terça-feira, outubro 30, 2007

LIVRO QUE RECOMENDO
“A HISTÓRIA DA PIDE”
De Irene Flunser Pimentel
Edição do Circulo dos Leitores/Temas e Debates
2007
632 Páginas
€26,95Imperdível. Para a história que temos obrigação de conhecer e transmitir. Trata-se da tese de doutoramento da autora a partir dos Arquivos da PIDE depositados na Torre do Tombo. Teremos uma visão da polícia política como instituição. Os seus procedimentos na luta contra os adversários do Regime. Os métodos que utilizava e a sua acção em todos os aspectos da vida dos cidadãos. Os informadores.

segunda-feira, outubro 29, 2007

O SENHOR JOÃO E O SERVIÇO DE URGÊNCIAS
Conheci-o nos últimos anos deambulando entre o “Café dos Pescadores” e a “Duna” em Peniche de Cima. A pouco e pouco fui sabendo pormenores sobre ele que são importantes para dar sentido ao título de hoje.
O Sr. João foi um dos muitos que o Minó foi trazendo para Peniche e a quem deu emprego ao longo do tempo. Não se lhe conhece família. Ao que parece também trabalhou para o Zé Nicolau (pai). Viveu durante muito tempo num compartimento do pátio da fábrica do Minó. Quando esta faliu e foi vendida passou para uma casita da rua da Piedade, perto da Rua da Alegria. Tem uma reforma de miséria que mal lhe dá para pagar a renda da casa e a comida com que vai subsistindo. Não tem médico de família. Está em lista de espera. As pessoas que o conhecem vão-se preocupando com ele à vez.
Nos últimos dias apareceu a coxear. A actual dona da “Duna” interessou-se pela situação e levou-o ao Hospital. Foi tratado nas Urgências e lá veio para casa. As pernas apresentam feridas recentes e mais antigas que têm tido alguma dificuldade em sararem.
Não se sabe se é diabético ou não. Nem isso foi verificado.
O Sr. João faz parte do grupo dos velhos reformados que vivendo isolados, o melhor que lhe pode acontecer é morrer de repente e sem sofrimento. É daqueles que vivo, só incomoda e chateia. O Estado não quer saber dele e dos outros como ele. Só dá despesa e serve de exemplo sobre a miséria da Assistência Social que temos.
Andam para aí com abaixo assinados espúrios a pedir que as Urgências do Hospital não encerrem à noite, quando existem pessoas sem médico de família. Velhos que vão morrer ao “Deus-dará” sem que quem devia sinta vontade de lhes dar na recta final da sua vida um pouco da dignidade que lhes faltou desde sempre.
O Sr. João deu-me mais uma vez o exemplo daquilo que seria tão mais importante que as forças políticas atendessem quando estão a falar de saúde. Estas “guerrinhas de merda” só servem os politiqueiros. Não interessam ao bem-estar das pessoas.
Se calhar está na altura do Henrique Bertino começar a pensar de em vez de fazer o trabalho que compete a quem tem dinheiro para o fazer, começar a dedicar a sua energia e os fundos da Junta, para actividades de carácter social. O Desemprego vai ainda subir durante mais 2/3 anos. Não interessa de quem é a culpa. Vai ser assim. A miséria vai atingir cada vez mais pessoas. Sobretudo os velhos e órfãos. E vai atingir sobretudo os que têm vergonha de dizer que estão com problemas. As reformas vão ser cada vez mais exíguas para as necessidades das pessoas.
Vamos precisar de ajudar muita gente. Encaminhá-los. Ajudar a desbloquear situações no Centro de Saúde. No Hospital. Junto da Segurança Social. Porque não contratar ainda que temporariamente alguém com formação e sensibilidade nesta área para apoiar os nossos velhos e crianças. EU DISSE ALGUÉM COM SENSIBILIDADE. Estou farto de assistentes sociais que se dizem técnicos e que tratam as pessoas como se fossem matéria-prima. AS PESSOAS SÃO PESSOAS. E precisam de ser tratadas como tal. Ou então deixem-nas morrer ou entregues às boas vontades.

sábado, outubro 27, 2007

GENTE COM COLUNA VERTEBRAL
Num tempo em que cada um se adapta às circunstâncias para poder com isso obter os dividendos que almeja, sejam eles financeiros ou de influência pessoal nos bastidores do poder, sabe bem pensar nos que nunca se deixam vergar perante nada.
Uma das pessoas que assim se comportou ao longo de toda a sua vida foi o meu pai. Quem o conheceu sabe que ele assim era. Homem de antes quebrar que torcer. Da escola com que se moldaram as pessoas que com esforço, trabalho, honestidade e saber foram construindo Peniche. Não é por acaso que a partir de certa altura as pessoas o passaram a designar por “Mestre Horácio”. A sua oficina era o ponto de retorno de quantos de Peniche emigraram para terras de França e da Alemanha, para buscarem noutras paragens o que a terra madrasta negava.A oficina do “Mestre Horácio” foi escola de formação profissional de técnicos de Serralharia Mecânica, de Serralharia Civil, de Bate-Chapas. Alguns dos melhores mecânicos que por aqui houve foi ali que aprenderam o seu ofício, numa aprendizagem suada e dura. Aprender a ser mecânico ali, era tirar a licenciatura. Naquele local não se ministravam bacharelatos.
Ali nasceu a primeira Escola de Condução de Peniche, que o “Carlos Maluco” construiu com caixas de peixe da Congelação, no pátio da oficina. E os alunos aprendiam a arte de conduzir e mecânica prática num 2 em 1 inigualável em qualquer outro lugar.
À oficina do “Mestre Horácio” acorriam todos os aflitos. Desde o Florêncio Ramos ao Minó, desde o Luís Correia ao Pisa-o-Risco.
Ali acorreu um dia um Chefe da Pide aqui colocado de novo, Batista de seu nome, que conhecia o meu pai de nome mas não de feitio e atitudes. O carro do Pide tinha tido um problema qualquer e deixara de fazer piscas e as luzes de stop não acendiam.
O meu pai tinha em relação aos Pides a atitude de ignorá-los altivamente. O seu pai tinha inaugurado a Fortaleza como prisão e ele pequenito ia levar a comida que a minha avó fazia para que o marido tivesse um pouco mais de conforto. Prometera a si próprio que a ele isso jamais aconteceria. O Chefe da Pide era pois um cliente como outro qualquer, embora ele soubesse bem que tipo de finório tinha lá posto o carro a arranjar.
Quando chegou a vez do carro ser visto, abriu-lhe o capot, foi à caixa de fusíveis e depressa descobriu que tinha havido um curto circuito que tinha dado cabo de fusíveis e lâmpadas. Lá arranjou os fios descarnados, substitui o que estava avariado, experimentou as luzes, verificou que estava de novo tudo em ordem, fechou a tampa da caixa dos fusíveis, fechou o capot e deu por findo o arranjo. Ao fim da tarde o Chefe Batista foi ver se o carro estava pronto. Estava. Perguntou pelas chaves do carro e o “Mestre Horácio” disse-lhe que estavam na ignição. O Chefe entrou no carro, pôs o carro a trabalhar, e preparou-se para se ir embora agradecendo ao Snr. Horácio a reparação. Foi então que se ouviu a voz inconfundível do “Mestre Horácio” que lhe disse com veemência:
- Oh Snr. Batista! Olhe lá… Você manda-me tirar as calças e eu baixo-as. Manda-me tirar as cuecas e eu tiro. Manda-me baixar para me ir ao cú e eu baixo-me. Mas uma coisa na faço. È meter vaselina para ser mais fácil. São 25$00 que foi quanto custaram as lâmpadas e os fusíveis fundidos.
O chefe da Pide pagou e só depois saiu com o carro.
fumar
Deixar o vício de fumar é a coisa mais simples do mundo. Falo por experiência, porque já deixei de fumar mil vezes.
Mark Twain

