domingo, dezembro 31, 2006

FIM DE ANO


Quando a chave de toda a criatura
seja mais que número e figura,
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre
devolvido ao viver da vida livre,
e quando a luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa.


NOVALIS (1772-1801)

sábado, dezembro 30, 2006



A Gioconda sorri porque todos os que lhe puseram bigodes estão mortos

André Malraux

sexta-feira, dezembro 29, 2006


A GRANDE INVENTONA

Ao ler as Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2007, a pgs 22 no que se refere à "política cultural" sic, leio que um dos temas a desenvolver será a "comemoração do centenário de Luís Correia Peixoto".
Leio mas não acredito. E se considerarmos que Luís Correia Peixoto nasceu a 5 de Outubro de 1907, nesse dia será celebrado o nascimento do "símbolo do homem rico" em Peniche e não a data da implantação da República.
Recordo que aqui em Peniche nos últimos 50 anos, sempre que nos queremos referir ao facto de sermos uns "penduras" dizemos aos nossos amigos: "- achas que eu tenho a fortuna do Luís Correia..."
Bom. Mas o homem podia ser rico e no entanto ser um filantropo. Começo a fazer um esforço de memória e a tentar lembrar-me...
Quando teve barcos fez melhores contratos e mais justos com os pescadores das suas armações? Não.
Proprietário de uma fábrica dividiu lucros com os seus trabalhadores? Criou creches para os filhos das operárias fabris? Atribuíu bolsas de estudo a filhos e filhas dos seus trabalhadores? Com o dinheiro que herdou e fez por aumentar criou alguma fundação para apoiar os seus conterrâneos na doença, nos estudos, em actividades económicas a desenvolver? Porque é que o Xico GazCidla foi pró Canadá? E o Jakim do ferro?
Depois de morrer qual o seu legado a Peniche comparativamente com o de Pedro António Monteiro e o do Arqº Paulino Montez?
Publicou livros? Quantos lhe comprou a Câmara Municipal de Peniche? Quantos mandou entregar nas escolas? Não se lhe reconhecem méritos literários. Como fotógrafo não foi melhor nem pior que tantos outros que ainda são vivos ou já morreram.
O senhor Luís Correia Peixoto tem todo o direito de fazer ou não o que fez. Isso não se discute. Aprendi a respeitá-lo e a ser amigo dele nas cadeiras do café Aviz quando lá ía de pequenino com o meu pai. Mas daí a fazer dele um ícone vai uma distância enorme. Ele não tem culpa.
Tudo isto tem a ver com o facto de ele ter criado uma auréola de simpatizante de esquerda. De "amigo" do PC.
Mas não exageremos. O ridículo tem limites. Se o Luís Correia era um homem de esquerda, então eu sou a Madre Teresa de Calcutá.
Lá que estendam lençóis na Fortaleza para comemorar a fuga do Álvaro Cunhal, compreendo e aplaudo. Foi uma "chapada na cara" de todo o tamanho no Estado Novo e nos seus sicários. Mas fazer do Luís Correia símbolo da luta anti-fascista, é ridicularizar todos quantos de forma séria e coerente foram massacrados, presos e torturados, de todos quantos tiveram que abandonar o país ou foram despedidos dos seus empregos, na luta por um ideal.
Apesar disto acontecer em Peniche, comemorar o centenário do nascimento do Sr. Luís Correia Peixoto não é um erro. É ridículo.















quinta-feira, dezembro 28, 2006

OS VOTOS
A Igreja de S. Pedro aparece este ano no Natal, com novo visual que lhe é conferido pela linda decoração da sua entrada principal, e pela abertura da porta lateral, frente ao Restaurante "Oh! Amaral".
A decoração de Natal da entrada, para além das fitas, das bolas, da verdura, das fitas e das estrelas, apresenta mais de uma centena de cartões escritos pelos meninas e meninos que frequentam a catequese.
Curiosamente é a paz a palavra que aparece com maior frequência associada ao nascimento de Jesus.
São sempre as crianças quem mais consegue extrair da realidade o que melhor seria para todos.
O promotor desta iniciativa deu-nos a sua voz como alerta. E mesmo os que não frequentam este templo cristão, se sentem tocados por tantas vozes que gritam por aquilo que melhor define o Homem como ser superior: a sua capacidade de pela Paz atingir os outros homens.
Estamos tão desabituados desta ideia que estranhamos o apelo de Ramos Horta a Bin Laden. De tal forma que teve de ser feita uma nota explicativa, para os surdos e cegos perceberem a razão que levou o 1º Ministro de Timor-Leste a tratá-lo por irmão.
É que entramos no Templo, mas quando de lá saímos o nosso coração vem mais mirrado do que quando entrou. A nossa capacidade de amar e perdoar perdeu-se.
A Paz é um sentimento desconhecido.
A porta lateral transportou-me de regresso à minha infância. Quando eu acompanhava a minha avó à missa das almas. Eu era a sua bengala. Caneja e trôpega a Guilhermina "Baterremos" tinha em mim o apoio que a idade lhe ía fazendo faltar.
Por tudo isto este Natal foi um fervilhar de emoções. É agradável que assim me sinta.

quarta-feira, dezembro 27, 2006


OS MUROS

Fui hoje acordado com a notícia de que o Paquistão ía estudar a possibilidade de construír um muro que separe aquele País na sua fronteira com a Índia.
Quando em 1989 pela televisão, muitos milhões de pessoas em todo o mundo assistiram à queda do muro de Berlim, com tudo o que isso representava de repressivo no imaginário das pessoas, julgávamos afastada da humanidade por muitos anos, esta tentativa grotesca e abjecta de separar a humanidade entre bons e vilões, entre fiéis e impuros, entre bons e maus.
Caía com aquele muro uma das nódoas negras da humanidade, consequência directa e indirecta de tudo quanto de pior o homem pode fazer quando se deixa submergir no ódio e na violência.

Nem 20 anos passados Israel estende um muro na sua fronteira com a Palestina. Inda nem acabado está e já os EUA anunciam que vão estender um muro na fronteira do seu território com o México. E agora o Paquistão. E depois outros países se seguirão inevitavelmente.

Enquanto a Rússia (ou a União Soviética) tentou expandir-se pelo mundo criando muros artificiais, isso representava tudo quanto de odiento e negativo esse pólo do Mal podia produzir para reprimir a humanidade. Agora são os EUA e os seus aliados quem desenvolve os mesmos métodos. Porque são os bons (?) que os utilizam, serão menos abjectas estas práticas?

