quinta-feira, agosto 30, 2018


AMAR O PORTO

Não estou a falar do FêCêPê. Para isso também teria que falar do Salgueiral e do Boavista (clube do qual fui sócio). Falo da Cidade e das suas gentes. Falo do mercado do Bolhão e da Rua Escura. Falo da Batalha e dos Clérigos. Falo da Trindade e da Campanhã. Da Cedofeita e da Ribeira.

Falo do S. João (Porto-Portugal-Povo-menino-brincando). Falo das gentes do Porto. Do vernáculo assumido como língua própria.

Tudo isto vem a propósito de um livro que vi anunciado, mandei vir e tem feito as minhas delícias de Verão.

O autor: - “João Carlos Brito”.

O livro: - “Clássicos da Literatura à Moda do Porto”.

Trata-se de uma incursão em “Os Maias – Os Andrades”, no “Sermão de Santo António aos Peixes – Sermão de Padre Tone aos Camones da Ribeira” do “Auto da Barca do Inferno – Auto do Rabelo de Bila Noba de Gaia”, “Lusíadas – Os Tripíadas” e no “Frei Luís de Sousa – Mano Pinto de Sousa”. Por último o livro contém para os que tiverem mais dificuldades o “Dicionário Clássico Tripeiro” onde poderá ir buscar a tradução de certas expressões tripeiras utilizadas.

Este livro só poderia ser escrito no Porto. E por um homem do Porto com uma cultura acima da média activada por um coração do Norte. Viver no Porto é um pouco viver com isto que me encanta(ou). O meu ano de professor na Escola Augusto César Pires de Lima na Rua D. João IV valeu por uma vida de trabalho. Foi lá que aprendi que ser professor é ser colaborador de aprendizagens.

VIVA O PORTO CARAGO!!!

   

quarta-feira, agosto 29, 2018


O FACEBOOK VERSUS INQUISIÇÃO

Para os que se interessaram pela história de Portugal e da Igreja em geral, existe um período de tempo particularmente interessante e perturbador. Refiro-me ao período da Inquisição. Ler o trabalho de Alexandre Herculano sobre este assunto é algo que nunca mais nos sai da memória.

Por isso é fácil compreender as motivações e métodos das policias políticas (e sim estou a recordar-me da PIDE/DGS), e agora a utilização bastarda das redes sociais por gentinha sem qualquer formação cívica ou honradez pessoal.

Alguns (os bufos) utilizam o anonimato para lançarem as suas farpas e falsas verdades, ou as verdades tiradas do contexto, para despejarem ódios ou desejos perversos.

Do amor ao ódio vai um passinho curto. É a diferença entre obter ou não o que se pretende. Na morados (as) expõem a nudez das suas relações perante a opinião pública. Na escola jovens praticam a mais grave das agressões (psicológicas) com o bulling nas redes sociais. A política é outra das vertentes da perseguição promovida nos facebooks e quejandos. Depois surgem os crimes passionais que são incompreensíveis para quem está longe de imaginar a perversidade destes escritos.

Eu, há muito que decidi não participar neste clube de gente frustrada. Claro que existem pessoas boas e de alto sentido cívico que utilizam estes meios proporcionados pelas novas tecnologias. Mas começam a ficar afogados em tanta nojeira. E por vezes passa uma ou outra “informação” aparentemente credível. Só que já contém o vírus do ódio e da nojeira disfarçado e é difícil perceber que se está a ser veículo de transmissão daquilo que se designa vulgarmente por boatos inconfessáveis.
Grave é que ninguém tem de provar nada. Basta que o diga nas redes sociais para se tornar uma verdade absoluta.

Que fazer? Cada um encontrará as suas respostas próprias. Eu aprendi a não confiar ou em quem não conheço ou em quem se mascara com as cores do arco iris.

terça-feira, agosto 28, 2018


PROIBIÇÃO DO USO DE TELEMÓVEIS EM ESCOLAS FRANCESAS

No “SAPO24” de ontem dia 27/8, Francisco Sena Santos, um dos grandes jornalistas portugueses, opina sobre aquilo que o parlamento francês aprovou e que colocámos em epígrafe. Eu podia falar sobre o assunto mas Sena Santos acho que diz tudo e eu só me repetiria. Por isso transcrevo o que já está dito.