quinta-feira, outubro 25, 2007

PELAS PIORES RAZÕES
Somos notícia a nível nacional e a LUSA difunde o que aqui se passa. Infelizmente as razões não são as melhores
“Peniche: Tribunal adia sentença de GNR que desviaram cocaína por duvidar do valor da alegada venda
O colectivo de juízes do Tribunal de Peniche adiou hoje a sentença de dois militares da GNR que desviaram 4,4 quilos de cocaína, por suspeitar que um deles vendeu a droga por um preço superior ao que admitiu em tribunal.
A audiência será retomada na terça-feira, dia 30, pelas 10:00, tendo sido dado aos advogados o prazo até sexta-feira para prepararem a defesa. "Existe a possibilidade de se verificar a alteração aos factos", disse o juiz Paulo Coelho, que preside ao colectivo, ao constatar que, após a audição das testemunhas e da acusação proferida pelo Ministério Público, o cabo A. Félix, um dos arguidos no processo, terá "obtido ou procurado obter avultada compensação remuneratória" decorrente da alegada venda da droga.
O tribunal, com base no testemunho de um agente da PJ, calculou o valor da cocaína para venda a um revendedor entre os "25 mil euros e os 100 mil euros" e mesmo atingir os 220 mil euros em caso de venda ao consumidor final, que adquire um grama de cocaína por cerca de 50 euros.
Como o militar da GNR A. Félix disse em tribunal que vendeu o produto estupefaciente por 25 mil euros na praia de Peniche de Cima a um traficante de identidade desconhecida, o colectivo ficou com dúvidas.
O tribunal afirma não ter conseguido apurar "em que condições" foi efectuada a venda que o arguido diz ter feito, bem como "o valor exacto" da transacção. Todavia, os factos agora considerados no julgamento do colectivo de juízes em nada alteram a moldura penal, que poderá ir dos cinco aos 15 anos de prisão.
O agravamento do crime de tráfico estava já previsto, uma vez tratar-se de dois militares da GNR, cuja conduta adoptada deverá resultar também na expulsão das funções que vinham a exercer até à data em que foram detidos.
O caso reporta-se a 19 de Outubro de 2006, quando os dois guardas, o soldado M. Tavares (31 anos) e o cabo A. Félix (51 anos), integraram a patrulha que tinha sido destacada para a praia da Consolação, com a finalidade de apreender um fardo com 20 quilos de cocaína, do qual os dois militares extraíram 4,4 quilos (após confissão em tribunal), com o intuito de ficarem com a droga que seria suficiente para confeccionar 59 mil doses. Após A. Félix ter escondido o produto no carro em que se fazia transportar diariamente relatou em tribunal que acabaria por vender a droga na praia de Peniche de Cima, em finais de Dezembro do ano passado.
Na ocasião foi por um traficante, cuja identidade continua alegadamente por ser desconhecida, a quem acabaria por vender a cocaína por 25 mil euros, que mais tarde vieram a ser repartidos pelos dois guardas.
Após um mandado de detenção, na sequência de várias investigações por parte da Polícia Judiciária, os dois militares acabaram por ser detidos a 28 de Fevereiro, estando desde essa altura a aguardar julgamento em prisão preventiva, no Presídio Militar de Tomar.
Na altura da detenção, foram apreendidos 12 mil euros que estavam na posse do soldado M. Tavares, embora o restante tenha ficado na posse de A. Félix. Na fase de audição das testemunhas, o inspector da PJ, Sérgio Soares, disse perante o colectivo que a polícia suspeitou logo de início que "faltavam pacotes"no fardo que tinha sido aberto, porque o invólucro de plástico "dava para contar perfeitamente duas fileiras" de pacotes contendo cocaína, onde estavam em falta quatro quilos.
A maioria das testemunhas ouvidas no processo realçou tratar-se de um acto isolado e sem explicações, tendo em conta que os dois arguidos estavam bem referenciados junto da população e da própria GNR, além de não possuírem qualquer tipo de cadastro criminal”.