Não se augura nada de bom para a humanidade neste primeiro quartel do século XXI. Em nome da liberdade nunca se cometeram tantas atrocidades. Em nome da livre concorrência nunca houve tanta gente com fome e necessidades. Em nome do social nunca tantos passaram tão mal. Em nome da diferença perseguem-se os diferentes. Em nome da Paz perseguem-se os pacíficos. Contra o domínio dos opressores, solta-se a Besta e perseguem-se e matam-se os oprimidos.

Os muros estão aí de novo.

terça-feira, dezembro 26, 2006

VÉSPERAS NATALÍCIAS COM UM MOLHO ENJOATIVO

Na véspera de Natal tive de ir à farmácia. Por este ano ser domingo tive que procurar a farmácia de Serviço. Quando entrei e tirei a senha de vez, verifiquei que teria de aguardar que fossem atendidas umas 12 pessoas antes de mim. Pressupostamente quem vai a um domingo a uma farmácia, é porque algo de mal ocorre consigo próprio ou com familiares próximos.
Fiquei a pensar nisso enquanto esperava. Nesse mesmo dia à tarde teria de acompanhar o funeral do Necas. Enquanto o conheci, mesmo nos piores momentos, sempre lhe vi um sorriso sereno nos lábios. E uma saudação cheia de ternura. Se a minha mulher ler isto, lá dirá: "-O que é que queres? É gente de Peniche de Cima!". Bom, estava eu neste deambular pelas desgraças alheias, quando sou interrompido pela funcionária que queria abrir o armário dos "bonecos" da chicco.
Uma cliente desse domingo, em que só há uma farmácia de serviço, tinha ido escolher prendas de Natal. Lá fiquei eu e outros desesperados, aguardando que os carrinhos fossem ensaiados, que as músicas fossem tocadas, que os cochichos fossem apertados. Escolhida a prenda, havia que embrulhá-la em papel de oferta.
Todos nós encolhemos nossas dores e doenças mais no fundo de nós mesmos, enquanto aquela "madame" indiferente ao sofrimento alheio, ía para a farmácia do nosso desespero escolher prendas de Natal.
Não sei se aquela senhora teve um Feliz Natal. Provavelmente teve. Mas contribuíu muito generosamente, para que alguns de nós que aguardávamos a nossa vez para sermos atendidos na farmácia da nossa salvação, tivessem pensamentos pouco cristãos naquela manhã da véspera de Natal de 2006.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

A NOITE DE NATAL

Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Vão-se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acordam de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

- Deu-lhes sim, muitos bonitos.
- Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.


Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

sábado, dezembro 23, 2006

ESTA PENICHE QUE EU AMO...



































fotos de Hélder Blayer

sexta-feira, dezembro 22, 2006

As palhas do presépio,
menino de Belém,
são hoje flores e rosas,
amanhã serão fel.
Chorais entre as palhas
de frio que tendes,
meu belo Menino,
e de calor também.
Dormi. Cordeiro Santo,
oh vida, não choreis,
que se o lobo vos ouve,
virá por vós, meu bem.
Dormi entre estas palhas:
bem que frias as vedes,
são hoje flores e rosas,
amanhã serão fel.
As que para abrigar-vos,
macias hoje se vêem
são amanhã espinhos
em coroa cruel.
Mas não quero dizer-vos,
bem que vós o sabeis
palavras de pesar
em dias de prazer.
Que embora grandes dívidas
em palhas cobreis,
são hoje flores e rosas
amanhã serão fel.
Deixai o frágil pranto,
divino Emanuel,
que pér’las entre palhas
perdem-se sem porquê.
Não pense vossa Mãe
que já Jerusalém
prevê as suas dores
e chora com José.
[...]
são hoje flores e rosas
amanhã serão fel.


Lope de Vega (1562-1635)

quarta-feira, dezembro 20, 2006

PENICHE NO SEU MELHOR


SEM COMENTÁRIOS



Presidente do Conselho

Directivo da Escola

Preparatória da Lourinhã

Lourinhã

Lisboa, 20 de Setembro de 1990

Exmo. Senhor,

Não posso deixar de protestar pela maneira como V. Exa. me tratou ontem, quarta-feira, pois até parecia querer-me atirar uma bomba atómica para cima só por eu não lhe ter entregue a porcaria desses dois programas que tantas dores de cabeça tive, para conciliar essa merda com o português e o francês de facto.

E ainda por cima, segundo v. Exa. eu teria ainda que pegar "naquilo", quase quase diáriaénte e durante meses como se fosse uma relíquia!!!

Devo onformar V. Exa. que aquilo ao fim deste tempo ficou num tal estado que eu até teria vergonha de mostrar ao meu cão.

Aliás, como xxx ex-directora da biblioteca devo t também informar V. Exa. que ali também crescem merdas dessas, só que não me deram dores de cabeça: apenas me meteram nojo quando uma vez, lhes toquei.

E ainda por cima, V. Exa. deixou, para me vexar, deixou a porta aberta da sala para que toda a gente ouvisse: todo o pessoal administrativo, o professor Zé Manel de Matemática (que saíu incomodado), dois professores que não conheço e que ficaram ali. Que eu saiba! Aliás, este lamentável espectáculo só podia ser apreciada pelo que de pior há nessa escola.

Xxxx E interrompo para ir tomar um duche ! Mas antes antes deixo aqui os meus votos expressos e antecipados para que V. Exa. tenha um Natal Feliz e um próspero Ano Novo.