“PROIBIR O TELEMÓVEL NA ESCOLA OU EDUCAR PARA A SOBERANIA DE CADA PESSOA?”

A interdição sobrepõe-se a regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino, tem força de lei, aprovada no parlamento francês no passado 7 de junho, com os votos favoráveis da maioria absoluta do partido En Marche!, do presidente Macron, e o voto contra das oposições. A lei, com texto muito curto que se limita a impor a interdição, no entanto, não define como será garantida a aplicação desta interdição de uso de telemóveis “e outros recursos conectados” nas 51.000 escolas e 7.100 colégios de França, que têm 10 milhões de alunos. Um estudo mostra que quase todos esses estudantes têm telemóvel.

O telemóvel tornou-se uma extensão do corpo de cada pessoa. A função do aparelho como telefone é hoje quase secundária. O que conta é estar em permanência ligado aos outros, através de uma qualquer das redes sociais. Poder trocar mensagens, ver imagens e ouvir sons, músicas. Através do telemóvel, os tantos utilizadores dependentes estão numa espécie de praça pública permanente, com um teatro de exibições onde tudo pode acontecer; também estão numa sala de todo o tipo de jogos, para além de acederem a novas do mundo, as notícias verdadeiras e as mentiras disfarçadas de notícia. O ecrã do telemóvel também possibilita o acesso a um poço sem fim de saberes humanos armazenados na rede da internet.

É paradoxal que um lugar de promoção do culto do saber fique interdito ao recurso a uma ferramenta que dá acesso a tanto saber. É, porém, indiscutível que por toda a parte o uso do telemóvel é um fator de perturbação e um convite à desatenção sobre a matéria que está a ser ensinada. Cada alerta recebido no ecrã leva a um desvio na participação na aula.

Do ponto de vista pragmático, a interdição do telemóvel na escola talvez seja a medida mais fácil. Não será a opção mais eficaz nem a mais pedagógica. 

Talvez seja preciso que entre as matérias trabalhadas na escola esteja o uso do telemóvel e o recurso aos ecrãs e ao teclado associado. A dependência do smartphone tende a tornar-se um problema de saúde pública. Quantas vezes em cada dia, do despertar ao voltar a adormecer, consulta o que aparece no seu ecrã? Estão estudados efeitos nefastos decorrentes da híper-conetividade, ou seja, da dependência de estar ligado ao que se passa no mundo que acontece no telemóvel. A quebra da capacidade de concentração é o efeito mais imediato. A perturbação pode ser mais complexa, com efeitos psicossociais e fragilidades depressivas.

Obviamente, na escola, o essencial é a transmissão de saberes e de modo de estar na vida em sociedade. O canal de distribuição desse saber não é o problema, o que importa é que funcione. Essencial é que a palavra, a troca de ideias, o espírito crítico, os saberes, sejam privilegiados.

A proibição do uso do telemóvel esconde a falta a um dever: o de educar os jovens para a utilização do telemóvel, o de promover o discernimento e a emancipação de cada pessoa, ensinando-a a libertar-se da poluição mental provocada pelo estado compulsivo de dependência do telemóvel.

Há que ter em conta que a economia deste tempo da web explora essas dependências. Trata de tentar “fazer-nos a cabeça”, propagando e inculcando os interesses de quem funciona como vendedor. Há que ponderar as escolhas a fazer e os caminhos a percorrer.

O que parece ser um ponto de partida a procurar é o que entende que mais relevante que proibir é que a escola cumpra com eficácia a promoção da soberania da pessoa que é cada aluno. Incluindo cultivar o gosto do silêncio como um tempo próprio.

Uma pergunta a fechar: quantos alertas para nova mensagem terá recebido enquanto tentou pensar nas questões em volta deste assunto?” 

