quinta-feira, agosto 26, 2010

O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO
Todos os dias me pergunto se saber pode ajudar a perceber. Se sei ler o que leio, tendo a consciência que saber ler é compreender o significante do emaranhado de letras e símbolos que se amontoam ante os meus olhos. Se o meu cérebro está preparado para receber o que o vai pondo à prova.
Sou eu que estou aqui a percorrer autores e escreveres que me ponho em causa. E não o que leio. E hoje já li do Franco Nogueira uns capítulos sobre a vida e obra do Salazar. Li o livrinho que o DN vai oferecendo para as férias, li um jornal diário e li mais 2 capítulos do Ulisses.
Mas a propósito do aniversário da Morte do Vinicius de Morais, li um seu poema que me deixou em transe. Desfilaram perante mim uma série de ideias e imagens há muito esquecidas.
Deixo-vos esses versos com uma vontade sincera que eles sejam tão perturbadores como o foram para mim. Na certeza de que só o que nos surpreende vale a pena.

Poética
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

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