sexta-feira, novembro 22, 2019


RECORDAR JOSÉ MÁRIO BRANCO

Na década de 80 do século passado, fui por 2 vezes presidente da direcção da Associação Recreativa Penichense. Da 2ª vez procurou-me a certa altura um rapaz oriundo da Marinha Grande, sobrinho de um comerciante profundamente reacionário estabelecido em Peniche, que me propunha a realização na nossa colectividade de um espectáculo com o José Mário Branco.

Eu que já tinha sido responsável pela actuação aqui do José Afonso, José Carlos Vasconcelos e Adriano Correia de Oliveira considerei que passado o período negro do Estado Novo e dos seus acólitos, era altura de recuperar para esta casa algum ou alguns daqueles que nos tinham ajudado a fazer a diferença em Peniche.

Apresentada a proposta em reunião de Direcção, foi aprovada, e começaram a preparar-se as condições para a vinda do cantor que tanto nos tinha marcado a todos.

A sala encheu apesar dos resistentes anti 25 de Abril que aqui se acolitavam e foi uma sessão memorável. No fim fomos cear para o 1º Andar do Restaurante Popular e ali desenvolvemos uma cavaqueira descontraída sobre Peniche, o que fomos e o que queríamos ser pós 25 de Abril.

Acabámos a tertúlia às tantas da madrugada e essa foi a única vez que estive com alguém que fazia parte das minhas memórias e da luta que tinha vivido (e vivia).

Guardei de José Mário Branco uma fraterna memória e a maneira que tinha de o recompensar pelo que ele tinha feito por mim e por Peniche, foi ir comprando os seus discos e ouvindo-os.

Obrigado Zé Mário.

 

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