xx

Maria Roque Reis

domingo, dezembro 17, 2006

UMA PSP PARA O FUTURO
No passado dia 13 do corrente mês em reunião aberta à comunidade, foi apresentado o novo modelo de policiamento que a partir de 1 de Janeiro de 2007 entrará em vigor a título experimental na cidade de Peniche.
A justificação desta escolha está assente em "critérios de natureza policial e de aproveitamento de capacitações académicas recentemente adquiridas pelo comandante da esquadra" de acordo com o comunicado de Imprensa do Comando Policial de Leiria.
Nessa apresentação pública, o subcomissário Martins começou por esclarecer os presentes do que tem sido a evolução dos incidentes criminais nos últimos 30 anos nesta cidade.
Baseada neste estudo, está a divisão da cidade de Peniche em várias zonas e, de entre estas a escolha de 5 para o desenvolvimento do projecto.
Fundamentalmente o que parece mover nesta alteração de postura a PSP, é a passagem de um policiamento reactivo, para um policiamento mais pró-activo antecipando-se aos acontecimentos, através de uma cooperação mais estreita entre a comunidade em geral e os agentes destacados para o efeito.
A PSP procurará intervir pela proximidade nas causas da criminalidade, dissuadindo comportamentos de risco e de perturbação pública e, facilitando o acesso a mecanismos de protecção social, nomeadamente no apoio pós-vitimação.
Duas grandes marcas deixaram este encontro entre a PSP e a comunidade: Uma a análise apresentada do crime na cidade, das suas incidências, da relação causa-efeito entre o crime e o desenvolvimento sócio-cultural da comunidade; Depois, a PSP ter partido de forma lapidar e sem sofismas, do tratamento de dados e da sua interpretação, para uma nova leitura do que terá de ser a sua actuação.
Para quem está habituado a uma PSP pouco esclarecida, terá sido uma pedrada no charco aquilo a que assistimos.
Ficou o exemplo para outros sectores da vida pública. Estudar, ler, interpretar e agir.
Uma ideia me ficou a martelar nos ouvidos sugerida pelo subcomissário. A da criação em Peniche de um Gabinete de Apoio à vítima e, porque não, ao agressor.
Se o primeiro não oferece dúvidas e em relação ao qual é fácil estabelecer consensos, já o segundo é mais controverso e curiosamente é um Polícia que o refere. Mas não existem dúvidas que se não cuidarmos do agressor, este continuará a produzir vítimas. A cadeia por si só não resolve o problema. Se assim fosse com tanta gente condenada, já tinhamos o problema resolvido. Quem apoia e integra o agressor após este cumprir pena? Quem procura antecipar-se ao crime promovendo medidas integradoras e de dissuasão?

sábado, dezembro 16, 2006

PIOR QUE PERDER... É NÃO SABER PERDER
PIOR QUE GANHAR... É NÃO SABER GANHAR

Tenho acompanhado sem interesse mas com atenção, as entrevistas dadas pelos nossos autarcas à Voz do Mar. A oposição cumpre o seu fadário: ser oposição sem originalidade nem estômago. Ressalve-se aqui a postura do Vereador do PS Joaquim Raúl Farto, que com uma atitude inteligente e construtiva, fornece indicadores que a CDU deveria saber interpretar e aproveitar.
Deste conjunto de entrevistas retenho duas ideias.
Uma extraída da que foi prestada pelo senhor Jorge Gonçalves e que passo a referir: "Podemos dividir este primeiro ano de acção do Partido Comunista (as coligações terminam após os actos eleitorais) à frente da Câmara Municipal de Peniche em duas partes." etc, etc, etc.
Com esta afirmação pretende o senhor Jorge Gonçalves informar o público em geral e a população de Peniche em particular, de que são os COMUNISTAS que tomaram o poder em Peniche. " - Eles aí estão. Bem os avisámos! Agora não se queixem!"
Este é o aviso que está implícito naquela informação do senhor Jorge. Como se ainda vivessemos em pleno clima de guerra-fria. Como se o perigo comunista permanecesse sobre as nossas cabeças.
O perigo que hoje corremos é o dos maus políticos destruírem o nosso património comum. Venham eles de onde vierem. Ainda há poucos dias o Dr. Mário Soares interrogado sobre o Presidente da Venezuela, designou-o como pessoa inteligente, corajosa e honesta. Não o pretendeu insultar desigando-o como um "perigoso comunista".
Era tão importante aprendermos com quem nos pode ensinar. Em vez de ficarmos a remoer com derrotas mal digeridas. Inda por cima se somos os únicos responsáveis por essas derrotas. Saber perder é uma virtude que só os grandes homens as têem.
Outra ideia que me ficou é o da CDU não ter sabido ganhar até onde o devia ter feito. No anterior mandato a certa altura e no "Peniche-Directo" tive a oportunidade de criticar o anterior executivo, por não ter sabido aproveitar as potencialidades que existiam pelo facto do Dr Jorge Abrantes fazer parte do grupo de pessoas que dele faziam parte. Com efeito em matéria de pescas, teria sido uma mais-valia, ter solicitado que a representação da CMP lhe tivesse sido atribuída com plenos poderes para a discussão dos diversos dossiers em agenda. Infelizmente com a obtusidade própria dos políticos de capelinhas, isso não foi então feito.
Como agora infelizmete não o é, desaproveitando a presença no executivo da mais valia que é o Dr. Joaquim Raúl Farto. Quem melhor que ele representaria a CMP na construção da Carta Educativa do Concelho de Peniche? Isto para não falar da estupidez que representa não lhe oferecer a cargo de Vereador da Educação a tempo inteiro.
Não nos esqueçamos que em Peniche e neste miserável País, sempre que entregámos a Educação a políticos esta andou décadas para trás.
Para mim esta terá sido a grande desilusão que a CDU representou. Compreendo a primeira nomeação do Dr. Delfim. Mas falhada esta, havia que ter tido capacidade para ler em frente e para o futuro. Porque é que o sector do Turismo poderia ter um vereador de uma força política que não ganhou e o sector da Educação não pode. E se tivesse havido vontade política isto teria sido possível. A solução encontrada foi a pior possível e se Peniche não fosse a terra desinteressante que é, a CDU poderia pagar caro o que fez.
Os professores, e trabalhadores da Educação têm o que merecem. Este concelho também não merece muito mais.
NATAL PENICHEIRO 2006
Num destes dias em que fui dar uma volta com a minha mulher, assisti a um espectáculo insólito que não resisto a contar-vos: As ruas engalanadas já com um Natal que se deseja promissor; as pessoas circulam com ar de quem tem de lidar com as inevitáveis prendas; crianças deambulam com a certeza de quem sabe que ganhou a batalha entre o que querem e o que lhes pretendem impingir;
numa montra de um estabelecimento duma concorrida rua comercial desta nossa pretenciosa cidade, afadingam-se a proprietária e as amigas para tirar o melhor partido das suas sugestões de vendas para um Natal que tarda a converter-se em euros.
De repente saiem duas das amigas do estabelecimento e vão até à rua sugerindo algumas alterações na disposição dos artigos sugeridos. A dona de estabelecimento e decoradora improvisada, de mão na anca vai olhando e retocando. A certa altura pára nos retoques e a mão que ajeita os artigos vai à cara e um dedo afunda-se numa fossa nasal. Eu, a minha mulher, e dois turistas acidentais paramos com o inesperado. Aguardamos... Até que entre o indicador e o polegar sai triunfalmente o que adivinhamos ser um "macaco" teimoso. Rola entre os dois dedos traquinas e atrevido, até que com um gesto mais largo e decidido é deixado cair rapidamente entre o chão da montra, coberto de neve e luzes artificiais.
Esboçam um sorriso os turistas. Dou com mais carinho a mão à minha mulher e vejo mais uma tentativa da Associação Comercial de animar o nosso Natal com vendas, ser traída por aquele macaco traiçoeiro. Que jaz até hoje na montra aguardando nova campanha. Ainda se uma varejeira o levasse paro o ninho...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

