terça-feira, junho 30, 2015

EMBRIAGUEZ
(Perturbação mais ou menos profunda e durável, das faculdades mentais, devido à quantidade ingerida de produto ou situação inebriante)

E falar de bêbados hoje porquê? A bebedeira não é só provocada pela ingestão de produtos destilados com maior ou menor quantidade de grau alcoólico.
Existem bêbados de tolice. De dinheiro. De poder. De sentido narcísico. E de álcool também.

Que dizer do velho Salazar que era um asceta, senão que o poder que tinha sobre a vida e morte dos outros o embriagava?
Ou aquele que vislumbrando poder atingir o poder esquece fidelidades, ideologias, amigos e até familiares que de uma ou outra forma se lhe oponham para atingir o fim para que se acha (ele mesmo) predestinado?

O estado de embriaguez impede de ver o caminho que trilhamos, aqueles que pisamos, as atitudes infantis ou não em relação aos que nos estão próximos e que os amesquinham ou menorizam.
No estado de embriaguez ninguém conta. O nosso umbigo e os nossos projectos pessoais são os únicos que contam. Não valorizamos amigos e tornamo-nos ignóbeis perante os que julgamos ser nossos inimigos. Deixamos de ter adversários. Ou nos amam ou tornam-se alvo do nosso ódio.

E quando menos esperamos estamos sós.

segunda-feira, junho 29, 2015

POR QUEM OS SINOS DOBRAM
Antes de tudo pela Democracia. Depois pela Europa. Ouvir uma “cabra” dizer que aquilo que um povo em liberdade decide é ilegal é o toque de finados por todos aqueles que o ouvem e não se revoltam.
Por mim hoje tomei a decisão de que nunca mais votarei para qualquer órgão decisório Europeu.

Nunca mais darei o meu contributo para validar o poderio da “chancelarina” e dos interesses económicos que defende.

A minha solidariedade está com o povo grego (sejam quais tenham sido os erros que tenham cometido) e nunca com estes canalhas que governam a Europa. Erguem-se de novo muros físicos, mentais e económicos, isolando os mais pobres e os que não se podem defender e não se ouvem vozes para terminar com isto.
Tal como o Papa Francisco diz, caminhamos a passos largos para uma nova Guerra na Europa e estamos a ficar insensíveis aos apelos (poucos) que ainda se vão ouvindo.

A Pátria da Democracia aí está sufocada pelo poder do dinheiro. Aquilo que os americanos fizeram com o Plano Marshall após a II Guerra Mundial está esquecido. Hoje torturam-se povos até não poderem mais responder perante a miséria que sobre eles se abate.
E ficamos indiferentes perante isto. E o que é mais grave é que os Governos tornaram-se os piores carrascos uns dos outros. Sem dó nem piedade.

A minha vida é um ciclo. Nasci no decorrer da II Grande Guerra em que milhões foram torturados e mortos em nome de uma ideologia vazia e de loucos. Os que então foram derrotados erguem-se agora e matam milhões pelo menos em 3 continentes (Europa, África e Ásia), vedando aos seus povos o acesso aos valores da dignidade mínima. A europa já é um Guantánamo. Só falta recuperar os fornos crematórios.

domingo, junho 28, 2015


NÃO LEIA A RESPOSTA ANTES DE PENSAR...
Um guarda-noturno trabalhava numa empresa especializada em lapidação de diamantes.
Uma manhã ele contou a seu chefe um sonho que tivera na noite anterior. Disse que o avião que ele viajaria com destino à Rússia sofreria um acidente e, em conseqüência, todos os passageiros morreriam.
Seu chefe, jovem executivo, dinâmico e empreendedor, tinha verdadeiro pânico de aviões.
Assustado com a informação do empregado, decidiu cancelar o vôo.
Três dias mais tarde, leu nas manchetes dos principais jornais que aquele avião caíra no mar e, até o momento, não havia notícias de sobreviventes...!
Imediatamente chamou o guarda-noturno, mostrou a notícia do jornal, agradeceu
efusivamente pelo aviso que lhe salvara a vida e, a seguir, sem nenhuma explicação, despediu-o da companhia.
O guarda não compreendeu porque tinha sido despedido depois de salvar a vida do seu chefe.

