quarta-feira, agosto 25, 2010

OH! ESQUERDA QUE JÁ FOSTE…
Cada vez faz menos sentido falar politicamente em esquerda e em direita. Poderá na melhor das hipóteses falar-se em estado social versus estado liberal. Não é difícil compreender este diluir das ideologias e das simpatias que no passado suscitaram.
Um mercado de trabalho cada vez mais exíguo que não garante sequer aos mais preparados emprego em que possam colocar as suas capacidades a serem avaliadas. A mão-de-obra barata em países pouco desenvolvidos e pouco qualificados é a única que ainda sacia a fome de países e multinacionais com apetites vampirescos.
O mundo já não se divide entre trabalhadores (no sentido operário do termo) e patronato. Entre esquerda e direita. Divide-se entre ricos e pobres. Os pobres multiplicam-se e os ricos são cada vez mais um grupo restrito.
Só existe uma forma de sobreviver. Esperar as migalhas que sobram das mesas dos ricos e apará-las de joelhos no chão. Metaforicamente estou a falar do poder político. Que é exercido por aqueles que não podendo sentar-se em mesas faustosas, exercem aquela parte do exercício do poder que aos ricos incomodo e faz pele de galinha. Contentam-se então com jantares em restaurantes plebeus, ou em festas em aldeias definhadas, ou em exercícios de carnavais onde cantam e dançam, deixando para os seus senhores outras andanças mais seguras e que cheirem menos a povo.
É o caso das próximas eleições presidenciais. A Frente Nacional Liberal apresenta-se com o seu candidato natural que assegura o poder vigente embora vá distribuindo alguns caramelos espanhóis ao Zé Povinho. O Grupo Recreativo dos Compadres pelo contrário apresenta-se dividido. Ele é o candidato Alegre que se segura nos que repudia para não perder tudo o que já teve. Ele é o candidato Nobre pelos detentores das Humanidades e das causas simbólicas. Ele é o candidato Defensor de Si Próprio em nome de causas que todos desconhecemos. Ele é o Ti Chico Lopes que nem a si próprio se representa quanto mais qualquer ideia, projecto ou causa significante nos tempos que correm. Falta ainda o candidato do Grupo dos Vencidos da Vida que existe em nome de todos os perdem e onde o Prof. Garcia Pereira encarna e desenvolve o seu elogio fúnebre.
Enfim. Brincadeiras que os ricos oferecem aos pobrezinhos para se irem entretendo enquanto aguardam melhores dias numa manhã de nevoeiro.

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