segunda-feira, maio 06, 2019


DA MORTE MORRIDA MATADA DO CICARP

O CICARP era um anacronismo. Não podia existir. Falar de Direitos da Mulher, Racismo ou Xenofobia em 1969, não era só um disparate, era um suicídio. Co-existir fazendo pensar, numa colectividade dirigida e orientada por personalidades locais da UN/ANP só em circunstâncias muito peculiares com a liderança de jovens impetuosos e meio loucos.

Ao fim de 3 anos de actividade tinha que correr mal. Assim é que recebe a Direcção do cineclube a missiva que se segue:




Reconhecem-se as assinaturas de José Fernandes Bento (Presidente da Comissão Concelhia da UN/ANP), João Marques Petinga Avelar (membro da mesma concelhia), Gilberto Rosa Serafim, José Manuel Costa, Carlos Sá.

Ao que a Comissão Directiva do CICARP respondeu nos termos seguintes:

Replica a Direcção da ARP:




Como consequência deste diferendo decide a Comissão Directiva do CICARP convocar uma Assembleia de Associadas para que estes possam decidir sobre o rumo a tomar:

Na sequência destes acontecimentos a Direcção da ARP eleita para o ano de 1970 decide formalizar uma série de itens que pretendem condicionar a actuação das secções da Colectividade, colocando-as na dependência directa das suas orientações: 



Tendo atingido os seus intentos a Direcção da AEFCRP, vem atirar aos associados do CICARP a última pedrada, na certeza se que estes já não conseguiriam escapar da tirania imposta:




Claro que não poderiam os membros activos do CICARP tornarem-se marionetas nas mãos de manipuladores mentais obscurantistas e servidores de uma vida sem livre pensamento. Também o CICARP com as suas actividades já tinha ultrapassado os limites da ilha de Peniche. Na sequência da extinção deste cineclube na sua forma original, isto tornou-se notícia nacional dando origem a um impacto que os seres pequeninos e doentes que formavam a Direcção da ARP nunca teriam imaginado ser possível. No jornal local e em jornais nacionais surgem notícias sobre a extinção do CICARP, algumas das quais aqui são deixadas. É bom não esquecer de que existia a Censura pelo que os textos escritos nomeadamente no jornal local teriam de aparecer envoltos em parábolas que escapassem ao lápis azul.

“DIÁRIO DE LISBOA” 



“A VOZ DO MAR”

  

Existem ainda alguns documentos com alguma relevância acerca da extinção do CICARP mas que não se transcrevem por envolverem aspectos muito peculiares das tomadas de posição dos seus autores, não sendo no entanto determinantes para a análise deste processo.
Com estas publicações encerra-se uma análise de um tempo importante para a Vila de Peniche.
 

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