 

segunda-feira, agosto 27, 2018


DE NOVO AQUI

E se tudo correr dentro da normalidade usual para quem é velho e tem maleitas. O tempo sei que não está a correr muito a meu favor. Mas muito mais novos que eu também lutam contra o tempo.

A partir de agora entramos em campanhas eleitorais sucessivas. É o Parlamento Europeu. São as legislativas de 2019 aqui no jardinzinho luso. Na Madeira também vão a votos.

Isto significa que as nossas televisões irão de mal a pior. Se já são insuportáveis, irão tornar-se execráveis com os políticos de trazer por casa.

No meio disto tudo interessante será seguir o percurso da Cristina Ferreira e quejandos. E se a D. Dolores se irá dar bem com a Georgina. E se a veia goleadora do Ronaldo secou ou se irá jorrar de novo. E se o os azulinhos conseguem renovar o ímpeto. E se os encarnadinhos serão capazes de reerguer-se. E se os verdinhos se verão libertos do tresloucado que lhes calhou em sorte e imporem-se como pessoas de bem que nunca deveriam ter deixado de ser.

E por cá? Continuamos uma ilha e incapazes de nos assumirmos como pessoas com capacidade para assumirmos o que para cada um de nós é verdadeiramente importante. Somos os reis da maledicência mas só nas redes sociais e em locais onde não tenhamos que assinar por baixo.

No meio de tudo isto Recomendo-vos uma visita à antiga Igreja de S. José onde ireis encontrar uma exposição de um artista de Peniche que aposta na figura humana para sublinhar o seu pensamento. Ireis encontrar algo verdadeiramente deslumbrante e que é mesmo imperdível. Está aberta de 3ª a Sábado.

Eu vou recomeçar as minhas leituras. Deixei atrasar tudo. Mas como estou de cabeça fresquinha, irei recuperar rapidamente.   

quinta-feira, agosto 23, 2018


ZECA AFONSO TEM UMA FAMÍLIA QUE O MERECE

Para quem teve a felicidade de o ouvir cantar ao vivo, com ele conversar, ou partilhar momentos de lazer, o que mais impressionava no Zeca Afonso era a sua coerência e a sua humildade. Ele sendo um gigante junto de todos, era do mesmo tamanho do mais “pequenino” de nós.

Por isso o Zeca nunca provocou distâncias nem honrarias. Ao cantar era para nós que cantava, era por nós todos que cantava, cantavava com todos os que o ouviam.

Escolheu provavelmente o caminho mais difícil. Que para ele era uma atitude natural, fazendo tudo parecer simples. O Zeca era assim, porque sim.

Quando os que não o amaram em vida quiseram agora penitenciar-se a sua família que o conhecia melhor que ninguém foi consequente com a coerência dele disse NÃO.

Honrem o Zeca cantando os seus versos. Cantando as suas canções. Não se ouve o Zeca nas rádios que se dizem pioneiras e líderes de audiência.

Honrem o Zeca promovendo espectáculos em que grupos de amigos seus recordem as suas canções. Honrem o Zeca fazendo-nos reviver em canções que cantou e estão gravadas na RTP.

Todos os dias o Zeca é morto porque não é ouvido nem visto. A melhor forma de o enterrarem definitivamente era encerrá-lo entre 4 paredes.

Os Vampiros andam aí. Ouçam o Zeca.

segunda-feira, agosto 20, 2018


FELISBELA LOPES

Felisbela Lopes é Professora Auxiliar no Departamento de Ciências da Comunicação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Licenciou-se em Português-Francês e exerceu funções como jornalista, leccionando actualmente na Universidade do Minho disciplinas nas áreas do Jornalismo e da Informação Televisiva. É investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS). Integra vários projectos de investigação, nomeadamente o “Mediascópio”, que analisa as tendências dos media em Portugal, e “Os 50 anos do Telejornal”, que coordena em parceria com a RTP. É ainda Investigadora Responsável por dois projectos que estão em curso: “Jornalismo televisivo e cidadania: os desafios da esfera pública digital” e “A doença em notícia”. Entre os seus trabalhos podem encontrar-se os livros “A TV do Real” (2008), “A TV das Elites” (2007), “A TV do Futebol” (coordenação; 2006) e “O Telejornal e o Serviço Público” (1999).

