PORQUE NÃO SOU CRISTÃO
”A época das pessoas distintas, receio-o, está quase a terminar. Duas
coisas contribuem para isso. A primeira é a crença de que não há mal em se ser feliz contanto que ninguém sofra com
isso; a segunda é a aversão pela impostura, aversão essa que é tanto de índole
estética como moral..
..No fundo, o que há com as
pessoas requintadas é que elas odeiam a vida, tal como esta se manifesta nas
tendências para a cooperação,na ruidosa vivacidade das crianças e, sobretudo,
no que se refere ao sexo, pensando que tudo isso é produto de uma obsessão.
Numa palavra, pessoas distintas são aquelas que têm as mentes mais
repugnantes.”
Sir Bertrand Russel
O livro que
empresta o título à minha conversa de hoje, tal como “O Drama de Jean Barrois”
terão contribuído de forma decisiva para o esfumar da minha fé em Deus e nas
religiões como testemunho de crença em algo para além da vida.
Claro que
tenho um grande e enorme respeito por aqueles que têm fé. Quer acreditem num
deus ou em muitos. As religiões tornaram-se em determinados momentos a única
forma de aliciar a humanidade para o bem comum.
Acima de
tudo acredito na capacidade do Homem de se regenerar. Seja ele cristão ou
muçulmano. Seja ele budista ou ateu. O homem enquanto factor determinante da
bondade é que me move.
Por isso
não posso deixar de ter vómitos quando vejo pessoas ministrarem aquilo que
dizem ser sacramentos e depois se comportarem como se fossem demónios. Os
padrecas que abençoam os que vão ser fuzilados. Ou que abençoam as tropas antes
de irem para a guerra. O que separa estes filhos da mãe dos ministros do Daesh
que oferecem 7 rapariguinhas virgens no paraíso a quem morrer em nome da sua
fé?
Vem tudo
isto a propósito do ódio destilado por certos (falsos) cristãos quando as
coisas não lhes correm de feição. Seja na vida empresarial, seja nas
actividades sociais, seja nas causas políticas. Destilam ódio. Manifestam-se
com raiva. Expelem fel por todos os seus poros. Esquecem-se do amor à
comunidade que deveria presidir aos seus actos. Formam-se nebulosas nas suas
retinas que não lhes permitem ver que à sua frente está um outro ser humano. È o
momento em que amar a Deus sobre todas as coisas e aos outros como a si mesmo
passa a fazer parte olvidada das suas idiossincrasias para se fixarem em si
mesmos. È o momento em que deixam de ser cristãos para passarem ao requinte que
nunca as abandonou de facto, por mais orações que os seus lábios pronunciem.
Vemos então a sua busca desenfreada pelo poder e pela grandeza que acham que
lhes é hereditária e própria de si pelo nascimento. E se sentem apoio à sua
volta, com um séquito a que julgam ter direito tornam-se então soldados romanos
para EM VEZ DE CELEBRAREM O ADVENTO SE VANGLORIAREM PELA PÁSCOA.
Não sou
cristão porque não sou capaz de mentir de mim para mim. Acredito acima de tudo
no Homem. Não acredito em falsos profetas. Não acredito em falsos diáconos, nem
em padres que fazem pactos com o demo. Acredito na bondade e no amor. Acredito
na alegria. Odeio a hipocrisia.
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