quinta-feira, janeiro 31, 2008

PREPARATIVOS
Mobilizam-se meios, estruturas e trabalhadores, para dotar o centro da Cidade de Peniche de condições para os desfiles de Carnaval. A Festa vai ter o seu início amanhã, sexta-feira, com as crianças das escolas que vão já treinando o caminho.
O Hospital pode continuar. O Ministro mau foi embora. O Carnaval vai começar...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

BEATIFICAÇÃO DO BISPO DE MARIANA
O Jornal “O EMIGRANTE/MUNDO PORTUGUÊS” publica hoje 30 de Janeiro, uma notícia sobre o Bispo de Mariana, natural de Peniche, que aqui deixo na íntegra, para conecimento de todos os que leiam este blog.
“D. Viçoso: um homem à frente do seu tempo
No dia 13 de Dezembro, foi relançada na cidade histórica de Mariana, estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil, a campanha para beatificação de Dom António Ferreira Viçoso.
Português, natural de Peniche, foi bispo de Mariana entre 1844 e 1875 e a sua memória permanece «viva», pelo seu humanismo, a luta contra a escravatura e as preocupações com a educação e o meio ambiente.
O processo para a beatificação de D. António Viçoso - um homem e um religioso considerado «avançado» para o seu tempo - foi relançado em Dezembro, na cidade de Mariana. O autarca local, Celso Cota, participou na Igreja da Sé, da missa solene de campanha para beatificação, presidida por D. Geraldo Lyrio Rocha, presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, e concelebrada por diversos padres da arquidiocese. No mesmo dia, foi realizada a sessão inaugural do processo para examinar o milagre de Dom Viçoso a favor do padre Célio Dell´Amore. Uma fase que deverá terminar com o título de beato a ser conferido pelo Papa, caso o milagre seja reconhecido científica e canonicamente.
De Peniche para Mariana

António Ferreira Viçoso, religioso lazarista, nasceu em Portugal a 13 de Maio de 1787. Aqui concluiu os primeiros estudos e ordenou-se padre. Aos nove anos foi confiado aos Padres carmelitas do Convento de Olhalvo, para formação e estudos básicos. Dois anos depois foi enviado para o Convento de Santa Teresa, dos mesmos padres, em Santarém. Ordenado sacerdote em 1818, foi enviado a leccionar em Évora. Um ano depois, os superiores escolhem-no para acompanhar o padre Leandro Peixoto e Castro, para as missões no Brasil. Tinha 32 anos quando desembarcou.
O historiador brasileiro Maurílio Camello refere que D. Viçoso "identificou-se com o povo brasileiro que amou extremosamente". "Foi, entre nós, padre missionário, educador da juventude, defensor dos direitos da Igreja, protector dos escravos e dos órfãos", escreve ainda o historiador.
Nomeado bispo de Mariana, em 1843, ao longo de 31 anos desenvolveu naquela cidade um importante trabalho pastoral: reformou o clero, animou a vida religiosa da sua extensa diocese, construiu casas de educação e asilos. Preocupado com a rudeza da população, mandou buscar em Paris, em 1848, as Filhas da Caridade, educadoras francesas, para criar em Mariana o primeiro colégio feminino de Minas Gerais. O bispo português justificou a iniciativa com a afirmação de que "somente educando a mulher, oferecendo-lhe uma boa condição cultural, é que teremos uma sociedade mais civilizada e preparada para dar à pátria cidadãos completos". "Não vos esqueçais de que a mulher, sobretudo a mãe, será sempre a primeira mestra", destacou ainda.´