Pergunta:
- Por que o guarda foi mandado embora?
Não leia ainda a resposta abaixo... Pense um pouco...

  

 Resposta:
O empregado era guarda-noturno. Se ele teve um sonho à noite e contou logo pela manhã, é porque estava dormindo em serviço...!
 Conclusão:
Chefe é chefe... Por melhor que você seja e por mais que você faça, você nunca agrada.
Então, DEIXE O CHEFE MORRER...

sábado, junho 27, 2015

ESPECIFICAÇÕES
Uma família resolve dar um passeio domingueiro para fazerem a rodagem ao carro novo. A meio do caminho, o Sr. José lembra-se que tem no porta-luvas um envelope para enviar uma carta no dia seguinte de manhã mas... esqueceu-se de comprar o selo. Resolve então tentar comprá-lo pelo caminho.
Continuam a passeata até que chegam ao Alentejo, a uma daquelas lojinhas que vende tudo e mais alguma coisa, um género de bazar.
O Sr. José entra na loja, lá estava o típico empregado alentejano, sentado, mais a dormir que acordado...
- Bom dia. Eu queria um selo, por favor.
- Bom diaaa. ... ... Atã, vamos lá a saberi... com' é o selo que vó'xcelência queri???
- É um selo normal...
- Mas é qui nóis num temos selos normali. Temos muntos tipo di selos... tá comprendendo vó' xcelência ???
- Só preciso de um selo para um envelope.
- Atã, vamos lá a saberi... o envelopi é um envelopi grandi ou piqueno?
É que ê nã lhe vou dari um selo piquenino para um envelopi grandi e vici-versa.
- É um envelope de carta normal...
- Atã, e é uma carta de amori ou uma carta de negócios? É que eu nã lhe vou dar um selo com corações se for carta de negócios e vici-versa.
- É uma carta normalíssima...
- Atã, e a carta... é para Portugal ou para o estrangêro? É que eu nã lhe vou dari um selo mais caro se a carta fori para o nosso país e vic...
- Ó homem, dê-me um selo para a carta. Não importa qual seja...
E é subitamente interrompido... Ele vê um homem que acaba de entrar
na loja, a puxar uma corda pelos ombros, e arrastada pela corda, uma... sanita!
Chegado ao balcão, o homem pega na sanita, põe-na em cima do balcão, e diz ao empregado:
- PRONTO! AQUI ESTÁ A MINHA SANITA! OS MEUS AZULEJOS SÃO BRANCOS... O CÚ JÁ LHO MOSTREI ONTEM... AGORA, VENDA-ME UM ROLO DE PAPEL HIGIÉNICO!!!!

quinta-feira, junho 25, 2015

FACTOS, FACTOS, FACTOS
Quem (viver em) ou passar por Peniche nestes tempos pré-eleitorais, encontra uns cartazes ilustrativos das razões porque devemos votar nesta ou naquela força política. Exemplifiquemos:

Esta é uma boa razão para tomar a decisão certa. Quem se lembra do que era Peniche há 10 anos atrás antes da CDU(?) chegar ao poder executivo camarário? Hoje o concelho de Peniche é seguramente dos mais desenvolvidos do país. Um sistema de recolha de lixo exemplar. Habitação social condigna. Sem zonas degradadas. Os ajardinamentos são uma imagem de marca.
As zonas de praia foram devidamente resguardadas do apetite voraz das empresas imobiliárias. Somos exemplares e verificou-se uma inflexão no imobilismo que se fazia sentir até a actual força política chegar ao poder. Deixaram de haver empregos de favor e a transparência preside a todos os actos autárquicos.
Solução mais solução não há.

