OS MAIAS
Existirão
pessoas muito mais habilitadas que eu para aferirem da importância da Leitura
do Livro de Eça de Queiroz pelos jovens do Secundário.
Outros
referirão da importância do Latim. Outros ainda da História contemporânea.
Eu próprio sublinharia
da importância do estudo da Geometria Descritiva nos anos terminais do
Secundário.
Esta
questão de alterar programas é velha e tem barbas. Já o meu pai se queixava de
que em relação à “sua Escola Primária” eu era um perfeito ignorante. De facto o
que o meu pai estudava em Matemática e Português/História/Ciências Naturais, na
sua 5ª e 6ª Classe, fazia de nós alunos do 2º Ciclo do Estado Novo
completamente iletrados.
Recordo de
alguma coisa que foi retirado dos programas da “minha” Escola Primária que me
fez rejubilar. Refiro-me às linhas de Caminho de Ferro e ramais. Rios e
afluentes nas ditas “províncias Ultramarinas”.
A partir do
25 de Abril alterar programas tornou-se moda. Muda Ministro, muda programa.
Houve alguma estabilidade com a Reforma do Veiga Simão mas a verdade é que já
ninguém se entendia. Os livros de leitura obrigatória foram mudando ao sabor
das correntes mais ou menos liberais que infestavam o Ministério da Educação. Esses
livros e as alterações a objectivos a atingir pelos alunos tornaram-se uma das
formas de demonstrar poder. Foram-se “abandalhando” as actividades psicomotoras
e de Educação Física. Aplicou-se ao ensino obrigatório a regra de ouro da
economia. Os trabalhadores são para produzir, não para pensar ou exercerem destrezas.
O Ensino Profissional desapareceu quase por completo, excepto como elemento
dissuasor para alunos com dificuldades de aprendizagem. A escola pública era
uma fábrica de indiferenciados.
Os alunos
brilhantes eram absorvidos pelos serviços competentes do ME em licenciatura
necessárias às amostragens externas. Os sindicatos mais procupados em barrar a
avaliação dos professores e os seus ganhos não se preocupavam com isso. Nem
sequer promoviam a discussão desses temas. A evolução das disciplinas do domínio
psicomotor é disso um exemplo claro. Até mudar uma lâmpada e pintar uma parede
se tornou uma especialidade. A História e a Geografia tornaram-se outras
brincadeiras dos “assentados” nos cadeirões do ME.
Os Maias e
Eça, são incómodos. Lá chegará a vez do “A Menina do Mar”. Quero dedicar esta
minha capacidade de indignação pelo que vem acontecendo no desenrolar do ódio
dos políticos pela inteligência dos portuguesas, ao Homem que foi meu professor
de Português na Escola Industrial Machado de Castro, o professor Carvalho de
Lima. Ouvi-lo dizer um poema de Antero, era uma bateria que nos carregava a
alma para um período lectivo.
Não chorem
pois pelos Maias. Chorem por aquilo que permitimos que vai acontecendo no nosso
país. E pelo legado que dele fazemos a filhos e netos.
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