Contra a escravatura

Baseado no seu ideal de justiça que pressupõe a igualdade entre todos os homens, D. António Viçoso afirmou-se abertamente contra a escravidão. Entre outras iniciativas escreveu, em 1840, o texto «A escravatura ofendida e defendida» que lhe rendeu uma longa inimizade com seu primeiro companheiro no Brasil, o padre Leandro Peixoto, favorável à escravidão. R. M. Assis, na obra «Memorandum 11» (2006), explica que "para o lazarista, se Cristo institui a igualdade entre os homens, amando do mesmo modo os pescadores, os ricos, as crianças, as prostitutas e os cobradores de impostos, então a escravidão não deveria existir." Para o historiador Maurílio Camello, homens como D. Viçoso "pairam muito acima de tempos e lugares. O professor, licenciado em História do Cristianismo pela Universidade Gregoriana de Roma, sublinha ainda que a cidade de Mariana e o estado de Minas Gerais, orgulham-se "com fundadas razões", terem tido o religioso português "como educador e pastor" por mais de 30 anos. "Seus pés missionários palmilharam incansáveis, todos os caminhos de Minas, visitaram remotos lugarejos, procuram, sem discriminação, a todos que dele precisavam, em especial os pobres e os que padeciam da verdadeira sede de Deus".
D. António Viçoso morreu em Julho de 1875, aos 88 anos. O seu túmulo encontra-se na cripta da Catedral Basílica de Mariana.”

terça-feira, janeiro 29, 2008

MINUDÊNCIAS
A ONG (Organização Não Governamental) inglesa REPRIEVE, vem num relatório afirmar que, 728 de 774 prisioneiros dos EUA em Guantánamo foram transportados sob jurisdição portuguesa.
Estes prisioneiros estão desde 2002 submetidos a tortura, sem direito a assistência dum advogado, tudo em nome da defesa da liberdade dos EUA.
Já a deputada europeia do PS tinha denunciado esta situação ao PGR, sem que até hoje se saiba o que quer que seja desse processo. Na Assembleia da República a maioria PS com a conivência do PSD inviabilizaram um inquérito parlamentar.
O preço da eleição de Durão Barroso para presidente da união europeia foi pago em Guantánamo. Em Lisboa não se ouvem os gritos dos torturados. Nem no Largo do Rato ou na Lapa.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

MEMORIAL DA BERLENGA
Em 1932 o Prof. Dr. Varela Aldemira, decide passar dois meses de férias nas Ilhas Berlengas. Desse estar consigo próprio, foram resultando rabiscos de letras e desenhos que foram enchendo os cadernos em branco levados de Peniche para as ilhas.
No fim nas ceu um “livro” a que chamou “MEMORIAL DA BERLENGA”, que constitui uma memória indelével do que a voracidade do tempo e dos homens foi corroendo.Achou durante muito tempo o autor que não seria publicável. Até que em 1956 se decide a dar-lhe a luz que só a publicação pode oferecer. O meu pai adquiriu-o na Livraria Cerdeira e eu foi dos primeiros livros de viagens que li. Apaixonadamente.
O que então li ficou a martelar-me no meu disco fixo. Penso que não há nada escrito sobre as Berlengas até hoje, tão belo e comovente. Tão envolvente e tocante.
É um livro que se lê como quem vê.
Respingo da NOTA PREAMBULAR o trecho que se segue: “Berlenga saudosa! Nunca mais te verei, agreste e bela, selvagem no acolhimento, abençoada pelo isolamento, povoada de asas no azul, a Fortaleza defendida por um só veterano, José Morgado, filósofo metatético na sua original transposição de sílabas, que Deus tenha em santa Glória!...”
O que pretendo com esta publicação? Deixar uma sugestão e um pedido ao Executivo camarário. Publiquem uma segunda edição do MEMORIAL DA BERLENGA. Não sei se o Autor ainda estará vivo. Mas com ele ou com os seus herdeiros, não seria difícil conseguir essa reedição. Quando se fala de uma Berlenga sustentável, era bom que se pensasse em homenagear quem a viu e descreveu como a Natureza a criou.
Não peço nada para mim. Peço para o futuro de Peniche que não se esqueça o seu passado. Em nome dos nossos filhos.