PS: Para quem sentir vontade de me enforcar na praça pública, sou a informar que sou coxo e fácil de apanhar. Não posso é receber mensagens por redes
sociais porque o meu email só dou a amigos, para além disso só tenho como contacto o blog, pelo que não posso conhecer o vosso desagrado quando o expressam para além destes 2 métodos.


terça-feira, junho 23, 2015


JOÃO MIGUEL TAVARES VERSUS RICARDO ARAÚJO PEREIRA
Estes 2 e mais o Pedro Mexia constituem mais um (des)governo de Portugal. Às 6ª feiras reúnem-se na TVI24 e ajudam (às vezes) a tornar este país mais percebível (têm dias), com o recurso muitas vezes ao humor e outras à “calinada”.
Acho este programa mais próprio da rádio do que da televisão. Mas ver por vezes alguns esgares justifica o resto.

O Pedro Mexia tem sempre uma atitude equidistante de tudo. Inclusivé do próprio “governo sombra” e do que aos telespectadores apetecesse ouvir. Está para o “governo” como um PR a sério deveria estar (claro que não falo do CS de má memória).

Depois os outros 2.
Um está para o outro como uma fonte inquinada está para um riacho claro, transparente e cheio de vida orgânica. O 1º é viscoso e repelente no que diz. É o representante vivo da direita mumificada. As suas afirmações seriam mais próprias de uma Assembleia Nacional do que de um governo pronto a tocar na sensibilidade dos seus cidadãos. Albino dos Reis, Henrique Tenreiro, Manuel Múrias e César Moreira Batista, adorariam em João Miguel Tavares a força da juventude que justificou os seus actos no período do Estado Novo.
Depois tem o outro: o Rei do absurdo. Que me faz sentir bem comigo próprio. Que com humor e sem ser verrinoso contradiz, elogia, afasta, mente de forma a percebermos que está a mentir e que tem a melhor das qualidades: é Benfiquista.

Resta dizer que nunca vejo este programa sem o comando cerca de mim. Para desviar de minha casa o obsoleto JMT. Paz à sua alma.      

domingo, junho 21, 2015

A VIDA...HOJE












sábado, junho 20, 2015

COISAS DE ALENTEJANOS...
Para testar a personalidade de um alentejano, o dono da empresa mandou pagar 500 euros a mais no salário dele.
Os dias passam e o funcionário não diz nada.
No mês seguinte, o patrão faz o inverso: manda tirar 500 euros.
Nesse mesmo dia, o funcionário entra na sala para falar com ele:
- Engenheiro, acho que houve um engano e tiraram-me 500 euros do meu salário.
- Ah?! Curioso porque no mês passado eu paguei-lhe 500 euros a mais e você não comentou nada!
- Pois, mas atão um erro eu ainda tolero; agora dois acho um abuso!!!

quarta-feira, junho 17, 2015

PENICHE DE OUTRAS ERAS... E NÃO SÓ
Deu-me um ataque de nostalgia. Ou de revivalismo. Coisas que nos dias de hoje são tidas por inconsequentes e pouco merecedoras de atenção. Coisas de velhos, dirão.
Acredito que sim. Sou dado por mim de vez em quando a pensar em coisas que noutros tempos não mereceriam 1seg da minha atenção. Mas a verdade é que sobretudo a morte (que confesso, me assusta) me visita por interposta pessoa. Agora foi a vez do Tóino Minó. Meu colega de escola na primária e no ciclo. Dos velhos tempos da Ribeira à noite quantos não desapareceram já…
Ao pensar nisto alarguei a linha orientadora dos meus pensamentos e recordei as histórias que o meu pai contava dos tempos de Peniche de outras eras. O primeiro automóvel (tanto quanto me recordo do pai do Luís Correia), do primeiro rádio (em casa do Sr. José Acúrsio), dos primeiros barcos a motor.
Na reparação de motores dos barcos iniciou-se o meu pai como mecânico. Aí está para o comprovar uma foto da ribeira dos anos 30 do sec XX  onde ele figura no canto inferior esq com um motor ao ombro.
Hoje vemos milhares de carros em Peniche e nem nos apercebemos do tempo em que a sua existência se contava pelos dedos das mãos. Nem por isso os penicheiros deixaram de conhecer meio mundo. Sempre havia a Marinha e o Exército. E a imigração.
E alguns tempos depois quando o dinheiro não abundava e não existiam Fundo de Desemprego e Segurança Social, mesmo assim algumas poupanças davam para as peregrinações a Fátima organizadas pelo Sr. Prior e nós ficávamos a ver quantas camionetas passavam naquele ano.

