quarta-feira, setembro 30, 2020

BIDEN/TRUMP

Hoje vai desenrolar-se um debate nos EUA que poderá ser decisivo para o resultado das eleições para a Presidência daquele país.

Julgo que um português com uma cultura média (quer de direita, quer de esquerda) não terá quaisquer dúvidas de que o actual presidente dos EU é um cabotino do piorio que aquele país nos tem oferecido. Trata-se de um intérprete de 10º escalão dos piores filmes que o carnaval hollywoodesco nos poderia oferecer.

Este per4sonagem desde que tomou posse tem vindo a envidar esforços para acabar com o OBAMACARE o último (e único) seguro de saúde existente para os desempregados e sem-abrigo.

Mão-amiga enviou-me ontem um email com o que lhe aconteceu numa viagem de turismo aos EUA. Depois deste relato espero por bem que não restem dúvidas sobre quem é o senhor (?) Trump.

23.02.2020 

Julgo que os relógios dos hospitais são diferentes dos restantes. Tem, penso, um compasso próprio. Mais pausado. Mais audível. Torna-se num relógio ainda mais lento quando estamos sentados durante dez horas numa cadeira da sala de urgências. Deixamos de saber se foi a doença que nos entorpeceu o corpo ou desconforto da cadeira, da qual o corpo não permite levantar.

Escrevo este texto cinco meses depois da minha primeira ida a uma urgência nos Estados Unidos. 

Escrevo esta crónica a titulo pessoal lembrando as vezes sem conta em que pensei naquela noite no quão perfeito é o imperfeito Sistema Nacional de Saúde (SNS) Português.

Atirem-se as primeiras pedras ao meu perfeito, que bem sabemos não ser perfeito. Talvez deva explicar. Sabem quanto custou a entrada nas urgências do hospital onde me sentei na capital americana? Mais de três mil dólares. À entrada, sublinho. Quando finalmente, após 10 horas de espera, cheguei à dita sala de urgências olhei em redor. Havia cerca de doze camas, um médico e três enfermeiras. Não foi difícil entender porque motivo os doentes entravam a conta-gotas na urgência.

Quantas vezes pensou dentro de uma urgência quanto custa cada um dos exames que realiza, se terá ou não dinheiro para os pagar? 

Nos Estados Unidos seguramente muitas. O que explica por que motivo o médico tenha de explicar cada um dos procedimentos e a sua razão, permitindo ao paciente a ultima palavra. A minha conta final foi bastante explícita deste sintoma: analises ao sangue – 1.200$, farmácia (em concreto, soro e um anti-inflamatório) – próximo de 400$, uma ressonância magnética – quase 4.000$ e, por fim, as três horas disponibilizadas pelo médico – cerca de 500$. Três horas dentro das urgências que resultaram em cerca de 8.000 dólares. 

Perguntei-me muitas vezes: quanto custaria uma cirurgia?

É para isso que serve o seguro de saúde, pensarão muitos. Correcto. Mas o Sistema de saúde americano é mais complexo do que se prevê. Não é apenas o seu valor. Um plano básico de saúde para uma pessoa individual em início de carreira custa pelo menos 200 dólares por mês (valor que varia de acordo com o estado em que se encontre). Razão plausível pela qual cerca de de 28 milhões de pessoas nos Estados Unidos vive sem seguro de saúde, um número que tem vindo a aumentar nos últimos anos, sobretudo com a revogação do Affordable Care Act, mais conhecida como Obamacare.

Por outro lado, lembrar que ter um seguro de saúde não é sinónimo de garantia do pagamento total de uma conta. Importa, primeiramente, recordar que é necessário criar uma espécie de plafond. Ou seja, é necessário realizar alguns pagamentos para que a conta de seguro possua dinheiro para pagar a percentagem indicada para cada especialidade. Deste modo, alguém que hoje inicia o seu seguro terá uma cobertura menor ou quase nula comparativamente com alguém que já possui um seguro há alguns anos.

Além disso, é necessário referir que a franquia tem aumentado significativamente desde 2006. Nesse ano, apenas 50% das pessoas com seguro através da empresa de trabalho tinham uma franquia. Em 2018, o número disparou para 82%. Acrescenta-se a este factor o ainda aumento do valor da franquia. Se em 2006 o valor era cerca de 600 dólares, em 2018 situava-se nos 1.700, visto que as seguradoras perceberam ser mais vantajoso fazer o paciente pagar uma taxa maior pelas idas ao médico ou ao hospital do que pagar um valor maior mensalmente.

Resultado? Milhares de processos feitos por hospitais contra pacientes que não conseguem pagar as suas dívidas. De notar que os programas de ajuda financeira dos hospitais apoiam apenas pessoas com um salário anual 400% abaixo do limiar de pobreza, isto é pessoas com salários anuais que rondem os 50 mil dólares [um valor baixo para o custo de vida nos Estados Unidos].

A complexidade e o custo de um seguro tornou os Estados Unidos num país onde pessoas que caem na rua e precisam de assistências hospital recusam uma ambulância, porque o custo do transporte em ambulância em Washington DC, por exemplo, é 2.500 dólares.