Aos domingos, no Jornal da manhã da RTP, FL lê a imprensa escrita em Portugal e analisa-a. Faz isso de forma exemplar em minha opinião. Alerta-nos para o tipo de notícias que são dadas, como são dadas e o tipo de informação que veiculam. Isto é se surgem de forma directa ou indirecta. Dito de outra maneira se são por informação directa colhida junto do objecto da notícia ou se surgem por interpostas pessoas, com todas as nuances que isso comporta.

FL ensina-nos a ler notícias. E sabendo nós como a imprensa tantas vezes contribui para corromper ou adulterar notícias, é um processo salutar dizer-nos que a leitura das notícias exige cuidado e atenção. Trata-se de uma rubrica que comporta o tipo de serviço público que cumpre a uma televisão paga com o dinheiro de todos nós.

Infelizmente a pivot nem sempre entende assim. E muitas vezes acelera esta leitura de FL como se a seguir o que vamos ouvir fosse mais importante. E quantas vezes o que vem a seguir é uma xaropada sem qualquer interesse pedagógico… 

sábado, agosto 18, 2018


BONS CONSELHOS...
A Genoveva, rapariga bem (da linha, por sinal), estava nervosíssima com os preparativos do casório.
Entra a Tia Filipa Gentefina de Vasconcelos que, ao vê-la naquele estado lhe perguntou, de imediato, o motivo de tanta preocupaçao.
- Ai, Genoveva! Você 'tá tao down. Mas afinal o que é se passa ?
- Oh Tia, 'tou uma pilha!.. Eu 'tou enervadérrima, sei lá...
- Mas, oh Genoveva isso é naturalíssimo com o casamento...
- Oh Tia, você nem imagina !... ...o mundo vai-me desabar em cima... Veja lá que caso amanhã e, justamente quando preciso mais do meu corpinho, 'tou com o período... Nem sei que faço! 'Tou mesmo uma pilha...
- Mas, oh Genoveva, tenha calma, nao se enerve que eu falo com o Bernardo.
Ele é um rapaz 'tao bem... Ele é um querido - de certeza que vai entender.
- Oh Tia Filipa, você faz isso?
- Olhe, vou já ter com ele.
A Tia Filipa visita o Bernardo e expoe a situação:
- Bernardo, como 'tá, meu querido ?
- Oh Tia, 'tou bem. A que se deve esta visita ?
- Olhe: eu nem sei como é qu'eu hei-de começar... ...é q'a
Genoveva 'tá enervadérrima porque, justamente agora com a noite de núpcias e isso, 'tá a atravessar aqueles dias do mês que todas as mulheres têm, 'tá a ver?
- O quê 'tá com o período ? Mas, oh Tia, isso é uma coisa normal da vida das mulheres e nao constitui um problema, até porque o amor q'eu nutro pela Genoveva é um amor essencialmente platónico.
- Oh Bernardo, você é um querido, você é benzérrimo.
Obrigadinho, vou já a correr a contar à Genoveva qu'ela 'tá uma neura.
Meia-hora depois:
- Olá Genoveva! Acalme-se rapariga !
- Entao, Tia Filipa? Conte-me q'eu nao aguento mais!
- Oh Genoveva, eu nao lhe disse que o Bernardo era um querido, q'ele era benzérrimo e q'ia compreender ? Olhe, falei com ele e ele disse que não havia problema nenhum e que o amor que sente por si até é essencialmente platónico...
- Ai mas que bem! Mas, oh Tia Filipa, o que é que é um amor platónico?
- Oh Genoveva, eu também não sei mas, pelo sim pelo não, vá preparando o rabinho

