COMUNIDADE
Nunca se
falou tanto de comunidade como agora em que ela parece estar ausente do nosso
quotidiano.
Estar, ser,
viver em comunidade é acreditar no Outro. Saber que é fora de nós mesmos que
nos encontramos. Este é o principio básico de todas as ideologias e religiões.
É na Humanidade que nos reencontramos. Que sabemos o nosso caminho.
Os últimos
tempos (falo do período antes do vírus) têm sido promotores de um egoísmo
antinatural. Os valores perderam-se ou caíram em desuso. O sentido comunitário
tornou-se vago e sem sentido.
Partidos
políticos deixaram de produzir os Grandes Homens que arrastavam vontades de
lutar pelo Outro. As religiões tornaram-se fontes de discórdia e em nome de
deuses menores decapitaram-se vontades e relações humanitárias.
Nunca se
matou tantos seres humanos em nome da Paz como nos últimos anos. A fome grassa
por todo o planeta e atinge particularmente as crianças e os velhos e no
entanto nunca existiu tanta abundância de comida e tanto desperdício.
Perdemos o
sentido daquilo que hoje mais falamos. O sentido comunitário. A esperança para
os filhos dos nossos filhos começa a ser uma palavra vã. Vejo-me rodeado de
livros e de memórias e sinto um vazio enorme dentro de mim porque tenho uma
ideia a fervilhar que me diz que transmiti muito pouco do que aprendi. O meu
api, os meus avós e alguns familiares mais próximos, aqueles a quem chamo e
chamarei sempre amigos legaram-me bens e valores que são autênticos tesouros. E
o que fiz deles? Consegui passa-los a outros? Sou filho de uma geração
perturbada que assistiu a hecatombes terríveis. Guerras mundiais, genocídios,
prisões em massa, exílios forçados de milhares de de seres humanos, quedas de
regimes ditatoriais e ascensão de outros, aparecimento de seitas, roubos em
larga escala e saques do trabalho de seres humanos indefesos. A tudo isto
assisti. E novos hinos de esperança ouvi entoar. No entanto, um vírus invisível
põe a nú tudo quanto de pior a humanidade foi capaz de guardar.
Aqui d’
El-Rei que é preciso voltar à comunidade. M as saberemos mesmo o que é isso?
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