Na altura do defeso ou no verão alguns e algumas mais sortudas acabavam por se inscrever e participar nas excursões do Zé Antão. Assim ficaram a conhecer o algarve, a Serra da Estrela e o Norte do País. Claro que acompanhar as deslocações do GDP fazia parte dos nossos domingos.
Digamos que o Zé Antão possibilitou a milhares de penicheiros conhecer um país que de outra forma lhes ficaria interdito. Os carros para sair daqui eram os do João Henriques ou dos Capristanos. Para além disso só as excursões do Zé Antão. Automóveis particulares eram uma raridade.
Ao primeiro dos organizadores das viagens de Turismo que aqui conhecemos em Peniche ainda não foi feita justiça. Não existe um beco, ou uma praceta, ou uma viela com o seu nome. E no entanto foi ele aqui na nossa terra o primeiro a abrir-nos janelas para o mundo, num tempo de silêncio e de escuridão.  

PS: in “Revista Sábado”

PENICHE É A SEGUNDA MELHOR PRAIA DA EUROPA
O segundo lugar no pódio. A praia de Peniche, na região Oeste de Portugal, foi escolhida para a segunda melhor praia da Europa de 2015. Segundo o Lonely Planet, o maior guia de viagens do mundo, as areias de Peniche são apenas batidas pela Jaz Beach, na cidade costeira de Montenegro, Budva. Em terceiro lugar, ficou Rondinara, na Córsega francesa.

Caso ainda não tenha marcado as suas férias, aqui segue a lista do top 10 para se inspirer.

1. Jaz Beach, Montenegro

2. Peniche, Portugal

3. Rondinara Beach, Córsega, França

4. Cale Goloritze, Sardenha, Itália

5. Vik Beach, Islândia

6. Bantham Beach, Inglaterra

7. Sandwood Bay, Escócia

8. Cala Macarella, Menorca, Espanha
 
9. Voutoumi, Antipaxi, Grécia
 
10. Curonian Spit, Lituânia
 
 

 

terça-feira, junho 16, 2015

ESTE POVO PORTUGUÊS
Por Guerra Junqueiro
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

segunda-feira, junho 15, 2015

10 DE JUNHO
Volta Américo Tomaz que estás perdoado. O que é isto do dia de Camões ser corrompido por políticos que me metem nojo todos os dias? O que é isto do Dia do Poeta ser conspurcado por bizantinos desfiles militares e hipotéticas visitas a cidades do interior do país? Já não existe o 10 de Junho. Já não existe 25 de Abril. Já não existe 1 de Dezembro. A Pátria perdeu os seus heróis. O que é isto de ver uma caricatura da cultura a congratular-se com aquilo que vetou? A cultura só mais não murcha porque vontades individuais a vão regando, contra a vontade do poder instituído.
Por tudo isto senti vontade de transcrever na integra um artigo de opinião que Paulo Baldaia publicou ontem (14/06/2015) no "Diário de Notícias". Se eu conseguir que mais umas poucas pessoas que não o viram no jornal, o vão ler hoje aqui, já sinto que valeu a pena. Discuti-lo é importante para termos opinião:
  