Por isso, perdoem-me, mas, sim, bendito SNS, pensei eu, recordando as idas ao hospital em Portugal, onde não esperei 10 horas (apesar de saber que acontece) e cujo atendimento em nada ficou a dever ao que recebi num dos hospitais da primeira potência mundial. Bendito Portugal pequenino que, apesar de não figurar nos tops das economias mundiais, percebe a importância de um estado social.

Bendito Serviço Nacional de Saúde que apesar das suas grandes lacunas e das suas fragilidades não faz com que o paciente se questione se tem dinheiro antes de chamar uma tão necessária ambulância.  

Bendito !

segunda-feira, setembro 28, 2020

A REVISÃO DO PDM E A POLÍTICA DO “METE NOJO”

Na segunda metade da década de 90 do século passado, assistiu-se no Concelho de Peniche, à elaboração, discussão e votação do nosso 1º PDM.

Importa recordar que esses eram os anos de ouro de exercício do poder do PSD aqui no burgo com maiorias absolutas sucessivas. Detinha a presidência da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e tanto quanto me recordo da Freguesia da Atouguia da Baleia e da Freguesia da Conceição. Porque pretendia dar mostras de abertura o PSD convidou o PCP a participar no governo camarário, oferecendo-lhe uma vereação e o lugar de 1º Secretário na Assembeia Municipal. O PCP porque isso significava partilha de migalhas aceitou de bom grado (e sem necessidade) e assumiu até ao fim as consequências dessa “Santa Aliança”.

A “Grande Guerra” para a aprovação do PDM instalou-se entre o PSD/PCP e o PS, à volta da aprovação ou não de um parque imobiliário na zona da Papoa, tal como lá está hoje. Aquela história brigava com interesses privados que seriam postos em causa se a aprovação não fosse conseguida. Até que na Assembleia Municipal convocada para aprovar a versão definitiva do PDM e porque a discussão se estendia, O Presidente da AM pediu ao PCP que apresentasse uma moção para acabar ali com aquela discussão e passar à votação. Assim cumpriu o PCP o seu pacto e foi votada a versão em discussão do PDM.

Tudo isto vem a propósito de uma discussão de “lana caprina” que se instalou em Peniche sobre revisão do PDM. Como o grupo que que está no exercício de governação concelhia, é fácil corromper por dentro toda essa discussão. PSD/PS/ e eventualmente PCP, com facilidade têm condições para minar essa revisão.

Para o peditório do PDM eu já dei o que tinha a dar há 30 anos atrás. Mas existem coisas que aprendi desde então e que não esquecerei.

De Norte ao Sul deste país as revisões de PDM mexem sempre com poderes instalados. E os poderosos estão sempre aliados com as forças políticas mais representativas deste país. A corrupção anda de braço dado com ricos e poderosos e concomitantemente com PSD/PS seus testas de ferro na execução de vantagens CORRUPTAS E CORRUPTORAS.

O que sei mais? Sei que o Henrique Antunes só deixou ao Henrique Bertino a cesta com que levava a comida para o mar.

Sei que o Henrique Bertino não é corruptível. Sei que poderá cometer erros, mas nunca para com eles beneficiar em causa própria. Os seus filhos são os cães e gatos órfãos de Peniche, que ao que se consta não têm descendência registada.

Acredito no meu amigo Henrique Bertino. E na sua Honestidade. Sei que não se vende.

Isto basta-me.

terça-feira, setembro 22, 2020



HÁ DIAS QUE VALEM POR SÉCULOS

Não sei por que raio de razão fui cortar hoje o cabelo. Mas fui. E encontrei-me lá com um amigo de longa data. Que seguramente não via há mais de um ano. O Beta Mamede. Desfolhámos ali a nossa meninice e juventude. Foi gratificante recordar esses dias. Entte outros revimos os nossos acampamentos nas Berlengas. Eu, o Beta e o Emídio Manuel. Fui ao baú e à sorte encontrei 2 fotos.

Numa os 3 fazemos um passeio de barco na ilha. O Manel numa ponta, eu ao meio e o Beta com o chapéu herdado dos tempos em que pertenceu aos gangs de Chicago.  


Na outra foto estamos os 3 no cais de desembarque, apanhando sol e aguardando o barco que nos traria os mantimentos para o dia.

Num tempo em que nós eramos a ilha e em que a ilha eramos nós. Foram tempos irrepetíveis. Os estudos, os empregos, os casamentos, os filhos, tudo se conjugou para que em breve estes tempos fossem só memórias do neo-realismo italianos que se vivia em Peniche.

Tudo isso hoje veio ao de cima na Barbearia do Fernando. Até do Orlando “pintelhice” falámos. E do tempo do BPA.

