sexta-feira, junho 20, 2014

O FACEBOOK E EU
Acontece comigo o que também é comum a inúmeras outras pessoas. Uma relutância visceral contra a exposição pública. Não sou púdico nem tímido. Reservo-me no entanto a nível de sentimentos pessoais e para situações do foro intimo para mim próprio ou em última instância para as pessoas que entendo que devem saber de mim.

O facebook deixou de ser um meio rápido de comunicação entre amigos, para passar a ser uma forma de intrusão na vida privada de cada um. É claro que existem pessoas que se colocam mesmo a jeito para que isso aconteça. Mas outras que fizeram única e simplesmente uma opção por uma nova caixa de correio, podem a breve trecho ser vitimas destes papparazos de meia-tigela, em tudo semelhantes aos mirones que há 30/40 anos atrás se escondiam atrás dos medões para espreitar os namoros dos outros.
Já aqui contei da minha breve história no facebook. Aderi, vi o que me esperava e saí tudo no breve espaço de um mês. Pessoas que não me falavam na rua, a pedirem-me a sua amizade. Gente que me detesta a oferecer-se para serem minhas amigas. Terminei tão rápido quanto pude com aquele nojo.

Agora vejo convocar manifestações pelo facebook. Dar informações pertinentes pelo dito cujo. Como se a forma de comunicação se tivesse tornado universal. Como se toda a gente utilizasse a coisa. Como se Portugal fosse um país de tecnologia universal, mais universal que o Serviço Nacional de saúde. Admite-se que hajam cidadãos sem médico de família, mas não se vislumbra a hipótese de haver um português sem facebook.
Deixamos de ser coerentes para nos tornarmos pirosos. Deixamos de ser seres solidários para nos tornarmos coscuvilheiros.
É como aqueles que entregam ofertas para o Banco Alimentar Contra a Fome, mas deixam os pais esquecidos nos centros hospitalares, acautelando no entanto que eles lhes façam previamente a doação dos seus bens.

Estou amargo? Sou realista.  

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