sexta-feira, agosto 04, 2017


ESTAVAS, LINDA INÊS, POSTA EM SOSSEGO…

Camões, Lusíadas, Canto III

Eu bem que não queria incomodar-me (nem incomodar-vos). Mas ouço e leio as notícias e fico perturbado. Desde logo 222 milhões por um jogador de futebol. Eu não sei se vocês têm a noção do que serão duzentos e vinte e dois milhões de euros. Eu não tenho. Acho este número completamente absurdo. Eu compreendo que a habilidade inata de um homem (ou mulher) possa gerar valores astronómicos. Mas sou levado a comparar estes valores pagos por uma pessoa que se distingue pela sua habilidade, com outras que se distinguem pelo seu saber. E pelas suas capacidades com que brindam a humanidade de avanços que permitem a todos nós não só um momento de lazer, mas também uma melhoria acentuada da nossa vida e do conforto que a rodeia. E isto, mesmo que eu não queira, bate-me cá dentro como um murro no estômago.  

Passados dias ouço que emigrar para os EUA só poderá vir a ser possível se se falar Inglês. E penso em todos aqueles emigrantes que há mais de um século sem conhecer uma palavra do idioma importado para os EUA, contribuíram de forma denodada para o crescimento daquele país. O idioma veio depois. Isso não impediu que fossem esforçados e cumpridores das leis. Que dessem a vida por quele seu novo país. Desde os tempos da guerra civil até aos teatros de luta mais recentes. E se todos os países fizessem o mesmo? A que condenaríamos a humanidade? Os refugiados que entram em Portugal (e mesmo alguns emigrantes) o que sabem de português. Afinal os colonos que foram para os EUA não tiveram que aprender Navajo, nem Sioux.

Abro o jornal da paróquia local e encontro um mundo de novos “opinion makers” (fazedores de opinião) que nem suspeitávamos que existiam. Afinal há muita gente que até pensa em Peniche. Só pensam de 4 em 4 anos, em períodos eleitorais. Mas pensam. Existem como o 29 de Fevereiro. São esporádicos. O próprio jornal tem dificuldade em cobrir o que se avizinha. Afinal se a única candidatura que não é referida, for a vencedora, como lida a cartilha com o facto? É simples. Sendo um jornal católico, apostólico e romano, reza um acto de contricção e tudo fica perdoado.

Eu não queria. Eu estava aqui sossegadinho. Vieram desinquietar-me. Vade retro satanás.

 

 

 

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