"TESTEMUNHO OPTIMISTA
Paulo Baldaia
Director da TSF in “DN” de 14/06/2015

Cavaco Silva quer-nos a todos embarcados no futuro para que ele chegue rápido. Está convencido de que o optimismo tem vento suficiente para ajudar nesse caminho e diz o que um pai diz a um filho, partindo da posição confortável de se poder desresponsabilizar se não for seguida a cartilha. Como pai, Cavaco nunca aceitaria a posição que assume como Chefe do Estado. Ele sabe que quando um filho falha, falhou o pai. A verdade é que também se pode dizer a um filho, citando Miguel Torga, o que Cavaco podia ter dito a um país inteiro: "Recomeça.../Se puderes,/Sem angústia e sem pressa./ E os passos que deres,/Nesse caminho duro/ Do futuro,/ Dá-os em liberdade./Enquanto não alcances/Não descanses./De nenhum fruto queiras só metade."
O Presidente também não deveria querer apenas a metade. A metade do país que vai bem, a que ganha por haver cada vez mais turistas, a que retira todos os frutos da terra, a que investiga e inova neste mundo onde tudo fica obsoleto de um dia para o outro, a que se "safou" numa crise que descartou centenas de milhares de pessoas e que aumentou a pobreza e as desigualdades sociais. Um país, uma sociedade, é como uma família. Nenhum irmão vive feliz na sua riqueza se entre os que são do seu sangue houver quem viva na miséria. Cantemos hossanas a tudo o que vai bem em Portugal, mas não evitemos falar de tudo o que está por resolver. Quem vive com umas poucas centenas de euros, quem não tem qualquer rendimento também merece uma palavra de alento, um testemunho optimista e realista. E para dar um pouco desse alento basta querer. Aqui sim, basta querer. Presidir aos destinos de um país requer uma dose extra de solidariedade, de testemunho, de exemplo. A palavra, poder supremo de um chefe de Estado, requer a coragem de pôr o dedo na ferida. O pior já passou, estamos mais competitivos, há sectores ao nível do melhor que há no mundo, a economia cresce, exportamos mais, o desemprego diminui, mas não podemos aceitar que a educação, a justiça, a saúde sejam mais acessíveis para uns do que para outros. Não podemos aceitar a pobreza que cresce entre as crianças.
Cristão por educação, agnóstico por opção, sou um optimista. Acredito que é possível viver com mais justiça social. Acredito que para que isso aconteça é preciso que nos diga respeito a todos, mas que comece em quem elegemos. O que espero do mais alto magistrado da Nação, deste e de todos os que se seguirem, é que consiga olhar para o país como um todo e que não o divida entre optimistas e pessimistas, porque isso é igual a dividi-lo entre os bons e os maus, sendo os bons os que estão bem e os maus os que passam mal. Ninguém é culpado por ser pobre ou estar no desemprego. Não há democracia sem igualdade de oportunidades"

domingo, junho 14, 2015

PARAÍSO E INFERNO
O Paraíso é aquele lugar onde o humor é britânico, OS cozinheiros são franceses, OS mecânicos são alemães, OS amantes são portugueses e tudo é organizado pelos suíços.                   
O Inferno é aquele lugar onde o humor é alemão, OS cozinheiros são britânicos, OS mecânicos são franceses, OS amantes são suíços e tudo é organizado pelos portugueses 

sábado, junho 13, 2015

ESPECIALISTAS
Um sujeito foi ao médico de família, com o testículo esquerdo inchado e dormente.
O médico disse que era uma inflamação testicular, que não era nada grave etc., mas que procurasse um especialista. E deu-lhe o telefone de um colega UROLOGISTA, mas, na hora, enganou-se no número e deu o do seu ADVOGADO. O tipo marcou uma consulta, e à hora marcada lá estava ele diante do advogado, mas achando que era o médico:

- Em que posso ajudar?
O nosso amigo baixou as calças e mostrou:
- Como o senhor está a ver, doutor, estou com uma inflamação no testículo esquerdo. O advogado ficou a olhar para a cena alguns segundos, sem entender absolutamente nada.
O advogado pensou, pensou, pensou e disse:
- Meu amigo, a minha especialidade é o Direito...

Responde o doente.
- Porra!!! Agora cada tomate tem o seu especialista ???!!!

sexta-feira, junho 12, 2015

LISBOA
(Hoje e amanhã são dias grandes na cidade de Lisboa. A capital portuguesa há muitos séculos que é vista como um símbolo. Trago-vos hoje um poema de Voltaire, com tradução de nível superior de Vasco Graça Moura, que é ao mesmo tempo um libelo acusatório contra quem não se importa. Pessoas ou países. Nos momentos da troika importa recordar este poema pela sua actualidade e quando inclusivamente gente portuguesa de baixa estatura moral como a ministra das finanças de Portugal, o Passos e o Portas, se comportam de forma ignóbil perante a Grécia.)