Até daqui a mis um século Beta…

domingo, setembro 20, 2020



 AS MELHORES DA SEMANA












AS MELHORES DA SEMANA


quinta-feira, setembro 17, 2020

O 1º MINISTRO DEIXA-ME PERPLEXO

Existem situações que me deixam surpreendidos . A adesão do sr. AC à lista de LFV para eleições clubistas foi uma delas. A substituição de Jamila Madeira foi outra. Esta última é o produto da JS e dos compadrios que aí se tecem. Não lhe reconheço capacidade técnica e intelectual (e conheço-o bem doutros campeonatos para fazer esta afirmação). para desempenhar um cargo tão técnico, especifico e exigente no momento em que vivemos como aquele que agora deixa. Marta Temido torna-se para mim cada vez mais uma figura incontornável. Transmite honestidade e conhecimentos. Bondade e exigência. Respeito pelos outros. O que me torna mias difícil fazer conciliar aquela 2 personagens.

Para eu poder sentir-me mais confiante ainda bem que a "jótinha" foi substituída. E ainda por cima por quem foi.  

quarta-feira, setembro 16, 2020

TCHIM, TCHIM, CATRAPAZ, PUM Ao soarem as badaladas de meia-noite de 31 de Dezembro, para 1 de Janeiro na noite de 2019/2020, a festa instalou-se. Atiraram-se à rua as louças partidas, comeram-se as passas, subiram-se as cadeiras, vestiram-se as roupinhas de ver a deus porque a festa já decorria e desenharam-se no espírito os desejos para o ANO NOVO que se perspectivava. E no entanto uns quantos já sabiam que o ano novo iria ser uma calamidade. Que o destino dos mais velhos estava traçado, e que a doença iria abatê-los para não sobrecarregarem a economia. O novo ano iria ser um calamidade, dramático, tenebroso. Os que sabiam o que se passava ocultaram o seu conhecimento aos cidadãos comuns e nem sequer foram prevenidos os comerciantes da geriatria para acautelarem nos seus estabelecimentos de comércio (lares), a tempestade que se avizinhava. De repente, como se fosse Outono começam a cair os velhos e os mais débeis. A sugestão de soluções parte de países responsáveis já preparados e prevenidos para as formas de debelar o desastre. Os que à economia deram novas perspectivas alinharam-se para mais um vez explorarem os países deficitários. Lembram-se da queda das civilizações gregas, ateniense e romana? Lembram-se do que foi o aparecimento de novas formas de existir? Da destruição da Europa e de uma parte da Ásia pós I e II guerras mundiais? O que estamos a assistir é uma nova forma mundial de viver. Sem contactos físicos pessoais. O que o HIV não conseguiu, foi agora obtido por um minúsculo vírus. Pais e filhos evitam-se. Irmãos isolam-se. Companheiros ideológicos desconhecem-se e separam-se. Quem ganha com tudo isto? Tentemos encontrar a resposta e é melhor agir enquanto é tempo.

quinta-feira, setembro 10, 2020

O JORNAL COR DE ROSA

Entrei para a tropa no Convento de Mafra em 11 de Setembro de 1966. Ali fiz a recruta e a Especialidade (transmissões de infantaria). Ao fim de sete meses e já com a patente de Aspirante a oficial recebi Ordem de Marcha para a Trafaria para onde fui tirar a especialidade de Operações de Segurança no BRT (Batalhão de Reconhecimento das Transmissões) e de onde saí só quando passei à disponibilidade em 12 de Dezembro de 1969. Dividia então o meu tempo entre a Trafaria e Peniche aos fins de semana desde que não estivesse de serviço no quartel. Este foi um tempo extraordinariamente rico para mim em termos de formação cultural, social e política. Enquanto militar no ramo em que estava inserido, aprendi o que era o regime por dentro. Em Peniche desenvolvia uma actividade cultural e associativa intensa. Na Trafaria, tão perto de Lisboa, permitia-me ter acesso a toda uma informação cultural que era notável para a época. Enquanto militar na minha unidade existiam companheiros notáveis como o compositor Jorge Peixinho, o poeta Gastão Cruz, o fadista João Braga, e uns quantos amigos que deambulavam pelas fileiras da oposição democrática. Um deles, já não sei qual, deu-me a conhecer um jornal regional (“O Comércio do Funchal”) que era publicado em papel cor-de-rosa. Uma diatribe do seu director ( um jovem mais novo que eu, de seu nome Vicente Jorge Silva) que passei a dmirar desde logo. Na altura eu era assinante pois do Comércio do Funchal, do Jornal do Fundão e da Seara Nova. Tudo isto imprensa pouco apropriada para quem fazia parte de um escol dos Serviços Militares. De entre todos estes jornais o CF era um exemplo do que eu considerava ser possível em Peniche, onde criativamente dávamos os primeiros passos em formas mais ou menos habilidosas de tornearmos a rigidez do Estado Novo. Apaixonava-me aquele jornalista em crescendo que era VJS e só deixei de ser assinante do CF quando ele deixou de ser seu director. Mais tarde dou por ele a lançar um novo Jornal, “O PÚBLICO”. Nunca mais o larguei de mão. Nem mesmo quando ele deixou o Público. Que eu também abandonei com a direcção de José Manuel Fernandes. Onde eu sabia que ele escrevia, eu lia e aprendi sempre. Despeço-me dele com o mesmo carinho com que o conheci. Até já, até logo, seja até quando for. Foste dos melhores professores da minha vida.