sábado, março 31, 2007

LIÇÕES DE CIVISMO
10:oo horas da manhã de sábado 31 de Março de 2007. Av das Escolas. Corredor de acesso ao parque da Brigada Fiscal da GNR. O "carrito pequeno" ali ficou estacionado, num dos locais em que num raio de 50 metros mais fácil é encontrar estacionamento legal. Somos um povo de brandos costumes, mas com muito mau feitio e pouco dado à civilidade. Que fazer?

sexta-feira, março 30, 2007

...
...Escrever é desconcertar, perturbar e, em certa medida, agredir. Alguém se encarregará de institucionalizar o escritor, desde os amigos, os conterrâneos, os companheiros de luta, até todas aquelas pessoas ou coisas que abominou e combateu. Acabarão por lhe encontrar coerência, evolução harmoniosa, enquadramento numa tradição. Servir-se-ão dele, utilizá-lo-ão, homenageá-lo-ão. Sabem que assim o conseguirão calar, amordaçar, reduzir.
... ...Falo do homem que, ombro a ombro com os oprimidos, empunhando a palavra como uma enxada ou uma arma, encontrou ou pelo menos procurou na linguagem um contorno para o silêncio que há no vento, no mar, nos campos.
Ruy Belo
In “Breve programa para uma iniciação ao canto”

quarta-feira, março 28, 2007

A MINHA RUA
Todas as terras têm o seu “centro”. Peniche (cidade) não é excepção. A Praça Jacob Rodrigues Pereira ao longo dos anos tem sido o seu “centro” político-social. A evolução desta Praça é revelador dos apetites, sonhos e gostos dos seus maiores responsáveis desde há dois séculos.
Vou apresentar-vos um conjunto de algumas fotografias de aspectos deste lugar da cidade de Peniche. À parte uma ou outra pequena nota, deixo as imagens falarem por si.
Quase apetece abrir aqui um concurso sobre qual a Praça Jacob que hoje mais gostamos.

Séc XIX
A casa que se vê com a porta aberta, é onde hoje se situa a Loja "Teixeira". Na altura era uma latoaria da família Ferreira da Costa.A porta aberta é onde hoje se situa o Clube Cisne. Ao fundo a placa é onde se situa a Farmácia Proença e ao lado, onde era o "corrieiro", vê-se um recipiente para recolha do correio. Mais ao fundo o início da hoje Rua Marquês de Pombal.

SÉC XX


A cena é uma procissão mesmo no início do Séc.XX. Vê-se (ao fundo do lado esquerdo)a forma original da actual Pensão Aviz. A vedação do Jardim Público era em gradeamento. No Jardim ainda não existiam palmeiras visiveis. O Clube da alta sociedade da época já lá está.A Foto é mesmo do início do séc XX. O postal foi enviado pela minha avó à mãe que na altura estava em Lisboa. A centro da Praça é preenchido por árvores. Vê-se o prédio da família Montez e no canto inferior direito, uma mulher passa com o seu burrico. Era aqui que se desenrolava o mercado.
A fotografia é da década de 40. A vedação do Jardim deixou de ser em gradeamento para passar a ser de tijolo e pedra. A entrada do Jardim é em "Arco Triunfal". Junto à entrada do Jardim lá vai mais um burro. Mais à frente uma carreira do "João Henriques". O centro da praça já não tem árvores. Tem 3 círculos em calçada portuguesa extremamente elaborada. Onde é hoje a Pensão Aviz era a Pensão Peninsular.

Anos 60. As palmeiras já cá estão crescidinhas. A entrada nobre do Jardim mantém-se. Ao fundo vêem-se as 3 rosáceas em calçada portuguesa. "O Café Oceano" já lá está. Mesmo ao fundo vê-se o prédio de rés-de-chão que deu origem ao edifício do já inexistente Banco Nacional Ultramarino. O prédio do Montez ainda lá está.

SÉC XXIFoto do dia 27 de Março de 2007. Dispenso-me de qualquer comentário ilustrativo.

Que Praça gostaríamos mais hoje ter?

terça-feira, março 27, 2007

NOSTALGIA
Por entre os arcos vejo a figura da Gilda vendendo bilhetes. A D. Regina e o Zé Ginja, passando vigilantes e atentos.
Recordo as gargalhadas da minha avó a Guilhermina Baterremos a ver a Laura Alves na "Rainha do Ferro Velho". Revejo as cenas dramáticas da Guida Maria e da Eunice Munoz no "Milagre da Ana Sullivan".
Lembro a corrida de Quadrigas no "Ben-Hur" e os "10 Mandamentos". Lembro quando fui vir a heroína da minha infância "Sissi a Jovem Imperatriz" que de tal forma me deslumbraram que durante muitos anos me deixei arrebatar pela saudosa Romy Scheneidar. Aquela fila mais larga da 1ª Plateia com os habituais consumidores de cinema, entre os quais o meu pai, e a minha primeira vez de menino no 1º Balcão. Os intervalos que eram o pretexto maior para a frequência do bar e beber um pirolito com o dedo muito infantil a empurrar o berlinde. Recordo a morte do Carlos "Maluco" herói das muitas histórias que o meu pai contava e me encatavam pela sua imprevisibilidade e insensatez (hoje diriamos que eram histórias de "non-sense"). O Cinemar faz parte das recordações que levarei comigo. Não vou perdoar nunca a quem traíu o seu espírito.

