A EQUIPA
Só no
futebol se ouve falar tanto ou mais em equipa. Excepto quando o treinador é
filho de deus feito homem e nesse caso só existe equipa quando se perde. Nas
vitórias o mérito é do treinador.
Depois
desta introdução falo da sua melhor similitude que é política. E nas
autárquicas isso é por demasiado evidente. Desapareceram praticamente os
cartazes com o rosto isolado e afirmativo do candidato a presidente. Que me
recorde só vi o PSD e o CDS com essa mostragem. Neste caso honra seja feita ao
candidato do CDS que em circunstância alguma fala em equipa. É ele o candidato
a presidente e ponto final.
De resto
fala-se em equipa tentando arrastar para as eleições figuras mais ou menos
conhecidas afirmando aí a fidelidade a uma equipa
para trabalhar em prol dos propósitos do candidato.
Da minha
própria experiência de uma lista de candidatura à Câmara Municipal sou a dizer
que suspeito das afirmações de trabalho em equipa dos candidatos a presidente
como o Diabo suspeita da Cruz. As equipas só funcionam enquanto as eleições não
produzem os seus resultados. Extinguem-se
no dia imediatamente a seguir.
O candidato
a presidente eleito delega pelouros mas não delega competências. Habitualmente
não se diz isto. Diz-se que delega pelouros e as respectivas competências.
Mas quem é
que tem competências se não lhe concedem meios para executar as actividades com
que os programas escolhidos foram os mais votados?
Quem é que
tem competências se para escolher um cartaz a anunciar uma actividade tem de
ser aprovado pelo dito presidente.
Circunstâncias
chegam a existir em que é mais fácil conseguir o apoio do presidente se
conquistar primeiro para o lado do vereador os homens de confiança do
presidente.
Chegam a
existir situações em que é mais fácil conquistar o tempo do presidente se for
vereador eleito da oposição que fazendo parte do grupo vencedor.
Só
acreditarei em equipas se existir a atribuição clara de meios materiais, de
pessoal e financeiros aos vereadores a quem forem atribuídos pelouros. Bastará
para isso agarrar no Orçamento camarário e fazer uma clara atribuição de meios.
Bastará para isso fazer aprovar uma ordem de serviço interna em que é
claramente expresso quem é o responsável directo do executivo a quem aqueles
serviços respondem.
E depois
façam funciuonar as equipas. Reúnam com os vereadores (exclusivamente com
estes) de forma a que eles respondam pelas suas actividades e pela execução daquilo
a que se comprometeram. E corrijam caminhos e metas. Não há que ter receio de
delegar com responsabilidade.
Afinal os
presidentes eleitos passam a vida a reclamar do poder central competências e
meios, mas quando toca a eles próprios já as coisas “piam mais fino”.
Importante
é ser coerente com o que dizem os cartazes. Constituir uma equipa é muito mais
do que o período da campanha eleitoral.
Ah! E se o
vereador se tornar ele próprio um salazarinho, basta retirar-lhe o tapete.
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