quinta-feira, outubro 29, 2015


OS SINOS DA MINHA ALDEIA

Tocaram em tempos. Tocavam por todos aqueles que se erguiam para prestar as suas homenagens a Deus, aos Deuses, às suas ideias. Podiam ser de anúncio o toque dos sinos, ou de festa, ou chamada para os que acreditavam.


Vem isto a propósito do que hoje acontece e movimenta tão poucas vontades. Estou a recordar-me da torpeza com que são tratados os Angolanos por um grupelho de corruptos onde pontificam os familiares dum ditador que há 36 anos ocupa a Presidência de Angola.

Nos idos de 60 e 70 do século XX, países e pessoas em grande número erguiam-se contra aqueles que atropelavam os direitos humanos. Para além da grande coragem física e intelectual de Nelson Mandela, foi a opinião pública internacional, média, intelectuais e países que se ergueram contra o apartheid e ajudaram a recuperar a dignidade perdida na África do Sul.

Portugal que pode agradecer a países e cidadãos anónimos que se indignaram contra a ditadura de Salazar e a criação de um novo espirito que conduziu à libertação das antigas colónias e ao levantamento militar que no 25 de Abril de 1974 nos libertou, agora adormece e cala o que se passa em Angola.


Tudo isso porque os negócios são mais importantes que as pessoas. Calamos e somos coniventes. Aceitamos e somos pares e iguais na humilhação a que está submetido o povo angolano.


Os sinos já não tocam. Ou quando o fazem tornaram-se toques de finados. A solidariedade entre povos foi chão que deu uvas.

Estamos reduzidos à vergonha.

  

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