quarta-feira, outubro 24, 2007

JORNAIS, JORNALISTAS E CANDIDATOS A…
Uma dificuldade enorme com que nos debatemos em Peniche é não só a fobia que ganhámos a toda a informação que nos chega do exterior, como a humildade suficiente para com ela aprender.
A informação chega cá. Aquela livraria do Mário Bandeira é um poço de coisas fantásticas ao alcance de cada um de nós. Basta paciência e tempo para procurar. Depois temos este “aparelhómetro” que tenho à minha frente. Ao alcance de um “click” está aqui tudo o que queroNo passado domingo dia 21 de Outubro o “Público” noticiava que o jornal “El País” ao fim de 30 anos de publicação iria iniciar uma nova era na sua metodologia de informação. O jornal em questão é um símbolo da imprensa europeia, vende como poucos e é o principal responsável pelos êxitos comerciais do Grupo Prisa que há bem pouco tempo adquiriu a portuguesa TVI.
O responsável pelo jornal chegou à conclusão após um ano e meio de remodelação que o caminho que estava a trilhar não era o melhor. Concluiu que combater contra os meios de comunicação instantânea como a Televisão, a Rádio e a Internet, era um absurdo sem sentido. Seria uma luta inglória em que só poderia ficar a perder. E não está o responsável pelo Jornal que tem sido um exemplo para os Órgãos de Informação europeus, interessado em fazer de D. Quixote contra moinhos de vento inexistentes.
O “El País” vai deitar o seu olhar sobre Espanha e o Mundo, seleccionar as notícias que quer tratar, abrir-se aos novos leitores e às suas inquietações. “Dentro de anos, os leitores agora jovens terão mais responsabilidades na sociedade, pelo que queremos contactar com essas novas gerações que vão ser fundamentais dentro de 10 ou 15 anos” afirma Javier Moreno o Director do Jornal.O Jornal vai ter uma história própria para transmitir aos seus leitores sem depender daquilo que com a rapidez noticiosa de hoje, assim que acontece passa logo a notícia velha e bafienta. Entretanto o jornal divulgou nesta terça-feira, 23, que vai disponibilizar gratuitamente todo o conteúdo na internet a partir de 15 de Novembro. Leitores poderão consultar tanto artigos publicados na edição impressa do diário quanto o arquivo histórico da hemeroteca. A edição online já é gratuita no site http://www.elpais.com/
Será que o que deixo impresso pode ser útil para a informação escrita que temos em Peniche? Duvido. Porque mudar o que está implica mais que mudar o formato. E é para isso que a coragem não abunda.

terça-feira, outubro 23, 2007

JORNAIS DA TERRINHA
E de repente os Jornais da terra são mais que muitos. A velhinha “folha de couve” epíteto que durante muito tempo acompanhou “A VOZ DO MAR”, e os agora recentes “CORREIO POPULAR” e “JORNAL DE PENICHE”. Sobre o 1º estamos conversados. É aquilo que é. Dali só poderá melhorar se assumir que é um Jornal da Igreja Paroquial. Enquanto andar a fingir que é aquilo que não é, nunca será nada.
Quanto ao último trata-se de um jornal online com as especificidades próprias de tal tipo de órgãos de comunicação. Pode e deve melhorar e impor-se como alternativa aos jornais impressos.
Vou deter-me no Correio Popular. Desde logo porque é um jornal para mim inclassificável. Não lhe compreendo o nome e a atitude. Sendo “apartidário e não-vinculado a qualquer corrente religiosa, ideológica ou económica”, (como se define no seu estatuto editorial), exerce uma acção informativa que nem sempre cumpre este princípio. Como exemplo dou a o caso da notícia do abandono das hostes do PCP pelo Dr. Filipe, sem que aquela força partidária se tenha pronunciado sobre um assunto que lhe dizia directamente respeito.
Depois o nome do Jornal. Sendo específico do Concelho de Peniche, nada no nome assim o caracteriza. As razões são nebulosas para mim.
Por último. Os processos de distribuição. Os dois primeiros números foram de distribuição completamente gratuita. Talvez por razões de promoção. O 3º número comprei por 1 euro numa papelaria local. Passados dias andava uma senhora a distribuir dezenas de jornais por estabelecimentos comerciais. Senti-me defraudado. Já adquiri o nº 4. Estou ansioso por ver o que vai acontecer.
Não quero e sinto que não devo duvidar do querer e da vontade do promotor do novo Jornal impresso de Peniche. Fica aqui o benefício da dúvida. Penso que faltam limar muitas arestas. Mas vamos dar tempo ao tempo.

segunda-feira, outubro 22, 2007

COISAS QUE NÃO GOSTO…
Este domingo que passou foi fértil em coisas que me chamaram a atenção. Percorri a Av. do Mar e onde antes existia um restaurante com esplanada existe agora um grande vazio. A vedá-lo uma fita com os dizeres CMP. Presumo que tenha sido uma bomba que ali deflagrou. Ou que tenha havido um sismo ali localizado. Ou que tenha ruído o edifício que alise encontrava por colapso de betão.
Não acredito que tenha sido alguém a deitar aquilo abaixo para construir um novo imóvel naquele lugar. Para isso deveria existir ali uma placa com essa indicação. E deveria existir uma outra com a indicação dos técnicos responsáveis.
E a Junta de Freguesia daquela zona está sempre atenta ao que acontece em termos de património edificado e a edificar. Pelo que não deixaria aquela grande interrogação latente.
O mistério há-de ser resolvido. A bem do nosso sossego comum.

domingo, outubro 21, 2007

ORA PORRA P’RA TANTA “CAGANÇA”!!!
É fim de tarde de Domingo. Acabo de chegar a casa depois de ter dado um passeio higiénico com o cão e com a minha mulher. Chego a casa em polvorosa. Na rua 1º de Dezembro, junto à Pastelaria Lenuca rebentou um cano de água que está a levantar o pavimento e a deitar água que é um “dó de alma”.
É preciso avisar o Piquete dos Serviços Municipalizados. Vou à Voz do Mar e não encontro o número de telefone e a água a correr. Vou ao novo Jornal cá do burgo e também nada e a água a correr. Vou ao Site da Câmara e não consigo saber onde ir para encontrar os serviços Municipalizados ou o número do Piquete e a água a correr. Vou ao “Peniche - Jornal Municipal” e também não encontro nada e a água a correr. Ligo para o Telemóvel do Jorge Amador, diz a menina que está desligado e a água a correr. De repente lembrei-me que existe uma coisa chamada Listas Telefónicas. É aí que encontro finalmente a indicação dos Serviços Municipalizados. Mas nada do Serviço de Piquete. Lembrei-me que em tempos tinha visto esse Serviço nos Armazéns da Prageira. Liguei para lá e finalmente pude dar a informação aos funcionários competentes. Tanta Net. Tanta ONDA. Tanta Festa. Tanto Cartaz. E os números de Telefone são segredo de Estado?
Quero que nos Boletins Informativos da Câmara apareçam os números de Urgência para podermos ser socorridos. Não se esqueçam que há muita gente e os mais necessitados sobretudo que não têm Internet. Não custa nada por uns autocolantes junto dos contadores da água com os números de Urgência.
No site da Câmara ponham as informações úteis em zona visível e de fácil acesso.
Que diabo sou um sexagenário reformado, façam o favor de me facilitar a vida.
1º PS: - Já passou uma hora desde que fiz o telefonema. Ainda não apareceu ninguém para cuidar da rotura. E a água continua a correr...
2º PS: - 6 horas depois do piquete dos SMAS serem avisados, a água continua jorrando. Desce a rua Joaquim A. Aguiar e vai desaguar num sorvedoiro junto às traseiras da Cooperativa dos Pescadores. Venham-me com campanhas de poupança de água que eu atiro-lhes com um pano encharcado às ventas (mas não há-de ser encharcado em água).
3º PS: - São 9 horas da manhã. Mais de 14 horas após lançado o alerta para o Piquete dos SMAS, a água continua a correr paulatinamente em direcção às sarjetas municipais. Nunca mais me tornarei a incomodar com acontecimentos semelhantes. Houve um tempo em que a "cagança" era que na câmara municipal tudo era desorganizado e ineficaz e que no "smas" era só eficiência e profissionalismo. Esse tempo acabou. Já está tudo como deve ser. Assim se passam as coisas na minha terra. Haja Deus.