segunda-feira, março 26, 2007

UMA NAÇÃO A CHEIRAR A RANÇO
Ontem, num programa de duvidosa credebilidade, uns quantos portugueses reduziram a cacos a história de Portugal. Em homenagem a todos quantos não se envolveram neste obsceno "Big Brother" histórico, reproduzo um óleo de 1960 da Paula Rego, que esta denominou como "Salazar a Vomitar a Pátria" propriedade da Fundação Calouste Gulbenkian.Tão ridiculo como isto, será Álvaro Cunhal ter ficado em 2º lugar. 800 anos de história reduzidos a isto, espelha bem a obtusidade a que forças políticas de direita e de esquerda sem expressão eleitoral significativa conduziram o pensamento dos seus indefectíveis. Se o conceito de nação lhes passa ao lado, como ter confiança nesta gente? Bem sei que se trata dum programa de votações por encomenda. Mas custa que por essa Europa fora, culta e inteligente, seja transmitida esta imagem de menoridade mental. Somos sempre surrealistas...

domingo, março 25, 2007

FEBRE DE SÁBADO À NOITE
O que vemos neste domingo 25 de Março de 2007, são restos de um sábado de cerveja a mais e civismo a menos. Na R. Latino Coelho junto ao entroncamento com a Trav. Garrett. No topo da mesma rua, numa casa desabitada que aguarda por aprovação de construção, uma das portas foi aberta a pontapé, correndo-se o risco de um cigarro mal apagado poder dar origem a um incêndio. Foi a celebração penicheira dos 50 anos de Europa.

sábado, março 24, 2007

PENSEM NISTO...
Quando oferecerem coelhinhos de chocolate na Páscoa

sexta-feira, março 23, 2007

DECLARO QUE...
- sou um defensor confesso, militante e incondicional do Serviço Nacional de Saúde;
- me recuso a falar sobre a crise do CDS/PP. No Estatuto Editorail deste Blog foi instítuido pela Administração que são aqui interditas matérias sobre pornografia;
- recebi a Carta Educativa do Município de Peniche, que vou ler com a máxima atenção e que farei chegar a quem de direito as sugestões que me parecerem pertinentes;
- apoio a maioria das propostas da Srª Ministra da Educação, como em tempos dei o meu apoio aos Ministros Roberto Carneiro e Marçal Grilo;
- não acredito nos Sindicatos dos Professores;
- me fartei de rir esta manhã, quando ouvi os noticiários matinais abrirem com a notícia de que o PCP pretende substituir o Secretário Geral da CGTP (Carvalho da Silva). E eu a julgar que a CGTP era uma central sindical de trabalhadores. "Que grande besta que eu sou..."

quinta-feira, março 22, 2007

CENTRO DE SAÚDE

Vou tentar ser curto e politicamente correcto.
- Porque é que quando se entra no Centro de Saúde se tem uma sensação de vazio no estômago?
- Porque é que são sempre intermináveis as filas de pessoas na recepção?
- Porque é que sempre que vou ao CS me parece que fico devedor de alguma coisa, como se não fosse um direito meu utilizar aqueles serviços?
- Porque é que sempre que vou ao CS, para tratar de um qualquer assunto, saio sempre de lá com uma crise de nervos?
- Porque é que existem pessoas que vão para lá às 4 e 5 da manhã para poderem ter uma consulta?
- Porque é que há médicos se são capazes de dormirem descansados, sabendo que existem pessoas ao frio e à chuva de madrugada à porta do CS para poderem ser consultadas por si?
- Porque é que uma pessoa que está com uma gripe e precisa de ser medicada, há-de ter que morrer com uma pneumonia, só para poder ter direito a ver um médico no seu (da pessoa? do médico) CS?
- Porque é que o CS para funcionar assim, precisa de um director? A D. Lurdes não é suficiente?
- Porque é que se faz uma manifestação com milhares de pessoas por causa de um entreposto de Urgências (nome que prefiro dar ao Hospital), e não se promove uma manifestação para obrigar aquela coisa a funcionar de forma eficiente e no respeito pelos direitos dos utentes?
- Porque é que só de falar e escrever sobre isto já me estou a passar dos nervos?
Termino antes que me dê uma coisinha má!

quarta-feira, março 21, 2007

PRIMAVERA
O dia é de uma tremenda nortada. O Mar em Peniche de Cima, reocupou o seu espaço natural e procurou o bojo da velha Bairrista, saudoso dos tempos em que se namoravam.
Foto H. Blayer
E se assim escrevo é porque não me esqueço que se comemora hoje o Dia da Poesia.

Espera


Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silência desapareça.
Eugénio de Andrade
"As mãos e os frutos"

terça-feira, março 20, 2007

ESTOU SEM PALAVRAS...