domingo, janeiro 27, 2008

Juntei-me um dia à flor da juventude
partindo para Angola no Niassa
a defender eu já não sei se a raça
se as roças de café da cristandade

a minha geração tinha a idade
das grandes ilusões sempre fatais
que não chegam aos anos principais
por defeito da própria ingenuidade

a guerra era uma coisa mais a Norte
de onde ela voltaria havendo sorte
à mesma e ancestral tranquilidade

azar de uns quantos se pagaram porte
esses a que atirou a dura morte
diz-se que estão na terra da verdade

FERNANDO ASSIS PACHECO
Respiração Assistida

sábado, janeiro 26, 2008

AVENIDA DO MAR
Existem edifícios em Peniche que trazem à baila memórias inesquecíveis. Constituem assim o nosso Património edificado, ainda que relativamente recente. E porque a preservação dessas memórias não tem sido tão atenta e eficaz como deveria ser, os poucos casos que nos restam, devem ser aplaudidos sobretudos quando sujeitos a obras de beneficiação e restauro, mantendo-lhes visível o que nos toca mais fundo.
A Avenida do Mar que tão humilhada foi, parece ter acordado finalmente para essa causa nobre. As fotos que se seguem são o registo disso mesmo.
A primeira foto tem à volta de 50 anos, onde se regista um facto que no contexto desta crónica passa a 2º plano, pois aqui o que importa é a moldura e não o objecto da foto. As outras fotos são as da recuperação agora feita que enobrece quem a fez e quem a defendeu.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

URGÊNCIAS EM PENICHE…
…TUDO COMO DANTES
Transcrevo o COMUNICADO do Ministério da Saúde sobre este assunto:
“O Ministro da Saúde recebeu esta manhã (22.01.08) o Presidente da Câmara Municipal de Peniche, Dr. António José Correia, para apreciação da situação do Hospital São Pedro Gonçalves Telmo, quer quanto ao seu desenvolvimento geral, quer quanto à sua integração num conjunto hospitalar mais vasto, quer quanto à organização dos serviços de urgência/emergência.
Da reunião havida, resultou acordo que se define nos termos seguintes:
1. A Câmara Municipal e o Ministro da Saúde acordaram no desenvolvimento do Hospital para melhorar a cobertura das populações da sua área de referência. Entre outras melhorias, será desenvolvido o actual Serviço de Ortopedia e Fisiatria, será criada uma Unidade para Cirurgia de Ambulatório e serão reconvertidas camas disponíveis em Unidades de Cuidados Continuados (CCI). Serão também desenvolvidas consultas externas de especialidade, com o apoio dos Hospitais mais próximos.
2. A Câmara Municipal de Peniche e o Ministério da Saúde, através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, desenvolverão todos os esforços no sentido de ampliar e qualificar a rede de cuidados de saúde primários no Concelho, constituindo Unidades de Saúde Familiares (USF) que aproximem o cidadão do sistema de saúde e aliviem o Hospital da excessiva procura de cuidados primários, que hoje regista.
3. O Hospital será integrado no futuro Hospital do Oeste Norte, a constituir, sob a forma de Centro Hospitalar, o qual reunirá os estabelecimentos de Caldas da Rainha (hospital geral), Alcobaça e Peniche.
4. Até à abertura do novo Hospital do Oeste Norte, o Hospital de S. Pedro Gonçalves Telmo manterá o Serviço de Urgência Básica (SUB), integrando-se na respectiva rede.
O presente acordo será objecto de protocolo a celebrar brevemente, entre a Câmara Municipal de Peniche e o Ministério da Saúde.”
Lisboa, 22 de Janeiro de 2008
São boas notícias? Espero que sim.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

