segunda-feira, abril 27, 2015

“A MÁQUINA DE CORTAR FIAMBRE”
Clara Ferreira Alves, pessoa e escritora que muito admiro e estimo publicou na última revista do “Expresso”, uma crónica com o título em epígrafe.
Eu que deixei de ser um cliente habitual do Expresso, SIC e quejandos, de vez em quando compro essa informação. Ao ler aquele artigo deparei-me com um conjunto de palavras e expressões que me obrigaram a recorrer ao dicionário. Passo a referi-las:
Palurdice (acto ou qualidade de palúrdio; Palermice; lorpice
Palúrdio (lorpa; estúpido; pacóvio)

Vulgata (versão latina da Bíblia, feita no séc. IV e atribuída a S. Jerónimo, e que foi reconhecida como canónica pelo cConcílio de Trento)

Mortuis nihil nisi bonum  (dos mortos, nada a não ser bom – é socialmente inadequado falar mal dos mortos)

Boudoir (pequeno compartimento, elegantemente adornado, onde a dona de casa se recolhe para estar só ou receber amigos íntimos)

Considero-me um leitor médio. No entanto por vezes deparo com situações como esta que me embaraçam. Um Jornal de ampla informação não é propriamente um clube literário. A utilização de determinada linguagem pode ser (e é) legítima. Mas não duvido que afasta de todo, um grupo bem amplo de leitores. Num tempo em que as pessoas não estão “para perder tempo” para descriptar códigos próprios de alguns, restringe-se o leque daqueles que se podem tornar amantes da leitura e da fluência de opiniões que circulam entre os nossos intelectuais.
Gostaria de ver ampliado o número de pessoas que gostam de ler. Mas o nosso País é aquilo que é, e a cultura média dos portugueses estará (quanto a mim) mais próxima do “Big Brother” do que do Expresso. Não digo que o escritor tenha que ceder a facilitismos para ser lido. Mas pode colocar-se no lugar do cidadão dito “normal” e pretender que ele o compreenda.

Afinal por vezes basta um pequeno esforço para nos tornarmos legíveis por todos.

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