Ontem dia do Pai, pessoa amiga postou um comentário(?) que não resisto a reproduzir na íntegra, dando-lhe honras de 1ª Página. Sem mais palavras...
Gaivota-
«Nuvem branca que se desfia, sinal de grande ventania», sentenciara, na véspera, o Tio João Morcego, encostado à muralha da Ponte Nova e seguindo com os olhos piscos a «sarabanda dos astros», como ele lhe chamava.
E o certo é que tinha razão na sua profecia, O novo dia apontara de sobrolho carregado, e no céu, laivado de fogo e cinza, nuvens algodoadas e negras corriam impelidas por um Sudoeste forte, fortíssimo, que tudo parecia querer levar pelos ares.
Desde madrugada que os moços, andavam numa roda-viva, tesa aqui, laça acolá, a travarem as amarrações, não fosse o mar, que estava a arrepiar-se, fazer das suas.
Na doca, ao ranger das embarcações que, mercê de grossos cabos, se aguentavam com os enchios, juntava-se a gritaria dos homens do mar, atarefados em pôr os barcos a salvo de qualquer encosto que lhes abrisse lenha.
Nesse tempo – já lá vão trinta anos – ainda os molhes de abrigo não passavam de um discutido sonho em que os marítimos mais velhos de Peniche pouco acreditavam.
Podia lá ser – diziam. - se no Brandal ali a quatro remadas de terra, o mar tinha mais de dez braças de fundo! Fazer uma muralha! Experimentassem. Ainda haviam de chorar pelas pedras do Ilhéu: isso sim, é que era um abrigo ali posto pela Natureza a proteger como ne¬nhum outro Portinho do Revés.Igualmente pensava o bom do Tio João Morcego - João Baptista de seu nome, - assim chamado pela facilidade com que nas noites mais escuras, na proa do barco, alapardado de bruços, descobria os cardumes na pesca à ardente e ao saltido.
Não compreendia, portanto, as lamentações dos mais novos, dos mais esperançosos. dos mais crédulos, nessa manhã ensudoestada em que o mar crescia de minuto para minuto, enovelando-se de força, espumando de fúria e ameaçando galgar a praia de lés a lés, como de anos em anos acontecia, transformando a península numa ilha e avariando ou destruindo quantos cascos se encontravam encalhados no areal do istmo.
Para que diabo estão vocês com essas patranhas? – interrogava, nervoso, o João Morcego. Se fizessem o tal quebra-mar de que falam, isto havia de dar -se da mesma maneira. Se fizessem, ouviram? Que essa coisa não cabe cá debaixo do barrete.
Os outros ripostavam que não; que os engenheiros lá sabiam e que aquilo assim não podia continuar: um porto aberto a toda a vagaria.
E enquanto novos e velhos trocavam acaloradas opiniões, a ponte ia-se enchendo de curiosos observadores da barulhenta azáfama que fervilhava na doca.
Era perto do meio-dia e o mar continuava a crescer. Tomavam-se precauções. Todos previam o que ia novamente dar-se: os mares de baixo e de cima a juntarem-se, a destruírem as dunas, a arrastarem os barcos encalhados na praia - uma desgraça. . .
Até ali, cada moço tinha cuidado da segurança do que estava à sua guarda. Havia-se recolhido tudo o que estava ao-de-fora, e a doca transformara-se numa complicada teia de cabos.
Agora, que o perigo se avizinhava das traineiras e das lanchas encalhadas, todos acorriam à praia a auxiliarem o trabalho de fixar amarras aos barcos desprevenidos.
Estava-se a meia enchente da maré. Mais umas duas horas e tudo seria mar de lado a lado.
Arrastaram-se as lanchas e as chatas, mais leves, e prenderam-se como foi possível as poucas traineiras em seco.
Abandonado por todos, um velho casco de traineirinha pequena, que fora da pesca do alto, não mereceu de ninguém a esmola de uma ponta de cabo, de uma espia, de uma tralha, de um cuidado.
Para quê, se ele já não ia ao mar; se estava para ali a apodrecer e a servir de palco ao rapazio nas suas descuidadas brincadeiras, nas suas imaginárias aventuras marítimas?
O costado, já viúvo de tinta. Reconhecia-se ainda que fora verde. E o nome, gravado a formão pelo calafate, distinguia-se bem¬ - GAIVOTA.
Só um homem, amparado ao corrimão das escadinhas da ponte, o olhava com ternura, com mágoa, com medo - o João Morcego.
O Gaivota era seu. Nele pescara mais de dez anos… mas a sorte não o favorecera. O barquito entrara a avariar-se. Custaria cara uma reparação; ele não tinha posses; e mesmo, diziam, que já não a merecia. Por outro lado, também ele se sentia sem forças para continuar naquela labuta da pesca. Estava velho, cansado. Por isso o Gaivota ficara na praia. Talvez ainda dessem por ele alguma coisa... Mas dois anos passaram e, agora, realmente, já nada valia, já não servia para nada.Quantas recordações o Gaivota evocava ao triste João Morcego! … O alvoroço em que andou enquanto o Chico Calafate o não deu pronto...
- Ó Chico, vê lá esse cavername; eu quero um barco para aguentar vaga; e fino de proa, que corte mar que nem uma faca, ou¬viste? A cana do leme, valente. E bem tareado de popa. Vê lá Chico, o que me arranjas para aí…
E que bonito, quando saiu do estaleiro! No bota-a-baixo foi uma festa rija…