sábado, outubro 20, 2007

SOMOS O QUE SOMOS
Em Lagoa no Algarve, um conjunto de vontades agarrou numa antiga Fábrica de Peixe e reconverteu-a em Pavilhão Multiusos. O edifício foi projectado pelo Arquitecto Miguel Arruda que lhe conservou a chaminé da antiga Fábrica de Peixe “Marques Neves & Cª Lda”.
Os accionistas do projecto são em primeiro lugar a Junta de Turismo do Algarve e depois a Câmara Municipal de Lagoa. O custo total da obra foi de 12 milhões de euros. A exploração ficará a cargo de um consórcio de empresas privadas que concorreu em concurso público. Alguns aspectos do que foi uma Fábrica de Conservas e que agora é um Pavilhão Multiusos é o que a seguir vos mostro em imagens digitais, retiradas direitinhas do Google.
E aqui em Peniche? Em Peniche a Congelação, a Exportadora, e outras vão dando lugar à sanha dos empreendedores imobiliários com o apoio dos “politicozinhos de trazer por casa” que nos governam.Peniche que foi com Matosinhos e Setúbal um centro conserveiro de primordial importância irá a breve trecho tornar-se um deserto no que respeita ao seu Património industrial.Os “pequeninos” vão pedindo uma estátua à conserveira para adormecerem as suas mentes despidas de neurónios e de respeito pelo nosso passado.
Os “baixinhos” fazem festas decorativas ao nosso maior industrial, agradecendo-lhe ter ido para a cova com o seu dinheiro ganho na exploração de tantos e tantos trabalhadores de Peniche.Somos o que merecemos ser. Pequeninos e doentios.
Tristes, vamos morrer sem história. A troco de uma “salinha” os que se dizem donos da verdade histórica tornaram-se vazios de ideias e de capacidade de luta. Somos uma CONGREGAÇÃO RELIGIOSA ACRÍTICA MODELO FAMILIAR. Estamos onde merecemos estar. Paz à nossa alma.

sexta-feira, outubro 19, 2007

HABEMUS TRATADO
Foi a vez dos grandes da política. Chegou agora a nossa vez. A do povo português. O Sr. Sócrates já teve o seu momento de glória. Por todas as razões e mais alguma terá agora de se remeter à sua condição de pessoa e dar oportunidade a quem tem o poder decisório sobre este assunto. Foi este o compromisso.
É pouco importante se pôe em causa a Constituição ou não. Pela primeira vez pode ser concedida ao país a possibilidade de se expressar sobre a sua vontade de pertencer de corpo inteiro à Europa. Quase 34 anos passados sobre o 25 de Abril e 97 sobre a implantação da República, é bom que comecemos a ser cidadãos de facto. A viver na plenitude dos nossos direitos e deveres.
Este Sócrates tem agora a possibilidade de passar à História ou de se tornar tão pequenino como tantos outros de quem já ninguém se recorda.

quarta-feira, outubro 17, 2007

A CARTA
O novo jornal de Peniche, o “CORREIO POPULAR”, vai no seu 3º número e consegue despertar interesse, pesem embora algumas dúvidas sobre os seus métodos e estratégias. Mas não é isso que importa agora. O que me leva a citar este quinzenário regionalista é a publicação da “carta” de despedida do médico António José de Azevedo Filipe ao PCP.
Segundo informa o Jornal foi lida na íntegra na sessão ordinária de Setembro da Assembleia Municipal.
O que me leva a mim a meditar sobre tudo isto são algumas das afirmações contidas na “carta” que me parecem lapidares para quem está de fora deste jogo de interesses que se deduz entre o PCP e os seus pares, agora que dispõem de um “bocadinho pequenino de poder”. Adivinham-se os Gulags que seriam instalados (provavelmente nos Farilhões) se a parcela de poder fosse muito maior.
A CARTA, expressa um conjunto de expressões para as quais eu dava a “sugerência” de figurarem num manual municipal sobre as capacidades e misérias do PCP. Eu recolhi as frases:
- “Nos últimos anos trabalhamos na construção de uma alternativa de esperança para este concelho, baseada no programa do Partido Comunista Português, procurando responder à necessidade de mais desenvolvimento económico, mais emprego, maior participação das pessoas e das instituições e mobilizadora da população”.
- “Foi um trabalho sério e duro…”
- “…com a conquista do poder foi evidente o aparecimento, em Peniche, dos tiques sociais-fascistas que minam o funcionamento do Partido Comunista Português e o querem transformar numa Congregação Religiosa Acrítica Modelo Familiar.”
-“…foi surgindo a decisão na sombra, o facto consumado, o truque demagógico.”
- “episódios de oportunismo… tratar-se de uma orientação partidária… parece advogar o… pensamento único oposto a todos os movimentos… que ousem interpelar os interesses dos funcionários/beneficiários em jogo.”
-“O objectivo… é a salvaguarda, conservação e acumulação dos pequenos poderes (tachos e tachinhos) obscuros, incompatíveis com a dialéctica marxista.”
-“…a palavra quebrada, a ética posta de lado e camaradas desvalorizados por serem idosos:”
-“ todos os defeitos do PCP estão lá com a agravante de se estar a olhar para uma cópia mediática”.
-“ saí… para preservar a minha higiene mental e liberdade de acção.”
É difícil dizer tanto em tão pouco espaço. Quem sou eu para discutir o que transcrevi da CARTA. Tratam-se de afirmações de certezas adquiridas pela participação aprofundada nos corredores do poder e das salas do Centro de Trabalho. De tudo o que retenho como mais interessante é a designação de Congregação Religiosa Acrítica Modelo Familiar (CRAMF) para o PCP local. É que foi assim que fiquei a perceber aquela participação nas procissões. Está explicado.