AO CORRER DA PENA
Algumas pessoas cruzam-se comigo na rua e sugerem-me temas abordáveis em crónicas. Desde logo queixas ou afins. Não é fácil dizer a alguém que meio caminho andado para a impotência da escrita é a imposição de um assunto. Escrever é sempre solitário. Intímo.
É claro que havendo uma capacidade pessoal para a escrita, ela pode ser desenvolvida de forma mercenária. Mas o “Prazer do Texto” como diria Barthes, perde-se aí definitivamente. E o que sai pode ser uma encomenda, um acto acto protestativo, só que não pernite estabelecer a fruição. foto H. Blayer
O prazer da escrita, que a torna possível, desejada e desejável, está no fervilhar que se estabelece entre quem escreve e o acumular de símbolos que vão surgindo à medida que tudo se torna claro.
Escrevo porque sim e não porque me pedem. E há textos que a quem lê não surgem assim tão belos como a quem os escreveu. Não é por isso que são menos belos. E são esses que tornam possíveis os outros. Os que geram polémica ou adesão.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

PAPÉIS VELHOS
A arrumação de gavetas onde se acumulam recordações, traz sempre coisas surpreendentes. Desta vez foram dois conjuntos de horários, um de “Capristano & Ferreira, Lda” e outro do “João Henriques dos Santos”. As recordações assaltaram-me em catadupa. O tempo em que eu estudava em Lisboa. O Jorge Machado, o “Parina”, o “Joca” Miranda. E tantos outros. O tempo em que só se vinha a Peniche nas férias. Ou então em situações muito especiais. Íamos nos finais de Setembro e regressávamos de férias em Dezembro.
A viagem para Peniche era uma aventura. Vindo pelos Capristanos, se saíssemos às 17,30 de Lisboa, chegávamos a Peniche às 21,10. Se o “auto-car” a apanhar fosse o do João Henriques das 18,00 horas, a chegada a Peniche seria às 21,55. Como nunca vinha a horas…Esta última carreira passava em todas as terrinhas possiveis e imaginárias. Dois Portos, Runa, A-dos-Cunhados, Vimeiro, Toledo, S. Bernardino. Era um calvário de viagem. Depois haviam as situações caricatas. Quando chegávamos a Torres todos nós fugíamos da parte de trás da camioneta, para não ter que suportar o cheiro nauseabundo a peixa que a nossa conterrânea Palmira “paleca” trazia para o carro com ela. Pessoas chegavam a ficar agoniadas com o odor nauseabundo.
Quando víamos as luzes de Peniche ao longe, era como se uma salvação nos esperasse. Peniche ficava mesmo no fim do mundo, naquele tempo de estudar que os papéis velhos me trouxeram à memória. Como é que se explica aos nossos filhos o que se alterou?

domingo, janeiro 20, 2008

A APLAUDIR
O trabalho realizado pelo promotor. O cuidado da autarquia a exigi-lo. Começam a surgir na Av. do Mar outros exemplos que em breve aqui iremos dar a relevância que merecem. O nosso património merece que isto aconteça.

sábado, janeiro 19, 2008

COZINHANDO…
Enquanto uns curtem francesinhas, outros curtem o poder e o acesso que le dá ao dinheiro, ao estatuto social, ao que representa a vã glória que o tempo apaga.
PS e PSD os tais dois partidos que aparentemente são rivais, já dividiram entre si quase tudo. A Justiça, as Escolas, os Hospitais, os Bancos e agora o Poder Local.
Aprovaram na Assembleia da República a divisão entre si o exercício das Autarquias. O pouco que não estava completamente nas suas mãos, fica agora resolvido. E nós assistimos impávidos e serenos a este “fartar vilanagem”.
Exercício: - Digam lá meus senhores o que vai acontecer à CDU em Peniche?

