«É um impressionante fenômeno que costuma ocorrer em cemitérios ou pântanos. De tempos em tempos, surgem misteriosas chamas azuladas, que aparecem por alguns segundos na superfície e logo depois somem sem deixar vestígios. Hoje, os cientistas sabem que esse fogo esquisito está ligado à decomposição dos corpos de seres vivos. Nesse processo, as bactérias que metabolizam a matéria orgânica produzem gases que entram em combustão espontânea em contato com o ar. "Ocorre uma pequena explosão e a chama azulada vem acompanhada de um estrondo que assusta quem está por perto", afirma o químico Luiz Henrique Ferreira, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Com tudo isso, não é de se espantar que o fenômeno alimente lendas de fantasmas, assombrações e almas penadas. No Brasil, ele deu origem a um dos primeiros mitos indígenas de que se tem notícia: o boitatá, a enorme serpente de fogo que mata quem destrói as florestas.
O fogo-fátuo chegou a ser descrito, ainda em 1560, pelo jesuíta português José de Anchieta: "Junto do mar e dos rios, não se vê outra coisa senão o boitatá, o facho cintilante de fogo que rapidamente acomete os índios e mata-os."»
Assim
é a realidade portuguesa. Um tremendo, imenso e assustador fogo-fátuo. Já
ninguém acredita em algo mais para além do que é imediato. Mesmo que fugaz.
Vão
(re)descobrir Herberto Hélder quando a sua postura de Homem já não afectar os invertebrados
que tomaram conta deste país. Festejamos o que não deixa rasto. Glorificamos o
que não deixa rasto.
Um
dia destes uma televisão transmitiu uma reportagem sobre um programa de
ocupação dos tempos livres para crianças no Oceanário. Uma menina feliz pelo
que tinha visto dizia que tudo aquilo lhe fazia lembrar “A menina e o Mar”. Que
lindeza tamanha. A Sophia deixou escapar uma lágrima no seu túmulo no Panteão
por tantos anos depois ver a felicidade que conseguiu transmitir às crianças. E
o seu sorriso ía na direcção da professora que tão bem soube ser a transmissora
do seu legado.
Isto
levou-me ao ódio que sinto pelo actual Ministro da Educação que ainda ousa
existir. Como se sente um ser politicamente abjecto como este senhor, subsistir
com o alarve sorriso que lhe emoldura o rosto tétrico?
Esperemos
para bem dos filhos dos nossos filhos que não passe de um fogo fátuo. E que tão
depressa a sua carne apodreça o seu rasto não passe de um momento fugaz.