E o João Morcego, alheado do mais que o rodeava, parecia ainda ver o seu Gaivota, Campo da Torre abaixo, três juntas de bois adiante, à sirga do meio, e um ror de gente ao bojo. Ele aos panais e a cantar a ordem de força:
- Ó salha... ó pega de roda... é... agora é que vai?.. E lá avançava mais uns metros a caminho da rampa da Fortaleza. Novas posições, os panais de trás mudados para a frente, e outro esticão: - O salha. " ó pega de roda. .. ó... agora é que vai!... Assim entrara na água. E que lindo!
Até o Abreu, o cabo de mar, quando foi da vistoria lhe dissera: - O João Morcego, que bonito barco que ele ficou!
Na experimenta, foi uma alegre função na Berlenga Grande. O Gaivota todo embandeirado da proa à ré. Houve convidados; os ra¬pazes do estaleiro, os da oficina do Zé Ginja, a família do compadre Rocha, coitado, que já lá estava na Terra-da-Verdade, e outros, muitos outros de que o João Morcego se ia lembrando, entregue como estava ao desfiar do seu rosário de recordações.A vagaria galgava já pela praia dentro e lambia os barcos encalhados.
O Gaivota, mais pequeno e vazio, começou a baloiçar. Uma onda mais atrevida moeu-o, atravessou-o, bojo a oferecer-se aos cachões que viessem. Seria o fim. O mar arrastá-lo-ia, acabando por despedaçá-lo…
Os olhos do João Morcego embaciaram-se; sentiu que duas lágri¬mas lhe rolavam pelas faces enrugadas, curtidas pelo sol e pela maresia...Levou a mão ao barrete, que puxou mais para trás; endireitou-se, como a medir as suas próprias forças... e tomou uma resolução: Arrancou das mãos de um rapaz, que lhe estava próximo, uma vara comprida e forte, e de água a dar-lhe pelo peito foi ao encontro do Gaivota.
De terra, lançaram-lhe gritos de espanto e de censura:
- Que vai você fazer, homem de Deus?!
-Tio João, volte para trás; você quer matar-se, tio João?! Mas, o velho nada ouvia. E caminhava, a vara alçada nos braços, direito ao seu barco.Uma onda mais alta enrolara-o na sua frente. Ouviu-se um grito por toda a ponte, mas o João Morcego reapareceu, corajoso, na boca um sorriso de esperança, como que uma alegria de criança inconsciente do perigo a que se expunha. Nadou umas braças auxiliado pela vara, deitou a mão à borda e saltou para dentro do velho casco. Gritava como se desse ordens à companha. Contava os mares. Ele sabia que de sete em sete viria um maior. Desatravessara a embarcação, popa feita às vagas, pronto a encarreirar, a fugir da rebentação.
Uns quantos homens nadam em direcção ao Gaivota, presos pela cintura a espias que outros seguram da terra. Vão para salvar de morte certa o temerário velho que salta lesto de bombordo para estibordo, a governar o barco, fincando a vara na areia que se revolve, mordida pelas vagas impiedosas e cada vez maiores.
Uma campa-de-mar rebentou-lhe na popa e levantou-o, dando a ideia de que tudo estava perdido. Mas, o João Morcego, fazendo da vara leme, conseguiu que ele encarreirasse mais de cem metros, indo parar, de novo atravessado, à tona de água em frente das escadinhas.
Alguns destemidos meteram-se, então, pelo mar dentro e atiraram cabos que o João Morcego apanhou, rápido, amarrando-os aos cabeços, febrilmente.
Aproveitaram um enchia para o puxarem para dentro da doca. Trouxeram às costas, para terra, o João Morcego, exausto, arfando de cansaço, encharcado… mas feliz.
O Gaivota não morrera ainda daquela! …
Choviam as perguntas e as recriminações.
-Por que diabo fez você isto?!
Você é doido, homem; arriscar a vida por um calhambeque que não vale nada, que já nem pode ir ao mar…
E o Tio João, entre soluções concordava:
-É verdade, já não pode ir ao mar... E eu também já não posso ir ao mar. " Não prestamos para nada... É talvez por isso que eu lhe quero tanto.
***
Ao outro dia não se falava de outra coisa.
Que loucura e que valentia a do Tio João Morcego!
E que amor ele tinha ao seu barco!
Os filhos e os netos resolveram dar-lhe uma grande alegria. Falaram com o Chico Calafate. O barco ia ser reparado; comprava-se um motor ainda em bom estado; o João - neto mais novo do velho Morcego - iria governá-lo...
É assim o coração dos homens do mar!
Pouco se aproveitou além da quilha e umas cavernas da proa. Mas uma manhã de Abril, passados seis meses, o Gaivota era de novo deitado-a-baixo para fazer-se ao mar, pintado de verde, como antigamente.
E o bom e corajoso velho, lá estava no Portinho do Meio, a levar o faquim ao neto e a desejar boa viagem e boa pesca, com lagrimazinhas a bulirem-lhe os olhos pequeninos -aqueles olhos que, quando era novo, viam de noite como nenhuns outros.Já com o Gaivota em andamento, o mestre, sorridente, gritou-lhe de bordo:
- Ó Avô, vossemecê está a chorar que nem uma varina?!
E o João Morcego, limpando os olhos à manga da camisola e sentando-se na borda de uma lancha, respondeu baixinho, como se falasse de si para consigo:
-É de contentamento... Não está mais na minha mão...
MARIANO, Vicente in “I Jogos Florais da Vila de Peniche” [Comemorações do 350º aniversário da elevação de Peniche e sede de concelho MDCIX – MCMLIX]
11:54 PM

