A gente vê-se numa cadeira de rodas e dá por si considerar importantes múltiplos pequenos nadas que até aí significavam muito pouco.
Uma das coisas que tem sido para mim particularmente relevante é a quantidade de pessoas conhecidas que vou encontrando nos caminhos do Hospital de Peniche a exigirem cuidados de recuperação em sessões continuadas de fisioterapia.
Não me refiro só a pessoas frágeis quebradas pelos anos de vida, quantas pessoas jovens rapazes e raparigas por esta ou por aquela razão se vão entregando nas mãos de técnicas competentíssimas e de pessoal de apoio duma dedicação e carinho verdadeiramente insuspeitos.
Depois
encontramos uma multiplicidade de vontades de recuperar e de rapidamente
regressar a um estádio de capacidades suficientemente próximo daquele com que
anteriormente viviam.
Estabelece-se
no Hospital uma cadeia de solidariedade perante a dor dos outros, ou pelo menos
perante a insuficiência dos outros, que me desperta a esperança de que a
humanidade é capaz de surgir no seu melhor por mais hostil que a vida se nos
apresente.
E
de repente e apesar de tudo, senti-me bem.
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