terça-feira, outubro 16, 2007

SOU UM IDIOTA CHAPADO –
O TRATADO DE LISBOAA minha filha nasceu em 1986. Ano da adesão de Portugal à CEE. Considerei ser esta uma boa iniciativa portuguesa. E porque a queda do Estado Novo estava ainda muito recente no meu espírito, achei que esta era uma forma de impedir qualquer recuo na consolidação da Democracia portuguesa.
A pouco e pouco foi-se dando o aprofundamento desta adesão. Agora também somos parte integrante da Zona Euro. Verdade, verdadinha que nunca ninguém me perguntou de forma DIRECTA, CLARA e INEQUÍVOCA o que eu achava sobre esta progressiva integração europeia. Mas eu, porque tudo isto se passava devagar, devagarinho, não fui sentindo o que estava a acontecer. Até acontecer.
Agora o Governo de Portugal, vai tentar por todos os meios conseguir ver aprovado o TRATADO que, substitui a constituição europeia rejeitada por dois dos países fundadores desta comunidade.
Ao que leio e ouço, este tratado não é mais que a anterior constituição embora que de forma camuflada. Não sei se é ou não. Sei que havia um compromisso tácito estabelecido por todos (ou praticamente todos) os partidos políticos representados na Assembleia da Republica, em referendar a Constituição Europeia.Sei que um tratado não é uma constituição. Mas sei também que sendo um tratado firmado pelos 27 países, ele terá de ser cumprido sob pena de fortes penalizações ao país que não o cumprir. Esta “cena” da obrigatoriedade torna-me presa de um sentimento. Eu tenho de dizer se estou de acordo com isso ou não. Eu não mandatei o Sócrates, nem o PS, para firmarem acordos em meu nome. Nem o meu país o fez.
Se a maioria da população portuguesa concordar com isso, eu mesmo que não goste, aceito. Tal como não votei no Cavaco mas respeito-o como o meu Presidente da República.
Agora não engulo é que tenha que engolir com o Tratado de Lisboa de qualquer maneira, só para satisfazer a vaidade pessoal do Sócrates que quer ver o seu nome ligado a este facto. O 1º Ministro que tenha as suas vaidades todas, mesmo aquelas que me lixam, mas não aquela em que eu, os meus filhos e os meus netos, sejamos vítimas do seu orgulho pessoal.
Podem aprovar o Tratado. Mas eu quero dizer se concordo ou não com ele. Esse é um Direito que me assiste e do qual eu não abdico. Espero que o 1º Ministro se comporte como uma pessoa de bem. Se ele quiser fugir “aos encartes”, espero que o PS o chame à atenção e que o faça arrepiar caminho. Se nada disto acontecer, espero que o Povo Português, tome isso em consideração quando de novo for chamado a decidir sobre o Governo da nação. O Snr. 1º Ministro e o PS não têm que ter receio do voto popular. É ele que legitima as decisões importantes e definitivas para Portugal.

segunda-feira, outubro 15, 2007

CERCIPENICHE – 30 ANOS Eu tenho uma grande dificuldade em falar desta instituição. Desde logo porque fui dela afastado compulsivamente. Na carta que me dirigiram não renovando o meu destacamento, diziam que “a Direcção entendeu não o fazer por razões de estabilidade institucional”. O que fazia presumir ser eu uma espécie de elemento perturbante e perturbador.
Considerando que isto se deu em 1985 a CERCIP com esta atitude conseguiu sobreviver até hoje, aos meus desmandos e actos de terrorismo.
Mas há nisto a outra face da moeda. Uma escola, uma instituição de ensino ou formação, é formada por todos. Os bons (que são os que lá estão e estiveram) e os maus como eu. O seu crescimento depende da sua capacidade de auto-regeneração e da forma como se integra na sociedade.
Tenho pena que não tivessem sido convidados para participar na Festa do seu 30º Aniversário todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para o crescimento da CERCIPENICHE.
Eu compreendo não ter sido convidado. Embora considere isso um erro. Mas houve tanta gente boa que passou por lá. Formadores, psicólogos e educandos. Os que saíram foram remetidos ao limbo do esquecimento. A não ser que por razões que não vêm ao caso, deles se tivessem lembrado.
Repito a alma de uma instituição é tudo aquilo que contribuiu para o seu crescimento. Não é apagando o passado que nos é doloroso que se constrói o futuro. Aos formandos da CERCIP, os únicos que são importantes, os meus votos das maiores felicidades pessoais e profissionais. Aos que ali trabalham com profissionalismo e de forma desinteressada do ponto de vista pessoal, votos de que essa capacidade de entrega nunca esmoreça.
Para quem daquilo faz um projecto de promoção pessoal que o tempo lhes dê aquilo que merecem.
PS: Reli este texto 3 vezes. Acho que consegui escrever isto sem acinte nem atitudes persecutórias. A CERCIP é de facto muito mais importante do que todos nas. As pessoas passam. Ela vai sobreviver.

domingo, outubro 14, 2007

HÁ PIOLHOS E…PIOLHOSPassando um destes dias por uma das farmácias da nossa praça, deparei com o anúncio de que aqui publico uma fotografia.
O texto é das coisas mais bem conseguidas que vi até hoje. Merece a pena por vezes, ver o que a Língua Portuguesa permite conseguir.
É sugestivo, insinuante, controverso, perturbador.
Mas a mim o que mais me maravilhou foi o que este anúncio insinuava se nos déssemos à paciência de fazer com ele alguns exercícios de estilo.
Substituindo a palavra PIOLHOS por POLÍTICOS. E imaginar quando eles se cumprimentam formalmente, mas desejosos de se verem livres uns dos outros. Querem exemplos? O Jorge Gonçalves a cumprimentar o Jorge Amador. Este a despachar com a Manuela Farto. O Francisco Salvador no meio deles todos.
Nem o Lipuk conseguirá limpar estas cabecinhas. Vão por mim…Antes uma carrada de piolhos.

sábado, outubro 13, 2007

O mal da calúnia é semalhante às nódoas de azeite: deixa sempre vestígios.

Napoleão Bonaparte

quinta-feira, outubro 11, 2007

OBRIGATÓRIO LERPelos militantes partidários. Do PSD ou de qualquer outro partido político. Não merece a pena por a cabeça na areia.
Pelos independentes ou os que assim se designam. Ninguém está imune a certos "empurrõezitos" ou "ajudinhas" de amigos bem colocados.