segunda-feira, março 19, 2007

sábado, março 17, 2007

O PRINCIPAL E O ACESSÓRIO

A propósito da minha última postagem, regressei aos idos de 60. Em Maio de 1962, adquiri em Peniche na já desaparecida Livraria Cerdeira, um livro da colecção “Divulgação e Ensaio” da “Editorial Presença” que ainda hoje é um dos meus 10 mais. Refiro-me a “O EXESTENCIALISMO É UM HUMANISMO” do Jean-Paul Sartre. Este livro com mais uns 3 ou 4 tem a sua quota parte na responsabilidade da minha formação e evolução como homem de esquerda. Na altura eu estava a estudar há pouco mais de um ano em Lisboa. Irra que já lá vão 45 anos!!! Eu aproveitava então todas as oportunidades para ouvir em debates e colóquios organizados pelas mais diversas faculdades, as pessoas que hoje fazem parte do nosso imaginário colectivo. Refiro-me ao Jorge Sampaio (na altura Dirigente Associativo), ao Sotto Mayor Cardia, ao Virgílio Ferreira, ao Fernando Namora, e a tantos e tantos outros. Num desses encontros associativos, falando com alguém sobre como este livro me tinha perturbado, dizia-me essa pessoa que eu já não sei precisar quem foi: “- E leste o Prefácio? É do Virgílio Ferreira. Olha que em minha opinião é mais importante o que lá está, do que propriamente o que está no livro.” Fui para casa e pus-me a ler de uma assentado o que me foi recomendado. Digo-vos que se abriu em mim uma porta fantástica de clareza que nunca mais se encerrou. A partir desse momento os livros de Virgílio Ferreira durante muitos anos tornaram-se de leitura obrigatória.
Vem isto a propósito do que escrevi sobre a o “Restaurante “NAU DOS CORVOS” e um dos comentários que lá aparece. Refiro-me ao que o Hélder Blayer enviou com um conjunto de sugestões sobre o que aquele espaço poderia (deveria) comportar e que não resisto a re-publicar, dada a sua importância, bem mais pertinente do que a sugestão de demolição pura e simples que eu deixei:
“...andas-te a comprometer com votos por coisa tão pouca?. Bom, todo o meu discurso que se segue, será feito sem grande conhecimento da realidade actual da coisa, mas mesmo assim, arrisco: Deixem-se de interesses economicistas. Entreguem o espaço, mas com condições bem definidas, a cumprir. Exemplos e sugestões: A zona emquestão sem dúvida alguma, a melhor da cidade para observação de estrelas, astros e afins. Peniche tem muitos dias nublados? Tem. Mas tem outros muitos dias com excelentes condições para essa prática de observação que muita gente gosta. De dia, há possibilidade de observar um movimento marí­timo digno de registo. Há quem pague para ter acesso a isso. A Berlenga está perto: ofereçam-se condições para observação dailha. Crie-se um Centro Interpretativo Ambiental. Bela localização para ter um. Restaurante? Às tantas... Valência de bar, sem dúvida. Espaço cultural, porque não? E porque não juntar isto tudo? Nos Açores observam-se baleias e golfinhos. Já observei (infelizmente) na noite escura, um navio encalhado entre o cabo e a Nau dos Corvos. Há gente que paga para fotografar aviões. Outros existem que não se importam de pagarpara, com equipamento não muito caro, observar movimento marí­timo e uma ilha excelente a poucas milhas. Tudo, obviamente, acompanhado com informação credí­vel, do espaço, da sua história, da história da própria cidade, mas não da forma que sempre se faz: o folheto inerte. Há tanta tecnologia à disposição e tanto programa governamental e europeu com dinheiro para tais iniciativas. Entreguem o espaço a uma associação que se comprometa a fazer alguma coisa de jeito, nesse espaço. E que tal umbar decente ou discoteca, a funcionar durante a noite? Incomodava algum morador? Nem o hotel fantasma iria levar a mal. Aproveitem o bom que têm. Há tanta coisa que se podia fazer naquele espaço...A própria ESTM, que tanto queria envolver-se com a comunidade em que está inserida, não consegue interagir com a sociedade penichense? A Câmara, não tem capacidade para pensar e idealizar o que quer dali, sendo que poderia dar apoios e ajudar quem tivesse capacidade a ir buscar mais alguns, para se fazer daquele, um espaço nobre do concelho? Quando falo em nobre, não falo de pseudo-VIPs. Falo de projectos e ideias capazes de proporcionar a quem visita aqueleespaço, algo de diferente...”
Merece a pena meditar neste conjunto de propostas. Ou será que 50 anos depois não conseguimos dar melhor aplicação às coisas, do que aquilo que a Acção Nacional fez? A CDU não consegue fazer diferente e melhor que a União Nacional que Deus haja?
Penso que merece a pena repensar as coisas. Ou daqui a algum tempo não haverá quem acredite que mereceu a pena a mudança...

