A ZINHA
De seu nome
Maria da Conceição Costa. Conhecia-a em 1981 em Peniche no decorrer duma acção
de trabalho que aqui se realizou para elaboração de Planos Individuais de
Trabalho que se teriam de organizar para a Formação de Professores em
exercício. Mais tarde vim a retomar o contacto com ela quando fui trabalhar
para a Escola Preparatória da Lourinhã em 1985.
Enquanto
fui Presidente do Conselho Directivo daquela escola foi sempre solidária comigo
naquele órgão de gestão (10 anos) e mesmo depois de vir para a Atouguia da
Baleia e de me reformar, nunca mais perdemos o contacto um com o outro.
A Zinha era
uma alentejana dos quatro costados.
Com muita
facilidade nos tornámos amigos. Eu, ela e a Margarida fomos um trio de antes
quebrar que torcer. Nunca fizemos das nossas relações profissionais ponte para
as relações pessoais e vice-versa. De nós 3 se podia afirmar firmemente que
serviço era serviço e cognac era cognac.
Muitas
peripécias vivemos em conjunto a mais caricata de todas foi a de que na
primeira vez que tomámos posse, esse mesmo dia, coincidiu com a visita de
Cavaco Silva à Vila da Lourinhã. A Zinha estava farta de saber que eu era de
esquerda, mas com a naturalidade alentejana que lhe era peculiar, veio pedir-me
que a ajudasse a fixar uma bandeira do PSD num pau que teríamos de ir buscar a
uma sala de Trabalhos Manuais. E lá fui eu o “gajo” de esquerda arranjar a
bandeira do PSD para a minha colega de direita.
Com o tempo
mantive a minha Utopia na esquerda e a Zinha perdeu as ilusões quer com o PSD
quer com a direita. Isto sem nunca abdicar das suas ideias. É que ela era filha
de um latifundiário alentejano e com a Reforma Agrária ficou reduzida com a
família à expressão mais simples. Nunca foi ressarcida de quaisquer valores.
Isso não a impediu nunca de ser uma mãe de família bondosa e poderosa. O
conceito de matriarca era natural nela.
Na Escola
desenvolvia actividade na área social. A Zinha sempre esteve ao lado dos mais
necessitados. A Zinha foi minha amiga e minha irmã. A doença minou-lhe o corpo
e a pouco e pouco foi tomando conta daquele sobreiro orgulhoso e digno.
Até que
esta semana inesperadamente a Zinha tombou definitivamente. Não consigo
encontrar palavras que me confortem perante esta morte dura e nojenta. A minha
amiga merecia ter sido feliz e não teve tempo para o ser suficientemente. Como
merecia. Que eu te possa merecer minha amiga.
Sem comentários:
Enviar um comentário