sexta-feira, fevereiro 08, 2019


NOVOS HORIZONTES

Por razões de ordem pessoal tive de me deslocar ao Cartório Paroquial. Na 2ª vez que lá fui coincidiu com a passagem da redacção de “A Voz do Mar” para o gabinete que anteriormente era o local onde funcionava todo o pulmão da paróquia. Lá estava a funcionária administrativa do jornal e a jornalista Luísa Inês que se desdobrava em novas ligações para o PC.

Passou então por mim num flash a figura do Luiz Costa, do Sá, do Seara e da figura tutelar do Monsenhor Bastos. Comecei a escrever no jornal de forma dispersa com os meus 15 anos. Não era fácil na década de 50, de 60 e nos primórdios de 70 do século passado alimentar um jornal que se pretendia então eclético e global. Mas foi um marco para os nossos emigrantes e para os nossos soldados em África. Para os que estavam fora em trabalho ou a lutar na guerra, as páginas dos casamentos e dos baptizados, bem como a necrologia, permitia perceber as alterações sociais do nosso concelho.

Eu fui crescendo, fui estudar para fora e entrei numa busca de conhecimento e de descoberta interior que a breve trecho me tornaram num “agitador social”.

Então, às 3ªs Feiras o pessoal estudante de Peniche juntava-se à noite no café do Império e ali trocava as últimas e preparava o que considerávamos importante para despertar politica e socialmente a nossa terra. Foi ali que nasceu a ideia de procurarmos ter uma página nossa onde expúnhamos os nossos pontos de vista. Ficaram como estrategas e “escribas” dessa página eu próprio, o Adelino Leitão, o Rui Lino e o Carlos Vital. Teríamos que convencer o Sá e o Prof. Seara a aceitarem-nos e aos nossos propósitos mais naif.

A página foi aceite com muitas recomendações de cautela não fosse a “Censura Prévia” tecê-las.

O nome já vocês adivinharam, pretensiosa como nós: “Novos Horizontes”. E assim se manteve durante um ano. Até que a tropa, o final dos cursos para alguns de nós e as pressões da PIDE junto do Prof. Seara, levaram ao seu termo.

Tenho saudades desse tempo pelos meus anseios jornalísticos. E tudo isto me veio à memória no Cartório Paroquial de Peniche. E agora repare. De todos os envolvidos nesta história cujo nome citei, só resto eu vivo. O que fiz para merecer esta longevidade?

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