PEDRO ROLO DUARTE
Há alguns anos que acompanho os "escreveres" de Pedro Rolo Duarte. Tenho (sempre tive) prazer em lê-lo. Primeiro já nem me lembro onde... (terá sido no Blitz?) Depois ao Sábado no suplemento do DN, e agora nele mesmo em crónica às quartas-feiras.
A propósito de um livro de escrita erótico-satírica saído há poucos dias, o PRD divide o mundo da Blogosfera em dois patamares (só!): "os que, por serem assinados por personalidades mais ou menos conhecidas (jornalistas, políticos, intelectuais, escritores), gozam de uma relevância que lhes garante alguma influência na rede, e obedecem até a uma espécie de "livro de estilo" que os inscreve numa normalidade próxima dos média clássicos; e os outros, dos anónimos cidadãos, criados muitas vezes ao sabor de uma paixão ou de um ataque de raiva, e que obedecem somente aos "ventos" dos seus autores".
Pronto. Eu que faço parte dos anónimos, a viver na santa terrinha onde os ventos são mais que muitos, aqui estou neste meu espaço com paixão, mas sem ímpetos raivosos, embora que a raiva presida a muitas das coisas que vou escrevendo. Mas acho esta classificação um pouco minimalista, embora não me repugne subscrevê-la. Aliás, por tanto concordar com ela é que fui resistindo tanto tempo a vir para aqui debitar letras e parágrafos.
Depois lá avancei escudado no facto de que não correria muitos riscos. Não serão assim tantos os que perderão tempo comigo. E como no fundo isto tem o objecto saudável de me permitir escrever um diário ao alcance de todos, aqui estou eu.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

UMA CÂMARA SENSÍVEL?
Pessoas amigas chamaram-me à atenção de que a CMP, tinha corrigido a falta de informação sobre as obras municipais, mandando colocar dois cartazes um por cada obra junto ao Campo da República e na Rotunda da Ponte da Lagoa.
Recebi essa informação por SMS em Lisboa, onde me tinha deslocado para fazer exames clínicos no Hospital Pulido Valente. Quando cheguei a Peniche fui de imediato ver os cartazes. Se quanto ao 1º não temos qualquer reparo a salientar a não ser o facto de verificarmos que enquanto ali estivemos, podemos ver inúmeras pessoas a verem e a discutirem o projecto, quanto ao segundo a sua localização impede de todo que quem quer que seja possa visionar o que lá está, pois a movimentação de viaturas na Rotunda não permite observar o que quer que seja.
Se registamos com agrado a atitude da CMP de corrigir uma falha, julgamos que se perde uma parte do seu prestígio e marketing, pelo local escolhido que não é feliz para o efeito da publicidade que se deseja.
O que relevo de tudo isto é no entanto a postura. Que está a melhorar de dia para dia. Custe isto a quem custar. Parabéns!

domingo, dezembro 10, 2006

REPUGNANTE
Sempre que Alberto João Jardim bota palavra, sinto-me incomodado. Conheço inúmeras pessoas do PSD e do PPD/PSD, que são pessoas de bem, educadas, incapazes de ofenderem os seus adversários políticos que não posso acreditar que se revejam nas palavras e métodos daquele senhor.
Ele diz o que quer, sobre quem quer, utilizando a linguagem que quer, sem medir consequências do que quer que seja.
Enfim é uma pessoa que nos habituámos a considerar como intocável. Se admitirmos que somos um espelho dos dirigentes que temos, ou que eles deverão ser o espelho do que deverão ser os nossos comportamentos cívicos, julgo que seria desastroso que os nossos jovens , ou os nossos cidadãos em geral o tomassem como exemplo para assim se referirem às pessoas que lhes desagradam.
O que torna então intocável aquele cavalheiro? Os votos que representa para o PSD nacional? Se assim é, este partido acabará por se auto-flagelar a si próprio.
Arroga-se ao direito de ofender tudo e todos por ser presidente de um Governo Regional? Se é por isso que a Madeira lutou pela sua autonomia então acho que não mereceu a pena.
Seja pelo que for que as coisas acontecem assim, creio que um País que vive com uma classe dirigente que se comporta desta maneira, não tem futuro. Mas tudo isto também não é novidade para ninguém.

sábado, dezembro 09, 2006

CENTRO ESCOLAR DE S. BERNARDINO
No final da década de 80 e princípios da época de 90, foram enterrados neste Departamento do Ministério da Justiça (IRS), mais de um milhão de contos. Quem tiver acesso aos PIDDAC da altura poderá verificar a quanto somaram exactamente esses valores. Na altura todo o projecto era vocacionado para jovens rapazes, que deveriam ali poder concretizar a sua passagen a uma vida activa através de uma formação sócio-profissional equilibrada.
Ainda o projecto não tinha atingido a velocidade de cruzeiro, já estava a ser alterado passando a ser dirigido para raparigas.
O que ali se fez foi um de um luxo asiático. Desde equipamentos hoteleiros ao funcionamento de uma coudelaria, tudo foi pensado e gasto para fazer a reabilitação de jovens com problemas de deliquência e/ou com famílias disfuncionais.
Os utentes tinham melhores serviços que mais de 50% dos nossos jovens ditos em situação regular. O dinheiro que ali se gastou com a reabilitação foi uma quantia verdadeiramente exorbitante ao longo de todo este tempo. Seria importante saber quanto pelo menos nestes últimos 30 anos. Como seria importante ter dados estatísticos sobre os indíces de sucesso dessa actividade só neste Centro.
Ao que parece o MJ/IRS chegou à conclusão que o Centro de S. Bernardino não tendo cumprido os objectivos para que foi criado, poderá ter que vir a encerrar as suas portas.
E os responsáveis por este fracasso... O que lhes vai acontecer? Vai ser alguém responsabilizado ou mais uma vez a culpa vai morrer solteira? E o que vai acontecer a todo aquele equipamento? E a CE não pergunta nada a ninguém?
Bem hajam os que podem fazer deste país um paraiso.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

