sexta-feira, setembro 22, 2017


A EQUIPA

Só no futebol se ouve falar tanto ou mais em equipa. Excepto quando o treinador é filho de deus feito homem e nesse caso só existe equipa quando se perde. Nas vitórias o mérito é do treinador.

Depois desta introdução falo da sua melhor similitude que é política. E nas autárquicas isso é por demasiado evidente. Desapareceram praticamente os cartazes com o rosto isolado e afirmativo do candidato a presidente. Que me recorde só vi o PSD e o CDS com essa mostragem. Neste caso honra seja feita ao candidato do CDS que em circunstância alguma fala em equipa. É ele o candidato a presidente e ponto final.

De resto fala-se em equipa tentando arrastar para as eleições figuras mais ou menos conhecidas afirmando aí a fidelidade a uma equipa para trabalhar em prol dos propósitos do candidato.

Da minha própria experiência de uma lista de candidatura à Câmara Municipal sou a dizer que suspeito das afirmações de trabalho em equipa dos candidatos a presidente como o Diabo suspeita da Cruz. As equipas só funcionam enquanto as eleições não produzem os seus resultados. Extinguem-se no dia imediatamente a seguir.

O candidato a presidente eleito delega pelouros mas não delega competências. Habitualmente não se diz isto. Diz-se que delega pelouros e as respectivas competências.

Mas quem é que tem competências se não lhe concedem meios para executar as actividades com que os programas escolhidos foram os mais votados?

Quem é que tem competências se para escolher um cartaz a anunciar uma actividade tem de ser aprovado pelo dito presidente.

Circunstâncias chegam a existir em que é mais fácil conseguir o apoio do presidente se conquistar primeiro para o lado do vereador os homens de confiança do presidente.

Chegam a existir situações em que é mais fácil conquistar o tempo do presidente se for vereador eleito da oposição que fazendo parte do grupo vencedor.

Só acreditarei em equipas se existir a atribuição clara de meios materiais, de pessoal e financeiros aos vereadores a quem forem atribuídos pelouros. Bastará para isso agarrar no Orçamento camarário e fazer uma clara atribuição de meios. Bastará para isso fazer aprovar uma ordem de serviço interna em que é claramente expresso quem é o responsável directo do executivo a quem aqueles serviços respondem.

E depois façam funciuonar as equipas. Reúnam com os vereadores (exclusivamente com estes) de forma a que eles respondam pelas suas actividades e pela execução daquilo a que se comprometeram. E corrijam caminhos e metas. Não há que ter receio de delegar com responsabilidade.

Afinal os presidentes eleitos passam a vida a reclamar do poder central competências e meios, mas quando toca a eles próprios já as coisas “piam mais fino”.

Importante é ser coerente com o que dizem os cartazes. Constituir uma equipa é muito mais do que o período da campanha eleitoral.

Ah! E se o vereador se tornar ele próprio um salazarinho, basta retirar-lhe o tapete. 

 

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