OS SINOS DA MINHA ALDEIA
Tocaram em tempos. Tocavam por todos aqueles que se
erguiam para prestar as suas homenagens a Deus, aos Deuses, às suas ideias.
Podiam ser de anúncio o toque dos sinos, ou de festa, ou chamada para os que
acreditavam.
Vem isto a propósito do que hoje acontece e movimenta
tão poucas vontades. Estou a recordar-me da torpeza com que são tratados os
Angolanos por um grupelho de corruptos onde pontificam os familiares dum
ditador que há 36 anos ocupa a Presidência de Angola.
Nos idos de 60 e 70 do século XX, países e pessoas em
grande número erguiam-se contra aqueles que atropelavam os direitos humanos. Para
além da grande coragem física e intelectual de Nelson Mandela, foi a opinião
pública internacional, média, intelectuais e países que se ergueram contra o apartheid
e ajudaram a recuperar a dignidade perdida na África do Sul.
Portugal que pode agradecer a países e cidadãos
anónimos que se indignaram contra a ditadura de Salazar e a criação de um novo
espirito que conduziu à libertação das antigas colónias e ao levantamento
militar que no 25 de Abril de 1974 nos libertou, agora adormece e cala o que se
passa em Angola.
Tudo isso porque os negócios são mais importantes que as pessoas. Calamos e somos coniventes. Aceitamos e somos pares e iguais na humilhação a que está submetido o povo angolano.
Os sinos já não
tocam. Ou quando o fazem tornaram-se toques de finados. A solidariedade entre
povos foi chão que deu uvas.
Estamos
reduzidos à vergonha.
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