Uma
ocorrência ontem registada em Peniche (cidade), trouxe-me à memória o filme
brilhante de Ettore Scola vencedor do prémio realização do Festival de Cannes
de 1978. "Feios,
Porcos e Maus" releva as condições degradantes da vida humana num retrato
ímpar da miséria, egoísmo, mentira, promiscuidade, traição, incesto e
violência. Passado num bairro da periferia de Roma é um autêntico fresco
sobre a vida das classes mais baixas de Itália, em período de crise económica e
de valores da Itália do pós II Grande Guerra.
A situação
ocorrida é ainda pouco clara, mas quem acompanha com alguma atenção a
degradação a que podem conduzir um conjunto de situações extremas associadas
numa família disfuncional, sabe que no seu seio tudo pode acontecer de forma
perfeitamente expectável.
Por mais que
instituições, ONGs, ou grupos de apoio se solidarizem e se empenhem em apoios
mais ou menos pontuais, a vivência destes grupos familiares desagregados
constitui um barril de pólvora, á espera do primeiro fogacho que detone uma
situação mais grave.
A sociedade
não está motivada para cuidar de forma continuada destes casos. Custam muito
dinheiro e não são prioritários nesta travessia de crise em que cada vez mais,
cada um cuida de si próprio não tendo paciência para o que se passa ao seu
lado. E mesmo que veja, desvia o olhar para não se comprometer em relação a
nada.Ninguém é culpado de nada. E as franjas desta sociedade do euro e do dólar, resolverão os seus assuntos (sempre da forma menos favorável para eles próprios), com a certeza de que já nada será pior do que aquilo que vivem.
Sem comentários:
Enviar um comentário