quinta-feira, março 15, 2007

CARTA ABERTA
À CÂMARA MUNICIPAL DE PENICHE

A NAU DOS CORVOS
Não. Não me refiro ao nosso “ex-libris” milenar. Refiro-me ao restaurante mandado construir há cerca de 50 anos na ponta mais ocidental de Peniche, no local onde em tempos existia o Posto Semafórico do Cabo Carvoeiro.
Obra do regime da época, atravessou ao longo do tempo vicissitudes várias, desde as péssimas utilizações ás borrascas mais violentas de temporais inesquecíveis.
Mandado edificar pela autarquia de António Bento foi sendo concessionado ao longo dos anos, embora a sua importância em defesa da Gastronomia de Peniche, tenha sempre ficado muito a desejar ao longo do tempo.
Encontra-se agora encerrado de novo e tanto quanto pude saber, irá abrir concurso para nova adjudicação ao seu funcionamento. O estado de degradação entretanto atingido é deprimente. Por fora podemos imaginar o que lá por dentro se pode encontrar. Algumas pessoas garantem-me que se abriram fissuras na sua estrutura, sendo que a viga central parece estar a ceder.
De novo a Câmara Municipal irá fazer novas obras que reponham condições de segurança e de funcionamento, para daqui a poucos anos voltar tudo ao mesmo. A minha proposta é que aquilo que ali está seja demolido definitivamente. No seu lugar seja criado um miradouro que permita uma visibilidade de toda a orla costeira que se estende de norte a sul. É fundamental que o Instituto da Água, mais o Ministério do Ambiente, por proposta da Câmara Municipal de Peniche assumam que o que ali está é uma aberração. É contra-natura. Do ponto de vista económico é um desastre para a Câmara Municipal de Peniche. Será sempre um sorvedoiro de dinheiro em recuperações, que nenhuma adjudicação irá saldar. (A propósito seria interessante saber-se, em quanto está aquele amontoado de detritos e, quanto a CMP já recebeu ao longo dos anos). E têm feito mais pela divulgação da cozinha tradicional de Peniche, outros restaurantes sem apoios significativos que este "monstro das bolachas".
Depois, do ponto de vista ambiental é um atentado grave à Natureza. Por último é perigoso do ponto de vista de segurança. Eu, estabeleço o seguinte pacto com a Câmara Municipal de Peniche. Se mandar limpar aquela casamata daquele espaço, eu voto na CDU nas próximas Autárquicas e comprometo-me a tudo fazer para que sejam reeleitos. Mais que isto não posso fazer. Este é o compromisso que eu assumo, para convosco e para com Peniche.

quarta-feira, março 14, 2007

O PASSADO E O PRESENTE – III
Olhar o futuro é rever no presente as marcas que o passado deixou em nós, ou na água, na pedra. Revisitar Peniche é escolher momentos de fruição só possíveis, quando me imagino a olhar o que o meu pai, avô, bisavô olharam antes de mim e que em mim projectaram de forma indelével. Regresso ao futuro com a mesma paixão e a mesma vontade de sentir o prazer do tempo em turbilhão a passar que outros fruiram. Torno-me então mensageiro e mensagem, receptor e emissor.

terça-feira, março 13, 2007

13 DE MARÇO DE 2007. PARABÉNS!!!
Faz hoje anos um amigo meu muito especial. Tão especial que cabe noticiar isso no meu Blog. Ontem perfizeram-se 9 anos que ele chegou a Peniche para trabalhar como assessor de imprensa da CMP. Para os menos atentos, estou a referir-me ao Hélder Blayer, que retornou às suas ilhas açorianas, após um período atribulado de vivência não com a nossa terra e com as nossas gentes, mas com aqueles que aqui, lá e acolá, fazem da política não uma arte para pôr ao serviço da comunidade, mas como um meio de se servirem a si próprios.
Para além de outras recordações pelo dia de hoje que entretanto irá receber enviadas pela família Costa, vai aqui uma que ele não está à espera. Fui à “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica” da sua (dele) conterrânea Natália Correia e escolhi estes versos surpreendentes de Augusto Gil. Sim! O tal “baladeiro” do “Batem leve, levemente...”. Conhecendo como conheço o humor caustico do Hélder, sei que ele vai rir com vontade ao ler o que lhe ofereço, por interposta pessoa.


NOITE DE NÚPCIAS Enquanto despia o fraque
junto ao leito de noivado,
escapuliu-se-lhe um traque
de timbre aclarinetado...

A noiva olhou-o de lado,
e pôs-se, com ar basbaque,
a remirar o bordado
das botinas de duraque...

Houve, após esse momento,
naquela noite de gala,
um duplo constrangimento.