OS OUTROS

Na sequência do que ontem escrevi sobre professores e candidatos a professores, considero ser de clarificar mais um pouco a minha reflexão.
Depois do 25 de Abril, com o alargamento da escolaridade básica e do assumir a consciência por muitos de que saber mais, corresponderia a melhores oportunidades, as escolas receberam milhares de novos alunos tornando manifestamente insuficientes o número de docentes existentes com alguma preparação científica e pedagógica. Por outro lado o número de licenciados e de bacharéis existentes no mercado, também era manifestamente insuficiente para acudir ás necessidades das Escolas e para as necessidades gerais do país que pretendia dar um salto a caminho da Europa.
Recorreu-se então a jovens universitários fosse qual fosse o seu grau de escolaridade e, quando mesmo estes se tornaram poucos, recorreu-se aos que tinham no mínimo o 7º ano liceal e depois, o 11º ano de escolaridade.
Sendo que a Matemática e o Português eram comuns a todos os anos de escolaridade e sempre foram disciplinas pouco acarinhadas aqui aconteceu o que nunca deveria ter acontecido. Receberam em maior número pessoas sem preparação académica, pedagógica e didáctica do que em quaisquer outras disciplinas.
Não foi por isso no entanto que não começaram logo a surgir inúmeras reivindicações no sentido de criar ao Ministério da Educação responsabilidades de ligações contratuais, a estes funcionários temporários que supriram faltas de docentes no sistema. Eram contratados por um ano lectivo, o Ministério da Educação pagava-lhes por isso e aí deveriam ficar as relações de trabalho.
Mas começou por se criar no espírito das pessoas a ideia de que se tinham trabalhado como professores, eram professores, logo teriam de ser respeitados como tal. É a época em que o slogan "A trabalho igual salário igual" foi gritado tanto, que a mentira mil vezes repetida se tornou verdade.
Professores são aqueles que, com formação científica, pedagógica e didáctica, por meio de um conjunto de regras chegam ao patamar em que o Ministério com eles assume um vinculo contratual definitivo.
O facto de uma pessoa tirar uma licenciatura para poder vir a trabalhar como docente, não o torna docente automaticamente. Torna-o candidato a docente. No fundo é o mesmo que qualquer licenciado que tira uma formação académica qualquer.
Seria óptimo que quem se licencia ficasse com emprego garantido. Mas não é assim que as coisas funcionam em nenhum país do mundo.
Cumpriria aos Sindicatos em particular e aos professores em geral desmistificar este raciocínio quando ano após ano se afirma que ficaram milhares de professores no desemporego. Não ficaram nada. Com aqueles que são efectivamente professores não há desemprego.
Cumpre a todos os que têm um vínculo contratual com o Ministério e aos seus representantes legítimos, melhorar os graus de exigência nas escolas. Por mais que exista o recurso a gente fora do sistema para cobrir eventuais faltas, isso não dá a ninguém mais qualquer garantia do que auilo para que foi contratado.
Pode não se considerar com as regras. Mas enquanto elas assim forem, terão de ser cumpridas.
Não digo que ao longo dos anos não se tenha recorrido a pessoas dignas, voluntariosas e capazes. Mas foram contratadas só para aquilo. Para não mais.
Se os sindicatos não fossem tão imobilistas e conservadores, há muito que tinham desmontado estas meias verdades que capeiam nos órgãos de comunicação social como se fossem factos assumidos.
Julgo que se todos começarmos a olhar para o ensino com um grau de exigência maior, assumindo que rigor e produtividade não são só indíces de qualidade para as empresas, talvez os nossos alunos possam começar a surgir no mercado de trabalho com melhores saberes e capacidades, tornando-nos finalmente um país europeu.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

GUERRA À MINISTRA
Um sector que pessoalmente não considero muito significativo, tem desenvolvido uma guerra sem quartel à Ministra da Educação, aproveitando-se para isso da luta de audiências nos Jornais dos canais televisivos, e da imaturidade e incompetência na matéria de alguns jornalistas estagiários nomeados para cobrirem manifestações de eventuais professores.
Os Sindicatos de professores que conhecem bem a vontade de protagonismo de um largo sector da população, organizam a manifestação dos "afonsinhos" contra a Direcção Regional de Educação que não pinta e Escola de azul, telefona para o canal X, a informar que daí a 8 dias a Escola vai ser encerrada a cadeado pelos pais e alunos do 1º Ciclo. O canal televisivo com tempo prepara a logística, e no dia em questão lá está a cobrir a manifestação expontânea de pais e educadores contra o Ministério autista e a Ministra prepotente.
Alguns dos dirigentes sindicais há mais de 15 anos que não trabalham numa escola. Antes disso também desempenharam funções em cargos de chefia. Contacto com alunos, Pais e Encarregados de Educação há muito que se perderam no tempo. Muitos só vão às Escolas em altura de Eleições ou de agitação de massas. Era bom saber também quantos dos representantes dos Sindicatos com dispensa de componente lectiva, estão efectivamente a trabalhar na Escola da sua preferência e quantos estão em Escolas afastadas da sua área de residência, representando aquele serviço uma forma de se aproximarem de casa. Quanto a professores sindicalizados, era importante saber quantos o são efectivamente. Quantos pagam as suas quotas. Mas claro que quando se trata de reuniões sindicais nas escolas, nas horas de serviço, sindicalizados e não-sindicalizados, todos têm as suas horas de faltas justificadas.
Parece também que muitos jornais e outros órgãos de comunicação social, confudem professores com licenciados que procuram ser professores. Isto é muito claro sobretudo na altura dos concursos anuais. Professor é aquele que tem um vínculo contratual plurianual com o Ministério da Educação. A grande maioria dos que concorrem (e que depois são o grosso dos manifestantes) são candidatos a professores que não têm qualquer vínculo com o Ministério e que portanto o Ministério não tem qualquer responsabilidade com eles. E, no entanto, todos se dizem professores o que não corresponde minimamente à verdade. Não há nenhum professor com direito a utilizar essa designação que não seja colocado. Os outros são candidatos a professores. Independentemente de durante mais ou menos tempo terem trabalhado no Ensino. O que aconteceu foi que durante um certo tempo o Ministèrio precisou de mais uns quantos, contratou quem concorreu e sabia ao que ía. Prestaram um serviço, o Ministério pagou-lhes por isso, e ponto final.
Em que país do Mundo uma pessoa só por tirar uma licenciatura tem direito a garantia de emprego? Em que país do Mundo uma pessoa que trabalhou algum tempo para uma empresa sem vínculo definitivo, tem direito a ser readmitido naquela ou noutra empresa afim?
Porque é que os licenciados em ensino terão que ter direito a um contrato definitivo e os licenciados em saúde, ou direito, ou mecânica, ou comunicação social, não têm o mesmo direito?
Nem os professores são coitadinhos, nem o Ministério da Educação é o Diabo. Acho que seria bom que se repensassem os qrgumentos desta classe, que tanto tem de dignidade e de valor, para em conjunto, professores (os que de facto o são), alunos, Pais e encarregados de Educação, conjuntamente com o Ministério e comunidades regionais, poderem partir para uma discussão do que deverá ser feito a fim de melhorar a qualidade do nosso ensino, visando a formação de melhores pessoas para o desenvolvimento do nosso país.