O POEMA SOBRE O DESASTRE DE LISBOA
de Voltaire
Trad. Vasco Graça Moura

Ó míseros mortais! Ó terra deplorável!
De todos os mortais monturo inextricável!
Eterno sustentar de inútil dor também!
Filósofos que em vão gritais: "Tudo está bem";
Vinde pois, contemplai ruínas desoladas,
restos, farrapos só, cinzas desventuradas,
os meninos e as mães, os seus corpos em pilhas,
membros ao deus-dará no mármore em estilhas,
desgraçados cem mil que a terra já devora,
em sangue, a espedaçar-se, e a palpitar embora,
que soterrados são, nenhum socorro atinam
e em horrível tormento os tristes dias finam!
Aos gritos mudos já das vozes expirando,
à cena de pavor das cinzas fumegando,
direis: "Efeito tal de eternas leis se colha
que de um Deus livre e bom carecem de uma escolha?"
Direis do amontoar que as vítimas oprime:
"Deus vingou-se e a morte os faz pagar seu crime?"
As crianças que crime ou falta terão, qual?,
esmagadas sangrando em seio maternal?
Lisboa, que se foi, pois mais vícios a afogam
que a Londres ou Paris, que nas delícias vogam?
Lisboa é destruída e dança-se em Paris.
Tranquilos a assistir, espíritos viris,
vendo a vossos irmãos as vidas naufragadas,
vós procurais em paz as causas às trovoadas:
Mas se à sorte adversa os golpes aparais,
mais humanos então, vós como nós chorais.
Crede-me, quando a terra entreabre abismo ingente,
ais legítimos dou, lamento-me inocente.
Tendo a todo redor voltas cruéis da sorte,
e malvado furor, e armadilhada a morte,
dos elementos só sofrendo as investidas,
deixai, se estas connosco, as queixas ser ouvidas.
É o orgulho, dizeis, em sedição maior,
que quer que estando mal, ‘stivessemos melhor.
Pois ide interrogar as margens lá do Tejo;
nos restos remexei sangrentos do despejo;
perguntai a quem morre em tão medonho exílio
se é o orgulho a gritar: "Céu, vem em meu auxílio!
desta miséria humana, ó céu, sê solidário!"
"Tudo está bem, dizeis, e tudo é necessário."
Todo o universo então, sem o inferno abissal,
sem Lisboa engolir, se acresceria em mal?
Seguros estarei de a causa eterna aqui,
que tudo sabe e faz, tudo criou para si,
não nos poder lançar em tão triste clima
sem acender vulcões, andando nós por cima?
Pois assim limitais a mais alta potência?
Assim a proibis de excercitar clemência?
O eterno artesão em suas mãos não tem
prontos meios sem fim aos fins que lhe convêm?
Quisera humilde, e sem que ao mestre recalcitre,
que esse gosto a inflamar o enxofre e o salitre
seu fogo fosse atear lá no deserto imerso.
Eu respeito o meu Deus, porém amo o universo.
Se ousa o homem gemer de um flagelo horrível,
não é orgulho, não! Apenas é sensível.
Os que habitam em dor os bordos desolados,
dos tormentos, do horror, seriam consolados
se lhes dissesse alguém: "Caí, morrei tranquilos;
para um mundo feliz, perdeis vossos asilos;
outras mãos erguerão vosso palácio a arder,
nos muros a ruir, mais povos vão nascer;
o Norte ganha mais com tudo o que perdeis;
vosso mal é um bem, segundo as gerais leis;
Deus vê-vos tal e qual ele olha os vermes vis
de que na cova sois a presa e que nutris?"
Aos desvalidos é horrível tal linguagem!
Minha dor, ó Cruéis, não consintais que ultrajem.
Não, não me apresenteis ao peito em ansiedade
as imutáveis leis de uma necessidade,
corpos a encadear, e espíritos e mundos.
Ó sábios a sonhar! Quiméricos profundos!
Deus segura a cadeia e não é encadeado;
seu benfazejo ser tudo há determinado;
