quinta-feira, agosto 05, 2010

AGRUPAMENTOS
(Agrupamento = Ajuntamento, dispor em grupo, juntar em grupo, amontoar – Dic. Língua Portuguesa da Texto Editores)
O grande erro que tem sido cometido pelos sucessivos Ministros da Educação nos últimos 36 anos, tem sido o de se saltitar de reforma em reforma de forma aleatória, e sem nunca testar (ou avaliar) o que ficou para trás. Para os diferentes agentes educativos o seu comprometimento com as alterações e revisões de métodos e procedimentos é inexistente porque não têm tempo sequer de se actualizarem naquilo que cada Ministro considera ser a “sua” lufada de ar fresco visando um futuro mais promissor para as nossas crianças e jovens. Nestes 36 anos perdi a conta aos Ministros que se sucederam com novas ideias, logo postas em causa por aquele que lhe sucede.
Compreendo que haja que racionalizar custos. Compreendo que não faz sentido para um país miseravelmente pobre como o nosso aplicar verbas em acções repetidas, que com mais eficiência se podem canalizar para uma actividade que seja mais abrangente.
Daí que no final dos 70 do séc. passado eu próprio tenha feito parte de um grupo da Área Oeste que juntava os diferentes estabelecimentos de ensino, visando uma análise mais global das medidas a que as escolas se subordinavam.
Criou-se aqui um primeiro ensaio de uma visão autonómica das escolas que cedo iria ser absorvida pelo Ministério da Educação, criando os Centros de Área Educativa uma cópia do NEO (Núcleo de Escolas do Oeste).
Nessa altura não se perderam os laços e as amarras de uma Escola com Autonomia que veio a consagrar-se em disposições legislativas que tiveram o seu auge nos anos 90. Muito mais cedo do que leva a escrever os Políticos se aperceberam que a Autonomia das Escolas não servia aos seus intentos de tudo controlar e de serem os mandantes dos pequenos domínios em que as escolas conseguiam uma capacidade de construção de Projectos Educativos, sem que a política caseira pudesse interferir.
Também os professores mais interessados nos seus “pequenos privilégios” que em assuntos desta natureza não se sentiram motivados para o início do desmantelamento do edifício que até então se vinha construindo.
Os sindicatos estavam preocupados em arranjar postos de trabalho que dessem a possibilidade de alguns dos seus, poderem estar a prestar serviço nos seus quadros, forma vaga e difusa de se continuarem a designar por professores, sem que tivessem que se consumir numa prática pedagógica cansativa e exigente.
Assim é que todo o Edifício da Autonomia foi destruído e que aquilo que algumas escolas com melhores condições ensaiavam em apoio a prestar a escolas mais isoladas, dando-lhes condições físicas e materiais para uma prática pedagógica mais apoiada foi aproveitado pelo Ministério para o lançamento de Agrupamentos onde só o que importa é a possibilidade de economizar custos. E não me venha a Drª Isabel Alçada com histórias. Há muito mais tempo que ela ando eu nas escolas e passei pelo pão que o Diabo amassou, para agora poder aturar tal tipo de “banha da cobra”. As Escolas podem ser para a Srª Ministra uma Aventura. Para mim foram sempre um objectivo e uma entrega.
Se os professores fossem inteligentes e se tivessem a apoiá-los Sindicatos preocupados com o futuro deste país, não tinham autorizado a que fossem as DREs a aprovarem os Projectos Educativos das Escolas. Se em vez de estarem com “merdices” por causa das avaliações se preocupassem com o futuro deste país não deixavam constituir agrupamentos que juntassem a 1.2.3 de Ribamar e a 1.2 Dr João das Regras. Não há Projecto Educativo que consiga ligar estas duas escolas. Isto porque ao contrário do que certas pessoas julgam, as Escolas são formadas e servem comunidades.

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