Acontece comigo o que também é comum a inúmeras outras pessoas. Uma relutância visceral contra a exposição pública. Não sou púdico nem tímido. Reservo-me no entanto a nível de sentimentos pessoais e para situações do foro intimo para mim próprio ou em última instância para as pessoas que entendo que devem saber de mim.
O
facebook deixou de ser um meio rápido de comunicação entre amigos, para passar
a ser uma forma de intrusão na vida privada de cada um. É claro que existem
pessoas que se colocam mesmo a jeito para que isso aconteça. Mas outras que
fizeram única e simplesmente uma opção por uma nova caixa de correio, podem a
breve trecho ser vitimas destes papparazos
de meia-tigela, em tudo semelhantes aos mirones que há 30/40 anos atrás se
escondiam atrás dos medões para espreitar os namoros dos outros.
Já aqui
contei da minha breve história no facebook. Aderi, vi o que me esperava e saí
tudo no breve espaço de um mês. Pessoas que não me falavam na rua, a pedirem-me
a sua amizade. Gente que me detesta a oferecer-se para serem minhas amigas.
Terminei tão rápido quanto pude com aquele nojo.
Agora
vejo convocar manifestações pelo facebook. Dar informações pertinentes pelo
dito cujo. Como se a forma de comunicação se tivesse tornado universal. Como se
toda a gente utilizasse a coisa. Como se Portugal fosse um país de tecnologia
universal, mais universal que o Serviço Nacional de saúde. Admite-se que hajam
cidadãos sem médico de família, mas não se vislumbra a hipótese de haver um
português sem facebook.
Deixamos
de ser coerentes para nos tornarmos pirosos. Deixamos de ser seres solidários
para nos tornarmos coscuvilheiros.É como aqueles que entregam ofertas para o Banco Alimentar Contra a Fome, mas deixam os pais esquecidos nos centros hospitalares, acautelando no entanto que eles lhes façam previamente a doação dos seus bens.
Estou amargo? Sou realista.
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