é livre e justo, e não cruel nem vingativo.
Porque sofremos pois num jugo equitativo?
Mister o nó fatal seria desatar,
nosso mal curareis tratando de o negar?
Cada povo, a tremer, sob uma mão divina,
na origem para o mal que vós negais se obstina.
E se essa eterna lei que move os elementos
penhascos faz cair sob o esforçar dos ventos,
se aos carvalhos o raio a vasta fronde abrasa,
não sentem todavia o golpe que os arrasa:
Mas vivo, mas sinto eu, mas, coração opresso,
a esse Deus que o formou o seu socorro peço.
Filhos do Omnipotente e míseros nascemos
e para o pai comum as mãos eis que estendemos.
O vaso, sabido é, não diz nunca ao oleiro:
"Porque sou eu tão vil, tão fraco e tão grosseiro?"
Da fala não tem dom, não tem um pensamento;
essa urna que ao formar-se cai no pavimento,
não recebeu da mão do oleiro um coração
que bens quisesse ter e sentisse aflição.
"Essa aflição, dizeis, é o bem de um outro ser."
Do meu corpo a sangrar mil vermes vão nascer;
quando a morte põe fim ao mal que eu hei sofrido,
bela consolação, por bichos ser comido!
Calculadores vãos dos dramas humanais,
não me consoleis pois, que as penas me azedais;
em vós não vejo eu mais que esforço impotente
de orgulho em sorte má que finge ser contente.
Do grande todo só fraca parte hei-de eu ser:
sim, mas os animais, forçados a viver,
e todo ser que sente e à mesma lei nasceu
têm de viver na dor e de morrer como eu.
Sob a tímida pressa, o encarniçado abutre
dos membros dela em sangue a bel-prazer se nutre;
para ele tudo é bem; porém e sem demora
a águia de bico de aço o abutre já devora;
o homem com mortal chumbo atinge a águia altaneira:
e ele em campo de Marte acaba sobre a poeira,
dos golpes a sangrar, junto aos mais moribundos,
de pasto indo servir aos pássaros imundos.
Os seres de todo o mundo assim todos padecem;
nados para o tormento, uns por outros perecem:
e vós arranjareis, nesse caos fatal,
do mal de cada ser, ventura universal!
Que ventura! Ó mortal, que és fraco e miserável!
Gritais: "Tudo está bem" e a vós é lamentável,
o mundo vos desmente e vosso coração
cem vezes vos refuta a errada concepção.
Humanos, animais, elementos em guerra.
Preciso é confessar que o mal está na terra:
seu princípio secreto é-nos desconhecido.
Do autor de todo o bem o mal terá saído?
Pois o negro Tifão, o bárbaro Arimano,
nos forçam a sofrer por seu mando tirano?
Meu espírito não crê em monstros odiosos
de que o mundo a tremer fez deuses poderosos.
Mas como conceber, só de bondade, um Deus
que os bens prodigaliza aos caros filhos seus
e neles derramou só males às mãos cheias?
Que olhar poderá ver-lhe o fundo das ideias?
Não ia o mal nascer do ser que é mais perfeito;
não vem de mais ninguém, se é Deus o só sujeito.
E todavia existe. Oh, bem tristes verdades!
Oh, mistura de espanto e de contrariedades!
A nossa raça aflita um Deus vem consolar
e a terra visitou sem a modificar!
Que o não pôde, um sofista em arrogância diz;
diz outro "Pode sim, o ponto é que o não quis;
decerto há-de querer"; e enquanto se arrazoa
há fogo subterrâneo a engolir Lisboa
e de cidades trinta os restos a espalhar,
do ensanguentado Tejo ao gaditano mar.
Ou nasce o homem culpado e Deus pune-lhe a raça,
ou único senhor que ser e espaço traça,
sem pena e sem se irar, tranquilo, indiferente,
da sua própria lei vai na eterna torrente;
ou contra ele a matéria informe se rebela
e em si defeitos traz necessários como ela;
