quinta-feira, novembro 14, 2019


EM NOME DAS VITIMAS
Sempre que se aproxima um ciclo eleitoral, ou que novos órgãos executivos de poder político entram em funções, é certo e sabido que sindicatos e as forças políticas ( e partidárias) que os sustentam aparecem com cadernos reivindicativos ferozes, tentando com isso minar quem exerce o ónus da governação.
Desta vez (?) tem tido particular incidência a Fenprof e os sindicatos seus acólitos, e mais um que se designa por Stop.
É aqui que me quero fixar.
Muitos de nós se lembram ainda do que foi a sua “Escola Primária”. UM LUGAR DE TERROR. Eu conheci colegas amigos e amigas que antes de irem para a Escola vomitavam o pouco que tinham no estômago a pensar na violência a que iriam ser submetidos se alguma coisa não soubessem, ou se dessem uma resposta inadequada.     
Professores existiam que a par do retrato de salazar e a cruz tinham a régua com buracos em cima da secretária para desde logo os meninos e meninas percebessem o que os esperava. Não existiam directores de escola a quem alguém pudesse dizer alguma coisa, porque eles eram tão violentos ou mais que os próprios professores. E se os pais dissessem alguma coisa poderia ser considerado como uma revolta contra o regime vigente e nesses casos a Legião, ou a PIDE, ou a GNR, estariam a postos para calar os mais reivindicativos.
~Com uma cobertura destas milhares de professores sentiam-se libertos para instalarem o regime de terror que imperava na sua sala de aula, convictos que a força da régua ou do caniço, ou do cachaço faria com que eles aprendessem.
Para já não falar da violência psicológica que era exercida sobre aquelas crianças.
Claro que existiam professores diferentes. Melhores. Mais humanos. Mas a generalidade impunha-se pelo medo e pela violência.
Muitos milhares de crianças daquela época ficaram marcadas pelo terror que sentiam pela Escola e pelo professor. Quando hoje ouço o autocrata que preside á Fenprof, falar sobre violência nas Escolas, isso dá-me vontade de gritar. Só agora existe violência. E quando ela se exercia em sentido único? Os professores contra os alunos? Quem defendia estes últimos?
O que impediu que este estado de coisas se prolongasse foi o 25 de Abril e os professores perceberem que teriam que guardar a régua ou poderiam ser eles as vitimas.
Ora no meuio deste frenesim ainda não ouvi nenhum sindicato de professores vir a terreiro PEDIR DESCULPA aos milhares de alunos que foram submetidos a violência e terror pela parte de tantos e tantos professores.
Peçam PERDÃO pelos erros cometidos no passado contra as crianças. Afinal quem ensinou a violência como forma de educação? Reconheçam os erros cometidos. E aí encetemos um novo diálogo mais construtivo e humanista.
E não me venham com a história de que os professores actuais não são responsáveis pelo que acontecia nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado. Somos todos hoje fruto dos saberes que nos foram transmitidos gerações após gerações. O Homem é ele e as suas circunstâncias.  
 

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