E o noivo disse-lhe então:
“Oh filha, cú que não fala
é cú sem opinião...”

domingo, março 11, 2007

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Num dos dias da semana que agora termina, Manuel António Pina (que não sei quem é), dissertava sobre o assunto epígrafe no “Jornal de Notícias” escrevendo:
“A ministra promete agora “restituir” a autoridade às escolas. Pode imaginar-se o que isso quer dizer através do exemplo de autoridade já dado pelo CE (Conselho Executivo) da Escola EB 2+3 de Maceda (Ovar), que, no caso de uma professora pontapeada, mordida e ferida no couro cabeludo pela mãe de um aluno, decidiu... pôr um processo disciplinar à professora.”
Isto dito desta forma parece dar razão aos que afirmam que a indisciplina e a violência grassam nas nossas escolas de forma perfeitamente natural. Parece também dar razão aos que pensam que tudo quanto de negativo ocorre sobre esta matéria é culpa dos vários Ministros em particular e do Ministério da Educação em geral. O sr. Manuel Pina, opina, dando a subtil indicação de que o CE em questão é formado por mentecaptos loucos e perfeitamente idiotas. Isto sem que nós saibamos mais nada sobre o assunto, sem ser aquilo que o dito cujo sr. afirma. Ele não diz que foi levantado um processo de inquérito para esclarecer a ocorrência. Diz que foi levantado um PROCESSO DISCIPLINAR à professora. Mas se assim é, é porque o inquérito apurou que para além das culpas próprias da mãe do aluno, o comportamento da professora também é merecedor de um procedimento disciplinar. Mas eu estou a tentar adivinhar... visto que o “PINA”, sem nos dar elementos para poder ajuizar, coloca a professora como vítima, a mãe da aluna como agressora, o CE como formado por doidos varridos violentos e nazis. Assim mesmo. Os Tribunais portugueses têm muito a aprender com estes analistas de trazer por casa, que juntam as funções de polícias, juizes e jurados. Como seria fácil exercer a justiça neste país se tivéssemos mais Pinas.
Também não é referido na notícia que não há CE sem eleições e que se este exerce funções nesta Escola, é porque foram eleitos pelo corpo docente. Portanto, parece que este CE sendo mandatado pelos professores para exercer as suas funções mais não fez que ser igual ao grupo que lhe deu origem. Por último é de referir que as sanções disciplinares fazem parte obrigatoriamente do Projecto Educativo da Escola, que é aprovado por toda a população escolar. Se aconteceu o que o PINA opina, aquele Projecto Educativo deve ser uma fonte de formação das juventudes hitlerianas, na sua versão mais dura.Isto tudo é ridículo demais quando os ignorantes opinam. Os termos em que esta análise é feita, é má demais para ser levantada em conta.

sexta-feira, março 09, 2007

O Tempo: - O Grande Mestre
Um destes dias encontrei uma pessoa que me acompanhou alguns anos enquanto fui professor, e que me deu a novidade da extinção do Agrupamento das Escolas do 1º Ciclo e dos Jardins de Infância da Cidade de Peniche.
Dizia-me essa pessoa que eu tivera o grande azar de ter razão antes de tempo. Com efeito, a zona rural do Concelho de Peniche aproveitando a abertura da Escola EB-2.3 de Atouguia da Baleia, e os preceitos legais instituídos pela lei da Autonomia, iniciou um processo de colaboração entre Jardins de Infância, escolas do 1º Ciclo e a Escola do 2º e do 3º Ciclo, potencializando recursos humanos e materiais que conduziram com naturalidade à criação de um dos 1ºs Agrupamentos verticais existentes no País. Era nosso entendimento na altura, que só a existência de um Projecto Educativo ao longo do percurso escolar dos alunos desde o Jardim de Infância até à entrada no Secundário, poderia permitir o seu desenvolvimento integral com a insistência nos valores e saberes que fossem aceites consensualmente por alunos, pais e educadores. É claro que este não foi um processo fácil. Houve que vencer medos, hábitos e barreiras. Mas os maiores ataques a esta iniciativa até vieram de fora. De pessoas que longe do processo que há alguns anos se vinha desenhando desconfiavam de tudo. Dos outros. Dos seus privilégios que poderiam estar ameaçados, da mudança que ameaçava os “pequeninos e saloios tronos” onde se tinham instalado.
A Cidade de Peniche escolheu na altura em que foi desafiada, continuar a ser pequenina, dividida e saloia. 1º Ciclo e Jardins de Infância para um lado. Escolas do 2º e 3º Ciclo para outro. Numa terra onde todos se conheciam, optou-se pela divisão e pela satisfação dos pequenos egoísmos de 2 ou 3 pessoas, que não conseguiram perceber que o seu tempo já era. A Câmara Municipal na altura, presa também de pequenas trocas de favores pessoais e políticos deixou-se encurralar na criação destes pequeninos reinos de “pé-de-chinelo”. Gastou-se uma enormidade em dinheiro quando da recuperação da Escola nº1 para criar espaços adequados ao funcionamento aos serviços administrativos do novo agrupamento e aos locais de lazer dos reizinhos entretanto entronizados. Dividiu-se mais o pessoal administrativo. Adquiriu-se mais mobiliário e meios técnicos que já existiam noutras escolas.
Para agora ficar tudo obsoleto e ter de se reagrupar tudo de novo. Os meios físicos criados para o efeito, terão de ser reequacionados para outras funções de forma trabalhosa e criativa, mas nunca eficaz porque será sempre um remendo a sua nova utilização.
O que eu penso é que estas atitudes que custam dinheiro, esforço e actividade, sem proveito nem futuro que tanto custaram ao Estado e ao Município, deveriam ser contabilizadas e aplicadas em avaliação aos responsáveis. A incompetência e a inabilidade intelectual deveriam contar para a avaliação. Ou toda a vida havemos de andar a fazer e a destruir ao sabor destes eunucos do desenvolvimento.