EMPREENDORISMO 
O pai, grande empresário, explica ao filho a história da sua empresa de salsichões:
- Esta, meu filho, foi a primeira máquina feita pelo teu bisavô. O burro depois de triturado entrava por aqui, e deste lado saiam salsichões.
- Hum...
- Esta máquina aqui foi feita pelo teu avô.
Bastava cortar o burro ao meio, meter as 2 metades aqui e... voilá - 300 quilos de salsichão de burro por hora.
- Ena !
- Esta, foi inventada por mim e tornou-nos líderes europeus. Por esta porta entra um burro inteiro ainda vivo eliminando assim as etapas anteriores e deste lado saem 300 quilos de salsichão de burro por minuto.
- Uau! Bestial !
- E agora, meu filho, diz-me lá o que pensas fazer para manter a nossa tradição de líderes do mercado ?
- Bom... hummm... Talvez podéssemos fazer uma máquina ao contrário ?
- ?!
- A gente metia um salsichão lá dentro e saía um burro inteiro...
- Meu filho. Essa máquina já existe! É a tua mãe !

BEM-AVENTURADOS OS QUE ACREDITAM

Um guru disse a um discípulo:
- Vai para a chuva e eleva os braços. Terás uma revelação.
No dia seguinte, o aluno volta e diz.
- Segui o seu concelho e fiquei completamente encharcado. Senti-me um idiota.
- Logo no primeiro dia!!!! Isso é que foi uma revelação.

terça-feira, agosto 14, 2018


E HOJE HÁ FADOS…

Nos últimos anos convencionou-se na cidade de Peniche, apresentar nas escadarias de S. Pedro um grupo restrito de cantores de fado amadores.

Dedilham-se guitarras e canta-se. Sendo um local de passagem obrigatória para os passeios noturnos e com o trânsito cortado na zona, com facilidade se juntam ali algumas centenas de pessoas que ouvem, aplaudem e interiorizam ou não o que veem e ouvem.

De canção fascista e machista até se travestir em Património Imaterial da Humanidade foi longo o caminho que o fado percorreu. Recordo que na Húmus vão lá 50 e tal anos na secção de discos o único fado possível de encontrar seria o Fado de Coimbra. O Fado de Lisboa existia para se ouvir ou em algumas rádios ou em vitrolas que existiam em cafés e onde imperava o Fernando Farinha.

Mas o Fado pertencia e era assumido pela alma popular. E tanto servia para o ceguinho cantar à porta da praça onde vendia os folhetos com letras de fazer chorar as paredes, como era cantado em salões de nobres e em salas de concerto em que a nossa diva brilhava como poucos.

Lavava-se a roupa nos pocinhos e cantava-se o fado. Fazia-se renda de bilros e cantava-se o fado. Caiavam-se as paredes das casas no Fialho e cantava-se o fado. Regressava-se a casa vindo das fábricas de conserva ou das lojas de peixe na ribeira e cantava-se o fado. Levava-se pancada dos maridos já bêbados e cantava-se o “maldito” fado. Passava-se fome e cantava-se o fado.

O fado foi amor. Estado de espírito e sentir das gentes. Hoje já não será nada disto. Será outra coisa que me é difícil perceber muitas vezes.

Enquanto coloco este texto na net, vou ouvir a Amália em “fados 67”.   

segunda-feira, agosto 13, 2018


O PENDURICALHO

Aos domingos à noite a SIC durante o seu Telejornal apresenta um imogi falante que se dedica a dizer coisas que só ele sabe e ouve. É uma espécie de “sempre em pé”, bonequinho que fazia as minhas delícias do meu tempo de criança.

O penduricalho tem opiniões sobre tudo e no entanto não conheço ninguém que se reveja no que ele diz. Até pode haver uma ou outra coisa com que alguém possa concordar. Mas logo a seguir ele consegue meter as pés pelas mãos e tornar-se impossível de aturar.

Os seus correram com ele. De vez em quando convidam-no, mas dá trabalho levá-lo onde quer que seja. Obriga aq ter uma plataforma elevatória para o penduricalho se poder tornar visível. E digamos em abono da verdade, ele só tem gracinha quando diz mal. Ninguém confia nos elogios daquela coisinha.