sexta-feira, janeiro 18, 2008

BELENENSES: - O FIM DO MITONestes últimos dias, os que ainda vão tendo paciência para os telejornais, assistiram incrédulos aos comportamentos de uns (umas) quantos (as) energúmunos (as), que se acotevalavam, gritavam possessos, corriam, brandiam chapéus de chuva, agrediam um dos seus caído em desgraça. Só se ouviam as vozes e os impropérios e vislumbravam-se as figuras impantes da sua agressividade.
Quem gosta de futebol ou pelos menos o suporta, não deixa de ser significativo que isto se tenha passado para os lados do Belém. Os Belenenses eram figuras simpáticas e acolhedoras. Podia-se ser contra este ou aquele, mas todos eram a favor dos Belenenses.
Todos queríamos sempre que o Belenenses ganhasse, excepto quando jogava contra os nossos.
O que aconteceu deitou por terra este paradigma. Afinal os de Belém são iguais aos outros. Acabou-se a simpatia e o sorriso. Ser do Belenenses já não é desculpa para nada.
Esta situação verídica deveria ser pensada por quem anda a fazer coisas. Quando menos se esperar, até os nossos nos vão dar umas quantas chapeladas. Não vai haver porta…nem janela que se abra para escapar a quem tanto cuspido no prato em que come.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

A VERDADE DA MENTIRA
O anedotário político nacional não esquecerá nunca, algumas tiradas que nem precisam de “Fedorentos” para terem graça.
O PIB de Gueterres, o Valentim Loureiro apelando ao voto no Gueterres e o “Jamé” do ministro Mário Lino.
Afinal o Aeroporto vai para o Deserto a Sul do Tejo. O Oeste continuará a ser a pátria dos “cowboys”, não votamos para a Europa, estamos todos mais pobrezinhos e o Sócrates lá vai cantando e rindo. Ah! O líder do maior partido da oposição vai para produtor de debates das televisões públicas e privadas.
O estado mental português está a atingir o superior limite da caducidade.

terça-feira, janeiro 15, 2008

O ANO DO RATO
Quando 2008 ainda se vislumbrava só no horizonte e já em minha casa se preparava a festa. Estávamos no Ano do Porco (figura que representa o nascimento da minha filha) e íamos entrar no Ano do Rato, signo chinês da minha mulher. È claro que tal como ofereci à minha Maria o swatch do porquinho, pedi ao meu cunhado para mandar vir o do Rato, para para oferecer à Anita.
Bem disposto estava eu com os signos chineses da minha família, eis senão quando apanho um susto de morte. Como sabem nas últimas décadas temos sido particularmente beneficiados no mundo contemporâneo, com a sucessão de chefes da Igreja que se têm notabilizado na defesa do Homem como figura central da Sociedade. Até que aparece este Ratzinger que a pouco e pouco, pé ante pé, tem vindo a colocar em causa a luta pela Justiça Social. É um indício aqui, uma missa que passa a ser em latim mais ali. Agora surgem mais dois indícios perturbadores. O ratazana passou a celebrar a missa de costas para o povo de Deus. Se calhar para não se distrair com as pessoas. E a última, a sua afirmação de que “na época de Galileo, a Igreja foi mais fiel à razão que Galileo”.Foto "El País"
Eu lembro-me de ele ter posto em causa a humanidade do povo árabe. Agora vem esta reposição das medidas da Inquisição contra Galileo. O ratzinger ou ratazana, ou lá o que ele é, vai por maus caminhos. Nem ser papa, o livra de um enxovalho não tarda. E para uma Igreja que nos ofereceu João Paulo II e João XXIII, parece que as coisas não estão a ser particularmente felizes neste Ano do Rato. Deus nos valha.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

BANDEIRAS ESFARRAPADAS
Numa notável entrevista ao jornal “Público” de ontem, Medeiros Ferreira põe o dedo na ferida do problema que se coloca a todos nós. Trancrevo na íntegra a pergunta e a resposta:
Público – Há pouca esquerda neste PS?
Medeiros Ferreira – Só poderemos medir o impacto deste modo de governação quando o PS voltar à oposição, com as bandeiras completamente destroçadas. Os efeitos serão desastrosos para o futuro do PS quando isso acontecer. A não ser que o PS se transforme num partido mexicano de reprodução permanente no poder. Então essa política está certa.
Desafio os que isto lerem aqui, ou que leram a entrevista no Público a fazerem o necessário “transporte” para a realidade local e a tentarem perceber o que se passa com este arremesso de PS em Peniche.
O que aconteceu após a sua derrota eleitoral nas últimas autárquicas.
E a razão dessa derrota.
E porque tão cedo o PS não voltará a ser o partido político congregador da esquerda e de um ideal de Liberdade e Democracia com quem a maioria dos cidadãos se identificava.