É um contributo (mais um) para a construção de um sistema Democrático em Portugal, de que nos possamos orgulhar e no qual nos possamos rever para o futuro.

quarta-feira, outubro 10, 2007

JOSÉ AGOSTINHO RIBAU ESTEVES
Conheci-o no início de 1998. O PS tinha ganho as eleições em Peniche, o Jorge Gonçalves na qualidade de Presidente da Câmara de Peniche ia a um encontro da Associação Nacional de Municípios em Viseu e eu fui convidado a acompanhá-lo. Partimos de Peniche de véspera sem eu perceber porquê e foi já durante a deslocação que soube que íamos parar em Coimbra para uma reunião da ANMP do sector dos municípios com Portos de Pesca.Não sabia o que lá ia fazer. Se eu na altura tivesse sido esperto, saberia que essa iria ser a prática habitual do Presidente da Câmara eleito pouco tempo antes. Mas na altura a euforia era muita e, os indícios do que iriam ser 2 anos e meio tormentosos passaram-me todos ao lado.
Mas voltando à Associação de Municípios. Quando lá chegámos percorremos corredores e gabinetes até chegarmos a uma pequena sala onde já se encontravam outros ilustres eleitos locais. Confesso a minha ignorância. Não reconheci nenhum dos presentes.
Uma figura no entanto se foi insinuando aos olhos de todos. Um rapazito cheio de perguntas e sugestões às tantas lançou meio insinuada a proposta de ser ele próprio a presidir à Comissão dos Municípios com Portos de Pesca. Tratava-se do recém eleito Presidente da Câmara de Ílhavo.
Petulância extrema. Foi eleito Jorge Gonçalves que, também ninguém conhecia mas possuía um cartão que o identificava como sendo do PS, o que perante a maioria presente foi elemento mais que suficiente.
Nesses 4 anos do primeiro mandato de Jorge Gonçalves é relevante e notório o protagonismo que este deu a nível nacional à defesa do sector da Pesca e dos Portos portugueses. Não se recordam? É porque o defeito é vosso.Quanto ao “rapazinho” que queria presidir à dita comissão, foi-se consolidando no poder local nunca mais deixando de ser Presidente da Câmara. Tornou-se Vice-Presidente da Associação de Municípios. Presidente da Distrital de Aveiro do PSD. Rosto e Voz da candidatura de Luís Filipe Menezes, tendo manifestado uma postura e uma correcção de atitudes que o tornaram reputadamente notado, para além da própria candidatura que representava. Diz-se que será o futuro secretário-geral do PSD, o que independentemente dos êxitos ou insucessos daquele partido, lhe dará uma notoriedade indesmentível.
O rapazito tornou-se um grande homem. Outros que se achavam grandes homens desapareceram do mapa. “Sic transit gloria mundi”
NOTÍCIA DA LUSA (09/10/07)- CÃES DANADOSPeniche: Cão de raça pitbull arranca dedo a mulher Uma mulher de 42 anos foi hoje atacada em Peniche por um cão de raça pitbull, que circulava em plena rua sem trela e açaime, tendo-lhe arrancado um dedo da mão direita. A mulher foi agredida com gravidade, num bairro localizado na freguesia da Ajuda, quando tentava separar o animal de um outro cão de porte médio e de raça caniche, de que é proprietária, que também foi atacado. Segundo o comando distrital da PSP de Leiria, o animal agressor pertence a um jovem menor de idade, já identificado pelas autoridades, embora na ocasião estivesse acompanhado pelo irmão, de 19 anos. Segundo um comunicado da PSP, " o animal agressor circulava na via pública sem trela nem açaime", além de "não possuir seguro de responsabilidade civil" nem licença, como determina a lei em vigor para animais considerados perigosos. A mulher deu entrada pelas 09:15 na urgência do Hospital São Pedro Telmo de Peniche, tendo sido reencaminhada para o Hospital Distrital das Caldas da Rainha e daí para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, para ser submetida a uma cirurgia plástica. De acordo com a chefe de equipa do serviço de urgência do Hospital das Caldas, Isabel Maldonado, a mulher encontrava-se em "situação estável", mas a possibilidade de a mordedura ter afectado os tendões do dedo indicador fez com que fosse transferida para um hospital central. O cão ficou sob sequestro no canil municipal de Peniche, devendo o dono ser alvo de processo-crime.

Eu, por pudor, recuso a comentar esta notícia. Cada um que a interprete.

segunda-feira, outubro 08, 2007

SOU UM INADAPTADONa passada semana li um convite para participação nas comemorações do 1º Centenário do nascimento de Luís Correia Peixoto que se realizou a 5 de Outubro.
Não quero perder mais tempo com isto. Já disse o que tinha a dizer sobre esta matéria. Para os que não leram na altura refiro que não encontro rigorosamente nenhuma razão para esta celebração. Nem para os entusiásticos louvores que a CDU decidiu empreender à volta do Snr. Correia Peixoto. Continuo sem saber o que ele fez por Peniche que não fosse com os objectivos do lucro que lhe iria multiplicar a fortuna.
Morreu e, ao contrário de António Champalimaud não tenho conhecimento de que senhor de fortuna que entrou no imaginário popular, tivesse deixado algum do dinheiro que aqui ganhou para a criação de uma qualquer Fundação com o objectivo de desenvolver o estudo do Mar e das actividades conexas.
Ou que tivesse criado alguma condição para o desenvolvimento de Peniche.
Esta é uma invenção do PCP local que tem de ter os dias contados. O “provincianismo lusitano” que este fim-de-semana deixei como fonte de leitura aplica-se aqui de alto a baixo.
Se é o empresário que celebramos, que dizer da Festa que teremos de fazer a Narciso Dias ou a Luís de Almeida. Se é o fotógrafo ou o coleccionador de postais que comemoramos então há que repensar tudo de novo para não esquecer o velhinho Montez ou o Francisco Salvador. E quanto a salvaguarda de saberes preparem-se para estar dois meses em Festa quando tivermos que comemorar o Mariano Calado ou o Fernando Engenheiro.
O risco de falsear a verdade é que esta é como o azeite…
O mais caricato disto tudo é que o nosso Presidente da Câmara sentindo a (in)verdade desta história toda não assinou as cartas-convite. Ou sou eu que estou a ver para além do que não existe? Se assim é as minhas desculpas. Pela minha incorrecção. Mas vou lamentar eu não ter razão.

