sei que naquele tempo, ser aluno das “pretas” era o maior receio dos meninos do meu tempo. Hoje essas atitudes seriam motivo para manifestações, greves e posterior expulsão das criaturas.

Mas não ouço os meninos daquele tempo revoltarem-se com estas atitudes de bullying. Foi passada uma esponja sobre tudo isso. Sentimento de culpa? Revolta por não terem tido capacidade para impedir estes actos? Talvez tudo isto e mais. Que não merece aprofundar para não corrermos o risco de nos sentirmos de alguma forma solidários com estes actos de maldade pura.   

 

sábado, novembro 03, 2018

MARAV ILHOSO
O que outros conseguem ver e que nos passa tantas vezes ao lado:
 http://www.youtube.com/embed/v56VNOVhpoU