segunda-feira, abril 22, 2019


A CAMINHO DE…

45 anos do 25 de Abril. Com celebrações que para muitos portugueses parecem estranhas. Nomeadamente aqueles com menos de 25/30 anos.

É difícil imaginar um país sem Internet. Sem telemóveis. Um país em que para se ter isqueiro é necessário pagar uma licença. Um país com colónias onde se vai para matar e ser morto. Defender na Índia a integridade territorial de Portugal. Como é que se imagina isto? Como se imagina que dizer que o António Costa é “aldrabão” pode ser suficiente para se ser preso? Que era impossível escrever as nossas opiniões quando discordávamos do Governo? Que um jornal como o “O Correio da Manhã” nunca veria a luz do dia por interdição da Censura. Que 75% dos programas das TVs seriam de todo impraticáveis.

Como imaginar um funcionário sindical chegar a Presidente da Câmara? E por aí fora…

Hoje como se explica aos jovens como se vivia antes do 26 de Abril. Alguns pais e avós fizeram os possíveis por esquecer o que era a sua vida nesse tempo. Outros não se lembram mesmo porque a memória é a primeira coisa que desaparece quando associada a coisas desagradáveis.

Eu desafiaria professores de Língua Portuguesa da Escolas do 2º, 3º ciclos e Secundário a pedirem fotocópias do jornal local nos anos 50 e 60 para perceberem melhor o que era esse tempo. Não existia então 25 de Abril, nem 1º de Maio. Existiam feriados religiosos e pouco mais. O 5 de Outubro não era festejado e nem sei se muitos jovens saberão hoje o seu significado.

Os apoiantes do Salazarismo e do Caetanismo, faziam parte das listas da Acção Nacional Popular, o único partido permitido, e logo a correr vieram a matricular-se no PSD, no PS e no CDS. O pudor impede-me de publicar a última Comissão Concelhia da ANP por dela fazerem parte alguns que ainda hoje estão vivos.

Felizmente que em Peniche/Cidade estes 45 anos serão marcados pela criação de um museu do que foi uma prisão do Estado Novo para que os vindouros consigam saber que merece a pena acarinhar e alimentar a doce semente da Liberdade.

  

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