quarta-feira, março 07, 2007

ATÉ QUE ENFIM!!!
(Para o Hélder e para o Penicheiro)
Já está. A arreliadora data de 2012 morreu definitivamente. Resta-nos ter e vida e saúde para lá chegar. A partir de agora não mais fico amarrado à praga odienta que me perseguia a mim e à máquina digital. Substituída a máquina espero que sejam felizes os novos motivos a fotografar. Infelizmente a prova provada do que afirmo não augura nada de bom. Não havia outro sitio para pendurar a faixa publicitária de pano que o cartaz electrónico. É de um mau gosto incrível. Ou as notícias do cartaz não tem interesse, ou têm. Se não há nada a noticiar para quê um cartaz? Se as notícias que importa divulgar são importantes, para quê ocultá-las com uma faixa de pano, que ondulando ao vento esconde o que lá está. Mas já que lá querem pendurar panos com informação adicional, (subtraindo a importância do essencial com o acessório), pendurem na ponte das faixas um peso para elas ficarem esticadas e se poder ler o que lá está. Decidam-se e felicidades para Peniche.

terça-feira, março 06, 2007

CLANDESTINAR NUNCA É MELHORAR
Em Vila Maria, ergue-se desde o início da década de 80 um Bairro (CARIII), sendo que na R. de Moçambique, por trás do Sporting Clube há cerca de um mês foi reformulada uma das moradias. Do que lá se fez deixamos aqui um registo.
Sabemos também que 3/4 dias depois de efectuada esta intervenção os serviços de fiscalização informaram a Câmara Municipal da ocorrência. Se hoje ela se mantém é por uma de duas razões. Ou foi rapidamente regularizada, aprovando a edilidade o novo projecto de arquitectura, ou as teias burocráticas (na era do simplex) são ainda de tal ordem que repôr a situação original vai ficar para depois das próximas eleições autárquicas. São coisas destas que perturbam o cidadão cumpridor da lei.
Seja qual fôr a razão está na hora dos restantes moradores deitarem mãos à obra e iniciarem também obras de beneficiação. No fim pode atribuir-se um prémio ao que melhor reformular a sua moradia. O prémio pode ter a designação de um qualquer técnico responsável da Câmara, também ele perito nesta matéria. Mãos à obra!

domingo, março 04, 2007

A PROPÓSITO DO ENCERRAMENTO DAS URGÊNCIAS DO HOSPITAL DE PENICHE


FOTO: H. BLAYER

PERFILADOS DO MEDO

Perfilados do medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.


Aventureiros já sem aventura,
perfilados do medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.


Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.


Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que na vida perdemos o sentido...
ALEXANDRE O' NEILL

sexta-feira, março 02, 2007

PONTE VELHA

Há já alguns dias que a Ponte velha se encontra em obras que acreditamos serem necessárias à sua consolidação. Ora essa via é utilizada diariamente por muita e muita gente, que por ali se desloca para sair as muralhas de Peniche sem ter de ir a Peniche de Cima ou à saída pelo Largo do Município. Trata-se pois de uma saída que descomprime trânsito do centro da cidade.
Compreendemos a situação e ficamos muito felizes pelo cuidado posto na segurança do nosso património edificado.
O que não aceitamos é que ninguém na Câmara Municipal se tenha lembrado de ali colocar um cartaz pedindo desculpa pelo incómodo, informando sobre a razão do corte de trânsito, as vias alternativas e dando uma indicação sobre o provável período de interrupção daquele acesso.
Quanto aos serviços técnicos da Câmara de uma maneira geral, não esperamos nenhum respeito pelos munícipes. São completamente insensíveis. Agora os nossos autarcas que normalmente até se dizem ao lado dos cidadãos contra a prepotência do “Poder”, desses esperamos mais e melhor. Façam diferente daqueles que os antecederam, para provarem que são melhores e que mereceu a pena a mudança.
A vida no concelho de Peniche não pára nas Urgências do Hospital. Há mais para além disso.

quinta-feira, março 01, 2007

O SANTUÁRIO DOS REMÉDIOS

Ao longo do tempo em que tenho tido a oportunidade de manifestar publicamente de qualquer forma os meus sentimentos por Peniche, o Santuário dos Remédios e o seu Adro, têm sido sempre prioritários na minha atenção.
O local é por todas as razões e mais uma, um bem a preservar e a cuidar de forma a que futuras gerações não sintam defraudadas pela nossa incúria. A razão a mais é que aquela zona é dos locais mais importantes da nossa península do ponto de vista ambiental.
Não vejo os ambientalistas de “trazer por casa” que por aqui existem neste burgo preocupados com o que quer que seja na defesa dos mais diversos atentados que aqui têm sido cometidos. E quando digo aqui, refiro-me a todo o nosso concelho. Iam agora preocupar-se com os impactos que determinados utilizações podem causar nos Remédios... Alguns até são profs da ESTM, não podendo alegar desconhecimento.
Para ilustrar este comentário azedo vejam as fotos seguintes.