segunda-feira, dezembro 04, 2006


O Meu Lamento
A primeira notícia que recebi esta manhã foi a da morte do Jorge Leitão, de seu nome completo Jorge Manuel Leitão Ribeiro. Meu parente afastado, meu amigo, meu aluno dos tempos idos da Escola Comercial e Industrial de Peniche.
Recordo a sua última turma com que trabalhei em 1974/1975. O 6º U, do Curso Noturno de Aperfeiçoamento de Electromecânico. Ele, o Rui Garcêz, o Zé Antunes, o Tó Zé Petinga e o Francisco Lúcio. Um grupinho e tanto. é desse tempo e da sua caderneta da época a foto que se publica.
O Jorge sofreu imenso durante todo o período em que se desenvolveu a doença que o haveria de vitimar. è um lugar comum dizer que não merewcia ter sofrido tanto e que era um bom rapaz. Pois que o seja. O Jorge merecia ter sido mais feliz do que foi.
À família enlutada e muito particularmente ao filho um grande abraço de condolências.
A gente encontra-se por aí Jorge... Até sempre!

domingo, dezembro 03, 2006


NOTAS DISPERSAS

1.

Os meus últimos dias foram passados a instalar o Natal em minha casa. O meu presépio, o presépio da minha mulher (que cá em casa cada um tem o seu presépio próprio), a árvore de Natal e todos os sinais exteriores comuns numa casa de família.
Cá por mim gosto do Natal.Ainda que hoje se tenha constituído uma moda consumista tão gasta como não gostar dele e dizer que era bom é que fosse todos os dias. Sabe-me bem a fruição dos presentes que dou e recebo.
Faz-me bem ver o ar feliz de tanta e tanta gente...
Eu sei que tudo isto é um pequeno momento. Seja lá porque razão for, penso cada vez mais que a vida vale a pena ser vivida ainda que seja só para saborear estes pequenos momentos.
Deixo aqui os meus votos de um Natal muito Feliz e de um Ano Novo de 2007, pleno de coisas boas a todos quantos aqui me lerem. Muito particularmente deixo um terno e quente abraço à minha sobrinha Joana e ao marido Miguel que vão ser pais pela primeira vez. Que este Natal vos faça tão felizes, como já a todos nós nos deram uma Alegria tão grande.
2. As notícias chovem de todos os lados: Existe uma paranóia instalada com a morte de um ex-espião do KGB opositor do Presidente Russo Putin, utilizando como método uma substância radioativa o polónio. Neste embróglio o que me incomoda mais é a atitude dos dirigentes ocidentaís. Por suspeitas muito menos crediveis e graves tem sido ostracizado o regime cubano, como já o foram o norte-coreano, o iraniano, o sírio e o líbio. No entanto as coisas mudaram. Os nossos inimigos de ontem saõ os nossos amigos de hoje que hão-de ser outra vez nossos inimigos de amanhã e assim sucessivamente. Só depende do lado que soprar o Deus "Dinheiro", e o seu fiel amigo o "Poder económico". O eventual
"mandante do crime" o senhor Putin até foi convidado para apagar as velas da festa de aniversário do senhor Presidente Francês, num intervalo de uma sessão amigável da NATO. (Que antigamente se chamava Organização do Tratado do Atlâncito Norte). Mas isso era antigamente. Agora parece mais uma Organização de Tratantes Anti-Natura.
3. O Fidel de Castro parece que já era.
4. O Papa foi à Turquia pedir perdão por se ter esquecido que era Papa e dizer em público o que passa a vida a dizer em privado.
5. O Glorioso ganhou aos lagartos
6. 2007 é o ano em que em Portugal é decretado que é um privilégio ter nascido deficiente. (Pelo menos é o que diz o Orçamento de Estado).

quarta-feira, novembro 29, 2006

SER (FAZER DE) PASPALHO

Há mais de um ano noutra publicação, tive oportunidade de me insurgir contra o que vai surgindo ou sendo aprovado em Peniche, sem que os paspalhões dos municípes sejam tidos nem achados.
Se é verdade que quanto às obras particulares não será fácil implementar o hábito de em painel apropriado expôr o que se pretende fazer (ou já foi aprovado), já no que respeita às obras municipais é verdadeiramente insólito que os municípes só sejam confrontados com a execução final de projectos, sem que na grande maioria das vezes tenha havido uma discussão pública do que se pretende realizar.


Aos cidadãos dos concelhos é pedido que votem (desde que o façam na força política no exercício do poder autárquico) e que calem discussões e opiniões. E não se diga que neste momento a CDU está isenta de culpas, por só estar a desenvolver projectos já aprovados no executivo anterior. O mínimo que lhes é pedido é que, já que não tiveram responsabilidades (?) no que está em execução, pelo menos demonstram algum respeito por todos nós, informando-nos de forma clara sobre o que vai aparecer concluída a obra.
Um bom exemplo do que pode e deve ser feito, é o que podemos ver nos painéis que protejem as obras de execução da Biblioteca Municipal.
Já o que está em execução na Avenida Monsenhor Bastos é uma incógnita.


Outra incógtnita é o que vai acontecendo há meses no Campo da Torre. Quando no inicío do ano
o Presidente da Câmara convocou os municípes para lhes dar conta do que ía acontecer com a envolvente da Igreja de S. Pedro, fiquei com a esperança de que uma outra prática política estava a iniciar-se na Câmara Municipal. Passados todos estes meses (nesta matéria) parece que os velhos vicíos de não passar "pêva" a ninguém estão a regressar.
Que custava pedir a alguém que fizesse um cróqui do que vai ser aquele espaço? Que custava pôr em discussão pública , a sua utilização futura. Sim ou não à Festa da Boa Viagem... Sim ou não à feira mensal... O que vai ser naquele espaço o estacionamento...


