O ÓDIO
Têm sido os dias do ódio. E os dias das certezas. Vejo,
ouço e leio gente a dizer que os portugueses não votaram por isto, ou por
aquilo, mas sim por outra coisa. Ofende-me ver gente que não me conhece a
afirmar as razões que me levaram a votar da maneira como votei. Como se
estivessem dentro da minha cabeça.
Sobretudo pessoas que nunca se importaram com os
outros. Se eram felizes ou não.
Não quero pessoalizar as coisas porque isso pareceria
que me movia por questões pessoais. E até que existem muitas dezenas de milhar
de portugueses que terão muito mais razões de queixa.
Eu orgulho-me do meu trabalho na função pública. Dei
sempre mais do que me era exigido. Nunca vivi à custa da torpeza ou de enganar
os outros ou estado. Nunca comprei submarinos, nem nunca fiquei a dever
dinheiro à Segurança Social.
Comprei e estou a ler deliciado um livro agora
publicado cujo título é: “O INDEPENDENTE: A MÁQUINA DE TRITURAR
POLÍTICOS”.
Aqui se vê as canalhices desenvolvidas por aquele
retardado do Portas a todos os que se atravessavam no seu caminho. Não admira
pois a dificuldade que tem em assumir o seu afastamento do Governo. No fundo
ele só está a consumir do ódio que semeou durante anos e anos. Só que 40 anos
depois do 25 de Abril as nojices que então se espalharam já não atingem os
milhões de jovens que entretanto nasceram, cresceram e se fizeram homens. Ou
porque emigraram. Ou porque perderam o sentido de comunidade. Ou porque foram
tratados como escumalha. Ainda que o sejam não gostam que o digam).
Mas esta gentalha nunca percebeu isto. Tanto se
preocuparam em alimentar os seus que deixaram a grande maioria do povo
português na mais imoral das indigências. Perder o sentido de pertença.
O ódio não veio para ficar. Naturalmente vão acalmar.
Como cobardes que são. Naturalmente vão acabar por aceitar que de vez em quando
as coisas não lhes correm de feição. E naturalmente o Governo de Costa vai
governar umas vezes bem e outras vezes mal. Mas todos aprendemos o que é mais
importante nisto tudo. Quando por culpa dessa direita ultraconservadora,
carroceira e hipócrita a europa de todos se transformou numa grande cerca de
arame farpado, em Portugal e também na Grécia derrubaram-se muros e
estancaram-se feridas permitindo que aprendamos a viver em conjunto.
O PCP e o BE podem ter as suas idiossincrasias e muitas
vezes é difícil aturá-los. Mas não são leprosos nem nojentos.
Poderei dizer o mesmo dos actuais dirigentes políticos do
PSD e do PP?
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