ou Deus nos põe a prova e essa mortal viagem
para um eterno mundo estreita é a passagem.
Nós sofremos aqui dor passageira, sim:
a própria morte é um bem que às misérias põe fim.
Mas um dia ao sair desse caminho atroz,
dirá que mereceu ventura algum de nós?
Seja lá como for, é certo que se trema.
Nada sabido é, nada há que não se tema.
À natureza muda as questões pôr não vale;
precisa-se de um Deus que ao género humano fale.
Só ele poderá a sua obra explicar,
ao fraco dar consolo e ao sábio iluminar.
Sem ele, abandonado, erra, duvida e falha,
o homem que busca em vão apoio numa palha.
Leibnitz não me ensinou por quais nós invisíveis,
na ordem do melhor dos mundos já possíveis,
em desordem eterna, um caos de desventura
a nosso vão prazer a dor real mistura,
nem por que é que os dois, culpado e inocente,
o inevitável mal sofrer hão-de igualmente.
Nem posso conceber tudo estivesse bem:
sendo eu como um doutor, ah, nada sei porém.
O homem, diz Platão, já teve asas; e mais:
impenetrável corpo às agressões mortais;
o passamento, a dor não vinham a seu lado.
Quão diverso hoje ele é desse brilhante estado!
Rasteja, sofre, morre; e assim quando se gera;
e na destruição a natureza impera.
Frágil composto pois, de nervos e ossos feito,
e a qualquer colisão de elementos atreito;
tal mistura de sangue e líquidos e pó,
para se dissolver se reuniu tão-só;
e em seu pronto sentir, os nervos delicados
se submetem à dor, ministra de finados:
da voz da natureza é quanto me asseguro.
Abandono Platão, mando embobra Epicuro.
Mais que os dois sabe Bayle; e eu vou-o consultar:
de balança na mão, ensina a duvidar,
sábio e grande demais para não ter sistema,
a todos destruiu, e é contra si que rema:
como o cego a lutar que os Filisteus prenderam
sob os muros caiu que as mãos dele abateram.
Do espírito que pode a mais vasta conquista?
Nada; o livro da sorte encerra à nossa vista.
O homem, estranho a si, é do homem ignorado.
Onde estou, onde vou, quem sou, donde tirado?
Átomos em tortura em lama que se empasta,
cuja sorte se joga e a morte então arrasta,
mas postos a pensar, e átomos que viram,
guiados pela mente os céus que já mediram;
ao seio do infinito aspira o nosso ser,
sem um momento só nos ver, nos conhecer.
O mundo, este teatro, orgulho e erro abalam,
e é de infortúnios só que de ventura falam.
Busca-se o bem-estar em queixas a gemer:
a morte ninguém quer, ninguém quer renascer.
Às vezes, quando à dor os dias consagramos,
pela mão do prazer os prantos enxugamos;
mas o prazer se vai e como a sombra passa;
sem conta nossos são perdas, choro e desgraça.
O passado é-nos só uma lembrança triste;
e o presente é atroz, se o porvir não existe,
se a noite tumular no ser que pensa avança.
Bem será tudo um dia, é essa a nossa esp’rança;
hoje tudo está bem, é essa a ilusão.
Com sábios me enganei e só Deus tem razão.
Humilde nos meus ais, sofrendo em impotência,
eu não atacarei porém a Providência.
Viram que outrora em tom não lúgubre cantei
do mais doce prazer a sedutora lei:
outro tempo e costume: a idade dá sageza,
do humano extraviar partilho ora a fraqueza,
quero na treva espessa a mim iluminar,
e apenas sei sofrer e já não murmurar.
Um califa uma vez, como a sua hora desse,
ao seu Deus foi dizer apenas uma prece:
"Ser sem limite e rei único na verdade,
trago-te o que não tens na tua imensidade,
faltas, erro, ignorância e males em pujança."
Mas inda ele juntar podia a esperança.