Este espaço em que escrevo e me debato com as minhas dúvidas, pode ser um sinal de alerta. Cá por mim gostava que a CDU fizesse boa figura, pois com isso o concelho de Peniche só teria a ganhar. Se os que os antecederam não souberam aproveitar as suas oportunidades que ao menos estes não falhassem.

segunda-feira, novembro 27, 2006




Mário Cesariny de Vasconcelos
9 de Agosto de 1923 - 26 de Novembro de 2006
Desenho à pena de João Rodrigues
Poemas do "DISCURSO SOBRE A REABILITAÇÃO DO REAL QUOTIDIANO"
I
Quando aqueles que chegavam
olhavam os que partiam
os que partiam choravam
os que ficavam sorriam
XI
Hoje, dia de todos os demónios
irei ao cemitério onde repousa Sá-Carneiro
a gente às vezes esquece a dor dos outros
o trabalho dos outros o coval
dos outros
Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
de forma que embarcou clandestino
Não tinha política tinha físicamas nem assim o passaram
E quando a coisa estava a ir a mais
tzzt... uma porção de estricnina
deu-lhe a molesa... foi dormir
Preferiu umas dores parece que do lado esquerdo
da alma
Uns disparates com as pernas na hora apaziguadora.
Herói à sua maneira recusou-se
a beber o pátrio mijo
Deu a mão ao Antero, foi-se e pronto.
Desembarcou como tinha embarcado :
Sem Jeito Para o Negócio

domingo, novembro 26, 2006

EFEMÉRIDES

Hoje fui ao cemitério. Aminha mãe se fosse viva teria feito 91 anos. Nas últimas décadas associo ao aniversário da minha mãe o 25 de Novembro de 1976. Esta coisa das datas é como os clubes de futebol. Todos sabem melhor ou pior o que foi o 25 de Abril. Ontem fez 30 anos que se deu o 25 de Novembro, mas quem desfolhar os jornais de ontem quase que não dá por essa efeméride.
O Porto e o Sporting podem ter grandes vitórias... O Benfica pode estar na mó de baixo. Mas o Benfica continuas a vender jornais e a ser notícia, enquanto que Porto e Sporting não passam de "fait divers".
A importâmcia das datas prende-se sobretudo com a importância dos factos. Ou pelo menos com o carisma que lhes está associado. A minha mãe hoje já só tem importância para o meu núcleo familiar. Nem para a minha cunhada e os meus sobrinhos ela tem qualquer significado.
Assim é o 25 de Novembro. Por mais que o "gajo" que apontou uma arma ao barbas (o Durand Clemente) para o mandar calar, se ponha em bicos de pés, nunca conseguirá entrar na história contemporânea de Portugal.
O Jaime Neves não passará nunca dum comandante arruaceiro dos comandos e o
Salgueiro Maia continuará a representar um ideal a ser perseguido pelos amantes da Liberdade.
A História se calhar não é justa. O Eanes fez mais esforços para poder ser recordado que o Mário Soares. Para este último estar nas coisas (ao lado e à frente delas) é um acto natural. Para o outro representa um esforço de ser útil. Um país, um povo, não premeia a utilidade. Enaltece a eficácia. A utilidade é momentânes. A eficácia é perene.

quinta-feira, novembro 23, 2006

HORROR

Ultimamente temos sido assaltados por notícias sobre a situação de jovens-crianças que desejosas de uma aparência de beleza, se tornam dependentes de dietas que no seu extremo conduzem à morte. Vou publicar um conjunto de fotos de modelos que espero que pela repulsa que causam, possam servir de lição para os pais de jovens que enveredam por este caminho. E mais não digo...


terça-feira, novembro 21, 2006


OS SUB-HUMANOS
Ao arrumar papelada que fui acumulando ao longo do tempo fui dar com uma página recortada de uma revista de índole cristã e de apoio às teses de expansão ultramarina que tinha uma distribuição porta-a-porta e que creio felizmente já desaparecida. Refiro-me à revista "ALÉM-MAR".
O recorte que conservei é de Janeiro de 1998. O que me me fez não desfazer dele tem a ver com a uma das suas páginas em que aparentemente se pretendia difundir as tradições oraís dos povos africanos. A história desta vez relatada intitula-se "O FILHO PATETA" e a história é a que segue:
"Era uma vez uma mulher que tinha um filho a quem Deus parece que se esqueceu de dar inteligência.Um dia, mandou-o a uma aldeia vizinha comprar uma agulha. No regresso a casa, encontrou um companheiro com uma cesta de canas de milho miúdo à cabeça e perguntou-lhe aonde é que havia de guardar a agulha para a não perder. "Mete-a aqui na cesta", respondeu-lhe a brincar. Evidentemente que, quando chegaram a casa, de agulha nem sombra: foi como encontrar agulha num palheiro!
"És mesmo burro! Porque não a espetaste na manga da camisa para não a perderes?", perguntou-lhe a mãe, irada.
Noutro dia, mandou-o comprar um pouco de banha, de que precisava para fazer o comer. Ele, lembrado da recomendação da mãe, enfiou-a na manga da camisa. Com o calor, derreteu-se toda pelo caminho. "Porque não a meteste numa vasilha? Mesmo que se derretesse, aproveitava-se", replicou-lhe a mãe.
Quando o mandou buscar um cachorrinho a casa de uns parentes que viviam longe, ele meteu-o num cântaro, como a mãe lhe tinha dito, e tapou-o bem para o bicho não sair. Resultado: o cachorro chegou a casa morto por asfixia. "És mesmo desastrado! porque não puseste uma trela ao pescoço do animal e o trazias, nem que fosse de rastos?", retorquiu-lhe a pobre mãe.
Dias depois, a mãe mandou-o ao talho comprer uma perna de gazela. Lembrado da recomendação da mãeatou-lhe um cordel ao jarrete e arrastou-a pelo caminho. Só que os cães, atraídos pelo cheiro da carne, atiraram-se a ela e, quando o rapaz chegou a casa, só levava o osso. A mãe saiu-se dos carretos: "Onde está a carne?" "Está ali...", respondeu o rapaz apontando para o osso preso pelo cordel.
Moral da história: "Ensinar um maluco é arranjar lenha para se queimar"

Esta história é exemplar daquilo que um certo espírito "bacoco" e doentio pode pensar sobre e ácerca daquilo que consideram ser os sub-extratos da população. E se para melhor ilustrar certas coisas se juntar "um atrasado" com um "preto", ainda melhor se pode compreender como foi possível durante tanto tempo sermos uma "raça superior", senhora e dona de territórios de uma riqueza extraordinária. Se batisarmos tudo isto com uma certa caridade judaico-cristã, estão conseguidos os ingredientes necessários para nos tornarmos exemplares únicos perante nós e os outros.