sábado, outubro 06, 2007

O PROVINCIANISMO PENICHEIRO in Fernando Pessoa
O que vou transcrever é de dois ensaios notáveis de Fernando Pessoa. “O Provincianismo Português” publicado em 12 de Agosto de 1928 no nº 9 do “Notícias Ilustrado” e “O Caso Mental Português” publicado na revista “Fama” em 30 de Novembro de 1932. Não direi o que é de quê. Não tem importância. E as pessoas que eu homenageio também se estão borrifando para isso.
Se alguém se sentir atingido processe o Pessoa. Eu não tenho nada a ver com isto.”Se, por um daqueles artifícios cómodos, pêlos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro. O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz. O síndroma provinciano compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pêlos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia. Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admiração pêlos grandes meios…
… Para o provincianismo há só uma terapêutica: é o saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido. Estamos perto de acordar, disse Novalis, quando sonhamos que sonhamos.O que chamei campónio sente violentamente a artificialidade do progresso; por isso se sente mal nele e com ele, e intimamente o detesta. Até das conveniências e das comodidades do progresso se serve constrangido, a ponto de, por vezes, e em desproveito próprio, se esquivar a servir-se delas. É o homem dos «bons tempos», entendendo-se por isso os da sua mocidade, se é já idoso, ou os da mocidade dos bisavôs, se é simplesmente párvulo. No pólo oposto, o citadino não sente a artificialidade do progresso. Para ele é como se fosse natural. Serve-se do que é dele, portanto, sem constrangimento nem apreço. Por isso o não ama nem desama: é-lhe indiferente. Viveu sempre (física ou mentalmente) em grandes cidades; viu nascer, mudar e passar (real ou idealmente) as modas e a novidade das invenções; são pois para ele aspectos correntes, e por isso incolores, de uma coisa continuamente já sabida, como as pessoas com quem convivemos, ainda que de dia para dia sejam realmente diversas, são todavia para nós idealmente sempre as mesmas.
Situado mentalmente entre os dois, o provinciano sente, sim, a artificialidade do progresso, mas por isso mesmo o ama. Para o seu espírito desperto, mas incompletamente desperto, o artificial novo, que é o progresso, é atraente como novidade, mas ainda sentido como artificial. E, porque é sentido simultaneamente como artificial é sentido como atraente, e é por artificial que é amado. O amor às grandes cidades, às novas modas, às «últimas novidades», é o característico distintivo do provinciano...… O nosso escol político não tem ideias excepto sobre política, e as que tem sobre política são servilmente plagiadas do estrangeiro - aceites, não porque sejam boas, mas porque são francesas ou italianas, ou russas, ou o quer que seja. O nosso escol literário é ainda pior: nem sobre literatura tem ideias. Seria trágico, à força de deixar de ser cómico, o resultado de uma investigação sobre, por exemplo, as ideias dos nossos poetas célebres. Já não quero que se submetesse qualquer deles ao enxovalho de lhe perguntar o que é a filosofia de Kant ou a teoria da evolução. Bastaria submetê-lo ao enxovalho maior de lhe perguntar o que é o ritmo.”

quinta-feira, outubro 04, 2007

5 DE OUTUBRO - ANIVERSÁRIO
Da Implantação da REPÚBLICA
.Comemora agora 97 anos. Terá sido o facto político mais relevante do século XX. Pese embora o que alguns pensam do 25 Abril. Lamentável o manto de esquecimento que se estendeu sobre este acontecimento. O derrube da Monarquia foi o reconhecimento do primado da Democracia sobre a Autocracia.
Quando se pretende impor 1974 em detrimento de 1910, o que se consegue é provocar um apagão na memória colectiva que posteriormente vai conduzir à ignorância e ao esquecimento de acontecimentos passados e mais próximos.
È necessário defender o 25 de Abril porque este representa o que de mais nobre foi colocado ao serviço deste povo tão carente de Liberdade, Igualdade e Fraternidade com a Revolução de 5 de Outubro de 1910.
Celebra-se a libertação da França do jugo nazi, mas França é 14 de Julho data da TOMADA DA BASTILHA. Como o 7 de Setembro no Brasil com o GRITO DO IPIRANGA, ou o 4 de Julho, com a DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DOS EUA. Nós temos tendência no nosso País para ao sabor dos ventos alterarmos o rumo da História a nosso bel-prazer. Por isso somos uma cambada de ignorantes. Por isso a História nada nos diz. Somos semente, flor e fruto de momentos construídos para servirem interesses mesquinhos de uns quantos que se impõem pela ignorância e pelo folclore. Até um dia.
O meu Pai fazia hoje 93 anos. Ele faz-me falta. Sinto-o nas coisas que me rodeiam. Nas fotografias que espalhei pelas paredes. Nos pequenos nadas que lhe eram tão importantes. Nas cartas dele que releio como se as tivesse recebido hoje. Precisava que o meu pai tivesse conhecido a minha filha. O meu pai morreu dois meses antes da minha filha ter nascido. Eu digo muitas vezes à Anita que acreditando na reincarnação, ele ocupou com a alma o corpo físico da Maria. Tantas são as coisas dele que nela encontro. O meu pai faz-me falta para continuar a criticar-me. Ele sabia quando eu precisava de o ouvir. Quantas vezes dou por mim a falar com ele. Hoje vamos aqui em casa fazer um almoço de aniversário como ele gostava. Arroz de pato. E vou beber vinho e vou beber uns whiskies. Correndo embora o risco que ele me chame Zé Costa. Neste 5 de Outubro, data do seu aniversário, quero dizer ao meu pai que o amo muito. Lamento não ter dinheiro para contratar uma Banda Filarmónica que corra as ruas de Peniche a tocar. Como quando o meu pai era pequeno e a Banda de Peniche fazia isso para celebrar a República, embora no seu imaginário fosse o seu Aniversário que estava a ser festejado. Já não há República, nem Banda, nem o meu pai. Hoje 5 de Outubro de 2007, faltam em memórias o que me sobeja em indignação, mas quero que o importante seja o que vale a pena.

