quinta-feira, dezembro 13, 2018



GREVES, GREVES E MAIS GREVES…
Não me recordo de uma tão grande tempestade de greves no nosso país como aquela a que neste momento assistimos. E não sou propriamente parco em memória. Greves de tudo e de toda a gente a propósito das coisas mais e menos relevantes.

Não sou ingénuo. A este fenómeno não são alheias duas situações. A cobertura mediática que incendeia os ânimos e permite os 5 min de fama de uma vida e as eleições que se avizinham e da necessidade que o PCP/CGTP tem de se demarcar do actual governo, visando a obtenção de resultados interessantes nos pleitos eleitorais.

Quanto à primeira situação não tenho dúvidas que se as TVs não cobrissem as manifestações grevistas, mais de metade das greves morreriam à nascença. Isto é particularmente evidente nas greves dos professores, dos enfermeiros, dos estivadores, dos guardas prisionais e vejam só a que agora surgiu de uns tais optometristas. A mim sugere-me de que esta onda grevista vai acabar por matar a “galinha dos ovos de ouro”. A troika, o PSD/CDS e os banqueiros conduziram os trabalhadores e funcionários a uma tal indigência que era para todos inimaginável e não existiam nem uma pequena parte das greves a que agora assistimos.

3 situações são particularmente exemplares do ridículo em que caímos. A greve dos Juízes. Nunca a Justiça colheu tão pior impressão como a que agora se verifica. Então é neste momento que querem melhores salários? Quando uma parte substantiva da população duvida do valor da justiça exercida nos nossos tribunais? Então e quando o pedido de desculpas dos Juizes portugueses pela sua participação nos Tribunais Plenários?

Outra greve que não colhe é a dos enfermeiros. Milhares de pessoas são colocadas em causa na dignidade de uma vida melhor vivida porque esta gente decidiu não participar na assistência às cirurgias. Será dimensionável quantas destas pessoas ficarão com sequelas definitivas para a sua vida pelo atraso das intervenções cirúrgicas de que necessitavam? E se um familiar desesperado por esta situação agarrar numa arma e matar uns quantos enfermeiros que surgem sorrindo nos noticiários televisivos?

Por último a greve dos estivadores. Que tem razões laborais com largos anos e que só agora surge. Onde esteve este sindicato durante dezenas de anos que permitiu precariedade para tantos dos trabalhadores que laboravam naquela área? Ou isto mesmo foi alimentado pelo próprio sindicato para melhor salvaguardar os interesses de uns quantos? E se a Autoeuropa desaparecer de Portugal o que resta aos estivadores?

Estas situações prendem-se directamente com a necessidade de demarcação do PCP e do seu braço armado a CGTP do actual governo a que deu cobertura. Procuram o espaço já perdido há muito. Esquecem-se de que a população está farta de vós. E que a abstenção é disso o melhor sinal.     

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