domingo, janeiro 13, 2008

CRIME
Se há dias em que me custa escrever e publicar, hoje é um deles. Nada me fazia crer que hoje iria fazê-lo. O que vi é demasiado grave para calar. Levanta-se em mim um grito de indignação e revolta. Depois, o que aconteceu foi feito num sábado à tarde. Isso é revelador de que as pessoas que o fizeram, tinham consciência da gravidade daquilo que iria fazer.O que me indigna mais é que tudo foi feito com a presença de inúmeras pessoas e nem uma se tenha dado ao trabalho de questionar o que aconteceu. Peniche vive na impunidade perante ocorrências que as pessoas sabem ser criminosas, e na passividade de quem assiste que é incapaz de travar os atentados que se fazem ao bem comum.
Na Avenida das Escolas, no espaço de jardim do prédio que se vê na foto, erguia-se uma palmeira com mais de 8 metros de altura.Alguém contratou alguém para num sábado à tarde cortar aquela árvore frondosa e maravilhosa. Do que lá existia só resta agora um coto desforme e sofredor. Peniche é mais uma vez vitima de si própria e do estado aculturado a que chegámos. Onde estão os ambientalistas?
Onde estão os professores e professoras que residem ali à volta?
Onde estão os técnicos da Câmara Municipal que por ali residem ou passam?
Que esperança para esta terra? Eu sei que vem aí o Carnaval. Eu sei que as cégadas do aeroporto e dos “Prós e Contras” são mais importantes. Eu sei que nada disto merece a pena. Eu sei que este Domingo merecia ser mais alegre, apesar da chuva e do vento e do frio.

sábado, janeiro 12, 2008

PESCA, PESCADORES e… OUTROS Foto de H. Blayer
No tempo em que Peniche fervilhava com a actividade da pesca, em que a Ribeira era o caos molecular perfeito, em que o chicharro preateado apetecia assado na brasa, em que a chaputa ia para o guano…
No tempo em que as fábricas de conserva trabalhavam até às tantas e as mulheres e raparigas que lá operavam passavam no largo do jardim com o cheiro caracteristico que tantas vezes serviu para trocas de palavras mais acaloradas com os mirones mais afoitos…
Para alguns começava nas horas de descanso da faina a sua lide. E sem descolar os olhos e a atenção do seu labor, íam repondo como Penélope as teias que o suor tece. Recordar atadores e atadeiras na Ribeira consertando as redes ao sol, é pegar num pincel e restaurar uma obra-prima que o tempo e a Comunidade Europeia consumiram para sempre.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

A MISSA DAS ALMAS

No início do ano fui, tal como vai acontecendo nos últimos anos, ao Cartório Paroquial marcar as missas por alma dos mortos da minha família. A propósito disso veio-me mais uma vez à memória a minha avó Guilhermina. A tal dos caixões de quem já aqui falei. A minha avó “Baterremos” tinha o tradicional hábito das penicheiras velhas, que era ir à missa das almas a S. Pedro.
Esta missa “rezava-se” às sete horas da manhã. Como a minha avó era muito “caneja” era com alguma dificuldade que nos seus últimos anos de vida se deslocava. Passou então a ser minha obrigação servir de bengala à minha avó, para a missa das almas e para o seu regresso a casa.
Naquele tempo não havia Internet, nem sequer televisão. Deitáva-me cedo e levantar cedo não era um sacrifício por ai além. O mais perturbante era o lusco-fusco que se fazia sentir ao longo do percurso de ida e o aspecto tétrico da Igreja de S. Pedro àquelas horas, com tudo o que era gente velha e de xaile rezando orações bafientas e assustadoras para um menino de 8/9 anos.
Vá lá que de vez em quando o ambiente era animado com a chegada no final da missa das pessoas que vinham assistir a mais um casamento marcado em condições quase clandestinas para aquela hora. Naquele tempo realizavam-se casamentos no final da missa das almas. Era o casamento das grávidas. Mulher que ficasse grávida antes do casamento e cuja barriga se notasse, era certo e sabido que casava de madrugada para não servir de “vergonha” à família.
E eu já sabia que dia em que houvesse casamento na missa das almas, havia falatório em casa da minha avó. Hoje penso que devia haver gente que ia à missa das almas, só para poder ter assunto para mais umas horas. Aqui para a gente sempre vos digo que também a minha mãe casou na missa das almas, já que o meu pai não era pessoa para deixar as coisas por fazer.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

