41 anos depois o que me impressiona é muito mais o ar irrespirável do 24 de Abril de 1974 que o sentimento de Liberdade do dia que se lhe seguiu.
Não que eu tenha dificuldade em perceber os imensos sucessos que nestas 4 dezenas de anos nos transformaram a vida. Mas só pode saborear isso os que sentiram o pesadelo do Estado Novo. Com todas as suas sequelas.
Agora os que nasceram nos últimos 50 anos o que podem sentir é tão só que a sua vida se tem vindo a degradar. Que ter direito à saúde, à habitação, a uma reforma condigna, são valores cada vez mais postos em causa. Como se isso fosse natural e inevitável. E não é.
Pacheco
Pereira tem-se tentado fazer ouvir quando nos chama a atenção para que o sentimento
de desânimo que se parece abater sobre nós tem a ver com a destruição da classe
média que o actual governo perpetrou com êxito.
A
mim espanta-me que a capacidade de indignação que nos movia há 41 anos atrás se
tenha perdido. E no entanto todos somos vítimas e muito particularmente os mais
jovens.
E
depois parece que a mentira instalada se tornou uma verdade absoluta. O mesmo
dirigente partidário que com verdade nos diz que existe uma troika malévola
instalada neste país formada por um coelho, um portas e um cavaco, parece ser o
mesmo dirigente que se conforma para um cenário económico em que as respostas
terão de ser dadas pela Segurança Social, o aval de todos os que trabalham, e é
vago na defesa dos sectores da Saúde e da Educação, provavelmente os que mais
atacados têm sido nos últimos 4 anos.
Não
nos vejo a celebrar o 25 de Abril de 1974. Vejo-nos a lamentar o 24 de Abril.
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