É lastimável ver pessoas inteligentes como o Rodrigo Guedes de Carvalho fazerem-lhe perguntas inteligentes. O bonequinho tem o discurso preparado por uma certa ordem e quando fogem disso esparramalha-se todo. O meu neto pergunta-me quando o vê: “Avô? São horas de ir para a cama?” Porque julga que é um desenho animado a dar as boas noites aos meninos e meninas. Só por isso talvez mereça a pena manter o penduricalho. È serviço público para os mais pequenos.

 

 

sábado, agosto 11, 2018



DESABAFO DE UM CONDUTOR ASSUSTADO
Esta manhã quando vinha pela auto-estrada, olho para o meu lado esquerdo e o que e que eu vejo???
Uma fulana num Mercedes novinho, a 150 km/hora, de queixo levantado para o espelho retrovisor a pôr rímel nas pestanas!
Continuei a olhar por mais uns segundos quando reparei que o carro dela já estava mais de metade na minha faixa de rodagem e ela continuava tranquilamente a pintar os olhos...
Apanhei um susto de tal forma (sou homem, não é?!?!
Como se não bastasse... no meio daquela confusão toda, a tentar não tirar os joelhos do volante para não me despistar, dei uma pantufada no telemóvel que caiu dentro do café que levava no meio das pernas, salpiquei tudo, queimei "o meu amigo e os amigos dele", estraguei a porcaria do telefone e ainda por cima desliguei uma chamada importante!!!
Raios partam as mulheres ao volante!!!  
BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO

Um americano, um português, um francês, um italiano e um inglês chegaram ao Céu. São Pedro disse:
Aqui só pode entrar quem é puro, sem maldade. Vocês têm que passar num teste. Vou fazer uma pergunta a cada um.
Perguntou ao americano:

* O que é mole, mas na mão das mulheres fica duro?

O americano pensou e disse:

* Verniz.

* Muito bem, pode entrar, disse São Pedro.


Perguntou ao italiano:

* Onde as mulheres têm o cabelo mais enrolado?

O italiano respondeu:

* Em África.

* Certo. Pode entrar.


* Para o francês:

* O que as mulheres têm no meio das pernas?

* O joelho.

* Muito bem. Pode entrar também.


* E perguntou ao inglês:

* O que é que a mulher casada tem mais larga que a solteira?

* A cama.

* Óptimo. Pode entrar.


* O português virou-se e foi saindo de fininho...

* São Pedro chamou-o:

* Não vai responder à sua pergunta?

Nem vale a pena. Já falhei as anteriores...