No tempo em que Deus criou todas as coisas,
criou o sol.
E o sol nasce, morre e volta sempre.
Criou a lua.
E a lua nasce, morre e volta sempre.
Criou as estrelas
e as estrelas nascem, morrem e voltam sempre.
Criou o homem.
E o homem nasce, morre e não volta mais.

Denka – Baixo vale do Nilo
In a Oração dos Homens

terça-feira, janeiro 08, 2008

"PRÓS E CONTRAS" e...
SORAIA CHAVES
Confesso que não vi, nem ouvi, com olhos de ver e ouvidos de ouvir o programa de ontem à noite na RTP1. A discussão era em torno das Urgências Hospitalares em certos períodos do dia, (ou sendo mais correcto, à noite) em localidades como Peniche.
Estes programas entre autarcas e governo, servem os interesses de todos mas não servem para ultrapassar as guerrilhas institucionais.
O Governo justifica-se, reafirma os seus nobres propósitos e procura credibilidade para as suas acções.
Os aurtarcas falam para os seus eleitores mais do que para si próprios ou para o Governo. Tentam justificar com a defesa cega das populações do seu concelho, as razões profundas para mais uma reeleição no próximo combate eleitoral em que se virem envolvidos.
Os utentes são representados por alguns que ganham assim o protagonismo que de outro modo lhes fugiria entre os dedos, e quem sabe ganhar assimn a possibilidade de um lugar à mesa do “Grande Refeitório Nacional”.
A RTP ganha protagonismo, audiências e a possibilidade de auferir rendimentos suplementares no banquete da Publicidade.
No fim todos acabam como começaram. Com a certeza de que a TV os transmitiu e que tiveram o seu minuto de fama.
Só não percebo o que lá fazem as claques que nem ao menos se manifestam. Vi lá pessoas que não percebi de todo a sua presença. Se no seu burgo entram em todo o lado mudos e saiem calados, que teriam ido ali fazer? As claques têm um papel bem defenido. Aqueles que eu lá vi a assistirem àquela cegada, mais me pareciam múmias paralíticas. Não sei se a sua presença ali motiva alguém a votar neles no futuro. Espero bem que não. A Soraia Chaves é bem mais interessante que aquela gente.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

E AÍ VAMOS NÓS
Cinzentismo, conformismo, clientelismo, apatia, passividade, anestesia, partidocracia, resignação, acordo, consenso, medo, dependência…

sábado, janeiro 05, 2008

FRANCESINHAS Neste sábado de Inverno, com aquela chuva estúpida que nos faz sentir bem no calor da nossa casa, lembrei-me de vos dar uma receita que aprendi com uma amiga radicada há muito no Porto.
É um prato riquissimo em calorias, pelo que nesta fase a seguir às Festas não é dos mais aconselhaveis. Mas que sabe bem é indesmentível. Substitui com vantagem uma refeição. O segredo está no Molho, já que a tosta que serve de suporte depende do gosto de cada um.
Para a tosta de 2 ou 3 fatias é indespensável que o queijo esteja sempre presente entre cada duas fatias. Prefiro o presunto ao fiambre. Há quem faça o seguinte exercício:
Fatia de pão; presunto; fatia de tomate; queijo; Fatia de pão; presunto; bifana fina; fatia fina de tomate; queijo; Fatia de pão.
O recheio depende do gosto de cada um. Esta é só uma sugestão.
Leva-se à tosteira comprimindo ao de leve. Quando pronta coloca-se no prato e há quem ponha por cima da tosta um ovo estrelado antes de regar abundatemente com o molho.