quarta-feira, outubro 03, 2007

SINTO QUE SOU FELIZ… (NO MEU PAÍS CINZENTO)
Quando leio que o Museu Rainha Sofia, em Madrid, está a expor desde o dia 25 de Setembro uma grande retrospectiva da pintora Paula Rego. São mais de 90 quadros, 60 desenhos, 70 gravuras que cobrem os 52 anos de carreira da pintora portuguesa radicada em Londres. É ela própria que afirma em entrevista ao Jornal “Expresso” que gosta de fazer uma pintura comprometida com as causas que defende: as mulheres, o direito ao aborto, o sentido de injustiça, a relação de posse das pessoas, umas em relação às outras.
Quando leio aos sábados no Expresso a “impressão digital” que o José Manuel dos Santos lá deixa. É uma marca impressionante de beleza e luz. Julgo nela ver muito do que me foi dado ver sempre que me abro aos cheiros do mar no Quebrado. Sempre que me deixo envolver pelos misteriosos sinais dos dias em que aguardo que aconteça alguma coisa e vou sendo surpreendido por folhas caídas, prédios em ruínas, notícias inesperadas. São as coisas que acontecem porque eu as aguardo, ou eu aguardo-as porque é inevitável acontecer qualquer coisa. Leio as histórias que ele escreve e, sou ruas de Lisboa, sou empregado de mesa, sou ópera em S. Carlos ou, muito prosaicamente sou Madre Teresa não em crise de Fé, mas de Deus.
Sou Portugal-povo-menino-brincando. E deixo-me envolver nesta ternura vermelha ou púrpura (não sei bem) que ilumina os dias em que escrevo ou em que já escrevi. Escrevo para mim e o meu legado é que aquilo que escrevo possa servir para outra coisa qualquer além de ser lido por mim. PORTUGAL é então véspera da República que amo. Celebrando-a revisito os momentos dos sorrisos do meu avô Benjamim.Aqui o postal celebra a Proclamação da República. A figura que a representa tem tudo a ver com o simbolismo da Revolução Francesa e, com a Estátua da Liberdade oferecida aos americanos.República "pobrezinha", foram aproveitados os selos da Monarquia da efigie de D. Manuel II, carimbados com a palavra "REPÚBLICA". Tão simples como isto. Passado um ano a "república" perdeu os raios que lhe saiam magníficos da cabeça e, ganhou o chapéu republicano. Também tem uma cara mais aportuguesada. Ainda era tempo de festejar.

terça-feira, outubro 02, 2007

ACÉDIA
Não conhecia a palavra. Vi-a numa transcrição breve de um artigo notável de Pacheco Pereira a propósito das eleições para secretário-geral do seu Partido.
O analista descreve assim o terramoto eleitoral que varreu o PSD: “Na lista dos pecados mortais inclui-se a "preguiça" e muita gente pensa que o pecado é mesmo a preguiça. Não é: o pecado mortal é a acedia que é outra coisa bem diferente. Um dos textos mais interessantes da Summa Theologica de Tomás de Aquino é sobre a acedia e por ele se percebe por que razão é um dos pecados "espirituais" mais complexos da lista cristã. A acedia é a indiferença face ao mal, uma "tristeza" face ao bem (Tristitia de bono spirituali) que mata a acção, um torpor perante uma obrigação presumida.Um dos grandes e eficazes eleitores de Menezes foi a acedia”.
Depois de ler isto fui aprofundar o significado da palavra e recorri ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
“Enfraquecimento da vontade; inércia, tibieza, preguiça; Melancolia profunda; Desordem mental caracterizada por apatia, melancolia e descuido; Abulia espiritual quanto ao exercício das virtudes, no que respeita a culto e à comunicação com Deus; Negligência, indiferença, mágoa. Prostração”
Pensei em Portugal. Pensei em Peniche. Pensei no que tenho tantas vezes dificuldade em perceber. Falamos do que se faz e não se devia fazer e no que não se faz e se devia fazer. Esquecemos o essencial na razão da ausência. Não queremos mesmo saber. Ou porque fazemos parte dum grande, enorme, fantástico “bloco central” de indiferença.
Esta palavra ACÉDIA tem de ser mais assumida pelo “sebastiano” adormecimento em que vivemos.
Nesta semana de comemorações republicanas trago-vos algumas figuras que marcaram o 1º quartel do século XX. Figuras que marcaram uma parte da nossa história. Que mereciam ser mais estudadas para podermos perceber melhor os “menezes” e os “santanas” que nos esperam. Ah! Era bom se começássemos a reler o Eça.
Esta minha proposta tanto tem a ver com as pessoas que pensam e usam ter a espinha direita no PSD, como no PS. Portugal vai tornar-se um país mais triste para todos.Afonso Costa – Doutorado em Direito. Lente na Universidade de Coimbra. Tribuno e orador notável. Dirigente do Partido republicano. Deputado e Parlamentar. Ministro da Justiça e por três vezes 1º Ministro.Alexandre Braga – Licenciado em Direito. Membro fundador do Partido Republicano. Deputado republicano e orador notável. Um dos mais nobres difusores do ideário da República. Foi ministro do Interior e da Justiça.Manuel Arriaga – Licenciado em Direito. Açoriano. Fundador do Partido Republicano. Deputado por este Partido antes da instauração da República. 1º Presidente da República eleito.Bernardino Machado – Licenciado em Matemática e Lente e Professor catedrático de Filosofia na universidade de Coimbra. Membro do Partido regenerador e depois do Partido Democrático. Presidente da República por duas vezes.

segunda-feira, outubro 01, 2007

FADO
Portugal rima com fado
A 23 de Maio de 1536 por bula do Papa Paulo III, ao tempo de D. João III, foi instituída em Portugal a Inquisição ao serviço da coroa e da Igreja. Apesar de no século XVIII ter começado a perder a sua força inicial, também por influência do Marquês de Pombal, este Tribunal contra a Liberdade de expressão só viria a ser totalmente extinto em 1821 por decisão das Cortes Gerais.
É curioso recordar que quando a Inquisição não era tão feroz, era porque se fazia sentir com igual ferocidade o rigor do poder régio ou dos seus ministros. Também importa referir que Portugal vai perdendo importância no concerto das nações sempre que se aqui se acentua a repressão ou as medidas que põem em causa o exercício da Liberdade.
Assim chegamos ao século XIX, quando se inicia todo um processo de lutas entre monárquicos e republicanos. Desenvolvem-se partidos que se formam e desfazem com uma celeridade que torna difícil a sua implantação entre a classe média. Da perda de influência surgem os problemas com os nossos aliados que se tentam aproveitar das nossas possessões ultramarinas. Perdemos dinheiro e influência e ganhamos prisões repletas e forçados mandados para as colónias.
Segue-se o período perturbado e perturbador da Implantação da República, a queda da Economia Nacional e o Estado Novo.
Entre meados do século XVI e 1974, (cerca de 450 anos) a nossa experiência é com maior ou menor repressão e com modelos sucessivos de limitação da Liberdade de Expressão. O nosso viver comum tem sido desenvolvido a aprender e a esquecer fórmulas democráticas de estar em conjunto.
Portugal tem sido símbolo e sinal de atraso e de ignorância. Preocupante é que têm sido elites muito pouco aceites e restritas que têm beneficiado dos poucos momentos de reencontro com as ideias libertadoras que sempre nos chegaram de fora, como se a Europa fosse de facto a única via para o nosso desenvolvimento.
Do final do século XIX e princípios do século XX respingo postais ilustrados com as figuras da República responsáveis pelo Estado português na nova aventura democrática que se iniciou em 5 de Outubro. Dr. António José d' Almeida - Dr. João Menezes - Dr. Afonso Costa - Dr. Alexandre Braga