quinta-feira, agosto 09, 2018


ZÉ ROSA: O MELHOR DE TODOS NÓS
Conheci o Zé Rosa nos idos 50/60 do século passado. Eu um menino estudante e muito empertigado e cheio das ideias que iriam colocar Peniche no mapa e fazer de Portugal um país de Liberdade. O Zé Rosa era a calma personificada mas isso não significava falta de determinação e de convicções. O Zé Rosa foi o amigo certo em horas difíceis. E foi o Homem que temperou a nossa intransigência juvenil. Ele foi a alma do CICARP e ver hoje os agentes funerários que trataram do funeral do cineclube que ele tanto amava a assistirem ao teu sepultamento, continua a ser difícil para mim de digerir.
O Zé Rosa era um Homem de ideais que manteve até ao fim da sua vida. Desaparecido o CICARP embarcou na aventura da HÚMUS com a mesma paixão e empenhamento que sempre nortearam o seu caminho. O Zé Rosa era um Homem de ideais e manteve-se sempre fiel a eles. Nem quando a PIDE lhe entrava casa dentro. Nem quando ostensivamente se colocavam ao seu lado para ouvirem o que dizia e reproduzirem em relatórios obscenos o que nunca perceberam, porque princípios e sonhos eram assunto que nunca perceberam.
Enquanto isto, o Zé ía escrevinhando os seus apontamentos para os livros que queria escrever, deixando dessa forma o seu legado para as gerações futuras.
É assim que surge ainda em 1964 “Mar e Homens” que comprei numa livraria hoje inexistente em Peniche, a “Livraria Cerdeira”. Surge depois ainda antes do 25 de Abril “À Face do Mar”. Em 1975 publica “Moisés o Negro” a que se seguem em 1977 “O Advogado” e a “Mulher Deitada”. Publica ainda entretanto “Inquérito ao Mar” e “Enquanto se Espera” em 1979. Em 1980 vê a luz “O Casal Desavindo” e em 2006 “O País do Mar”. Nestes livros desenvolve o conto, o romance e o Teatro. E uma constante em todos eles, o Mar, os pescadores, as suas mulheres e os seus filhos e filhas.
Sem mendigar apoios, nunca se aproveitando dos amigos que as suas relações ímpares geraram o Zé foi-nos entregando uma parte importante da História de Peniche, sem bajulices, nem salamaleques.
Os seus livros foram surgindo como ele próprio. Sem se dar por eles. Éramos um grupo fabuloso: o Desejável, o Adelino Leitão, o Zé Rosa, o Carlos Mota, eu próprio, o Delgado, e mais os que se foram juntando a nós (estou a pensar nos mais velhos) e todos os que sempre nos apoiaram. Restamos poucos. Que este já longo epitáfio permita que nos percebam. Pelo que fomos. Pelo que lutámos. Por aquilo em que acreditámos e que se hoje não permitiu viver a Utupia pelo menos permitiu que víssemos a luz ao fundo do túnel.                

quarta-feira, agosto 08, 2018


O DESAPARECIMENTO (?) DESTE BLOG NAS REDES SOCIAIS

Desde sábado passado que desaparecemos completamente do mapa. Uma anomalia técnica com o router fez-me ficar sem telefone fixo e sem internet que só ficaram totalmente recuperados hoje mesmo.

Espero que a partir de amanhã com a regularidade que impuz a mim mesmo possa voltar ao vosso convívio.

Até ao próximo blog. Bem hajam pela vossa paciência.

quarta-feira, agosto 01, 2018


“DICIONÁRIO DO DIABO”

É um livro de Ambrose Bierce e editado recentemente pela “tinta da China”.

O autor era um jornalista e escritor americano nascido em 1842 e que desapareceu no decorrer de uma viagem ao México em 1914. Trata-se de um escritor corrosivo e sarcástico que na sua época lhe valeu muitos incómodos pela forma como incomodava uns e outros. Em algumas colunas de jornais americanos publicou as suas análises extremamente sintéticas a que chamou inicialmente o “livro de palavras cínicas” que reformulado veio a receber a designação com que hoje se apresenta “O Dicionário do Diabo”.

Para vos despertar o apetite sobre este autor e a sua interpretação do demo, ou do que ele promove, pensa ou diz ou nos impulsiona a dizer dou aqui um conjunto de definições que o tornam absolutamente necessário nos dias de hoje. Digamos que quando comparado com o autor ou à sua representação diabólica, o Facebook é uma brincadeira de crianças:

Adivinha, n. Quem elege os nossos governantes?

Alegria, n. Uma sensação agradável provocada pela contemplação da miséria dos outros

Casamento, n. Cerimónia na qual duas pessoas passam a ser uma, uma passa a ser nada e nada passa a ser sustentável

Escrúpulos, n. Uma palavra caída em desuso por expressar uma ideia que já não existe

Gota, n. Nome que os médicos dão ao reumatismo de uma pessoa rica

Justiça, n. Uma mercadoria que o Estado vende aos cidadãos, em condições mais ou menos adulteradas, como retribuição pela sua obediência, pelos seus impostos e serviços pessoais.

Malfeitor, n. O principal factor de progresso da raça humana

Optimista, adj. Proponente da doutrina segundo a qual o preto é branco.

Reverência, n. A atitude espiritual do homem perante Deua e do cão perante o homem.

Velhice, n. Aquele período da vida no qual ajustamos os vícios que ainda temos, denegrindo aqueles que já não conseguimos satisfazer.