E agora o segredo:
MOLHO DE FRANCESINHAS
1ª Fase
1 cebola
1 alho
Salsa
Aparas de presunto, fiambre ...
1 colher de café de piri-piri
1 colher de chá de colorau
2 colheres de sopa de massa de tomate
Cravinho em pó q.b.
Misturar bem. Levar a lume brando. Deixar puxar bem

2ª Fase
2 Brandys
1 Porto
½ litro de vinho branco
Ferver durante 5 min em lume brando e em seguida bater com a varinha

3ª Fase
3 colheres de sopa de farinha de trigo desfeita em água
Juntar e ferver durante 10min

4ª Fase
1 colher de sopa de margarina
Molho Universal q.b.
1 chávena de café com cerveja
Mexe-se e deixa-se levantar fervura

Está pronto a colocar-se sobre a tosta que se serve em prato raso com faca e garfo

sexta-feira, janeiro 04, 2008

MARCA “PENICHE”
De vez em quando alguém (politicamente falando) decide fazer uma “gracinha”. É sempre alguém que se debate no marasmo das oposições. Lembra-se então de alguma coisa que enquanto a sua organização foi poder nunca se lembrou. Nada melhor que perder a capacidade de decidir para se tornar criativo e “idiota” (cheio de ideias). Normalmente são apresentadas por vereadores derrotados com aspirações a tornarem presidentes de câmara e que perante as suas hostes têm de justificar a razão porque são candidatos.
Mas não pensem que as ideias são apresentadas de forma consistente e sustentada. Que são apresentadas na Câmara Municipal em reunião que obrigue a que uma recusa ou uma aceitação comprometa todos. Ou numa reunião da Assembleia Municipal para, sendo aprovadas, constituirem uma base de trabalho a apresentar ao executivo municipal.
Como estas ideias não passam de fogos fátuos, não têm que ter suporte económico, nem componentes de planificação ou organização no quadro do Plano e Orçamento.
Façam isto, e aquilo e aqueloutro. Estas propostas são publicitadas em jornais(?) com uma difusão diminuta, o que permite que com o tempo as propostas se possam esquecer e não comprometer quem as fez.
A marca “Peniche”, com o mar a dar-lhe um toque a sal e com a descoberta extraordinária de que somos banhados pelo Oceano Atlântico, são a última grande descoberta de quem teve de sair os portões para se descobrir finalmente no Turismo. Mas nada é como gostaríamos. Tal como o Lisboa-Dakar, o regresso por mar não será possível. É que ali só a meia dúzia que vive nas Berlengas poderá votar. Com um acto de contricção pode ser que a frustação passe.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

2008
Pronto. Chegámos cá. O que nos espera pertença ao Reino da futurologia. Desejos não faço. Tornam-se maiores as frustações. Quando eu era pequenino recordo que o ano 2000 era uma meta inantígivel... Deixo-vos com Alexandre O’Neill. É mais do que alguma vez qualquer um de nós pode esperar. CANÇÃO
Que saia a última estrela
da avareza da noite
e a esperança venha arder
venha arder em nosso peito

E saiam também os rios
da paciência da terra
É no mar que a aventura
tem as margens que merece

E saiam todos os sóis
que apodreceram no céu
dos que não quiseram ver
-mas que saiam de joelhos

E das mãos que saiam gestos
de pura transformação
Entre o real e o sonho
seremos nós a vertigem