Há coisas que se leiem e que nos causam arrepios.

segunda-feira, novembro 20, 2006

foto H. Blayer



PARABÉNS ANDRÉ
Fazem hoje 8 anos nascia nas Caldas da Rainha (mas foi registado em Peniche) o meu afilhado André Blayer. O André foi uma alegria que veio dar luz à minha casa e família. Por força das circunstâncias ele agora está nos Açores, mais propriamente em Ponta Delgada. Isso permitiu-me rumar por duas vezes àquele arquipélago e perceber melhor as razões que me levaram a escolher Antero de Quental, Natália Correia e Vitorino Nemésio como meus ícones nas minhas incursões literárias.
Adoro aquelas ilhas e percebi-me melhor percebendo o meu sentido ilhéu de ser. Adoro o André e ele só poderia ser e estar nos Açores. Um abraço grande para ele hoje a pessoa mais importante do mundo e para os pais, o meu querido amigo Hélder e a minha Ivone.
Até já.


domingo, novembro 19, 2006




A Oeste Nada de Novo
foto H. Blayer
A 11 de Maio pp, José Pacheco Pereira publicou no seu artigo de opinião do Jornal "Público" com o título "Memória, história e recusa" uma proposta para a criação na Fortaleza de Peniche de um espaço pedagógico sobre o período do Estado Novo. Esse Centro de memórias que poderia derivar para o estudo da nossa contemporaneidade do século XX, teria o mérito de possibilitar um repensar do nosso sentido colectivo de ser e ter sido País.
Passados dois dias (13 de Maio), o Professor Universitário António Costa Pinto na sua coluna de opinião do Jornal "Diário de Notícias" com o título "Um forte em Peniche", retomava este assunto dizendo: "talvez valesse a pena debater a proposta de José Pacheco Pereira, Feita no Público de anteontem, de criar finalmente um núcleo museológico que fixe para a posteridade a memória de alguns aspectos mais sinistrosdo nosso longo passado autoritário".
O que despertou o interesse de meios políticos e intelectuais a nível nacional não colheu em Peniche qualquer sinal de motivação ou de critica. Condenados a sermos o "ladrão" dos enchimentos culturais que vão sobejando dos outros lados, não somos capazes de reflectir sobre o que nos aconteceu "portas dentro".
Não foi por acaso que fomos escolhidos para albergar o que de mais ignomioso existia no anterior regime. Sempre "comemos e calámos".
Até que um dia haja um estoiro que rebente com o oiro desta merda toda.

sábado, novembro 18, 2006


O Diabo parece estar atrás da porta

A publicação do meu primeiro "conversejar" pareceu estar embruxado. Logo a seguir o PC "empancou", e hoje finalmente ao fim da tarde pude retomar o bicho em toda a sua plenitude.
Retomo pois aqui o meu exercício de escrita ao sabor dos acontecimentos que me marcaram mais estes últimos dias:

1. Quem muito assobia...

Na passada sexta-feira a ministra da Educação deslocou-se a Vila Real. À porta do local onde se dirigiu encontravam-se em manifestações comuns professores e alunos daquele concelho. Ouviam-se na TV os apupos e assobios dirigidos à ministra. Os professores provavelmente não assobiavam. Mas assistiam ao coro de assobios dos alunos com olhos e arregalados de satisfação e gestos de feliz contentamento.
Os alunos protestavam contra as aulas de substituição que os professores não querem dar. Tudo no melhor dos mundos. Aquilo sobre o que me interrogo é o que poderão os professores fazer quando os alunos na sala de aula os apuparem a eles. Estas coisas têm sempre um reverso. E se os professores não souberem ensinar os seus alunos como de forma civilizada se protesta numa Democracia civilizada contra uma Lei que se considera errada, abre-se uma caixa de "pandora" da qual sairá um mar de chamas que a todos no mínimo chamuscará... Digo eu.

2. Coisas da minha terra

Parece que um pedido de autorização para a instalação dos supermercados Modelo em Peniche, tem gerado uma onda de contestação política com origem no ex-presidente da câmara municipal de Peniche. Ao que parece também sem razão nenhuma. A pior coisa que pode acontecer é uma pessoa ter dificuldade em perder. Lá que custa, custa... Mas são coisas da Democracia. A gente umas vezes estamos na mó de cima e andamos todos inchados e outras vezes, esquecidos que estamos que temos pés de barro, vimos por aí abaixo e se somos gordinhos começamos a rolar, a rolar e só paremos no fundo do poço. Há que perceber que o tempo corre e que a mesma água não torna a correr por baixo da mesma ponte.
Era bom que aquilo que sempre foi exigido por quem no passado detinha o poder, se dê agora também aos outros: tempo para agir.
Eu compreendo que são sapos duros de engulir ver o Jorge Amador e o Tózé Correia sentados nas cadeiras que outrora nos pertenciam... Mas são coisas da Democracia e deste povo. Só há que aguardar com calma para daqui a 8 anos ter alguma esperança de novo.

domingo, novembro 12, 2006

A Abrir

Por razões de incompatibilidade com a redacção e Administração de "A Voz do Mar", decidi deixar de dar o meu contributo àquele Jornal Regional.
Depois disso tenho vindo a alimentar a ideia de reiniciar os meus escreveres por este meio.
Mais decidi, de inicío não publicitar esta escrevinhares. Vou trabalhando esta ideia e que vá ficando por aqui... Se alguém os vier a encontrar e que os queira ler... pois que leia. Se decidir vir cá mais vezes, ficaremos amigos a conversar. Se eu gostar do que vou fazendo, darei conhecimento a uns quantos amigos. Será este um caminho turtuoso para as minhas opiniões? Provalvemente. Prefiro assim.
Na maioria das vezes escreverei sobre Peniche. Outras vezes sobre questões mais laterais. Será uma troca de impressões com amigos e desconhecidos. Ou com ninguém. Sei lá o destino que tudo isto irá ter... Outra ideia que me ocorre é a de dar a conhecer coisas que me vão chegando e que penso merece a pena conhecê-las.
Logo se verá como tudo isto irá evoluindo.
Por aqui me fico por hoje. Não devo nem quero pesar na vossa atenção neste 1º dia. Até à próxima.